Digimon / Digimon – O Filme

Digimon
Digimon Adventure (デジモンアドベンチャー)

Animação: Toei Animation, 1999
Direção: Hiroyuiki Kakudou
Episódios: 54 para TV
Criação: Akiyoshi Hongo (pseudônimo da equipe criativa)
Exibição no Japão: TV Fuji (07/03/1999-26/03/2000)
Exibição no Brasil: Globo – Fox Kids – Jetix (televisão), Looke (streaming)
Distribuição: Imagine Action Dálicença (2000)
Disponível em: VHS e DVD (ambos de forma incompleta), aluguel de streaming (Looke, última confirmação em maio de 2018)

Última Atualização: 16/05/2018

A indústria japonesa de anime tem espaço para tudo e para todos. Quando um grande sucesso nasce, diversos estúdios procuram uma forma de aproveitar a “modinha instaurada” e quebram a cuca (nem sempre) pra bolar um lançamento que consiga chamar atenção do mercado. Quando a Nintendo, Shogakukan e outras empresas estavam ganhando rios de dinheiro com Pokémon, a toda poderosa Bandai e a Toei resolveram “contra-atacar” a febre dos bichinhos de bolso. Aproveitando-se do princípio criativo de um brinquedinho que estava em alta na época – da mesma forma que Pokémon – a Toei Company apresentou ao mundo em 1999 os Digimon.

Como na época de seu lançamento Pokémon já era uma febre sem precedentes, a impressão imediata que se tem ao ver qualquer ilustração da série é de que se trata de um “cópia” (ou clone) dos monstros de bolso. Lamentavelmente este estigma acompanha até hoje a franquia dos Digimon, quando o mais correto seria afirmar que Digimon é apenas um concorrente – servindo pra “inspiração” dos verdadeiros “clones”.
Como dito anteriormente, Digimon teve sua origem calcada em outro brinquedo brinquedo popular: o Tamagotchi. Os bichinhos virtuais criados por Aki Maita tiveram em 1998 uma versão (pouco conhecida no Brasil) chamada “V-Pets”, onde os Tamagotchis podiam lutar entre si e “evoluir” após cada vitória.

Aki e o diretor de marketing da Bandai (Takeichi Hongo) uniram o útil ($$$) ao agradável (a ideia) e resolveram entrar de sola no mercado disputando diretamente com Pikachu & Cia. Há semelhanças? Sim, mas não a ponto de rotular Digimon como um anime sem criatividade ou “mera cópia”. Digimon está mais para uma série oportunista (não que isso seja ruim!). Em tempo: Akiyoshi Hongo é um pseudônimo criado para designar as figuras por trás de todo o projeto, onde se destacam a tal da dona Aki Maita e o marketeiro-mestre da Bandai, Takeichi Hongo.

Digimon Adventure
A primeira temporada de Digimon lançada na TV Fuji em 1999 teve um total de 54 episódios e 2 especiais. A série ganhou uma sequência direta no ano seguinte com Digimon 0.2 (Zero Two), que muita gente considera “desnecessária”. Depois disso, a franquia passou a apresentar temporadas fechadas, sem ligação cronológica – embora a presença de “Digimons” da mesma espécie deixem uma sensação de que são personagens já vistos. A partir de 2015 rolou outra continuação chamada de Digimon Adventure tri., mas isso é caso para outra matéria.

Sem sombra de dúvidas, o melhor da primeira temporada de Digimon está nos 13 primeiros episódios. Sete crianças de férias num acampamento de verão são transportadas para uma outra dimensão chamada de Digimundo e são “recepcionadas” por estranhas criaturinhas que as estavam esperando.

Essas criaturinhas são os Digimons, e se tornam parceiras das crianças em sua jornada atrás de um meio para voltarem para casa. Os Digimons têm a capacidade de “digivolverem” conforme a necessidade e o perigo que seus parceiros enfrentam. E é nessa hora que começa a melhor parte de todos os episódios do anime. Por meio de uns aparelhinhos chamados digivices (tudo nesse anime é “digi-alguma-coisa”, por conta da adaptação americana que serviu de base pra nossa quanto aos termos) os monstrinhos mudam de forma ao som de uma musiquinha muito maneira e de efeitos CGs bem primários, mas que dão um visual mais moderno pra série (afinal, era 1999!).

Em sua jornada para voltarem pra casa, as crianças tem que encarar os “digimaus”, possuídos pelo maligno Devimon e suas engrenagens negras. Devimon está afim de dominar o Digimundo e seu último confronto definitivo com a turma (Tai, Matt, Joe, Izzy, Sora, Mimi e TK) se dá com a digievolução mais esperada de todas: a do Patamon. O bichinho inofensivo e bobinho se torna um anjo sinistro (ao mesmo tempo que legal) e liquida a primeira de muitas pedras no sapato da patotinha.

