A Viagem de Chihiro

A Viagem de Chihiro
Sen to Chihiro no Kamikakushi
O Arrebatamento de Sen e Chihiro

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Produção: Studio Ghibli, 2001
Criação: Hayao Miyazaki
Exibição no Brasil: Cinemas, TV Cultura, Max
Distribuição: Europa Filmes
Disponível em: VHS e DVD

Última Atualização: 09/03/2014

Foram necessários 51 anos para que o Festival de Cinema de Berlim se rendesse a uma animação novamente. O Urso de Ouro, um dos prêmios mais importantes da nona arte, foi dado a atores de acetado pela primeira vez no ano de 1951 (ano em que o prêmio foi criado), quando Cinderella levou como filme musical. Em 2002, a estatueta não foi para nenhuma obra da Disney, tampouco da jovem e promissora Pixar. O primeiro Urso de Ouro de melhor filme dado a uma animação foi cravado com o nome de um japonês, por décadas insatisfeito com a própria indústria de seu país, não por acaso.

Sen to Chihiro no Kamikakushi, nona produção escrita (e oitava dirigida) por Hayao Miyazaki, desbancou todos e se tornou um verdadeiro marco. A produção quebrou barreiras, recordes e encantou o mundo de forma surpreende. Mas toda essa recompensa tem um porquê, que mora no extremo cuidado que ronda o trabalho do estúdio Ghibli, capitaneado pelo velhinho de barba grisalha.

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Depois da tempestade… Chihiro!

Em 1997, Princesa Mononoke chegou aos cinemas como a última produção de Miyazaki (um discurso que seria repetido várias vezes até a chegada de Vidas ao Vento). Também pudera: a beira dos seus 60 anos, o diretor sofria o cansaço e as consequências de uma saúde debilitada. Ainda no processo de produção, Hayao buscou forças sabe-se lá de onde para terminar o filme, que foi um sucesso estrondoso no Japão, perdendo só para o blockbuster Titanic, de James Cameron.

Entre um momento de estresse e excitação, o mestre acabou dizendo a jornalistas que a sua carreira tinha acabado, já que não teria mais condições de seguir na profissão. Entretanto, sua paixão era maior (e a qualidade da produção em massa das animações japonesas andava bastante questionável…), e Miyazaki buscou então encontrar um novo ritmo de trabalho, pois ainda tinha um punhado de filmes na cachola para serem realizados (e que limpariam a barra dos animes ruins hehe =P).

Entre ideias descartadas, aos poucos Chihiro foi tomando forma e a equipe de animação foi sendo montada. Cada detalhe para mostrar nas telonas suas criaturas fantásticas foi estudado com afinco, o que exigiu de muita observação real dos animadores. Acontece que Miyazaki carrega consigo um modo de vida que não se aplica muito à realidade japonesa das últimas décadas, cada vez mais urbana e tecnológica, fechada, de pouco contato com a natureza, animais ou mesmo de relação com os humanos. Para se ter uma ideia, como revelam bastidores da produção (disponível inclusive como extra do DVD nacional do filme) em uma mesa de 10 profissionais, apenas um deles já tinha tido contato o bastante com um cachorro, dificultando as explicações do diretor sobre os movimentos da boca do dragão Haku.

O processo de dublagem e musicalização da obra também merece ser ressaltado. Miyazaki dirigiu pessoalmente cada um dos atores, alguns de renome no Japão. Destaque para a atriz que vive a personagem principal, então com 13 anos de idade, sendo a primeira vez que uma criança era interpretada por alguém de idade mais próxima num filme Ghibli. Yasuko Sawaguchi, a mãe de Chihiro, chegou a dublar comendo frangos de verdade para se aproximar à cena da tela.

