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Uma coisa que eu sempre quis dizer… Tem vezes que acho que Dragon Ball Z é muito supervalorizado. Possivelmente pela mesma razão que apontei no meu texto de Cavaleiros, aquilo tudo vale pra Dragon Ball também. DBZ pode não ter os furos de Cavaleiros, mas tem o enredo mais raso que um pires. O ponto alto é justamente o arco em que mexe um pouco com a ficção científica e questões sobre viagens no tempo, mas de resto é raso. O que segura e garante a popularidade da obra de Toriyama são seus personagens, 95% deles extremamente carismáticos, mesmo os vilões.

Eu posso não ter o mesmo carinho por ela que tenho por CDZ, mas é uma série que também fez parte da minha infância/pré-adolescência, assistindo ao primeiro DB no SBT e depois tentando assistir a Dragon Ball Z e ficando extremamente confuso porque o canal do Silvio não havia exibido todos os episódios. Maaas, enfim, comprei Dragon Ball Xenoverse.

Nas vezes anteriores em que analisei jogos baseados em Dragon Ball, concluí que eram porcarias abissais. Shenlong no Nazo e Dragonball Evolution são grandes exemplos de como não se trabalhar uma IP… Apesar de que Evolution ao menos tem a jogabilidade do DBZ Shin Budokai, mas o jogo é tão porco que nem isso salva. E este ano foi lançado Dragon Ball Xenoverse. Será que vale a pena o seu rico dinheirinho, ou é uma poça de vômito fétida e nauseante como Battle of Z? Sigam-me os bons.

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Capa de Dragon Ball Xenoverse – disponível para PS3, PS4, XBox 360, XBox One e PCs

MMO? RPG? O que é Xenoverse?

Uma das minhas maiores reclamações a respeito de jogos de Dragon Ball Z é que, basicamente, eles repetem a mesma história de Dragon Ball Z da mesma maneira, mudando uma ou outra cutscene, mas sempre recontando a mesma coisa… E francamente, em se tratando de seu bolso, para um jogador regular, bastaria escolher um Dragon Ball Z de seu apreço (na geração PS2 eu fui de Infinite World, mas isso é outra história) e aproveitar a saga de Goku com animações melhores que o anime (isso soou ruim).

Em Dragon Ball XenoVerse, temos um enredo “original”. Digo “original” com aspas porque ele aproveita muitos dos elementos do finado MMO Dragon Ball Online, como os vilões Mira e Towa, que viajam pelo tempo alterando a história de Dragon Ball Z, por algum motivo escuso. E uma versão alternativa de Trunks (do Dragon Ball Online) usa as esferas do dragão para lhe invocar e pedir a sua ajuda para consertar as alterações feitas por Mira e Towa. E nisso, você participará das principais batalhas da saga de Dragon Ball, mas completamente modificadas.

Antes de mais nada, a principal reclamação de Battle of Z foi consertada. Dá pra jogar de dois em modo offline. Nada de se limitar a jogatina online como foi no título anterior. Mas, vamos aos poucos. Primeiro, Dragon Ball XenoVerse não tem um gênero definido. Ele é MMO, ele é RPG, ele é jogo de luta e tudo ao mesmo tempo.

O lado Massive Multiplayer Online (vulgo MMO) surge após a saga dos saiyajins, em que a comunidade de jogadores surge no seu hud e é possível interagir com eles (falarei sobre isso depois). A parte de RPG veio herdada de Dragon Ball Online, com a construção de personagens e os pontos de experiência, níveis e atributos a serem escolhidos. E a luta… Bem, apesar do jogo ser da Dimps (que fez a série Budokai/Z), lembra mais a série Budokai Tenkaichi/Sparking (da Spike Chunsoft).

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Começando com a criação de personagem, você tem cinco raças disponíveis, Humano, Saiyajin, Namekuseijin, Majin (onde se encaixa personagens como Majin Boo) e a raça do Freeza. Cada uma delas tem seu nível de customização que cresce com o passar do tempo (e com algumas DLC’s), e se você tiver paciência, pode criar um herói único… Ou fazer como a maioria do pessoal e criar clones do Goku porque é o que todo mundo faz… QUEM DERA EU ESTIVESSE BRINCANDO! E eu fiz uma Sayajin ruiva, podem ver no meu Twitter.

