Nesta segunda chega às bancas de São Paulo e Rio (e em alguns pontos especiais no restante do país) o primeiro volume do mangá Code Geass – A Rebelião de Lelouch, o mais novo lançamento da JBC.

Como a franquia possui inúmeras versões em quadrinhos, iremos a partir de agora fazer um apanhado geral de todas  existentes até o momento, lembrando que são grandes as chances da editora publicar a maioria delas no Brasil.

Atualmente a versão animada de Code Geass tem duas temporadas com 25 episódios cada (Code Geass: Lelouch of the Rebellion e Code Geass: Lelouch of the Rebellion R2), 3 OVAs, 2 light novels, alguns games e CDs. Além destes ganhou 8 versões em formato mangá – que trataremos à seguir.

A história original foi escrita e dirigida por Ichirou Ohkouchi e Gorou Taniguchi para estúdio Sunrise. A obra é conhecida também por ter tido as senhoras do CLAMP como character design.

O roteiro geral do animê conta a saga de Lelouch, um príncipe do Império da Britannia, e sua irmã, a princesa Nunnally. A história de ambos é bem trágica, quando ainda jovens perderam a mãe, uma imperatriz de origem plebeia, que foi assassinada. O ataque também atingiu Nunnally que perdeu o movimento das pernas e a visão.

Após a perda da mãe, Lelouch confronta seu pai e acaba por ser enviado, junto com a irmã, para o Japão como moedas de barganha e reféns a fim de evitar a guerra com o mesmo, que acabou ainda assim acontecendo mais tarde. No Japão, ficam hospedados na casa do primeiro-ministro. É dessa forma que ambos conhecem Suzaku, o filho do  tal primeiro-ministro. Passam assim algum tempo juntos até o dia fatídico em que a Britannia invade o Japão.

Após apenas um mês de resistência, o Japão perde a guerra, tornando-se um território britânico e tendo seu nome mudado para Área 11 – que indica ter sido o 11º território ocupado- além de ser uma forte humilhação para o povo vencido.

Durante esse período os irmão forjam sua morte e adquirem novas identidades. Passa-se então um bom tempo, mas a dor e sofrimento causados pela Britannia marca fundo os 3 garotos. Todos eles desejam mudar o mundo, cada um de sua maneira.

Suzaku entra para o exército e decide mudar a Britannia por formas legais e lutas políticas, ou seja, mudá-la por dentro. Nunnally representa a mais ingênua e pura, desejando um mundo pacífico e bom, através do coração das pessoas. Já Lelouch ganha sua grande chance através de C.C., uma moça misteriosa que após um contrato dá a ele o poder de Geass. Com isto, Lelouch se mascara e assume a identidade Zero, que se alia a resistência e inicia uma rebelião.

A história em geral mostra as diferenças entre “o objetivo a qualquer custo, não importando os meios” (Lelouch) e “o resultado só tem valor se atingido pelos meios corretos” (Suzaku), além do contraste com a utopia de Nunnally. Três pessoas com objetivos tão iguais, mas que para conquistá-lo se tornam até inimigos.

O animê foi marcado por muitas batalhas, a presença de imensos robozões pilotáveis (Mechas), com bastante cenas ecchis, muita comédia, mas tragédia também, um típico shounen.

Mas não funciona bem assim nos mangás: das 8 versões, 5 são adaptações do animê, 2 são antologias e o último é uma espécie de continuação com mesma temática. Além disso cada uma tem uma visão meio diferente da história. Essas versões em sua maioria já foram lançadas em Taiwan e Estados Unidos, algumas na França.

O primeiro (e que está chegando ao Brasil) é conhecido como Code Geass: Hangyaku no Lelouch (ou o nome em inglês Code Geass: Lelouch of the Rebellion), lançado mensalmente de 2006 a 2010 na revista Asuka, da Kadokawa. Foram ao todo 38 capítulos, em 8 volumes. A arte foi feita por Majiko!, que ficou até bem semelhante ao estilo CLAMP do animê, mas bem mais suave, perdendo o caráter ecchi.

