Os Cavaleiros do Zodíaco – Filmes Clássicos

Os Cavaleiros do Zodíaco – O Santo Guerreiro
Saint Seiya: Jashin Erusu
Saint Seiya: Deusa Maligna Éris
[youtube:https://www.youtube.com/watch?v=2mEU96PPyt8 480 320]
Produção: Toei Animation, 1987
Criação: Masami Kurumada
Exibição no Brasil: Rede Manchete
Distribuição: Premiere Filmes (VHS), PlayArte (DVD)
Disponível em: VHS e DVD

Os Cavaleiros do Zodíaco – A Grande Batalha dos Deuses
Saint Seiya: Kamigami no Atsuki Tatakai
Saint Seiya: A Intensa Batalha dos Deuses
Produção: Toei Animation, 1988
Criação: Masami Kurumada, com roteiros de Takao Koyama
Exibição no Brasil: Rede Manchete
Distribuição: Premiere Filmes (VHS), PlayArte (DVD)
Disponível em: VHS e DVD

Os Cavaleiros do Zodíaco – O Filme: A Lenda dos Defensores de Atena
Saint Seiya: Shinku no Shonen Densetsu
Saint Seiya: A Lenda dos Jovens Carmesins
Produção: Toei Animation, 1988
Criação: Masami Kurumada, com roteiros de Yoshiyuki Suga
Exibição no Brasil: Cinemas
Distribuição: Premiere Filmes (Cinema e VHS), PlayArte (DVD)
Disponível em: VHS e DVD

Os Cavaleiros do Zodíaco – Os Guerreiros do Armagedon: A Batalha Final
Saint Seiya: Saishu Seisen no Senshi-tachi
Saint Seiya: Os Guerreiros da Última Guerra Santa
Produção: Toei Animation, 1989
Criação: Masami Kurumada, com roteiros de Yoshiyuki Suga
Exibição no Brasil: Rede Manchete
Distribuição: Premiere Filmes (VHS), PlayArte (DVD)
Disponível em: VHS e DVD

Matéria escrita por Larc e Rafael Jiback

Fundada em 1948 com o nome de Japan Animated Films, a Toei Animation é sem dúvidas o maior e mais importante estúdio de animação japonesa de todos os tempos. Muitos profissionais hoje cultuados (como Hayao Miyazaki e Rintaro) começaram suas carreiras na casa que de longe é a campeã na adaptação de mangás para animação, desde o surgimento do formato de negócios de anime concebido por Osamu Tezuka com Tetsuwan Atom (Astro Boy) em 1963.

Nos primeiros anos a empresa focava nas produções cinematográficas, pois o primeiro presidente da casa, após regressar de uma viagem para estudar técnicas de animação nos EUA, estava motivado a criar o maior estúdio de animação do país – uma verdadeira Disney nipônica. Foi então que a Japan Animated Films foi comprada em 1958, nascendo assim a Toei Doga (nome que foi utilizado até 1998, antes de adotar a tradução em inglês da palavra animação no logotipo).

Entre os primeiros trabalhos da empresa, temos o clássico Hakujaden (lançado no Brasil nos anos 80 em VHS com o título de “O Panda e a Serpente”), que foi o primeiro longa animado da história do país; Wanpaku Oji no Orochi Taiji (“O Pequeno Príncipe e o Dragão de Oito Cabeças” no Brasil) e Nagagutsu wo Haita Neko (“O Gato de Botas”, também lançado no Brasil nos anos 80 e extremamente raro) – anime de onde saiu o mascote da empresa usado até hoje.

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Com a popularização do mercado de animações para TV, a Toei deixou de lado os altos custos de produção dos longas para cinema, especialmente depois que um “tal” Isao Takahata gastou tempo e “tubos” de dinheiro no filme Taiyo no Oji: Horusu no Daiboken (Horus: O Príncipe do Sol) e o mesmo não teve um retorno financeiro equivalente… Depois  desse episódio, Isao decidiu abrir seu próprio estúdio de animação (o Studio Ghibli!) e a Toei passou a investir pesado no promissor segmento comercial que logo tornou-se a principal fonte de renda da casa.