Depois de derrotar Devimon, a galera enfrenta um digimacaco afetado (Etemon) e posteriormente o macabro Miyotismon. Miyotismon não quer se contentar com o Digimundo, e está a fim de papar nossa realidade. Quando conseguem voltar pra casa, a molecada precisa voltar depressinha pro Digimundo – depois de derrotar Miyotismon – para que um certo “equilíbrio” entres as duas dimensões não vá pro espaço. E dessa vez levam Kari (irmã do Tai) junto, já que ela também é um “digiescolhida”, mas perdeu o bonde da 1ª vez que a galera foi… De novo no Digimundo, as crianças tem que dar cabo de uns vilões meio sem graça e da maior de todas (e mais forçada) das ameaças: Apocalymon. Feito isso, geral volta pra casa e vemos a chamada da próxima temporada da série.

Digimon: Três filmes em um
Essa primeira série rendeu dois especiais que têm uma ligação “íntima” com os acontecimentos das aventuras vistas na tevê. O sucesso de Pokémon no ocidente acabou colaborando para o lançamento dos digifilmes. Só que o dedo sujo da Fox com a Saban acabou fazendo uma picaretagem intitulada “Digimon The Movie”. Juntando os três primeiros especiais disponíveis foi feito um “longa-metragem”. Dois especiais eram referentes à primeira fase e o outro com os personagens da segunda temporada – até então inédita pelas terras do Bill Gates. A intenção (safada) era chamar atenção da molecada e por conta disso puseram os personagens no pôster oficial – pra lá de mal desenhado, diga-se de passagem.

Da mesma forma que Pokémon, trataram de enfiar músicas de artistas americanos nas cenas mais empolgantes do “filme” – como Fatboy Slim. Fora que aquele tema grudento (Digimon, Digitais…), transformou-se no também pegajoso “DigiRap”. A animação desses especiais é diferente da vista na série de tevê e divide opiniões.

A primeira parte do filme mostra o passado dos personagens de Digimon Adventure e o primeiro contato destes com os monstros. No Japão, esse especial é chamado de Digimon Adventure e pode ser considerado o “episódio zero” da série, pois foi exibido na TV um dia antes da estreia da série regular. Tudo começa quando um digiovo surge na tela do computador de Tai. O ovo é transportado pra fora do pc e vira o xodó da Kari antes mesmo de chocar. Depois de alguns contratempos o bebê Botamon nasce e passa a ser como “filho” de Tai e Kari. Passando pelo estágio de Koromon (começando a falar e sendo mais brincalhão) ele se transforma em um gigante Agumon descontrolado.

Os aparelhos eletrônicos de toda a cidade entram em pane e o digimon dinossauro leva Kari nas costas destruindo tudo que vê pela frente. Um digiovo enorme cobrindo todo o céu traz um papagaio digital enfurecido e começa a derradeira batalha entre Agumon (agora Greymon) e a ave. As oito crianças que presenciaram aquela cena de destruição se tornaram os digiescolhidos, enquanto na América um tal de Willis recebia o seu digiovo de gêmeos.

O “destaque” do filme vai para a grande porção de piadinhas americanas servidas por uma narração sem sal da Kari que se repete nos demais filminhos (o original não tem isso, criança americana deve ser burra e precisa de instrução pra entender o que está acontecendo… XD). Na versão brasileira, ponto negativo para a interpretação de Indiane Christine como a bebê Kari. Ela simplesmente faz a mesma voz para todas as fases da garota, faltou uma coisa mais infantil na personagem. Mas vai um desconto pela idade da dubladora (por volta de 11 anos na época…). O ponto positivo vai para os cenários e as cenas que envolvem ação e emoção.

A segunda parte do filme ocorre logo após o fim da primeira série Digimon, mostrando eventos ocorridos quatro anos após a primeira parte. Quase todos estão separados em ocasião das férias. Nerds de todo o mundo são surpreendidos por um vírus de computador e dentre esses está o nosso já conhecido digiescolhido Izzy. Ele percebe que tal ameaça se revela um digiovo que, por conseguinte dá origem a um novo digimon. Aos poucos a criatura vai tomando conta de todas as mídias possíveis. Izzy corre para entrar em contato com Tai, e em sua casa, presenciam a digievolução e a fome do bichinho por comer os dados de todo o mundo.

No decorrer do filme o vilão digivolve até seu status mais poderoso – Diaboromon (a fusão perdida dos mal-humorados palhaços Atchim e Espirro XD) e só o poder da união entre WarGreymon e MetalGarurumon (status finais de Agumon e Gabumon) é capaz de aniquilar a ameaça. Da fusão yankee, essa parte do filme é a mais divertida, e o que estraga é a trilha sonora made in USA. Originalmente, esse é o segundo especial exclusivo da turma da primeira temporada. Digimon Adventure: Bokura no War Game contou com direção de Mamoru Hosoda que também dirigiu o movie de Sailor Moon Super S. No momento em que falarmos da segunda série de tevê voltamos a falar desse “longa-metragem”, mas apenas comentando a 3ª e última parte do mesmo.