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A bela trilha sonora ficou a cargo de Joe Hisaishi, figurinha carimbada em outras obras do estúdio, sendo um longo parceiro de Hayao desde Nausicaä. Já a música tema, “Itsumo Nando Demo” (que toca nos créditos), foi composta pela desconhecida Yumi Kimura anos antes de Chihiro existir. A musicista tinha um enorme desejo de ter uma de suas músicas num filme Ghibli, e chegou a enviar uma carta para o mestre da animação. O mesmo topou usá-la em um projeto que estava escrevendo, mas que acabou sendo cancelado. Pouco depois acabou reaproveitando a canção, e ouviu trocentas vezes enquanto desenhava as cenas de Chihiro, a ponto da composição ser determinante para o desenvolvimento da obra. Detalhes de quem sabe como fazer um filme… =P

Sen to Chihiro no Kamikakushi estreou nos cinemas japoneses em 20 de julho de 2001 e não demorou para se sagrar um sucesso – típico de Miyazaki. Só que o longa conseguiu ir além, ultrapassando o já falado Titanic, tornando-se a maior bilheteria da história do Japão naquela ocasião. E olha que essa nem é a melhor obra do cara… Mas como um filme fraco do Ghibli já é maior que muita coisa no Japão, tudo começa a fazer sentido hehehe…

Chihiro viaja ao ocidente

Demorou um pouquinho, mas Chihiro começou a pintar nos cinemas do outro lado do globo em meados de 2002, o que lhe rendeu prêmios até o ano seguinte. Nos EUA, a Disney já vinha trabalhando na distribuição meio desleixada dos filmes do Ghibli, e acabou tomando conta dessa também.

Muito provavelmente para não tirar o brilho de suas próprias produções, a casa do Mickey exibia os longas em poucas salas, se compararmos aos circuitos padrão. Dizem que um dos motivos também seria a retenção dos direitos de marketing dos personagens por parte do Ghibli, fazendo com que a Disney respondesse com a má distribuição dos filmes. Uma briguinha bastante “adulta” essa, não? =P

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Mesmo assim, houve sim um cuidado com Sen to Chihiro, que acabou ganhando o título de Spirited Away (convenhamos que o nome até ficou legal e mais sonoro). Quem coordenou toda a adaptação pra versão americana foi John Lasseter, nada mais que o mandachuva da Pixar e fã declarado de Miyazaki (quem viu o Totoro em Toy Story 3? =] Aliás, o próprio Miyazaki também é fã da Pixar e fez uma pequena homenagem no filme: a lanterna “viva” perto à casa da irmã de Yubaba é referência ao mascote do estúdio americano). Inclusive, depois do sucesso do filme, rolaram boatos de que o estúdio de animação em CG estaria desenvolvendo um projeto com o diretor japonês, o que infelizmente não se concretizou.

Lasseter preocupou-se em adaptar a linguagem do filme ao público americano (principalmente na questão de fonética labial, um dos pontos marcantes da Disney), firmando parcerias com Kirk Wise (co-diretor de A Bela e a Fera) e Donald W. Ernst (de Aladdin). No elenco de dublagem, tratou também de colocar a voz de John Ratzenberger (o Cliff da série Cheers, se alguém aqui for velho o bastante pra saber do que se trata isso hahaha), cara que simplesmente atuou em TODOS os longas da Pixar.

Antes de Spirited Away estrear nos cinemas gringos ele já colecionava prêmios, como o Audience Choice Awards do festival de cinema de São Francisco e o prório Urso de Ouro, devidamente alardeados no trailer. Mas sem dúvidas, a maior de todas as conquistas chegaria em 2003, quando a badalada premiação do Oscar abriu espaço para a produção entre os indicados a melhor animação. Chihiro desbancou dois filmes da sua “tutora” Disney (Planeta do Tesouro e Lilo & Sitch), um da Fox (A Era do Gelo) e um da DreamWorks (Spirit: O Corcel Indomável). Até o momento, A Viagem de Chihiro é o único longa de animação japonesa a levar o prêmio pra casa, e os únicos que chegaram perto de repetir o feito foram obras de Miyazaki. Ainda tem dúvidas de que o velho é foda? =P

O filme

Chihiro é uma garotinha de 10 anos que está viajando de mudança com os pais. Como toda criança normal, ela está inquieta, emburrada e inconformada com a situação, até que o carro com a família chega a um beco em meio a floresta, de frente a um túnel. O pai resolve adentrar o lugar, sendo seguido por sua esposa e uma apreensiva Chihiro.