Com a intenção de popularizar ainda mais suas produções, a empresa lançou em 1964 o Toei Manga Matsuri – Festival de Mangá da Toei, posteriormente chamado de Toei Anime Matsuri.  Estrategicamente realizado nos meses de março, julho e eventualmente em dezembro, a proposta do evento era apresentar médias-metragem dos animes (e produções tokusatsu, a partir dos anos 1980, sendo estas apenas “episódios especiais”) que estavam em alta – ou precisavam chamar “mais atenção” do público. A ideia deu muito certo e, durante um bom tempo, os festivais foram a principal fonte de entrada de dinheiro nos cofres da empresa.

E foi exatamente neste festival que, no ano de 1987, o primeiro filme de Saint Seiya foi exibido. Sim, filme. Muita gente costumava (e ainda costuma) se referir a três dos quatro filmes produzidos de Saint Seiya como OVAs em virtude de informações errôneas de revistas brasileiras dos anos 1990. OVAs (Original Vídeo Animations) são um formato da indústria japonesa criado nos anos 80 com a intenção de explorar o mercado de home vídeo que ainda hoje se pratica – substituindo o formato VHS pelo DVD/Blu-ray. Desta forma, Saint Seiya tem até o fechamento desta matéria seis filmes lançados: O Santo Guerreiro, A Grande Batalha dos Deuses, A Lenda dos Defensores de Atena, Os Guerreiros do Armagedon, Prólogo do Céu e A Lenda do Santuário.

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Mais sobre bastidores e uma salada mitológica

É incontestável a afirmação que um dos principais ingredientes do roteiro que faz Saint Seiya ser tão popular em audiência é o uso da mitologia grega e da astrologia. O potencial desses temas é tão gigantesco, que um dos motivos que faz com que a série não tenha uma aceitação unânime entre os fãs de anime no Brasil (gerando discussões infindáveis) é a forma como a história da série se desenvolveu. A sensação da existência de lacunas mal explicadas ou aproveitadas pode desagradar, mas está longe de desabonar tudo que foi construído e apresentado.

O próprio Kurumada possui uma série de ideias nunca aproveitadas que renderiam um destino no mínimo curioso. O nome da série seria “Flecha Sagrada”, mas logo se deu conta que para um mangá nekketsu (de “sangue quente”), o nome era um tanto “bobo”. A série teria uma ligação maior com esportes (ecos de Ring ni Kakero, seu primeiro grande sucesso nas páginas da Jump) e o “Seiya” inicialmente idealizado seria um órfão da periferia filho de um mestre de karatê.  Ainda na fase de “brainstorm” da concepção do mangá, Kurumada tinha pensando na constelação de Leão para ser a protetora do protagonista (!). E se a Bandai tivesse conseguido impor sua vontade no quesito concepção artística da série, de olho no potencial de venda das coleções de brinquedos, todos os cavaleiros teriam um aspecto visual similar ao dos famigerados Cavaleiros de Aço!

Em nossa matéria da série clássica, falamos sobre a necessidade dos roteiristas e produtores em criar personagens e tramas paralelas por conta da continuidade do mangá estar ocorrendo de forma simultânea. As ideias aplicadas nos especiais produzidos nos anos 1980 foram os responsáveis pelas maiores “distorções” mitológicas vistas na série. Essencialmente, não existia a menor preocupação de apresentar alguma continuidade com a história vista na TV e o interesse maior na produção desses filmes era o lucro fácil que todos renderiam.

A intenção era apenas contar uma história curta em que todas as principais características dos personagens e da série fossem exploradas. E como todos sabem, as tramas de Saint Seiya, em uma ampliação máxima do roteiro, são sempre baseadas no sequestro/problema com a Saori provocado por algum deus/ameaça ambiciosa que obriga os cinco protagonistas a se defrontarem com um grupo de cavaleiros adversários e, no auge da batalha, Seiya supera o impossível e com a ajuda da armadura de ouro de Sagitário (ou alguma indumentária de igual poder) derrota o vilão. Ah, claro… O Ikki sempre surge quando a “coisa fica feia pra valer” pra salvar o Shun.