Enfim, existem 4 tipos de missão: as missões principais, que seguem o roteiro do jogo, no qual você vai revivendo alguns dos melhores momentos da Saga de DBZ, mas de uma maneira diferente e com lutas nunca antes vistas. Quem diria que você enfrentaria o Mr. Satan, que naquele momento estava forte? Pois é. E olha, essa nova vilã, Towa… Vou te dizer, foi feita pra marmanjo babar. O cara que modelou ela pro jogo devia estar sem ir pra casa há muito tempo e sem marcar presença, então colocou todo o seu “esforço” naquela modelagem. Sim, homens são patéticos, eu já disse isso?

Além das missões principais, existem as missões paralelas, que… São como as missões principais, só que menores e… Possibilitam conseguir técnicas e possíveis transformações (como Super Saiyajin 1 e 2). As missões paralelas são divididas em Online e Offline. Nas missões offline, você joga obviamente sozinho, enquanto que nas online, dependendo da sala que você escolher, pode cair com jogadores de todo o mundo. Essas missões basicamente envolvem muita democracia, que no mundo de Dragon Ball Z se traduz em punhos, rajadas e muita gritaria.

E fora essa, tem as missões de mestres que permitem desbloquear técnicas novas, e descolar ajuda de seu mestre em determinados momentos das missões paralelas.

Hora da porrada

Os combates são ao mesmo tempo simples, e complexos. Você possui dois ataques básicos (fraco e forte), um botão de flutuação e um de bolas de energia na parte da frente do controle (caso esteja jogando no PS3/PS4/X360/XONE, eu não sei como funciona no teclado/mouse da versão de PC). Há um botão de defesa (L1/LB), um de travamento da mira (R1/RB), um de Dash (L2/LT) e um para uso das técnicas do personagem (R2, que abre um menu no qual você deve escolher a técnica a ser usada). Existem itens de uso (direcional direito + botão a qual você associou o item) que podem mudar o destino de uma luta, e combos relativamente simples a serem executados, o que garante que qualquer novato se sinta um guerreiro Z, algo que desejamos desde que DBZ passou aqui pela primeira vez.

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Além desses ataques básicos, tem os Ataques Fodas (o nome pode estar errado, mas é isso que eles são), que são feitos usando L2+R2/LT+RT + botão associado, e neste menu, também estará suas transformações (caso você use um personagem que possa se transformar em Super Sayajin ou seu personagem já tenha a técnica). Outra coisa que o jogo possui, são as Almas-Z (Z-Souls em inglês), “equipamentos” que são ativados em determinadas condições de combate (varia de Alma para Alma) e dão boosts ao status do personagem. Muitas dessas Almas-Z podem ser conseguidas em missões paralelas ou adquiridas na lojinha de Tokitoki City (O Hud principal do jogo).

As lutas são frenéticas, e apesar de toda a complexidade de coisas que escrevi nos dois últimos parágrafos, elas são ágeis e velozes, você não vai ficar perdido, a não ser que você seja eu e esqueça de usar A PORCARIA DA DEFESA. A maioria das lutas são justas, mas em alguns momentos, o jogo não terá perdão de você e te obrigará a lutar de novo e de novo e de novo, até que você decida refazer missões paralelas para ganhar níveis e poder chutar a bunda do seu oponente.

Aspectos técnicos

O Online, funciona bem. Na época de lançamento do jogo (no fim de fevereiro), muita gente reportou lentidão, lags e quase impossibilidade de se jogar online, mas após os patches de correção do jogo (que atualmente está em sua versão 1.06, e deve vir outra atualização próxima ao lançamento do 3º pacote de DLC’s, referentes ao novo filme) as coisas funcionam bem. Um ou outro lag na jogatina, mas nada que prejudique o resultado final… A não ser os viciados. Sim, esses caras que compraram o jogo no lançamento, atingiram o nível máximo e desafiam jogadores com nível 3 x menor. Esses caras são chatos. Aliás, o Online de Xenoverse é legal porque ele permite a interação máxima possível através de mensagens pré-prontas (e poses) com pessoas de diversas partes do mundo. Mas, caso queira algo mais pessoal, jogar com os amigos, recomendo a versão de PC, já que o chat do steam é mais funcional pra esse tipo de coisa.

