Kirby

Kirby
Hoshi no Kirby
Kirby das Estrelas

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=oCDOF11p33w 480 320]

Produção: Warpstar Inc, 2001
Episódios: 100 p/ tv
Criação: Baseado em personagem de Masahiro Sakurai
Exibição no Japão: Chubu-Nippon Broadcasting (06/10/2001 – 27/09/2003)
Exibição no Brasil: Fox Kids/Jetix
Distribuição: Televix – Swen

É incrível como coisas tão simples conseguem em pouco tempo se tornarem marcas de enorme rentabilidade. É o exemplo da gatinha Hello Kitty, que com suas poucas curvas e falta de expressão se tornou fenômeno comercial.

Não sabemos exatamente o que se passou na cabeça de Masahiro Sakurai no início dos anos 1990, mas com certeza ele não precisou ir muito além dos vãos de seus neurônios pra chegar no conceito de um balão rosa com rosto. Um balão rosa com rosto que se tornaria uma das principais caras da Nintendo nos últimos tempos.

Kirby pode não ser um Mario ou um Link, mas sua importância é bastante significativa e com certeza qualquer um que se prezou a jogar videogame na geração dos anos 1990 pra frente já viu pelo menos uma vez a sua silhueta.

Chamado inicialmente de Popopo, Kirby sempre foi visto como um círculo rosa por seu criador, mas por pouco ele não virou amarelo, pela visão de Shigeru Miyamoto (o pai dos nomes mais famosos da Nintendo citados anteriormente e também do Donkey Kong). A indecisão acabou fazendo com que o personagem aparecesse branco na capa americana do jogo, embora o martelo da cor rosa fosse batido na capa japonesa.

O balão voador (antes que digam que qualquer balão voa, lembre-se que… não, nem todos voam =P) debutou em 1992 no velho Game Boy (pois é, o Game Boy tá velho… e nós também) no game Kirby’s Dream Land. Embora curto (eram só 5 fases), o jogo foi um sucesso comercial e logo o personagem migrou para o NES, onde abusou do limite dos recursos gráficos do console, algo visualmente inovador para a época. Kirby’s Adventure trouxe enfim aquela que seria a característica mais marcante do balãozinho: copiar as habilidades dos adversários sugados.

Depois de uma sequência de spin-offs que descaracterizaram o pobre Kirby (de pinball a um questionável jogo de golf), o personagem voltaria às suas origens em Kirby’s Dream Land 2 pelo Game Boy (um dos jogos mais marcantes da infância desse pobre rapaz que vos escreve), com a adição de 3 chars animais que auxiliavam Kirby dependendo do ambiente da fase.

De lá pra cá, o personagem figurou em todas as gerações de consoles da Nintendo, sendo uma das caras mais reconhecidas da casa (sua presença no primeiro Super Smash Bros é prova disso) e uma coisa ninguém pode negar: sua figura, aliada aos demais personagens de seus jogos, é muito cativante. Quem já quis abraçar o Kirby até sua morte sabe do que estou falando (uma morte carinhosa, ok?).

E só para fins de curiosidade, ninguém sabe exatamente o porquê do nome Kirby. Entre muitas especulações que rolam até hoje, a mais aceita é de que o termo foi retirado da Kirby Company, companhia especializada em aspiradores de pó há 90 anos. Sacaram?

Kirby em outras mídias
Que Kirby é um sucesso nos games, ninguém pode negar. Seu último jogo para o já obsoleto Nintendo Wii (o tempo não perdoa…) foi bem-sucedido nas críticas e sempre haverá um espaço para o pequeno balão no mercado da Nintendo. Mas e fora do mundo dos joysticks?

Em maio de 1994, ano que não teve jogo novo, o bolãozinho estrelou sua própria série em mangá. “Hoshi no Kirby – Dedede de Pupupu na Monogatari” foi serializado na revista Monthly Corocoro Comics, segmento de quadrinhos infantis no Japão (ou você realmente acha que Kirby tem cara de Shonen Jump? Meu amigo, suas ideias tão esquisitas demais…).

