O Regresso de Ultraman

[div coluna1] O Regresso de Ultraman
Kaettekita Ultraman

Produção: Tsuburaya, 1971
Episódios: 51 p/ tv
Criação: Hajime Tsuburaya
Exibição no Japão: TBS (02/04/1971-31/03/1972)

Exibição no Brasil:  Tupi –  SBT

Última Atualização:15/05/2010

Por Larc

Quando se pensa em clássicos do gênero tokusatsu, Brasil e Japão possuem preferências um tanto diferentes. No Japão, Jaspion por exemplo foi “só mais uma série do gênero Metal Hero” (heróis com armaduras de “metal” – que na verdade eram feitas com fibra de vidro, borracha, papelão, isopor…  mas abafa :P)  enquanto no Brasil é um ícone nipônico na TV brasileira dos anos 80.

Das produções realizadas na década de 70, pelo menos uma é respeitada e cultuada tanto do outro lado do mundo, como por aqui. Ainda que apresentasse efeitos especiais capengas (se não fosse assim, não seria um autêntico tokusatsu né? :P) O Regresso de Ultraman contou com roteiros que superam qualquer Ryukendo ou Super Sentai moderninho dos dias de hoje e provoca uma nostalgia ímpar nos fãs que curtiram o herói na época.

Voltando no tempo
Eiji Tsuburaya havia planejado uma 3ª série Ultra, estrelada mais uma vez pelo gigante com roupa de mergulho que protagonizou a 1ª produção colorida de sua empresa. Entitulada Kaettekita Ultraman (literalmente, O Regresso de Ultraman) a produção tomou novos rumos quando o renomado diretor passou dessa pra melhor em 1970. Assumindo a função do pai, Hajime Tsuburaya definiu novos rumos ao programa. Todavia, o nome “O Regresso de Ultraman” era marketeiramente bem mais atraente que qualquer outro na época e dessa forma, em 2 de Abril de 1971 estreava no canal TBS, as aventuras do “novo-velho” (ahn?) Ultraman.

Com um visual anos 70 ultra em voga (ô trocadilho besta :P) a série logo caiu nas graças do público. O segredo? Só juntar o que deu certo em Ultraman e Ultraseven e aprimorar algumas idéias. Ok… Não é tão simples assim, pois isso faria com que Shaider (mistura do que teria dado certo em Gaban e Sharivan) fosse uma série de grande sucesso – e isso é algo que passou longe do herói azulado. Então o que diferenciou O Regresso de Ultraman do Policial do Espaço Shaider? Simples: a qualidade nos roteiros.

Talvez você nem os conheça e não tenha noção da importância dos nomes, mas roteiros bolados por Inoshiro Honda e Shozo Uehara possuiam, na época, o mesmo garbo de Steven Spielberg ou James Cameron escrever algo pros Power Rangers hoje em dia! Honda foi um dos criadores do monstro mais famoso do cinema (o Godzilla, ok?) e Uehara é um autor de mão cheia, que figura entre os grandes roteiristas dos tokusatsus – tendo feitp histórias para séries como Metalder e Jaspion, inclusive.

Entre outros acertos da produção, ainda estavam: a trilha sonora (que dava um tom bastante épico aos episódios), a escolha do protagonista  (o modelinho Jiro Dan), a exploração das vidas pessoais dos integrantes do “time mata-monstros” da vez (sempre tem que ter um numa série Ultra que se preze :P) e a mudança de foco, da ficção científica casca grossa vista em Ultraseven, para a aventura com toques melancólicos. Aliás, às vezes você fica enjoado com o “tom cinza” do episódio. Se bem que toda série ultra tem pontos altos e baixos né? Tiga que o diga…

A título de curiosidade, nos anos 80 resolveram chamar o gigante emborrachado de O Regresso de Ultraman de Ultraman Jack pra evitar que o confudissem com o primeiro. Mas durante a série, em nenhum instante Hideki Goh (o hospedeiro humano do gigante) transformado é chamado de Ultraman Jack :P. Posteriormente, esse se tornou o nome oficial do personagem mas nem importa muito isso – visto que ficava meio óbvio que os ultras não eram os mesmos, apesar do visual bem parecido.

