Tokyo Toy Box é um mangá produzido por Ozama Takashiro (roteiro) e Seo Asako (arte), que juntos utilizam o pseudônimo UME. Serializado originalmente na revista Morning da Kodansha entre 2005 e 2006, mais tarde republicado pela Gentosha. Possui dois volumes e uma continuação ainda em produção chamada Giga Tokyo Toy Box (Dai Tokyo Toy Box). O mangá tem um pequeno “site oficial” que você pode conferir aqui. TTB nunca chegou a ser lançado nos Estados Unidos, mas foi na França, em Taiwan (Ilha de Formosa) e Tailândia.

Trata-se de uma obra seinen (voltados para jovens adultos) de comédia. Conta a história de dois protagonistas. O primeiro se chama Taiyo Tenkawa, um game designer de 33 anos que sonha em fazer os mais divertido jogos. Ele trabalha num pequeno estúdio chamado G3 junto com sua equipe, após ter se demitido de uma grande empresa onde criou jogos de grande vendagem. É um cara bem largadão e que sempre acaba refazendo seus projetos diversas vezes por nunca se contentar com o resultado, sempre buscando mais. O segundo se chama Hoshino Tsukuyama, uma jovem diretora que acaba sendo transferida para a G3 por inveja de seu chefe. Capacitada e elegante é a típica mulher independente do século XXI.

O estúdio G3 na verdade em sua maioria só produz jogos para terceiros ou fúteis para máquinas de Pachislot. A equipe vive atolada em contratos e prazos expirados. Um lugar não muito satisfatório para se trabalhar, mas uma grande oportunidade de continuar o único game da G3 aparece e os dois acabam tendo que trabalhar lado a lado, embora movidos por desejos pessoais. Ele de produzir o jogo mais divertido, ela de voltar para sua empresa e seu prestígio.

Bem, esse volume demorou bem para sair, acho que o principal motivo disso foi a “pré-visualização” da capa que continha erros. Seja como for, a empresa fez questão de espalhar a Deus e ao mundo que aquela capa não era a finalizada. Eu imagino que eles tenham voltado atrás tentando corrigir a penca de erros, sendo que tinham propagandeado que haviam contratado uma empresa de revisões… No final das contas quem está revisando é o Renato Torelli, dono da extinta Lumus.

A verdade é que a tradução melhorou exponencialmente! Está quase tudo traduzido, achei uma ou outra onomatopéia novamente apagada ou não traduzida pela editora (nas páginas 047, 067, 129, 163 e 220). A revisão também melhorou, embora tenha um errinho ou outro (como uma reticência de apenas dois pontos). Dá para pedir atenção nas regras de pontuação, por mais inútil que possa parecer existem regras complexas para utilização de exclamação e interrogação (quando juntas ou repetidas) que o revisor deixa passar.

O processo de “letras” e edição ainda precisam melhorar e deixam a desejar. Alguns erros bobos persistem, como erro de hifenização (onde o hífen foi parar na linha de baixo); falta de traçado em uma frase ou outra (aquela bordinha branca em volta da palavra); fala que sai para fora da linha do quadro, um ou outro coração e estrela que foi apagado, esquecido ou mal colocado; um nabla (∇ – delta invertido) que virou um V (pag. 119); na página 127 também tem um pedaço da orelha, do balão e do quadro apagados; e uma fala cortada pela metade (página 105). Fora isso a centralização, embora tenha melhorado, ainda não está perfeita. Podemos também chamar atenção da editora por não usar dupla hifenização, mas até 2012 não tem problema. Se juntar tudo chega a mais de meio dúzia de erros, mas dá para chegar em zero com um pouco de cuidado. Ainda sim um grandíssimo avanço perto do que era antes, porém ainda continua bem abaixo da qualidade das outras editoras…

