Cowboy Bebop

Cowboy Bebop
Cowboy Bebop

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=T6zDfxZ4NcE 480 320]

Produção: Sunrise, 1998
Episódios: 26 p/ tv
Exibição no Japão: Tv Tokyo (03/04/1998-26/06/1998) e WoWoW (23/10/1998-23/04/1999)
Exibição no Brasil: Locomotion
Mangá: Fantasy DX

Última Atualização: 30/03/2008

“O anime morreu”
Em um primeiro momento, a frase acima pode até chocar, mesmo vindo de um velhinho rabujento que se acha o tal e vive da animação japonesa que ele tanto critica. Sim, estamos falando dele, Hayao Miyazaki que, disparando comentários ácidos para todos os lados (que até virou matéria na revista Herói), mostrou em uma entrevista no início da década, sua insatisfação com o atual mercado de animação japonesa, onde dizia não ver um futuro promissor no setor. Segundo ele, a atual geração de animadores só faz cópias e mais cópias e não há renovação no gênero.

Vindo de alguém que é dono das maiores bilheterias do Japão e que é apontado por muitos como sendo o “Walt Disney do oriente” (não era o Tezuka? =P), esse comentário até poderia ser levado em consideração, mesmo porquê a tv japonesa está infestada de monstrinhos colecionáveis e suas variantes, adolescentes bobões cercados por belas mulheres, menininhas burras que ganham poderes do nada e passam a combater vilões usando mini-saias justíssimas, garotos traumatizados que pilotam robozões e tudo que é clichê possível. Mas, olhando bem, existe vida inteligente em Marte, digo, no Japão. E Cowboy Bebop é um bom exemplo disso, o que deixa as palavras do tiozinho chatolino Miyazaki ao vento.

A criação
Cowboy Bebop nasceu do interesse da Sunrise em criar uma série ambientada no espaço, mas sem o uso de mechas, e que falasse uma linguagem que agradasse tanto ao público adulto (que buscava inovação), quanto aos jovens e adolescentes, acostumados a assistir as variantes já citadas acima. Essa difícil missão foi encarregada à equipe do experiente Shinichiro Watanabe que já havia trabalhado em Gundam 0083 e Macross Plus entre outras produções do estúdio.

Fã de filmes americanos de faroeste (principalmente os da década de 70), Watanabe juntou elementos ali contidos ao que foi proposto pela Sunrise e voi la, nasceu então, Cowboy Bebop. Além do clima de “bang bang”, Cowbe traz referências à cultura americana, passando por filmes de Kung Fu (o protagonista Spike faz movimentos a la Bruce Lee em algumas cenas de porradaria =P) e até ao anime Lupin III (Cliffhanger: O Aventureiro, na Locomotion). O próprio Spike e Faye podem ser considerados variantes mais “cool” e modernas dos personagens principais desta animação clássica.

Além disso, existem outras referências à cultura pop em geral, como por exemplo o título de cada capítulo (chamados de Sessões). Todos são nomes de músicas (a maioria jazz e blues), mas é possível encontrar por exemplo, Sympathy for the Devil, nome do sexto episódio e também de uma das músicas mais famosas da banda da era paleozóica, os Rolling Stones.

Uma noção da história
No ano de 2071 a humanidade expande seus territórios ao espaço sideral, graças a portais que funcionam como uma espécie de “rodovia para espaçonaves”. Dessa forma, uma viagem de uma planeta a outro dura apenas alguns instantes. Com tal expansão, o espaço passa a ser habitado por todos os cantos, e dessa forma a criminalidade aumenta assustadoramente.

Sem ter o que fazer para acabar com tal situação é institucionada a chamada “Lei Cowboy”, a qual permite que pessoas comuns possam caçar criminosos em troca de uma recompensa em dinheiro cujo valor depende do grau de periculosidade do procurado. E é aí que entram os caçadores de recompensas, pessoas que cruzam o espaço atrás de bandidos que possam lhes render uns trocados.

O elenco
Grande parte do charme de Cowboy Bebop está em seu elenco, que é de longe um dos mais interessantes e carismáticos de todos os tempos. Os personagens da série não fazem nada mais do que deve ser feito: agem naturalmente, como se fossem eu ou você. Não que saiamos com uma arma atirando de um carro a 200 Km/h… Nada de superficialidade, piadinhas forçadas que já foram usadas em um milhão de lugares.