As principais diferenças entre esta versão e o animê é a não-existência de Mechas e o fato de ser shoujo. Isso significa que toda a ação é resumida e o mangá se foca em analisar o coração dos personagens, em especial o de Lelouch. Seus medos, seus amores, seus sentimentos de culpa e coisas assim. Também existe a ausência de alguns personagens mais secundários.

O segundo foi chamado de Code Geass: Hankou no Suzaku (ou, em inglês, Code Geass: Suzaku of the Counterattack), lançado bimestralmente de 2006 a 2008 na revista Beans Ace (uma antologia shoujo e shounen), da mesma editora. Foram apenas 2 volumes com 8 capítulos no total. Trata-se de outro shoujo (embora tenha pessoas que gostem de chamar de shounen).

Mais uma vez não existe a presença de mechas, muito personagens secundários não aparecem na história e até muitas passagens do animê são puladas. Esta versão desenhada por Atsuro Yomino, ficou focada mais nos sentimentos e decisões de Suzaku. Muita coisa foi alterada ou simplificada, às vezes demais, o que atrapalha o entedimento, caso a pessoa nunca tenha lido ou assistido uma versão mais completa.

Em vez de robozões e para conseguir ser rival de Zero, esta história inclui trajes militares de alta tecnologia, chamados Lancelot (muito cara de super-sentai, só faltava ter morfador). Suzaku se torna o usuário do protótipo e assim consegue poder para confrontar Zero.

O terceiro é Code Geass: Nightmare of Nunnally (nome original em inglês mesmo), lançado originalmente na Comp Ace, mensalmente, pela mesma editora, entre 2006 a 2009. Foram no total 5 volumes, com 26 capítulos. Este é o primeiro shounen, mas também o mais contrastante.

Foi desenhado por Takuma Tomomasa, que tem um traço muito feio. Nesta versão Nunnally é a protagonista, por causa disso ela recebe não só um Geass, como também um knightmare (robozão pilotável). Seu Geass é bem esquisito e um pouco complexo.  Ela é acompanhada de uma versão espelhada dela mesma, chamada Nemo, mas este vive em seu subconciente. Foi criado a partir da junção de um “boneco de Geass” mais a dor, sofrimento e angústia da garota. Assim nasce Nemo, a cópia extremamente agressiva e temperamental da Nunnally. Quando utiliza o mecha, ambos se tornam uma só e ela (a fusão) consegue utilizar o poder de seu Geass que “vê as linhas do futuro”. Dessa forma a história se foca numa luta psicológica entre a Nunnally que quer mudar o mundo pelo coração das pessoas e a Nunnally (o Nemo) que já não suporta mais ficar parada sem fazer nada.

Além dessas mudanças acima, existe uma imensa quantidade de novos personagens além de vários outros usuários de Geass (tipo, quase todos os pilotos de mecha tem um), a maioria dos personagens do animê são mantidos também. A linha de tempo é mais ou menos a do animê, mas muito, muito adaptado. Sinceramente para esta versão, saber ou não a linha de tempo original não é tão importante, é um universo paralelo. Embora isso assuste os fãs que esperam uma maior fidelidade, este mangá explora lados e temas que no animê foram escassamente retratados, sendo assim um dos mais interessantes. E que acabam conquistando pessoas não tão fãs do original.

Outra adaptação foi Bakumatsu Ibunroku – Code Geass: Hangyaku no Lelouch, esta versão saiu em 2008 e teve apenas um volume. O artista foi Ganjii e foi lançado na revista Kerokero Ace. Trata-se de um shounen que é até bem fiel ao animê, o diferencial: tudo é mudado para uma realidade “medieval”. Uma característica do ilustrador é seus personagens com uns olhos bem maiores que o original, chegando a ficar com uma carinha muito chibi.

O título significa “uma estranha história do período Bakumatsu”. Este período é o final da era Edo, marcado pelo xogunato Tokugawa, pré-restauração Meiji. No caso, na história real havia dois lados, os que apoiavam o imperador Meiji e os que apoiavam o Xogum. E é nessa realidade que o conto é adaptado. Inclusive pessoas e batalhas reais são usadas.