O trio chega ao outro lado, avistando o que parece ser um parque abandonado. Curioso, o casal segue adentrando a área, enquanto a menina parece pressentir um monte de coisas estranhas acontecendo ao redor. Os pais de Chihiro encontram um balcão com uma montanha de carne assada e começam a comer ali, mesmo sem permissão – nutrindo ainda mais a aflição da pequena com toda aquela cena.

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É então que a menina dá de cara com Haku, o coadjuvante da história, que alerta do perigo que passa ao permanecer ali. O garoto manda Chihiro correr antes que escureça, mas quando ela dá de cara com os pais transformados em porcos, tudo já está perdido. A garota agora está num mundo bizarro saído da cabeça insana de Miyazaki (hehe) e deve passar por uma série de provações para salvar a pele de seus tutores.

Todas as esquisitices giram em torno de uma casa de banho, um lugar com produção farta de comida e bebida, banheiras enormes e as melhores ervas para atender aos espíritos que a frequentam. Chihiro tem que ir atrás de um emprego pra poder se manter e não ser transformada num bicho, sendo o primeiro contato com o velho Kamaji, um ser de seis braços que cuida da fornalha que aquece os banhos. Ele acaba encaminhando a menina à Yubaba, uma feiticeira asquerosa que é a chefona da “empresa”.

Depois de muita insistência, Yubaba concede um contrato, sendo a primeira condição a mudança do nome da garota para Sen (daí o nome japa do filme). Toda atrapalhada, a menina começa a trabalhar na casa de banhos enquanto descobre aos poucos a forma de voltar ao mundo normal.

A história do filme se resume basicamente nisso: Chihiro em busca do retorno pra casa e a volta dos pais ao normal, nada muito complexo. Os detalhes moram na formação do próprio caráter da personagem. No início, Chihiro é destrambelhada, um tiquinho mimada e medrosa. Com o desenrolar da trama, ela é exposta à várias situações detestáveis do mundo adulto, como a ganância e a cobiça (todos os personagens da casa de banhos são facilmente influenciados pela propina de dinheiro ou objetos valiosos), a mentira (Haku se mostra como um aliado, mas muitos o consideram pouco confiável, pondo a menina num dilema pessoal que a faz chorar) ou mesmo a responsabilidade.

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Vale ressaltar também o personagem Sem Rosto, uma alusão de um corpo vazio que busca ser preenchido de alguma forma, inclusive, esse é o tema da música dos créditos. Assim como o bebê gigante mimado (filho de Yubaba), ele se alia a Chihiro nessa jornada buscando sua própria aceitação. Haku – que também assume a forma de um dragão – é outro que tem sua identidade devolvida graças à menina.

O lado ecológico clássico das obras de Miyazaki aparece timidamente na cena do espírito fedido, um amontoado gosmento que chega para ser purificado na casa de banhos. O entulho de lixo que é retirado dele a partir de um pedaço de uma bicicleta se refere a um caso real do diretor do filme, que teve que fazer o mesmo enquanto limpava um rio (o velho é voluntário até hoje. Todos os domingos ele ajuda a limpar um rio perto de sua casa!).

Os cenários deslumbrantes proporcionam uma porção de cenas reflexivas e lentas, que podem fazer muita criança bocejar esperando por ação ou uma situação engraçada. Aliás, quase não existem momentos que façam rir no filme. Segundo o estilo de narrativa de Miyazaki, a vida não é uma coisa fácil, então ele sempre tenta demonstrar em seus roteiros que não existem soluções simples para as dificuldades que aparecem no caminho (ou seja, não basta explodir seu cosmo ao máximo pra salvar o dia =P).