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O Santo Guerreiro (Éris)

Aplicando tal fórmula, fomos apresentados ao primeiro filme, que entrou em cartaz no Toei Manga Matsuri em julho de 1987 juntamente com os especiais de três séries bastante conhecidas do público brasileiro: Hikari Sentai Maskman (exibido na extinta Manchete e na Rede TV! antes dela estrear sua programação oficial); Choujinki Metalder (cultuada produção Tokusatsu exibida de forma obscura pela Band no começo dos anos 90 e que teve o azar de virar parte dos tenebrosos VR Troopers da Saban na metade da mesma década) e o segundo filme de nada mais nada menos que Dragon Ball  – chamado de “O Castelo do Diabo” no seu lançamento em VHS no Brasil pela editora Abril!

Com um orçamento mais generoso que a série de TV, o terrível problema da deformação do traço e qualidade de animação era inexistente nas histórias fechadas dos filmes. Aliás, não podemos deixar de mencionar um dos “defeitos” mais comuns da série clássica (que infelizmente também foi testemunhado nos OVAs da Saga Hades): os altos e baixos da qualidade da animação.

Embora não seja um problema exclusivo de Saint Seiya (Sailor Moon que o diga!), alguns episódios importantes da série eram tão “mal desenhados” em comparação a outros que o clamor dos fãs ao redor do mundo para um remake animado é forte até os dias de hoje – especialmente após o lançamento dos games Pachinko da produtora Sanyo, que recriou com técnicas de animação mais contemporâneas sequências importantes da série clássica, deixando um “gostinho de quero mais” em todos…

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Voltando a falar da produção do primeiro filme, a história aproveitou-se da personagem mitológica Éris, conhecida pela alcunha de “deusa da discórdia”. Junto dela, um grupo de cavaleiros “genéricos” surgem, mas cada um possuía um visual e traço até interessantes que poderiam ser encaixados perfeitamente na série de TV – e um até foi, no caso do personagem Maiya de Sagitta, que nitidamente foi “reaproveitado” como Tremmy da Sagitta, o Cavaleiro de Prata que lança a flecha na Saori. Ou mesmo o Orfeu de Harpa que (antes de existir outro Orfeu na Saga de Hades…) provavelmente influenciou a criação do Mime de Benetnasch na saga de Asgard.

O enredo começa no orfanato onde Seiya cresceu, um dos principais recursos usados pela Toei para dar mais “humanidade” aos Cavaleiros. Seiya, Shun e Hyoga estão passando um momento de descontração com as crianças e conhecem a loirinha Eiri, que logo mostra ter uma queda pelo Cavaleiro de Cisne (que curiosamente é o único do quinteto de bronze que não teve um laço amoroso no anime – sem piadinhas quanto ao “caso da casa de Libra”, ok? =P).

Após uma conversa dos pombinhos sob o céu estrelado, Eiri começa a entrar em transe. Ela acaba sendo possuída pelo espírito da deusa Éris, que como qualquer outro deus que apareça na série, vai de encontro à Atena para implantar seu plano maligno. Éris sequestra Saori e começa a absorver sua energia vital com uma maçã dourada (referência direta ao mito do Pomo da Discórdia, usado pela deusa grega para causar confusão em uma festa que não foi convidada, evento que resultaria na famosa Guerra de Troia).

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Os guerreiros de bronze recebem uma mensagem de Éris, “gentilmente” convidando-os a batalhar contra seus Cavaleiros Fantasmas, que são nada menos que antigos servos de Atena ressuscitados (algo como os espectros da Saga de Hades. Uhn…). Não por acaso, o grupo é composto por cinco guerreiros, um pra cada Cavaleiro de Bronze, nas lutas que vão se seguindo em um templo (que sabe-se lá deus onde fica/como surgiu) até o clímax. O desfecho mistura a luta contra Jaga de Orion (tido como um dos mais fortes Cavaleiros de sua época) e o renascimento completo da deusa Éris, que usa a energia tirada de Atena para recuperar seu verdadeiro corpo, dispensando a bonitinha da Eiri.