A saga do herói
Os monstros Nakkong e Zazarn começam a destruir maquetes – mais conhecidas por cidade de Tóquio nos mundo dos tokusatsus XD. O ex-piloto de corridas Hideki Goh acabou passando pro andar de cima ao salvar um garotinho que ia ter seu cachorrinho morto dentro de um prédio e Ultraman (Jack) – que testemunhou o ato (e poderia muito bem esbofetear os bichos ao invés de ficar só olhando ¬¬’) não deixa tal heroísmo passar “em branco”, e funde sua vida à de Goh (numa espécie de simbiose). Detalhe: Goh mantinha sua consciência depois de virar gigante!

Pra não fugir à regra, o rapaz acaba entrando prum grupo matador de monstros: o GAM (MAT no original). Ganhando seu pinico (OPS! Ca-pa-ce-te :P) e sua roupitcha berrante (pra que aquele laranjão? Assustar os monstros? Se bem que… Eram os anos 70, né?!) Hideki passa a atuar em prol da defesa dos cidadãos portando suas arminhas de brinquedo com raios mal feitos (era um charme aquilo @_@), bazucas e seus carros esquisitos da época. Mas ele era um cara que tinha vida! Nas horas de folga ele ia namoricar a gatinha Akiko e ainda ficar com seus amigos (com direito a seu próprio pivete-isca, Jiro ^^).

Como Ultra, Goh tinha poderes parecidos com os de Hayata (o 1° Ultraman). Pra se transformar ele não precisava de nenhuma colher de sorvete futurista ou de um ultra óculos como seus antecessores. Bastava querer que ele ficava gigante de forma simples e eficaz. A série é conduzida com um clima misto de Ultraman com Ultraseven ao longo dos episódios. Mas existem alguns que sacramentam essa série de forma única na saga da família ultra.

Os clássicos absolutos
É praticamente unânime para qualquer fã dos Ultras (ou até mesmo de tokusatsu em geral) que 4 episódios da série se destacam dos 51 produzidos. O primeiro deles é o episódio 18, Ultraseven em Ação. Nesse episódio, o monstro Bemstar (Estrelar na dublagem) deixa todos em pânico e parece invulnerável. Ultraman Jack vai em direção ao sol pra se reenergizar, mas acaba sendo pego pela gravidade da estrela. Antes de virar um ultra churrasquinho (hehehe), o garotão é salvo por Ultra Seven (em cenas muito mal feitas se vistas hoje em dia… Mas tão nostálgicas e vibrantes que você nem repara nesses detalhes ^^) que lhe entrega o “ultra-bracelete” (uma espécie de faca ginsu portátil que esquarteja os monstros). Munido dessa arminha fashion, Jack decapita o papagaio-godzillanesco. A partir desse episódio, o GAM passa a se munir com mais armamentos para evitar que os monstros os coma :P.

Quem acompanhou Solbrain e Winspector, com certeza deve ter vibrado com o episódio duplo no qual a equipe de Ryuma se une ao time do Daiki para atuarem em conjunto contra uma ameaça. Pois fique sabendo que um dos primeiros “crossovers” da história dos tokusatsus rolou no Regresso de Ultraman. Os episódios 37 e 38 da série (Ultraman Morre ao Entardecer e Quando Brilha a Estrela de Ultra) conseguem fazer até quem não curte muito o gênero ficar extasiado com o encontro dos heróis.

O roteiro é antológico: Nakul, líder dos Poderosos do Espaço, descobre que Goh e Ultraman são a mesma pessoa (um monstro inteligente @_@… Quer coisa mais fantástica?). Depois de testar os poderes de Ultraman,  ele  rouba o explosivo Satã-Z (êta nomezim sinistro! Mas parecia um vidrim de esmalte @_@) e de quebra manda matar Akiko (a namoradinha do Hideki, que também era chamada de Aki) e o melhor amigo de Goh com a intenção de deixar o herói desestabilizado emocionalmente.

Naturalmente que Ultraman/Goh parte(m) para um ajuste de contas. E é ai que ocorre o que todos já esperavam pelo título do episódio (Santa surpresa estraga com o título Batman!). Ultraman é covardemente derrotado (Nakul se une a um outro monstro chamado Negrume) e é levado ao planeta dos Poderosos para ser executado. Antes, os tais Poderosos desfilam com suas navinhas de papel marchê pelos céus de Tóquio levando Ultraman preso a uma espécie de cruz  – deixando a população e o telespectador guri nos anos 70 cheios de pavor!

