A Abelhinha Hutch

A Abelhinha Hutch/Guerreira
Konchu Monogatari Minashigo Hachi
Huchi, a Abelha Órfã

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=H0HmiF6LJ2U 480 320]

Produção: Tatsunoko, 1970
Episódios: 91 p/ tv
Criação: Tatsuo Yoshida
Exibição no Japão: Tv Fuji (07/04/1970-28/12/1971)
Exibição no Brasil: Fox Kids – Globo
Distribuição: Saban International

Última Atualização: 11/08/2009

À primeira vista, muitos não vão com a cara “fofinha” de certos personagens como Doraemon ou até mesmo Di Gi Charat. O que é uma pena, pois dessa forma perdem a oportunidade de conhecer excelentes produções que vão muito além de sangue, tripas e seres que pulverizam planetas com um só golpe. A Abelhinha Hutch está nesse time de “excluídos”.

Pouca gente sabe da importância que o anime estrelado por Hutch (que no Brasil recebeu o bizarro nome de Cofrinho de Mel @_@) tem para a Tatsunoko Productions. Mesmo lançando sucessos como Às do Espaço e Guzula, foi a animação da abelhinha órfã que, no início dos anos setenta, consagrou o estúdio como uma das maiores produtoras de animes do Japão. Mas esse sucesso ficou praticamente restrito ao seu país de origem, pois quase não teve repercussão quando importada para o resto do mundo (fato oposto a Speed Racer, que virou um fenômeno pelo mundo afora, enquanto que no Japão o sucesso foi apenas satisfatório).

Tal êxito pôde ser comprovado pelo lançamento de mais duas séries estreladas pela abelhinha, uma em 1974 que contou com apenas 26 episódios e outra no fim dos anos 80, época em que curiosamente a Tatsunoko também fez um revival de outro personagem famoso dos primórdios do estúdio: Guzula. Inclusive, essa nova série do monstrinho comedor de metal foi lançada aqui no início dos anos 90 com o nome de Binsky.

Além das novas séries, Hutch (ou Hatchi como é conhecido por lá) também ganhou uma concorrente na época em que esteve no ar na tv japonesa: A Abelhinha Maya, que não chegou ao Brasil, mas foi exibido em vários países da América Latina. Aliás, essa tal Maya era feia de dar dó, mas isso não vem ao caso… Hehehe…

Konchu Monogatari Minashigo Hachi, o nome original do anime, foi mais uma criação de Tatsuo Yoshida, um dos três irmãos fundadores da Tatsunoko, sendo o autor também de outras séries de sucesso como o próprio Speed Racer, O Judoka e Gatchaman, entre outros. O anime original estreou em abril de 1970 na Tv Fuji e só terminou em dezembro do ano seguinte, totalizando 91 episódios de grande sucesso.

Um anime diferente
Nada de seres superpoderosos ou vilões querendo dominar o mundo. O anime narra a aventura de Hutch (me recuso a falar Cofrinho de Mel =P), que sai pelo mundo com o objetivo de encontrar sua mãe, da qual se separou quando nasceu após sua colmeia ter sido atacada por vespas (uma abelha rainha chega a ter milhões de filhos, imagina se todos resolvem procurá-la @_@).

Em sua jornada, o pequeno irá encontrar e ajudar vários outros insetos (geralmente joaninhas, besouros e formigas) fazendo novas amizades, ao mesmo tempo em que também encara bichos ameaçadores como aranhas que querem rangar o pobrezinho. O interessante é notar o mundo no ponto de vista destas pequenas criaturas: qualquer poça d’água vira um enorme obstáculo, assim como folhas, galhos e pedras. A relação entre os personagens também ganhou grande ênfase, pois sempre são mostrados os problemas vividos pelos pequeninos e a forma que encontram para superá-los.

Enquanto o público estava acostumado com garotos espaciais e robôs invencíveis controlados à distância (dois dos maiores clichês dos animes na época), Hutch mostrava um lado mais humano (estranho dizer isso quando se trata de uma abelha :P), focando a tristeza e a solidão do personagem em sua incessante busca. Claro, em se tratando de uma série para o público infantil (e de uma fábula!), a produção é cheia de mensagens positivas e lições de moral. Na época da exibição de Hutch na Tv Fuji, notavelmente as produtoras nipônicas resolveram dar uma “folga” às já manjadas histórias de temática espacial e partiram para produções mais “familiares”. Pra constatar isso é só reparar a quantidade de adaptações de livros clássicos no período (O Pequeno Príncipe, Marco, Heidi e Pinocchio só pra citar alguns).

No Brasil
Existe uma certa lenda de que o anime teria chegado ao Brasil no início dos anos 80 e exibido na Record com o título de Hutch, a Abelhinha. Mas ao que tudo indica isso não passa de lenda (a mesma que diz que a série com o “Kimba adulto” teria sido exibida pela mesma Record). Oficialmente, Hutch teve uma passagem relâmpago pelo Brasil. A série chegou aqui (e em quase todo o Ocidente) nos anos 90 por via da (adivinhem?) Saban International. Nem preciso dizer que houveram cortes, edições e mudanças no roteiro, tudo para tornar a série mais atraente para os yankees, e de quebra, na cabeça dos produtores burros, se é bom pra eles é bom pra nós.

A história foi muito mal adaptada e grande parte de seu charme e clima melancólico foi perdido, afinal, um desenho animado que teoricamente é pra crianças não pode ter uma carga dramática muito intensa (vai que elas ficam traumatizadas :P..). E dá-lhe tesoura! Hutch fez um sucesso interessante na Europa – onde ganhou um nome diferente em cada país que passou.

Inicialmente, A Abelhinha Hutch foi exibida por aqui em 1998 pela Fox Kids em horários ridículos (como às 6 da manhã de domingo…) junto com outras produções também “ocidentalizadas” pela Saban como o clássico Pinocchio, Samurai Pizza Cats e Willow Town. Por causa do horário, muita gente nem tomou conhecimento de tal exibição. No mesmo ano, a Globo também o exibiu dentro do Angel Mix com o bizarro título de A Abelhinha Guerreira, dando ilusão de que se tratava de uma série de ação, quando ocorre o contrário, já que o foco do anime é a relação entre os personagens. A dublagem ficou a cargo da Herbert Richers.

Hutch é um anime pra quem procura por algo diferente e despretensioso, afinal, é hora de deixar o preconceito para trás e enxergar que produções aparentemente inferiores podem trazer mais conteúdo e inteligência que se pode imaginar. Mesmo a nossa mente, precisa de vez em quando descansar de tramas complexas e mirabolantes ou de superseres musculosos que só sabem gritar e disparar raios das mãos.