Digimon 4 (Frontier)

Digimon 4
Digimon Frontier

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=_pEW7M-u0os 480 320]

Produção: Toei Animation, 2002
Episódios: 50 p/tv
Criação: Akiyoshi Hongo
Exibição no Japão: TV Fuji
(07/04/2002 – 30/03/2003)
Exibição no Brasil: Fox Kids/Jetix/Disney XD – Globo – Rede TV!
Distribuição & Licenciamento: Toei Animation  e Creative Licensing

Última Atualização: 18/07/2010

Digimon Tamers, 3ª série da franquia dos monstrinhos digitais, decretou o fim da continuidade entre as temporadas. A partir de então, “Akiyoshi Hongo” (o nome que creditam como responsável pela criação da série na verdade é um pseudônimo de um grupo de roteiristas da Toei Animation)  poderia trabalhar novas empreitadas marketeiras sem ter que se preocupar com vínculos do passado. A ideia era que anualmente uma nova turma de digiescolhidos pintaria na TV com uma história repaginada mas, obviamente, com os mesmos elementos que a consagraram. Só que uma certa falta de  imaginação pareceu pairar nos roteiristas e a saída foi reciclar alguns elementos de temporadas passadas a fim de não ficar tão evidente que estavam apresentando só mais do mesmo.

No final de Digimon Tamers foi explorada a ideia da  união de um Digimon com um humano e foi justamente esse conceito que os roteiristas resolveram fazer uso para sustentar a parceria entre as crianças digiescolhidas e seus digimons. Ainda que seja um princípio interessante, o desenvolvimento do roteiro não resultou em algo muito empolgante e, talvez, para deixar a coisa toda mais “atraente”, tenham utilizado o artifício de despejar  um monte de clichês que pareciam chupados de séries tokusatsu (que de original só tem alguma coisa nas produções dos anos 70 =P).

Outro sintoma da falta de imaginação foi o pouco esforço de criar novos digimons para contracenarem e digladiarem com os heróis: 90% dos vistos em Frontier já tinham dado as caras na TV, principalmente na 1ª série. Mas se a 2ª gerou uma tonelada de quinquilharias e brinquedos e a 3ª tentou emplacar um cardgame, qual era o apelo comercial para a 4ª temporada afinal? A resposta só pode ser uma: vender fantasias :P!   Bom… Agora a pirralhada teria uma ótima desculpa  pra se vestir de Digimon e sabemos que os japoneses inventam roupa de qualquer coisa – até de máquina de refrigerante x_x…

O anime dirigido por Yukio Kaizawa (o mesmo de Digimon Tamers) acabou dividindo bastante a opinião dos fãs: há aqueles que detestaram a temporada, assim como há os que adoraram a mudança no núcleo central (de humano com parceiro Digimon para humano que vira Digimon). Mas o que será que fez dessa a temporada menos querida pelos fãs da franquia?  Vamos atravessar a “fronteira” e descobrir… :P.

Digimon Sentai?
A história começa quando o jovem Takuya Kanbara (mais um lunático que curte andar com um óculos de aviador na testa ¬¬’) recebe uma mensagem em seu celular. O texto o convida para o jogo que definirá seu destino, com uma voz que ordena que o garoto vá para a estação de metrô de Shibuya e pegue o elevador para o andar mais abaixo.

Qualquer adulto normal jogaria seu celular longe e partiria em seguida prum psicólogo, igreja, sanatório ou até a polícia, mas Takuya e mais uma porção de fedelhos que receberam a mensagem correm para a estação seja porque acharam que deveriam fazer aquilo ou porque simplesmente achavam que seria divertido o_o’. O pior de tudo é acreditar que tem de gente no mundo real que teria a mesma atitude burra…

Bom, o que interessa é que as crianças aventureiras acabaram ali se tornando os digiescolhidos da vez – cinco delas pra ser mais exato: Takuya, Koji (o “Matt” da história, isolado e orgulhoso), Zoe (uma japa magrela criada na Itália), JP (um gordinho sem amigos) e Tommy (o caçula mimado, que foi empurrado por outras crianças pra dentro do trem).