Graficamente, é um jogo bonito. As versões de PS4, XBox One e PC tem clara vantagem por conta da resolução e qualidade gráfica. Mas, quem ainda não tem um PC que rode Xenoverse ou um console da atual geração, as versões de PS3 e Xbox 360 não decepcionam em termos técnicos, ao contrário de outros jogos aí (ouviu isso, Sombras de Mordor? É de você que falo), rodam sem problemas graves. As partes principais e cenários são bem construídos e detalhados (e em Tokitoki City temos, por exemplo, um telão reproduzindo os movimentos do jogador, como se ele estivesse sendo filmado).

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O nível de customização a princípio parece pequeno, mas com uma dose de paciência para refazer N missões, você pode conseguir aquela roupa ou transformação desejada. Nas versões de PS3 e X360 a movimentação não é tão fluída quanto nas outras versões, mas não chega a atrapalhar a jogatina. Porém, nem tudo são flores… Há alguns elementos de cenários (principalmente em Tokitoki City) que estão em baixíssima resolução, isso não chega a ser um crime, mas percebe-se que árvores não foram o foco do pessoal da Dimps. E em algumas lutas, há umas quedas de frame (geralmente quando há muitos elementos na tela) que podem frustrar alguns dos jogadores mais exigentes. E essas quedas não são exclusividade das versões de PS3 e 360, mesmo no PC elas existem, dependendo do seu setup. E também há quedas na taxa de frame em Tokitoki City, mas estas são mais toleráveis, pois são referentes a imensa quantidade de jogadores presentes no jogo.

A trilha sonora de Xenoverse… Não empolga. De fato, as músicas que tocam na maior parte das lutas não são épicas como as BGMs de DBZ, e acho que a mais memorável dentre as instrumentais é justamente o tema de menu e o tema de Tokitoki City, pois são provavelmente as únicas que você ouve sem algo por cima. E a abertura, é a versão do Flow para “Cha-la Head Cha-la”, o que é bom e ao mesmo tempo ruim.

As vozes são aquela coisa de sempre. Se você é um cara purista e chato (ou sei lá, quer ouvir as vozes japonesas), você não vai pensar duas vezes antes de colocar no idioma original. Praticamente todo o elenco de Dragon Ball Z está lá, com exceção dos dubladores que já faleceram. Então Ryo Horikawa é o Vegeta e o Kuririn é o Luffy, como bem sabemos. E blá blá blá. O elenco americano é bom, e as vozes não chegam a irritar, como por exemplo, nas dublagens americanas de Dragon Ball Z Infinite World ou Budokai Tenkaichi 2, onde parecia que o Piccolo falava vomitando.
E para quem é fã de Dragon Ball Z Abridged (E sério, se você é fã de DBZ e nunca assistiu Abridged, não sabe o que está perdendo), a Bandai Namco inclusive fez um agrado a esses fãs e escalou Curtis Arnott para fazer uma das vozes masculinas na dublagem americana… Curtis Arnott, para quem não sabe (a maioria) é conhecido pelo pseudônimo de Takahata101, e fez a voz do Grande Nappa… Sim, ele mesmo. Certo, Vegeta. Vegeta? Vegeta? Vegeta?


Sinto que ninguém sacou a piada, eu sou patético mesmo.

A tradução de Xenoverse é boa. Não chega a ser uma maravilha, minha nossa… Mas não tem os desastres de Naruto UNS 3, porém tem algumas falhas um tanto toscas por terem vindo da versão em inglês, e outras por falhas de revisão (Não é, MESTRE CÉLULA?), as quais nos fazem pensar que a revisão possa ter sido feita pelo pessoal de uma certa editora. Mas esse é um mistério que nunca iremos saber…

Finalizando, Xenoverse é uma excelente pedida para fãs de Dragon Ball e o melhor jogo da franquia em anos. Tem lá as suas falhas, mas é competente em entregar o que promete e diverte bastante. Altamente recomendado.

Nota final: 9,5 (Se você não for fã de Dragon Ball, tire pelo menos 1,5 dessa nota)