Somando isso a criaturas hostis ou bizarras (o que é aquela “morsa” de tanguinha que pega elevador com Chihiro? E aquele trio de cabeças verdes saltitantes que não fazem absolutamente nada? @_@) podemos levar em conta num primeiro momento que isso não se trata de um filme para os pequenos, que vão se sentir mais incomodados e chocados do que empolgados com a história. Mas talvez tão somente tenhamos os acostumado mal… Certeza é que Miyazaki não trata as crianças como idiotas, fazendo com que suas animações possam ser assistidas tranquilamente por adultos. Afinal, infantil não deveria ser sinônimo de bobo.

 
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A Alice de Miyazaki?

Não tem comparação mais clichê que essa. Sempre que se fala no enredo de Chihiro, existe uma lembrança da aventura maluca de Alice no País das Maravilhas, obra de Lewis Carroll que ganhou uma animação clássica pela Disney em 1951. Mas se analisarmos mais a fundo, essa comparação tem mais semelhanças do que a gente pensa.

Miyazaki sempre pautou a criação de seus personagens por meio de observação. Kiki, de O Serviço de Entregas da Kiki, é a filha de um dos co-fundadores do Ghibli. É o mesmo caso de Chihiro, uma menininha de 10 anos e uma das filhas de um amigo que volta e meia visitava o mestre em sua casa de veraneio. Ela teria ficado tão parecida na animação, que os pais se assustaram ao assistir. Aliás, o pai de Chihiro também foi baseado nesse amigo, que não por acaso tinha o costume de se perder andando de carro.

A ideia para o filme surgiu primeiramente depois que Hayao foi ver o que a menina e suas irmãzinhas liam: romancezinhos descartáveis. Ele decidiu então contar uma história imaginando como a garota lidaria inserida em um espaço como o próprio estúdio Ghibli, um lugar que pareceria esquisito, cheio de pessoas estressadas, onde você tem que buscar dentro de si as forças para se sobressair.

Já Alice surgiu quando Carroll improvisou alguns contos para entreter as filhas de um amigo, durante uma viagem ao rio Tâmisa. Assim como Miyazaki fazia, muito da observação real dos ambientes próximos serviu de inspiração para os elementos que construíram sua história. A personagem principal é diretamente baseada na Alice real, uma das tais filhas do parceiro de Lewis. A admiração do cara pela garotinha era tanta que, rezam as lendas polêmicas, o escritor nutria um amor quase pedófilo por ela – dessa parte nós desligamos Miyazaki das semelhanças hahaha.

A decisão final que envolve a vida dos pais de Chihiro pode também ser comparada à encruzilhada que Alice sofre quando ameaçam decepar sua cabeça. A semelhança mais clara entretanto mora na alusão de que as duas histórias mostram uma espécie de passagem para a vida adulta, onde as personagens passam por obstáculos para se formarem intelectualmente. No mais, cada uma tem sua particularidade e merece ser apreciada ao seu modo.

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Chihiro no Brasil

Depois que a Buena Vista nos sacaneou com Princesa Mononoke (dublaram o filme mas não lançaram em qualquer tipo de mídia! O áudio só saiu no DVD… japonês!), a distribuidora independente Europa Filmes se tornou a encarregada de distribuição de Spirited Away.

A primeira exibição aconteceu em julho de 2002, quando o filme foi apresentado no Anima Mundi, tradicional festival de animação. Dali, ele também passou pelo Telefonica Open Air, em novembro do mesmo ano e então a Europa poderia enfim planejar o lançamento em circuito aberto. Só que demorou bastante ainda!