Tem uma ou outra passagem confusa durante o mangá, em especial a página 119. Nela há um quadro onde os empregados estão conversando num chat. Existem diversas simbologias que o tradutor e revisor não souberam traduzir e simplesmente copiaram ou apagaram. O que torna tudo muito confuso. Na primeira linha, na fala da Nanami, no original tem um “w” no fim da frase, o w significa “whisper” (cochicho), muito usado por gamers (ignorado na versão brasileira).  Na fala do Yooda aparece a simbologia “( -∇) =3”, que é um emoticon de “hunf” desaprovador, não é uma operação matemática (rs). Em seguida na fala do Yori aparece “>+0”, um smile de “morte”, seguido por um som de agonia que não foi traduzido pela Savana. Mais adiante na fala da Marimari aparece um “orz” (ignorado pela savana), smile 100% japonês que representa uma pessoa se ajoelhando (o é a cabeça, r o braço e parte do lombo e z as pernas). Pulando para a próxima fala da Nanami, aparece no final (inclusive no da Savana) “w>Rod”, ou seja, um “whisper” para o Rod (Rodri). Finalmente, na última fala aparece “>all” (ignorado novamente pela Savana) que significa que a mensagem é para todo mundo. Não é exatamente um pedaço importante, mas foi algo que passei um tempo tentando entender (primeiro tive que sacar que era um chat! XD), fora que é um retrato da cultura virtual deles que nem sempre temos acesso, que particularmente acho interessante.

Mas ainda me escandalizo com os tipos de fontes adotadas. Lembra daquele de Aflame Inferno que era usada nos balões de falas? Eles usaram a mesma, mas em caixa alta (tudo maiúsculo). Aquela é uma fonte que fica estranha desse jeito, é feita para ter as maiúsculas cheias de frufru, imagina tudo assim. Até ai, é legível, só é bem esquisita… Mas continuando o show de aberrações, a fonte usada de gritos é super bizarra. Acho eu que está em caixa alta também porque ela tem erro de espaçamento entre algumas letras, o T por exemplo parece estar separado da próxima letra por um espaço. E continuo desaprovando a fonte de onomatopéia (diga-se de passagem algumas onomatopéias são colocadas com a fonte de balão). A JBC e a Panini são muuuuito melhores em escolher fontes…

Mesmo tendo alguns pontos negativos, eu diria que a editora saiu do “imensamente revoltante” para o “suporto ler”. Mas…

Vamos falar do acabamento agora. Lembra aquela primeira capa bonita, viva e brilhante? Esqueça, a capa de Tokyo Toy Box é opaca, mole e fosca. Mas ainda são duas capas, a primeira delas com orelha. São as mesmas que a da francesa e tailandesa, a diferença foi a fonte usada lá e o papel mais vivo e com mais tons. Essa capa utilizadada pela Gentosha é bem mais bonita que a japonesa da Kodansha que é toda toda em 2 tons (preto e vermelho no volume 1, preto e verde no volume 2) . Uma curiosidade, como dito lá em cima a Kodansha lançou primeiro e depois foi relançado pela Gentosha. Bem, a segunda capa da Kodansha é a capa do jogo criado pelo estúdio G3 estilo PS2, imita perfeitamente o encarte de um jogo. Na segunda versão, a da Gentosha, a capa recebeu motificações e um selo “the best series”, ou seja, imitou um relançamento de  uma série de sucesso. Bem sacado, né? Dê uma olhada nas capas abaixo.

Continuando, páginas coloridas não tem, nem no original. Agora e aquelas páginas brancas maravilhosas? Sinto informar, mas não são as mesmas. A editora trocou o tipo de folha, continua branca (ou era antes de ser impressa), mas é muito mais fina. Até ai você pensa “sem problemas, a da Conrad também”. Verdade, a da Conrad é mais fina e permite que você ocasionalmente enxergue o verso da folha. A da Savana permite que você enxergue não só os versos em TODAS as folhas como em algumas é possível enxergar outras páginas. Fiz um exemplo,  de um lado o meu original japonês, onde fiz uma montagem, e do outro lado as páginas da Savana, escaneada SEM montagem. Nessa é possível enxergar duas páginas (a frente e o verso), nessa é possível enxergar três páginas (a frente, o verso e a frente de outra folha). Essa péssima qualidade de papel dá a impressão da página estar suja, borrada e com erros de impressão. Aqui estão mais umas páginas aleatórias do mangá. (Aproveite e dê uma olhada nas fontes utilizada.)