Digimon chega aos EUA e ao Brasil
Como Pokémon estava deixando os concorrentes do Warner Channel americano de cabelo em pé, a Fox foi esperta e tratou de adquirir Digimon mesmo antes da série estrear no Japão (@_@) pra tentar baixar a poeira do concorrente e dar uma guinada no seu – até então – bloco infantil (o Fox Kids). Por diversas semanas, Digimon superou Pokémon na audiência das manhãs de sábado, tudo graças a uma selvagem campanha de marketing envolvendo o anime.

E no Brasil a situação não estava diferente. Pikachu e cia estavam no topo da audiência da programação matinal infantil causando muita dor de cabeça à Globo. Foi então que vários veículos da imprensa (incluindo até a Veja O_o) começaram a noticiar a possível chegada ao Brasil dos concorrentes diretos dos monstrinhos de bolso.

Iniciou-se uma verdadeira batalha entre Globo e Record pelos direitos da série, cada qual temendo que Digimon caísse nas mãos da concorrente. Mas o final todo mundo já sabe: a Globo acabou levando a melhor, em um dos maiores negócios envolvendo animes no Brasil – comenta-se que a emissora pagou cerca de 800 mil reais pelos direitos da série. Um absurdo pra época. Cada episódio custou praticamente o dobro do que se paga usualmente nesse tipo de transação.

Como não poderia ser uma jogada às escuras, iniciou-se a maior campanha de lançamento de um desenho animado já visto no Brasil, com direito a chamadas e matéria no Fantástico, novela das oito, publicidade em jornais e revistas e em tudo o que se podia imaginar. Como nem tudo são flores, resolveram vincular a imagem da pseudo-apresentadora Angélica aos personagens fazendo com que ela, alem de chamadinhas, “cantasse” a “música” de abertura da série.

Estreando simultaneamente na Globo e Fox Kids, o anime deu conta do recado: conquistou a liderança da audiência matinal para o tosquíssimo Bambuluá (não posso me lembrar dos “Cavaleiros do Futuro” que já começo a rir…Muahahahah!!!). Mas, quem também faturou os tubos com a série foi a Imagine Action, que licenciou TUDO que você possa imaginar com a marca. Fitas VHS com episódios também foram lançadas mas apenas com os primeiros – pra variar. Até mesmo a Editora Abril se aventurou a lançar uma “quadrinização” do anime, nos mesmos moldes que a Conrad fazia com Pokémon. Ah, é claro, não podemos nos esquecer do mangá publicado pela mesma, que na realidade era desenhado em Hong Kong.

A dublagem brasileira ficou à cargo da Herbert Richers que deu um show a parte na escolha do elenco (que até apareceu no video-xô !!!) com alguns deslizes é claro (ou você é fã da voz da Kari?). A dublagem carioca, só por não apresentar a mesmice de vozes do elenco paulista, se mostrou superior e cativou bastante o público. O “filme” da série não foi exibido nos cinemas, sendo lançado direto em vídeo (e posteriormente em DVD). Depois de uma exagerada fase de reprises na Fox Kids, a série foi posta no freezer por um bom tempinho. Tempo suficiente pra sentir saudades…

Por fim, em 2010 a 1ª temporada finalmente chegou ao mercado de DVD via Focus Filmes. A série conseguiu atingir um status de “clássico” e muitos fãs saudosistas virbraram com o lançamento da empresa.

Checklist Episódios
01- Férias de verão
02- Nasce Greymon
03- Nasce Garurumon
04- Sora em perigo
05- Kabuterymon
06- É a vez de Palmon Digitransformar
07- A fúria de Gomamon
08- Devimon, mensageiro das trevas
09- Yukidarumon, o digimon do frio
10- Kentarumon, o guardião
11- Bakemon, o fantasma dançante
12- Patamon e eu
13- A vez de patamon
14- Atravessando o oceano
15- Etemon e o primeiro brasão
16- Greymon contra Etemon
17- Capitão Kokatorimon
18- Piximon, digimon fada madrinha
19- Nanomon no labirinto
20- Metal Greymon
21- Temporariamente em casa
22- Picodevimon, o vilão danadinho
23- Meu amigo Weregarurumon
24- Triunfo de Atlur Kabuterimon
25- Gekomon Shogun, o tirano
26- Garudamon, a perefeição de Birdramon
27- Castelo mágico de Myotismon
28- Voltando pro Japão
29- A 1ª batalha no Japão
30- Longa viagem para casa
31- Monstro violento
32- Batalha na torre de Tokyo
33- Digimons na cidade dos jovens
34- O destino misterioso de Tailmon
35- Palmon digivolve para Lillymon
36- A super digitransformação de Gomamon
37- A super digitransformação de Tailmon
38- Venom Myotismon, a besta
39- Dois mundo unidos
40- Mestre das trevas vs digiescolhidos
41- A vinagança de Metalseadramon
42- Obrigado Whamon
43- Pinokkimon: brincando de matar
44- O misterioso Jiyureimon
45- Wargreymon contra Metalgarurumon
46- A vingança de Etemon
47- Adeus Leomon
48- Kari em perigo
49- O fim de Mugendramon
50- Lady Devimon
51- Mente nas trevas
52- O fim de Piedmon
53- O pior inimigo
54- Adeus, novo mundo