Vale notar certo descaso que o especial teve com o Shiryu. O cara só aparece quando Éris manda o convite e tem uma luta bem rapidinha, pra cair no chão e só dar as caras no finzinho, naquele clássico momento onde todo mundo tem que gritar “Seiya” pro herói se erguer e vencer com a flecha de Sagitário…

O magnífico Seiji Yokoyama, compositor musical da série, em uma entrevista comentou sobre a dificuldade em sincronizar a melodia da lira usada pelo personagem Orfeu com os frames da animação. Apesar da história um tanto fraca, o filme se destaca justamente por sua ótima trilha sonora que não tinha sido explorada com tanta profundidade na série de TV.

Dirigido por Kozo Morishita e roteirizado por Yoshiyuki Suga, o filme consumiu um orçamento além do previsto graças ao empenho de Morishita em aplicar técnicas de animação modernas. O resultado foi um grande sucesso de público que alavancou a audiência da Saga das 12 Casas, já que o filme estreou entre os episódios 38 e 40 da série de TV.

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A Grande Batalha dos Deuses

O sucesso do primeiro concedeu à equipe o sinal verde para a produção de um novo filme para o Matsuri seguinte, que estreou em março de 1988 ao lado dos animes “Lady Lady!!”, “Bikkuriman” e do especial do cultuado herói tokusatsu Black Kamen Rider. E aqui reside o maior divisor de águas do universo de Saint Seiya: o envolvimento da história com uma mitologia que não fosse a grega. Muitos consideram o uso dessa fonte como o esculhambador da série, já que o criador original (Kurumada) sempre usou a mitologia grega de pilar principal. A liberdade criativa dos produtores do show foi testada neste filme e o sucesso das ideias ali aplicadas abriu as cortinas para criação da “saga filler” de Asgard na TV.

A história começa na gélida Sibéria, quando Hyoga tenta salvar um guerreiro do ataque de enviados do mal. Agonizante, o homem avisa do perigo que vai começar em Asgard, com o início de uma tal “Batalha dos Deuses”. No Japão, Atena percebe que algo estranho está acontecendo nas terras nórdicas e se dirige com os demais Cavaleiros ao Palácio de Valhalla, pra bater um papo com Durval, representante do deus Odin (posto pertencente à Hilda na série de TV).

Durval se faz de desentendido sobre o caso do desaparecimento do Cavaleiro de Cisne, junto a seus subordinados, os Guerreiros Deuses, alimentando a desconfiança dos Cavaleiros de Bronze. Tudo fica mais conspirante quando eles são acompanhados pelos irmãos Freya e Frey, servos do representante de Odin que não foram corrompidos. Frey pede para que os defensores de Atena saiam de Asgard, prometendo encontrar Hyoga (que teve seu elmo despedaçado encontrado pelo mesmo guerreiro da Sibéria) enquanto parte para dialogar com Durval.

Frey percebe o plano maligno de seu comandante, que pretende guerrear e se apossar do Santuário e fazer o que todo bom vilão que se preza quer: dominar o mundo. Logo o vassalo é preso, assim como Saori, que depois de procurar satisfações acaba paralisada dentro do escudo de Odin, sendo obrigada a ver tudo ir a ruínas.

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Começa então a batalha dos Cavaleiros de Bronze, que só não são como qualquer outra graças a um detalhe: Midgard, um dos Guerreiros Deuses, é nada menos que Hyoga após uma lavagem cerebral. Esse seria o ponto mais legal a ser explorado no filme, mas basta uma luta com Shiryu para que o momento logo chegue ao fim e só seja relembrado no finzinho, quando o Cisne aparece cambaleante durante a luta final contra Durval.

É legal também traçar um paralelo e perceber tudo que foi reciclado pra concepção da Saga de Asgard no anime. Loki é uma mistura do Alberich (design) com o Fenrir (golpes) e Rung, que já empunha o Martelo de Mjollnir, foi recauchutado pra virar o Thor. Aliás, a reciclagem alcançou também o mangá. Frey e Freya foram personagens criados pelo próprio Masami Kurumada e acabaram se transformando em Alexer e Natasha, na história fechada “Natasha do País do Gelo”, exclusiva dos quadrinhos.

