Gourmet, do francês, significa indivíduo que é bom apreciador e entendedor de boas mesas, de bons vinhos e se regala com finas comidas e bebidas, também chamado de gastrônomo e gourmand. O significado de Gourmet com certeza define este mangá.

O nome original é Kodoku no Gurume, literalmente “Gourmet Solitário”, e foi lançado no Japão pela Fusosha em 1997. No Brasil, foi chamado apenas de Gourmet e lançado pela Conrad Editora em um único volume, após um longo período de espera. Os autores são Jiro Taniguchi e Kusumi Masayuki.

São ao todos 18 capítulos e cada um se passa numa cidade diferente, em tempos diferentes. Nas verdade, raramente dá para saber se é passado ou futuro em relação à anterior. Não existe nenhum tipo de história ou trama. Apenas pedaços do cotidiano de um empresário que revende artigos importados. Imagino que isso seja incomum para a maioria dos leitores usuais de mangá, então vou abrir um adendo para explicar.

Enquanto os brasileiros estão acostumados a mangás de ação, comédia ou mesmo os mais românticos, no Japão há dezenas de outros gêneros de quadrinhos. As obras que aparecem aqui geralmente são voltadas para o lazer simples e direto, quase não existindo carga filosófica, cultural, psicológica ou cognitiva. Se pudéssemos comparar com os estilos brasileiros, diria que os mangás do Brasil são a Turma da Mônica e o Gourmet seria uma obra do Monteiro Lobato.

Gourmet faz parte do estilo seiji (adulto), voltado para homens de mais de 30 anos, mais especificamente o estilo de valorização sócio-cultural nipônica. São vários os autores que retratam em quadrinhos o povo, a cultura, as manias, preconceitos, vidas e hábitos.

Gourmet descreve meticulosamente cada refeição, atendentes, ambientes, gostos, sensações e até os motivos que levam o personagem a escolher aquela comida. Como foi dito pelo Manga Mastes of the Art: “Taniguchi faz quadrinhos adultos. Mas adultos no sentido de reflexivos e intensamente humanos. Em uma palavra: literatura“.

Capa da edição nacional de ‘Gourmet’.

A edição da Conrad está excelente. Todas as placas, sons e falas foram traduzidas, inclusive há um rico glossário e um texto do Taniguchi narrando suas experiências e motivações. A capa é idêntica à original, com uma segunda capa um pouco sem graça. Folhas brancas no tamanho 14 x 21 cm, 200 páginas, sem nenhum erro de impressão. Custa R$26,90, lembrando que é volume único.

Bom lembrar que o Taniguchi já teve outros dois mangás lançados no Brasil pela Panini: O Livro do Vento (Kaze no Shou) e Seton. Ambos de estilos um pouco diferentes, o primeiro mostra a valorização histórica do Japão e o segundo é bibliográfico. Embora Seton tenha sido cancelado, cada volume fala de uma época diferente e pode ser lido separadamente em qualquer ordem.

Quem tem interesse em cultura japonesa tem que comprar esses 3 títulos lançados no Brasil. São imprescindíveis e com certeza valem a pena. Mas se você só gosta do quadrinhos infanto-juvenis, fique longe.

Título: Gourmet
Editora: Conrad
Autores: Taniguchi Jirô e Kusumi Masayuki
Formato: 14 x 21 cm, Volume Único
Preço: R$ 26,90
Outros títulos do autor publicados no Brasil: O Livro do Vento (Kaze no Shou) e Seton