Por mais bizarro que pareça, embora eles usem katanás e cia para lutarem, também tem mechas (em 1870!!!). A história passa bem rápido e ficou com um caráter mais cómico. Além do fato de você ter que saber a história do animê ou dos mangás para entender o que está acontecendo, ajuda muito saber a história real do período se você quiser entender 100% das piadas.

A última das adaptações foi Code Geass: Hangyaku no Lelouch: Chibi Geass 4-Koma no Lelouch. Esta é a versão mais difícil de se encontrar e foi lançada em 2008 na Asuka. A história, desenhada por As’Maria, foi toda feita em formato 4-koma (tirinhas japonesas) com os personagens em aparência Chibi (infantil). Ao todo apenas um volume. Infelizmente não ganhou versões em outras línguas e aparentemente não fez sucesso, sendo quase impossível de se achar qualquer informação adicional.

As duas antologias se chamam Code Geass: Hangyaku no Lelouch Official Anthology ― Queen ― For Boys e Code Geass: Hangyaku no Lelouch Official Anthology ― Knight ― For Girls (geralmente apenas chamado de Code Geass: Queen e Code Geass: Knight). Ambos são coletâneas de histórias, adaptações e paródias do animê, escritos e desenhados por diversos autores diferentes. As história do Queen sairam na Beans Ace e são shounen, as do Knight sairam na  Asuka e são shoujo. Ao contrário do que muita gente acha, não são doujinshis, já que são adaptações oficiais e aprovadas pela editora/autores.

Na coletânea Queen estão presentes situações mais ecchi (sensualidade) e cômicas. Na coletânea Knight não há quase nenhum ecchi, mas está presente o shounen-ai (sugestão de homossexualidade masculina). Ambos possuem todo tipo de formato em seu interior, sendo cada história desligada uma da outra, com seus próprios temas, traços e estilos. Atualmente a coletânea Queen está oficialmente encerrada, mas não se tem uma informação exata quanto a Knight. Ambas possuem 5 volumes cada.

Por último, a “recente” estréia de  Code Geass: Shikkoku no Renya. Este foi lançado em 2010 na Shounen Ace e ainda se encontra em andamento (preciso dizer que é shounen?). Atualmente ainda não possui nenhum volume, mas já está marcado para ser lançado este mês. O artista é Takuma Tomomasa, mesmo autor da adaptação de Nunnally, mas dessa vez até que ficou uma arte mais bonita.

A história é uma espécie de continuação. Começa numa vila japonesa, onde vive um jovem chamado Renya e seus amigos. Um dia eles são atacados por um exército gringo e Renya acaba conseguindo escapar, mas volta para tentar salvar seus companheiros. É assim que ele encontra um dos soldados inimigos, C.C., que lhe oferece um contrato (te lembra alguém?). Mas as coisas não vão bem e o contrato acaba não dando certo, em vez disso o rapaz fica “amaldiçoado” pelo Geass. Para desespero dos leitores, ao invés dele tentar descobrir o que diabos aconteceu, ele deixa isso de lado e se joga no meio do exército estrangeiro para caçar briga (sabe o tipo cheio de coragem, mas com falta de miolos?). Acaba então descobrindo algumas coisas e conhecendo um novo tipo de inimigo, que é uma espécie de traje/robô (que ainda não foi muito bem explicado). Também aparece o vilão-mor que é a cara do Lelouch, mas ninguém confirmou/negou nadinha. A história ainda mal começou e está cheio de pontas soltas e mistérios.

Por fim, vale a pena comentar mais duas adaptações um pouco mais complicadas de se ver por aqui. A primeira são 4 tirinhas muito engraçadas do CLAMP, lançadas nos DVDs 04 e 07 do animê. A segunda é um conto lançado no artbook MUTUALITY: CLAMP works on CODE GEASS, que é um capítulo final do animê, escrito pelo autor original, Ichirou Ohkouchi, com ilustração do CLAMP. Este último conto é baseados nas ilustrações do grupo e pós término do animê. As duas foram as únicas histórias realmente ilustradas diretamente pelo CLAMP.

E este é o universo Code Geass em mangá. Tam-dam! Agradecimentos especiais à viciada de plantão, Ananda, por ter tido o saco de escrever isto comigo. E ao Tio Cloud por ter a coragem de revisar. <3