Viajando através de um Trailmon (um digimon trem que parece ser o único meio de transporte pra tudo no desenho x_x), elas são recepcionadas por uma dupla de digimons meio atrapalhados (e feiosos :P) que garantem o humor da série: Niimon e Bokomon. Eles estão fugindo de um Digimon malvado, que assim como muitos outros, deram a louca de sugar os dados do Digimundo, transformando sua geografia numa espécie de queijo suíço todo esburacado. Pra salvar o dia, Takuya acaba recebendo um dos 10 Digiespíritos lendários, transformando-se num Digimon capaz de purificar qualquer  monstro digital possuído.

No decorrer dos episódios, cada uma das outras crianças recebe seu próprio Digiespírito para digievoluir (com a mudança da dublagem do Rio para São Paulo o termo digivolver se perdeu :P) em um guerreiro lendário (sendo que podem assumir duas formas: a humana e a fera). Mas se são dez guerreiros lendários, cadê os outros cinco? Acontece que os outros cinco estão com os “digimaus”, controlados pelo perverso Cherubimon.

Cinco crianças que se transformam em guerreiros coloridos e têm que enfrentar um grupo de soldados – bocós ou não – liderados por um monstrengo com cara de palhaço… Um líder da cor vermelha e coreografias na hora da transformação que surgem como se já soubessem o que iam fazer… Isso não lembra a você alguma coisa?! Será que acharam realmente que ninguém fosse notar que Digimon Frontier copiava o estilo dos seriados  Super Sentais (super esquadrões como Changeman ou Power Rangers)? Só faltou mesmo alguns “megazords” porque até um sexto integrante, que começa vilão e depois vira a casaca, a história tem =P.

Deixando essas coincidências (?) de lado, é preciso comentar também que tudo é envolvido em uma mitologia que só vai se confundindo nos episódios, tendo que reservar três deles ao longo da trama pra tentar explicar. Os conflitos começaram quando as duas grande raças do Digimundo – os do tipo humano e os do tipo animal – travaram uma guerra entre si. Foi então que o anjo Lucemon surgiu pra acabar com tudo e tomar a posse do reino. Só que o cara não era nada bonzinho (com esse nomezim você esperava o que? O bicho é o capeta Digimon em… dados :P.) e saiu fazendo o que queria, matando quem estivesse em seu caminho.

Foi aí que surgiram os tais dos dez guerreiros lendários que venceram Lucemon e em seguida desapareceram. Mas alguém precisava tomar conta do Digimundo e então mais 3 anjos aparecem pra governar e guardar os digiespíritos: Seraphimon, Ophanimon e Cherubimon. Esse último acaba ficando possuído (mais tarde descobrimos que foi por Lucemon…), se rebela e manda seus cinco capangas (espíritos que ele guardava) coletar dados do Digimundo para si. Ophanimon, aprisionada, envia as mensagens ao mundo humano recrutando crianças e por fim chegamos ao presente da série.

Em uma arrastada jornada, Takuya e sua trupe vão recuperando os dados e os digiespíritos que estão do lado do mal. Nisso surge um sexto membro, Koichi, irmão gêmeo de Koji. Eles foram separados ainda bebês sendo que Koji ficou com o pai e Koichi com a mãe. Koji cresceu achando que sua mãe estava morta, enquanto Koichi soube de tudo pela boca da avó com pé na cova.

Chegando ao Digimundo com um coração ferido, o irmão perdido cai nas garras de Cherubimon que o entrega o Digiespírito das Trevas. Aí rolam umas batalhas e depois de muito choro e lamentação o garoto acorda pra vida e passa pro lado dos heróis. É nesse momento que todos os digiespíritos se distribuem em Takuya e Koji que ganham poderes suficientes para derrotar Cherubimon. Só que os dados que o bichão recolhia repassam pra Lucemon, que está prestes a renascer pro último arco da série.