A série gerou 25 volumes encadernados (os tankobons), sendo publicada até novembro de 2006, como o único trabalho que se tem conhecimento de um tal Hirokazu Hikawa. Com tantos anos de publicação, ele não deve ter precisado fazer mais nada mesmo…

Em 2010, a VizMedia anunciou o mangá para os Estados Unidos pelo selo VizKids, mas a publicação foi adiada várias vezes até ser lançada, não indo além do volume 3. Aparentemente, essa foi a única tentativa de publicação do material impresso japonês fora de seu território. A Alemanha chegou a produzir sua própria versão em quadrinhos do Kirby, mas não recomendamos nem um pouco que você perca seu tempo procurando.

Se tratando de Japão, era mais do que esperado que Kirby estrelasse seu próprio anime. A primeira e única versão animada do personagem foi lançada em outubro de 2001 pela Chubu-Nippon Broadcasting, passando por vários outros canais desde então. Foram 100 episódios para TV até o encerramento em 2003, não demorando muito para que, em meio a tudo isso, a série caísse nas ardilosas mãos da carrasca dos fãs de animação japonesa: a 4Kids.

Estética estranha e o dedo da 4Kids
Visualmente, como era de se esperar, Kirby é uma série bastante colorida, com tons chamativos para toda criança. Afim de causar uma impressão mais dinâmica talvez, a produção usou o recurso de cel shading em alguns personagens, principalmente Kirby e o Rei Dedede. Para quem nunca ouviu falar, esse efeito dá um aspecto de volume 3D aos personagens 2D, algo muito comum em games do Naruto, por exemplo.

Acontece que o recurso gráfico nem sempre casa bem com o resto da imagem. Se tivessem usado o efeito em todos os personagens, a impressão seria melhor, mas vermos um cel shading contracenando com um 2D normal dá uma sensação bem esquisita. Mas a série não é feita pra velhos chatos resmungões e sim pras crianças que com certeza não ligam pra isso. Só que para a 4kids, elas parecem ligar pra muita coisa…

Em 2002 estreava na TV estadunidense a versão de Kirby editada pela empresa (a mesma responsável por Pokémon e Yu-Gi-Oh! no ocidente), com o subtítulo “Right Back at Ya!”. Por ser naturalmente uma série infantil, deveríamos esperar que não fosse necessário mexer em muita coisa. Mas quem conhece a empresa, sabe muito bem que ela sempre consegue achar alguma coisinha pra poder enfiar seu casting nos créditos finais.

Além de alterar a trilha sonora, a 4Kids retirou armas, bebidas alcoólicas, mexeu em piadas escatológicas (justamente as que gostamos =/) e alterou o texto para que coisas típicas da cultura nipônica se transformassem em coisas comuns no ocidente (como bolinhos de arroz que viram “biscoitos”).

Até características dos personagens acabaram sofrendo alterações. Dedede, que falava um japonês correto passou a falar com um sotaque de caipiria americano (ignorado na versão brasileira). Muitos termos que aparecem escritos (mesmo em inglês!) foram removidos, além de um samba na ordem de alguns episódios. O costumeiro jeitinho 4kids de garantir o abobalhamento de suas crianças…

A ideia de levar Kirby ao ocidente visava criar um “novo Pikachu”, alavancando um sucesso comercial semelhante ao japonês, mas não deu certo. Se a culpa foi da 4kids a gente não sabe, afinal, nem tudo que funciona por lá necessariamente funciona do lado de cá. Mas alguma influência sempre tem…

Historinha
Kirby é um ser estelar que um belo dia tem problemas com sua nave, que inguiça e acaba caindo no planeta Popstar, mais especificamente no vilarejo de Cappy Town. O local é governado pelo pinguim gingante Rei Dedede (tenho pra mim que aquilo é um pinguim, se não for, minhas desculpas =P), que coleciona inimizades em seu reino.

O ódio dos habitantes de Cappy Town (Pupu Village na versão japonesa) ao rei não é por menos, já que o cara é um tirano comilão que não está nem aí pro bem estar de seu povo. Entretanto, ninguém nos arredores é capaz de peitar o gordão e sua poderosa marreta (sim, marreta) e muito menos a nova ameaça monstruosa que está por devorar as ovelhas.