O protagonista, Spike Spiegel, é um cara tranquilo que daqui a alguns anos deve ter um efisema pulmonar do tamanho do buraco da camada de ozônio, visto os três maços de cigarro que ele fuma a cada episódio (patrocínio de alguma indústria de tabaco? Pode ser… :P). Apesar da aparência nada respeitável (que cabelo é aquele? =P), Spike é um habilidoso caçador de recompensas e seu passado é manchado pela misteriosa relação que tem com o grupo mafioso Red Dragon (aqui, Dragão Vermelho).

Desta misteriosa fase, sobram apenas lembranças que ele procura esquecer, mas elas vêm à tona na forma da bela Julia (a única mulher a qual ele realmente amou) e seu “arqui-inimigo” Vicious (que tem um visual super legal e dark. Tem sempre que ter o antagonista que é mais “estiloso” que o personagem principal. É regra, fazer o quê, né? :P). Spike é especialista em diversas artes de luta, e ao lado de seu parceiro Jet Black vaga pelo espaço a procura de criminosos que possam lhe render uma boa recompensa.

Por falar em Jet, apesar da aparência meio “ranzinza”, o moço é muito amigável. Antes de se juntar à Spike, ele foi membro da ISSP, a polícia do espaço, o que não raramente concede a ele vantagens na obtenção de dados sobre criminosos e às vezes, alguns desafetos. É uma das poucas pessoas (a única?) em que Spike realmente confia e tem como hobby cozinhar. Achou esse hobby rídiculo? Então saiba que o Champ de Zillion a-d-o-r-a fazer tricô @_@.

Como em todo anime que se preze, temos que ter uma moça gostosa para vender garage kits aos tubos. Em Cowboy Bebop tal papel cabe à “fatal” Faye Valentine. A frase que a define é: não confie nela! A força feminina do grupo é uma mulher que não sabe nada de seu passado. A única coisa que se sabe é que ela foi congelada após um acidente e depois de MUITOS anos foi despertada. Faye se junta ao grupo de Spike para conseguir dinheiro para pagar uma dívida que tem com um bando de criminosos. E como a moça deve…

Completando o time, temos Ed, ou Edward Wong Hau Pepelu Tivrusky IV. Apesar do nome masculino, Ed é uma garota x_x. É bem voadinha (tá bom… Ela parece fumar constantemente um cigarrinho do mal…) e destrambelhada (a ponto de não falar coisa com coisa…), mas é uma expert em computadores e de grande ajuda para Spike na hora de resolver alguns casos. Está sempre acompanhada pelo cão Ein (um Welsh Corgi) que apesar da aparência, é superinteligente, pois foi alterado geneticamente.

Por que Cowboy Bebop é tão especial?
Dificilmente você verá um episódio de CowBe e ficará entediado. Apesar de às vezes parecer meio “parado” a trama evolui de forma que o telespectador vivencia junto ao personagem a história, e tem as mesmas surpresas que ele. Pra facilitar, imagine um episódio do trágico Dragon Ball Z. Goku está com todos os ossos do corpo quebrados e a Terra explodirá em 5 minutos. E dai? Bem, você sabe que no instante final, Goku vai atirar um raio mortal das mãos, vencer o vilão e salvar o planeta. Isso depois de 28 episódios enfrentando Freeza cara a cara. Como os japoneses aguentaram seis meses (lembrando que os episódios são exibidos semanalmente no Japão) pra ver um desfecho tão desprezível como esse? É de dar bocejos e sentir que fomos lesados em alguma parte…

Mas voltando ao assunto, você não tem essa sensação em Cowbe. Apesar dos roteiros não serem nada tão excepcionais, a história é contada de uma forma tão tranquila e perfeita que no fim do episódios você percebe que foi tratado dignamente e fica ansioso esperando o próximo capítulo. Estranho esse papo né? Pois é…

A produção do anime
Cowboy Bebop estreou em abril de 1998 na Tv Tokyo e, ao contrário do que muitos acham, não se tornou um sucesso instantaneamente. Pra ser mais exato, a série foi um fiasco em tal exibição, tanto que apenas 13 dos seus vinte e seis episódios foram exibidos pela emissora. Em outubro do mesmo ano, o canal por assinatura WOWOW resolveu colocar a série em sua grade de programação, e desta vez sim, tendo todos os seus 26 episódios exibidos, finalmente tornando o anime “cult”, atingindo um sucesso ainda maior que o esperado pelo canal e pela própria produtora.