Nos momentos finais, Lucemon manda seus Cavaleiros Reais (com definição de sexualidade afetada XD) recolherem os últimos dados, até não sobrar um pixelzinho pra contar história. O segredo do estado físico de Koichi, o possível fim do digimundo, a verdadeira forma de Lucemon, o nascimento de um novo guerreiro lendário e uma certa carga dramática marcam o fim de Digimon Frontier – que tem até o uso de uma eficiente bazuca para liquidar o inimigo. Só faltou alguém gritar “munição; na mira; fogo!”. =P

O envolvimento com o emocional de cada personagem acabou sendo um ponto forte na trama. Talvez nenhuma turma de digiescolhidos seja mais humana que a de Frontier. A comédia também aparece numa dose maior, destacando os momentos em que Bokomon tem que cuidar de um bebê Patamon – que é nada mais, nada menos que a reencarnação de Seraphimon.

Mas talvez seja isso que tenha prejudicado de alguma forma o andar da carruagem. Há uma maior infantilização que resulta em um punhado de episódios desnecessários que afastaram grande parte dos fãs, além da insistência no óbvio, que deixa tudo no fim bem previsível. E nunca se esqueça de uma coisa:  pode estar tudo dando errado e seus amigos estão à beira da morte. Mas é fácil salvá-los: é  só você chorar. =D

Digimon Frontier ainda teve um movie, que mostra um conflito no tempo presente de digimons animais com digimons humanóides. Do lado humanóide temos Darkmon e do lado animal, HippoGryphomon. Os 5 digiescolhidos acabam entrando no meio do conflito e juntos tentarão dar cabo nessa situação para que o mesmo que ocorreu no passado não se reprise novamente.

Uma coisa que sempre salva uma série Digimon é sem dúvida a sua trilha sonora. “Fire” (a abertura) é um dos digitemas mais bacaninhas e as outras canções também conseguem deixar momentos chatos mais assistíveis. Mas ainda sim,  nada supera as nostálgicas canções de Digimon Adventure – a série da turma do Tai… Para comercializar a animação no ocidente, a Toei a rebatizou de Digimon 4, mas os fãs preferem chama-la de Frontier mesmo. Pelo menos não traduziram o subtítulo da mesma forma ignorante que fazem com os de Pokémon…

Digimon Frontier no Brasil.
A passagem da 4ª série Digimon em nossa terrinha é cercada de algumas ironias do destino. Começando com a dublagem: pela primeira vez Digimon saiu do Rio (onde era dublado na extinta e memorável Herbert Richers) e ganhou vozes brasileiras na Álamo em São Paulo.

Atores carimbados da dublagem paulista como Márcio Araújo e Wendel Bezerra apareceram como protagonistas, mas o mais instigante foi ver Fábio Lucindo (o Ash de Pokémon – série rival direta da franquia Digimon) na pele de Takuya, líder da trupe.

Outras tantas vozes marcantes de Pokémon (como o próprio Márcio que faz o James) apareciam em todo canto dando vida aos Digimons coadjuvantes. Só a Márcia Regina (a Misty) deve ter feito uns cinco diferentes =P. Mas o destaque mesmo ficou por conta de Angélica Santos (o Cebolinha!!!) no cômico papel de Bokomon.

Outra coincidência na versão brasileira da série foi a presença do cantor Nil Bernardes. O cara faz grande parte das aberturas de desenhos que vemos por aí hoje, mas marcou de verdade como responsável pela versão brazuca das músicas da família do Pikachu (incluindo aí os CDs oficiais). E se hoje não bastam críticas a seus trabalhos recentes (como nas aberturas de Super Onze), nada se pode reclamar das versões brasileiras que ele fez pra abertura e encerramento de Digimon 4.

Talvez em sua melhor atuação, Nil fez da abertura uma coisa tão empolgante que é quase unânime ouvir de alguém que odeia Digimon 4 algo do tipo “ah, mas as músicas pelo menos eram legais!”. Apesar da inserção de um coro bobo e infantil da música (com digimon, lalalala) que não existe na original, as palmas são bem vindas. A adaptação das músicas ficou a cargo de  Renato Siqueira, que fez um ótimo trabalho na tradução. Afinal, o cantor pode dar o máximo de si, mas se a letra não for boa… A Álamo também se encarregou de traduzir para o português os créditos, seguindo um padrão iniciado a partir do 2º encerramento de Dragon Ball Z.