Eis que no episódio seguinte… Surgem eles… Foderosos… Imponentes… E de quebra com roupas novinhas! Dan e Hayata (os atores aparecem mesmo) se transformam em Ultra Seven e Ultraman e juntos salvam seu “irmão” mais novo da execução. Depois a porrada come solta com direito a Jack decapitando monstros e tudo mais.

Por fim, o derradeiro capítulo da série (Os cinco Mandamentos de Ultra) sela com chave de ouro a produção. Mesmo avisado pelo 1° Ultraman  que Zetton (o alien que derrotou o Ultraman no último capítulo da primeira série!) estava aprontando, Hideki é pego de surpresa quando a criatura rapta o fedelho Jiro e Lumiko (Yumiko no original) do GAM. Ah… Zetton ainda destrói o quartel general da GAM – e não tem nada mais épico que uma base dos heróis indo pros ares no final de uma série :P.

O Capitão Ibuki  salva Jiro e Lumiko enquanto Goh parte em direção ao gigante Zetton no último caça da GAM. O caça explode, mas ao mesmo tempo Goh se tranforma em Ultraman e liquida o bicho. Seus amigos do esquadrão fazem um “enterro” por crer que Goh estava morto. Mas quando todos se dispersam, Hideki aparece e se despede de Lumiko e do pequeno Jiro – que ao por do sol, numa bela praia japonesa, recita os 5 mandamentos ultras (nitidamente escritos pra garotada x_x). Ultraman Jack regressa para Nebulosa M-78 para se unir aos demais Ultras para lutar contra o ataque dos Zettons ao planeta em que ninguém faz necessidades fisiológicas… O que? Nunca se perguntou “como um Ultraman faz xixi?”. XD

O Regresso no Brasil
O Regresso de Ultraman foi a última produção “clássica” da irmandade dos Ultras exibida no Brasil – ainda que o Tiga seja encarado como o marco de uma nova geração pra família, por aqui ele não representou nadica de nada. Analisando por alto, depois do Jack, a saga dos Ultras teve uma queda de qualidade progressiva (em diversos aspectos) que culminaram com o “hiato” que os seres gigantes tiveram na década de 80 até meados da década de 90 – onde se mantiveram “vivos” só através de especiais…

A primeira exibição do “Regresso” no Brasil se deu por volta de 74/75 na extinta TV Tupi  dentro do programa infantil do Capitão Aza (é com Z mesmo @_@). Aliás… Esse “Xuxa” da época foi responsável pela exibição de diversos tokusatus cults hoje em dia, como Vingadores do Espaço, Robô Gigante e os outros Ultras!

O Regresso de Ultraman fez um sucesso danado. Até comentam que a série foi mais famosa por essas bandas que no Japão! Mas a TV Tupi teve o mesmo destino triste da Manchete e fechou suas portas no final da década de 70. Mas os irmãos Ultra voltariam a aparecer na telinha brazuca mais uma vez – agora na TVS (hoje, SBT) na década de 80. De 1981 a 1986, o canal reprisou O Ultraman e o Jack juntinhos – uma após o outro. A partir daí, o público acabou confundido as bolas, achando que Jack era uma continuação de ‘Man’ (só lembrando que o nome da série não era Ultraman Jack, mas sim… “O Regresso de Ultraman”!).

A versão brasileira foi feita nos estúdios lendários da Cine Castro. Sinceramente, a dublagem daqueles tempos pré-históricos era bastante deficiente e sincronia era uma palavra que passava bem longe dos estúdios. Não pela falta de talento dos dubladores (muito pelo contrário: jogo de cintura para conseguir dublar inexpressivos atores de tokusatsu é um dos méritos da dublagem brazuca!) mas sim pela falta de aparelhagem técnica mesmo. O som era abafado e às vezes um dublador tinha um tom de voz mais alto que o outro. A direção não existiu e o próprio dublador do protagonista – Ionei Silva – assumiu essa função.

Ionei lembra com carinho do personagem e chegou a ser homenageado por fãs em uma convenção dedicada aos Ultras que rolou em 2000 (a Ultracon). Além de Hideki Goh, o cara ainda fez o Guzula  e o Mestre dos Magos do clássico Caverno do Dragão (não tentem imaginar o Hideki com a voz do velinho safado o_O). Apesar de talentoso, Ionei tinha uma voz um tanto pesada que não combinava muito com o protagonista. Entre outros profissionais, estavam Maralisi (a Shina dos Cavaleiros do Zodíaco!) fazendo a Akiko e o falecido Paulo Pinheiro (a voz do Dom Drácula) como o Capitão Kato – depois substituido pelo Capitão Ibuki.