Enquanto pedem conselhos a uma pedra falante, os habitantes de Cappy Town, onde se destacam os pequenos Tuff e Tiff, descobrem da existência de um único guerreiro capaz de deter o monstro: Kirby. Quando o pequeno surge em cena, todos o enxergam com desconfiança, mas logo percebem que a criaturinha é o tal guerreiro (pra quê anabolizantes e cabelos loiros espetados, né?).

Assim como no game, Kirby é capaz de sugar as coisas e fazer delas um poder especial. Com essa habilidade, o balão vence o monstro e ganha a simpatia do vilarejo e uma lógica desavença com Dedede, que começa a armar uma sequência de planos para tirar essa pedra de seu sapato. As artimanhas consistem no “monstro do dia”, que sempre é encomendado da NightMares Enterprises (N.M.E, sigla mantida na versão brasileira, que ao mesmo tempo chamava de Empresas Pesadelo e tirava seu sentido…). A empresa literalmente comercializa monstros, que são crias do tirano vilão Nightmare (criatividade em nomes não é o forte aqui).

Aliado a Kirby, está MetaKnight (Cavaleiro Meta na versão brasileira), que achava ser o único guerreiro estelar sobrevivente de uma antiga guerra contra os monstros de Nightmare. O cavaleiro revela que o pequeno rosado deveria despertar somente daqui 200 anos, mas como sua nave detectou um monstro, acabou por cair como alerta. Com isso, não houve tempo para Kirby se desenvolver, sendo um guerreiro bebê.

A série segue mostrando Kirby adquirindo experiência à medida que derrota os monstrengos que aparecem em sua frente, até bater de cara com o criador de todos no finzinho. Não existe nenhum vinculo com alguma história vista nos games, sendo o anime alheio a isso, preservando apenas as características que conhecemos adicionadas a personagens de apoio (caso das crianças Tiff e Tuff, melhores amigos do pequeno), em um enredo bem bobinho.

Kirby aterrisando no Brasil
Você assistiu Kirby? A série estreou em meados de 2003 na extinta Fox Kids, perdurando na transformação do canal para o também extinto Jetix. Curiosamente, deram à série o “horário nobre” noturno, onde ficou por bastante tempo juntamente com outra pérola – Músculo Total. Então por que apesar de tanta reprise eu perguntei se você assistiu Kirby? Porque de fato, ninguém ligou pro desenho.

Kirby ainda passeou por horários matutinos até o seu contrato expirar e não haver necessidade de renová-lo. A série não foi dublada por completo e o que pudemos ver recebeu uma boa versão brasileira nas mãos da Centauro, que passou a pegar muita produção nipônica na época.

O Rei Dedede recebeu a voz do veterano Luiz Laffey (o Shion na Saga de Hades e um dos principais atores a apresentar comerciais das Casas Bahia na era pós “quer-pagar-quanto?” =P), enquanto a dupla Tuff e Tiff foi interpretada por Fernanda Bock e Marisol Ribeiro (substituída mais tarde por Samira Fernandes). Os “grunhidos” originais de Makiko Omoto para o Kirby obviamente foram mantidos, como na versão americana. Na abertura (como costumeiro na Centauro) tivemos o quase onipresente Nil Bernardes na adaptação da grudenta versão gringa (Kirby, Kirby, Kirby, ele agora chegoooou).

A Imagem Filmes chegou a lançar dois volumes em DVD da série, cada um com dois episódios, somente com o áudio em português. Obviamente se tratava de um lançamento visando o público infantil, que não se importa em ver o mesmo episódio 200 vezes. A distribuição ficou a cargo da Swen (que entre muitos animes que trabalhou, só teve sucesso comercial mesmo com Pokémon…).

E ficou por isso. Kirby foi mais um dos “animes descartáveis” nos últimos passos da Fox Kids, mas que pode ter marcado alguma criança desavisada nas noites da TV a cabo por aí. Marcou você? Pois vá jogar os games que você ganha muito mais! =]