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Há mais de 15 anos, o Brasil é o único país que se iguala ao Japão quando falamos da voz do protagonista da série Pokémon, Ash Ketchum (Satoshi). Tanto lá quanto aqui, o personagem foi interpretado oficialmente por um único ator (atriz no Oriente), mas isso pode estar prestes a mudar de vez.

Em entrevista exclusiva ao Gameworld, Fábio Lucindo, intérprete do Ash no Brasil desde a estreia da série na Record, em 1999, comenta o recebimento de um e-mail sobre a futura troca de voz, sendo um dos possíveis motivos a sua mudança para Portugual.

“Recebi um e-mail dizendo que o cliente quer me substituir para a próxima temporada. Isso quer dizer que eu terminaria essa [temporada], faria o próximo longa-metragem e depois trocaria. Não vejo muito sentido nisso, se já farei e fiz isso tudo, por que não fazer a próxima também? Sei que minha mudança para Portugal pode acarretar em um trabalho maior para o estúdio, mas em tempos de internet nem seria tanto trabalho assim” – afirma o dublador.

Curiosamente, segundo Lucindo, muitos dubladores estão se solidarizando com a causa, recusando testes para o papel de Ash: “Sei que alguns dubladores já foram chamados para fazer testes e se recusaram. Na minha opinião, o cliente tem todo o direito de mudar a voz do personagem quando quiser, mas isso mostra certo descaso com o público. São 15 anos, não 15 dias. Acho que é um esforço que vale a pena, e acredito que esse intercâmbio lusófono pode ser enriquecedor para todos os envolvidos”.

Apesar de toda euforia, ainda é possível enxergar uma luz no fim do túnel, a depender dos atuais trabalhos na série: “É possível que estejamos todos sofrendo por antecipação. Se tudo correr bem nas gravações aqui em Portugal, pode ser que o cliente mude de ideia e mantenha minha voz. Estamos ainda no meio da temporada e ainda temos mais um filme. Quem sabe o que pode acontecer até lá?”

Quando Fábio Lucindo começou a dublar Ash em Pokémon, estava na casa dos 15 anos, e emprestava sua voz padrão para o personagem que marcou toda uma geração. Hoje, com mais de 30, seu timbre obviamente mudou, forçando-o a buscar um tom mais infantil para se adequar. Por mais que o Ash de 1999 soe diferente do Ash de 2015, não conseguimos imaginar outro dublador que mantenha as características que todos nos acostumamos em um período que caminha para completar duas décadas (por mais que você nem assista mais a série). Ficamos na torcida para que tudo se resolva e prevaleça o reconhecimento de um profissional que dedicou metade da sua vida e toda uma carreira à marca Pokémon.

Quase aconteceu uma vez…

Anos atrás, a Europa Filmes chegou a dublar o sexto filme de Pokémon no Rio de Janeiro, no estúdio VTI. Na ocasião, o Ash foi dublado por Gustavo Nader. A história chegou ao público, que fez campanha e conseguiu reverter a situação: o longa foi redublado em São Paulo, na Sigma, com o elenco de sempre.

[Via Gameworld]