Talvez pensando numa estratégia de promoção, a empresa esperou pelo resultado do Oscar, o que certamente traria um alarde maior ao título. A premiação rolou em março de 2003, mas no fim das contas, A Viagem de Chihiro só estreou nos cinemas brasileiros em 18 de julho do mesmo ano, aproveitando as férias escolares, praticamente dois anos após a estreia japonesa! E olha que, apesar de já termos uma internet se popularizando, não havia praticidade de se baixar filmes como hoje, então todo mundo teve que esperar pra ver mesmo…

Chihiro levou mais de 300 mil pessoas aos cinemas, um bom número se levarmos em conta o mercado brasileiro. Por sorte, a Europa Filmes trabalhou diretamente com a versão japonesa do filme e o levou ao competente estúdio Delart, do Rio de Janeiro, para receber sua versão brasileira.

Infelizmente, a escalação não colocou uma criança para dublar a personagem principal. Mas a versátil Ana Lúcia Menezes (a Juíza Koto de Yu Yu Hakusho, Kiyone de Tenchi Muyo! e a Misa de Death Note) deu conta do recado direitinho. Haku ficou com a voz do jovem Felipe Drummond (Lee de Digimon Tamers), enquanto Yubaba teve a escolha óbvia e ideal de Selma Lopes (a Marge Simpson e a Genkai na redublagem de Yu Yu Hakusho).

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Em dezembro de 2003, A Viagem de Chihiro chegou ao mercado de home-video no já quase extinto VHS e em DVD. A capinha é simples e um tantinho poluída, com menções aos prêmios que ganhou jogados onde havia espaço pra preencher =P Além do filme, com opções de áudio em japonês e português, ambos em 2.0 e 5.1, o disco traz alguns extras como ficha técnica, trailers e um interessante making-of. Ainda hoje a Europa Filmes o mantém em seu catálogo por um preço bem barato e volta e meia ele aparece numa daquelas “piscinas” de DVDs em lojas como Americanas. Até que um blu-ray saia por essas bandas, a compra ainda é válida.

Em outubro de 2009, a TV Cultura surpreendeu muita gente e exibiu o filme em sua programação como parte da comemoração ao dia das crianças. Pensando bem, faz mais sentido que um longa de Miyazaki passe num canal como esse do que qualquer outro lugar… Chihiro também passou pela programação do HBO Max em 2004 e voltou um tempão depois, em 2013, um canal pago já acostumado a passar obras do Ghibli.

O que há de errado na animação japonesa?

No início de 2014, aos 73 anos, Hayao Miyazaki declarou sua insatisfação com a qualidade da indústria de animação japonesa mais uma vez. Era uma conversa despretensiosa entre o jornalista e o senhor recém-aposentado, que desenhava uma garota em seus traços suaves inconfundíveis, daquelas que ao simples olhar você já imagina respirando e se mexendo.

Parte do segredo desse verdadeiro mestre da animação mostra-se aí e se revela bastante ausente num mercado tão dependente dos cifrões que renderá com qualquer quinquilharia na loja de um “seu Toshio” da vida. Falta um lado humano em 90% dos personagens de anime tradicionais e a culpa, segundo o próprio mestre, está na quantidade de “otakus” que tomaram conta da animação.

No início dos anos 2000, quando Miyazaki disse que o anime havia morrido, ele culpava aquela que seria a primeira geração totalmente composta por copiadores. O que ele disse ali também se aplica hoje, quando se refere a artistas que praticamente não têm contato com outros humanos e baseiam a criação de expressões de seus personagens na releitura da anatomia de outros senseis. Soma-se aí a tonelada de fanservice jogados na nossa cara, sem proposta nenhuma com a história. Um pedaço de calcinha escapando aqui e ali, e um peito saltitante só pra alimentar o olhar – e isso tudo em produções infanto-juvenis!

Estamos falando de histórias criadas por pessoas que preferem sua solidão e dormir abraçadas a seus travesseiros em forma de personagens de anime. Como que pessoas assim podem criar situações verdadeiramente humanas em suas histórias? Felizmente, o Ghibli ainda existe.