Mesmo com a dublagem boa, apesar das vozes cansativas, a receptividade da série foi bem morna. Digimon 4 estreou em abril de 2003 na Fox Kids precedido de uma maratona com os melhores episódios das 2 primeiras séries. Apesar desse destaque todo, grande parte dos fãs da franquia não foram muito com a cara da nova história. Mesmo assim, os 50 episódios foram reprisados à exaustão passando pela conversão do canal em Jetix até sair do ar pela primeira vez. A série voltou ao ar no  3º estágio  digievolutivo do canal: o Disney XD (sendo que antes da estreia anunciavam o retorno da série clássica…).

Na TV aberta, Frontier causou um certo burburinho na Rede Globo –  não porque a série fez  sucesso, mas sim  por conta dos papos  envolvendo “encorporação de espírito” e “purificação de almas” que são citados na série – fora um digimon na forma de satanás @_@. E sabem como isso rende sempre comentários de religiosos desocupados de plantão… Mesmo assim a série foi apresentada por completo, mas não teve nenhum grande destaque  na emissora.

Depois de alguns anos, a Rede TV! fechou diretamente com a Toei Animation (após indicação do JBox diga-se de passagem ;P) um contrato de exibição da temporada. A emissora esperava que a dupla Digimon e Pokémon (outra ironia do destino: pela primeira vez, as séries seriam apresentadas num mesmo canal, uma após a outra!) aumentasse a audiência do bloco TV Kids de forma astronômica, mas não foi muito bem isso que se viu…

A série estreou no dia 5 de abril em dois horários (manhã e noite) mas a transmissão praticamente exclusiva para São Paulo (e alguns poucos estados) fez com que muita gente não conseguisse acompanhar o anime. Apesar dos pesares, a emissora apresentou a série até o final.

Por um bom tempinho, Digimon 4 ficou com o título de “última fraquia da série”.  Vai ver que perceberam a bombinha que a marca estava virando e resolveram descansar o nome por um tempo. Muito se especulou sobre um quinto Digimon e ele finalmente veio, 3 anos depois do fim de Frontier. Então, nos vemos em breve com Digimon Savers!

Checklist Episódios
01 – O guerreiro lendário: Agnimon do Fogo.
02 – A batalha do labirinto subterrâneo.
03 – Valentões são proibidos.
04 – Uma guerreira feminina.
05 – O poder do trovão.
06 – Um outro guerreiro.
07 – A terra dos brinquedos.
08 – Salve nossos amigos!
09 – A misteriosa floresta das TVs.
10 – KendoGarurumon aparece.
11 – Desafio a BurningGreymon.
12 – Vencer Gigasmon!
13 – O segredo dos 10 guerreiros.
14 – Um desafio desesperado.
15 – Como eu estou?
16 – Zephyrmon, uma excelente lutadora.*
17 – Honestidade.
18 – A corrida dos Trailmons.
19 – Coração puro.
20 – Um guerreiro sombrio.
21 – O poder das trevas.
22 – Takuya volta pra casa.
23 – Sinta o poder dos Digimons!
24 – O conflito de JP.
25 – A batalha solitária de Tommy.
26 – Uma maçã traiçoeira.
27 – Um Digimon espírito duplo.
28 – Takuya contra Mercurymon.
29 – Sephirothmon se transforma.
30 – Velgmon aparece.
31 – O cemitério dos Trailmons.
32 – O passado revelado.
33 – Um guerreiro das trevas renovado.
34 – Uma operação de resgate.
35 – A digievolução definitiva.
36 – O poder da coragem.
37 – A batalha final contra Cherubimon.
38 – O renascimento de Lucemon.
39 – Fuga da lua.
40 – Os protegidos do Angemon.
41 – O pé de feijão da amizade.
42 – Protejam os digi-ovos!
43 – Lembrança da cidade natal.
44 – Um parceiro na luta.
45 – A defesa do Mercado de Akiba.
46 – A última fortaleza.
47 – O fim dos Cavaleiros Reais.
48 – O último desejo de Koichi.
49 – Salvem o mundo humano!
50 – Quando eles se tornam uma lenda.

*Episódio nomeado erroneamente pela Álamo como “Sephirothmon, uma excelente lutadora”.