Na metade da década de 90, a Sato Company teve a audaciosa idéia de relançar os Ultras em solo tupiniquim. Conseguiram desenterrar com êxito o primeiro Ultraman e na época em que as fitinhas com os episódios vendiam bem, a empolgação fez até os fãs sonharem que iam rever as aventuras do GAM outra vez (e de preferência SEM redublagem).

Infelizmente a coisa desgringolou e ficamos na mão. Até quando Tiga foi lançado, e fez relativo sucesso no Programa da Eliana, especulavam que os Ultras Clássicos regressariam… Bom, o regresso do Regresso não chegou até hoje. Pra sorte dos fãs de verdade, é possível encontrar a série em DVDs não oficiais com dublagem original (!) que mesmo tendo muitas falhas, o material surpreende pela qualidade. Embora não seja algo legal, pra rever as aventuras desse clássico herói só desse jeito mesmo. Pelo menos até alguma empresa se dignar a lançar a série em formato digital e fazer um tratamento profissa no áudio em português.

Em 2006, o ator Jiro Dan (intérprete do herói na forma humana) participou do longa-metragem Ultraman Moebius & Ultraman Brothers para nostalgia geral de fãs. O filme chegou a ser apresentado no Brasil com legendas pelos canais HBO, e estava nos planos da Impact Records – caso Ultraman The Next e Ultraman Tiga: A Odisséia Final tivessem boas vendas – para sair por aqui em DVD. Ficou só na vontade.

Umas últimas curiosidades bizarras: Mesmo escrito MAT de forma bem clara, a dublagem rebatizou o nome do esquadrão de GAM. Jiro Dan apareceu em um episódio da Patrine fazendo um daqueles vilões subnutridos da série (bastava ela assoprar que perdiam o equilibrio! @_@). Além disso, ele é cantor e entoou o tema de abertura original do anime Dragon Quest: Dai no daiboken, mais conhecido no Brasil como Fly, O Pequeno Guerreiro (!). Por fim, em um episódio Hideki Goh treina com ninguém menos que o Sawamu em carne-e-osso – que rendeu um anime clássico exibido nos anos 70 por aqui…

Depois disso tudo, só resta dizer uma coisa: Schuaaaaaaatttt!

Checklist Episódios
01 – O regresso de Ultraman
02 – Takkong contra ataca
03 – Há alguém na montanha
04 – O perigo mortal
05 – Dois grandes monstros em Tóquio
06 – A ultima cena: monstro contra GAM
07 – Operação arco-íris
08 – O monstro bomba relógio
09 – S.O.S na ilha, a vingança de Danguer
10 – Destruam o monstro
11 – O monstro do gás venenoso
12 – A vingança do monstro Shugaron
13 – A fúria do céu e da terra (1º parte)
14 – A fúria do céu e da terra (2º parte)
15 – A vingança do menino monstro
16 – O mistério de Terrochilus, o pássaro monstro
17 – Terrochils e a grande explosão aérea em Tóquio
18 – Ultraseven em ação
19 – O monstro transparente que veio do espaço
20 – O monstro que caiu do espaço
22 – Deixem esse monstro para mim
23 – O monstro que nasceu no prédio
24 – O monstro devorador de estrelas
25 – Vindo de outra terra
26 – O inseto assassino
27 – O último golpe
28 – Operação Ultra estratégica
29 – Giro ataca o monstro
30 – O cemitério dos ossos
31 – Anjo ou demônio ?
32 – Duelo ao entardecer
33 – O homem do espaço
34 – Um novo tipo de vida
35 – Prizuma, o monstro prisma
36 – Na escuridão da noite
37 – Ultraman morre ao entardecer Parte 1
38 – Quando brilha a estrela de Ultra Parte 2
39 – O homem da neve do século 20
40 – A mulher das neves
41 – A vingança de Baltan Jr.
42 – O monstro do monte Fuji
43 – Os deuses passeiam no lago
44 – Uma garota de coração puro
45 – Matem Hideki Goh !
46 – O matador vermelho
47 – A mulher marcada
48 – O monstro da preguiça
49 – Guerreiros do espaço contra o GAM
50 – Convite para o inferno
51 – Os 5 mandamentos de Ultra

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