Merece destaque a trilha sonora composta pela brilhante Yoko Kanno (que já havia feito as trilhas de Escaflowne e Macross Plus). Tudo bem que aquela música de abertura mais parece uma marchinha dos desenhos da Hanna Barbera da década de 70, mas temos que concordar que a moça mandou bem com suas composições, que fogem do já mastigado J-Pop e nos remete ao Blues e Jazz. Nem todo mundo curte tais gêneros, mas sejamos sinceros, deram um diferencial à série. Falando em diferencial, o character design, um pouco mais adulto que o convencional e a animação (que pela primeira vez em um anime para tv, conseguiu unir harmoniosamente acetado e CG’s) digna de séries de OVA, dão um toque todo especial e sofisticado à série.

O suceso do anime fez com que fossem lançadas duas séries de mangá, uma com 3 volumes encadernados (publicados originalmente na revista Asuka Fantasy DX) e outra com apenas 2 volumes, ambas a cargo de Yutaka Nanten. A primeira acabou saindo por aqui pela JBC em 6 edições.

O Filme
Como tudo que faz sucesso no Japão logo ganha algum tipo de sequência afim de dar sobrevida à série (e aumentar o saldo da conta bancária da produtora =P), a Sunrise lançou nos cinemas japas o longa Cowboy Bebop: Tengoku no Tabira (Cowboy Bebop: Knocking on the Heaven’s Door) em 2001.

Quando lançado no ocidente (Brasil incluso), a distribuidora Columbia resolveu chamá-lo apenas de Cowboy Bebop: The Movie. O longa, um capítulo espichado e mais bem feito (:P), se passa entre os episódios 22 e 23 da série de tv, já que o final do anime fecha a história definitivamente (se é que vocês me entendem =P). Falaremos dele isoladamente, pois merece =D.

No Brasil
Nesse lado do globo, Cowbe se tornou popular graças aos fanssubers (que na época trabalhavam apenas com VHS, ou seja, conseguir uma cópia era um parto – fora o preço salgado) e às revistinhas caça-níqueis que volta e meia traziam alguma matéria. No início dos anos 2000, o anime começou a ser transmitido pela Locomotion (que sucumbiria, dando lugar ao Animax). Como o canal já estava meio ruim das pernas, a opção foi transmití-lo legendado. A série foi exibida por completo e reprisada tantas vezes que era possível até decorar os diálogos.

Já o filme chegou ao mercado de DVD em 2004 e teve uma longa novela até o lançamento (com direito até a uma estreia obscura em alguns cinemas!). A ótima dublagem do filme fez com que os fãs sonhassem em ver Spike & Cia com vozes made in Brazil. Na versão brasileira, Spike teve a voz de Guilherme Briggs (Radamanthys na fase Santuário da Saga de Hades) e Faye ganhou a voz de Miriam Fischer (Botan de Yu Yu Hakusho), que surpreendeu muita gente. Quando fizermos a matéria do filme, falaremos mais acerca da dublagem e dos rolos do lançamento. Aguarde ;)

Pra finalizar…
… O anime ainda traz uma homenagem ao Brasil! Lembram dos três velhinhos que vira e mexe aparecem em todo lugar durante a série? São o Antônio, o Carlos e o Jobim. Isso te lembra algo =P? Pelo menos uma citação ao Brasil que não envolva macacos sanguinários, serpentes de 10 metros e o Carnaval com a bunda da Gréti à mostra.

E só pra constar: “O anime morreu”. =P

Checklist Episódios
01- Asteroid Blues
02- Stray Dog Strut 0
03- 2 Honky Tonk Women
04- Gateway Shuffle
05- N Ballad of Fallen Angels
06- Sympathy for the Devil
07- Heavy Metal Queen
08- Waltz for Venus
09- Jamming With Edward
10- Ganymede Longing
11- Toys in the Attic
12- Jupiter Jazz (Parte 1)
13- Jupiter Jazz (Parte 2)
14- Bohemian Rapshody
15- My Funny Valentine
16- Black Dog Seranade
17- Mushroom Samba
18- Speak Like a Child
19- Wild Horses None
20- Pierot Le Fou None
21- Boogie Woogie Feng Shui None
22- Cowboy Funk None
23- Brain Scratch None
24- Hard Luck Women
25- The Real Folk Blues (Parte 1)
26- The Real Folk Blues (Parte 2)