Como se não bastasse a impressão também está a desejar, os tons de cinza estão todos sem exceção granulados. Você consegue enxergar claramente as porcentagens de pontos pretos e brancos que não deviam ser visíves. Olhe essa imagem onde comparei a versão francesa (disponibilizada pela editora Doki-Doki), brasileira (escaneada com papel opaco branco atrás) e japonesa da mesma página. É claro a baixíssima qualidade não só do papel, como da impressão.  A versão francesa está imensamente melhor que a nossa, apesar de ter um leve moiré. Aproveite para notar também como os tons cinzas da versão tupiniquim estão quase todos iguais, sendo difícil notar a sombra na roupa, que é perfeitamente visível nas outras duas. E a aparência desfocada da página da Savana em comparação às demais. Você pode acessar mais exemplos da versão francesa neste site.

Como se não bastasse as páginas estão super mal cortadas, as margem foram mal calculadas, várias palavras e numerações foram cortadas na margem inferior. É fácil de perceber se você comparar as duas margens (a inferior e superior) que deviam ser iguais.

Além disso tem alguns erros de encardenação. Comprei dois volumes numa mesma loja. Em um deles tem 2 duplas de páginas invertidas, são elas a 43-44 e 63-64, e duas folhas repetidas, a 163-164. O outro não possui esses erros. Acho que eu estou fadada a ser premiada pela Savana, da última vez tinha um inseto prensado no meu mangá, mas se por um acaso você notar algo estranho na narrativa, dá uma checada se não está com tal erro. Além do mais, se a minha tem 2 páginas iguais, algum deve ter uma a menos, quem será o segundo premiado? =D

Essas mudanças parecem terem sido feitas devido à maior quantidade de páginas. TTB tem quase 230, já Aflame e Unordinary Life tem 190. Não tenho certeza qual foi a gráfica que fez esse maravilhoso trabalho, pois não consta nos créditos, mas isso não parece ser trabalho da IBEP (comparando os volumes da Conrad e os antigos da Savana).

Antes ler algo da Savana me incomodava intelectualmente, agora, além disso, me incomoda visualmente. Embora alguns pontos tenham melhorado imensamente, eles arrasaram a qualidade exemplar de acabamento deles, que anteriormente cheguei a chamar de “melhor do Brasil”. E mesmo sem páginas coloridas e com a economia de papel e de impressão continua custando 10,90!

Realmente não gosto da atitude dessa editora. Sempre fazendo sem cuidado, insistindo em repetir os mesmos erros batidos, sem investir na qualidade do próprio produto e constantemente defendendo os erros como normal. Agora é com toda a certeza a pior editora de mangá e manhwa do Brasil em todos os quisitos.  E olha que a nossas editoras não são nenhum um pouco exemplares. Pior acabamento, a que mais tem erro de “letras”, piores fontes,  que apaga e omite falas do original e com  a “melhor” periodicidade (acho que ela só não ganha da JBC em reconstrução monstro -se bem que ultimamente eles tem se comportado- e em gírias e adaptações bizarras). Uma revolução com toda certeza!

Ah sim, a periodicidade, bem, provavelmente anual. Não dá para confiar no “será trimestral” ou em qualquer uma das datas que a editora divulgou, pois até agora não cumpriram nenhuma. E o pessoal reclama do atraso de um ou dois meses da JBC e da Panini…

Título: Tokyo Toy Box Volume 1
Editora: Savana
Autores: Ozama Takashiro (roteiro) e Seo Asako (arte)
Formato:1 2,7cm x 17,4cm, 228 páginas.
Preço: R$ 10,90