Dirigido pelo competente Shigeyasu Yamauchi (diretor de animação responsável pelo episódio 30 da série – “O cosmo flamejante do amor” – que muitos consideram um dos melhores na mesma proporção que muitos consideram um dos mais chatos em termos de roteiro…), a ideia de deslocar o eixo da aventura para os confins gelados do extremo norte da Europa possibilitou a experimentação de situações que não tinham como ser aplicadas na série de TV – que na época estava no auge da batalha das 12 casas.

Yokoyama empreendeu um trabalho sensacional com o uso de um som mais consistente que no filme anterior e que emana uma atmosfera ímpar até os dias de hoje. Mas a pergunta que muitos se fazem é: precisavam ter revisitado o tema na série de TV após o término da primeira temporada? Não teriam os produtores a criatividade de desenvolver uma história original com a mitologia grega como pano de fundo ao invés de promover a incômoda sensação que apenas o lucro importava em torno da série – ao invés do respeito ao universo criado por seu criador?

De fato, era necessário a produção de “episódios tapa-buraco” (coisa comum em qualquer anime que é produzido paralelo a publicação de um mangá) e a escolha por situarem a trama novamente em Asgard foi uma saída fácil e rápida que, se não agradou a tantos, garantiu ao menos a série no ar por um bom tempo e a sua popularidade.

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O Filme: A Lenda dos Defensores de Atena

O primeiro longa-metragem da série foi produzido em um tempo recorde após a estreia do filme “A Grande Batalha dos Deuses”. A produção teria sido iniciada imediatamente após o término do segundo filme, e foi concluída em impressionantes cinco meses.

Com direção novamente de Shigeyasu Yamauchi, o longa possui em seus 74 minutos de duração um lado mais (digamos) poético e dramático, pouco explorado nos filmes anteriores – que tinham cerca de 45 minutos cada. Shingo Araki no auge da forma desenhou cenas antológicas, como a sequência de abertura do filme e a batalha final – onde finalmente Hyoga e Shiryu vestiam suas indumentárias sagradas.

A título de curiosidade, esses eventos que conceberam o uso das armaduras douradas aos Cavaleiros de Bronze eram explorados sem qualquer pudor pelos produtores dos filmes, enquanto a série de TV seguia a coerência dos acontecimentos do mangá, onde Shiryu e Hyoga só “experimentaram” suas vestes de ouro no final da Saga de Poseidon.

A mitologia grega volta a ser trabalhada, mas um pequeno “devaneio” gerou uma pequena confusão – engrossada pela revista Herói nos anos 90! Abel não é nem nunca foi o Deus Sol de qualquer mitologia. Oficialmente, na mitologia grega, apenas Apolo possui esse “cargo” e quando o filme Tenkai-hen: Overture (“Prólogo do Céu”) foi lançado, muita gente no Brasil assimilou que o vilão Apolo fosse uma “repaginada” do tal Abel do filme dos anos 80.

Ora, se os produtores “reciclaram” a história do segundo filme para criar a saga de Asgard na TV, qual problema existiria em “reciclar” o deus vilão do longa-metragem antigo?

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A verdade é que Abel não passou de  um “nobre figurante” derrotado por Seiya nos anos 1980 mas a edição da revista Herói Gold de número 26 apresentou-o como o deus sol da mitologia babilônica. Numa tentativa de “justificar” a existência do personagem, muitos fãs criaram conexões baseadas em livretos lançados, contando os bastidores da série e as concepções dos produtores por trás do filmes, e de um material chamado de “Hypermito”, criado por Masami Kurumada e que pode-se considerar a base do universo de Saint Seiya. De forma bem simples e objetiva, o Mestre Ancião conta no filme que Abel é um deus que foi esquecido nas páginas da mitologia, após tentar tomar a Terra e o título de deus Sol para si.

O primeiro longa da série explorou uma ideia bastante curiosa envolvendo a ressurreição dos Cavaleiros de ouro mortos e sua “lealdade” àquele que os ressuscitara. Nesta época a Saga de Hades ainda não havia começado no mangá e a “semelhança” com os eventos no começo da trama são um mistério até hoje. Teria Kurumada passado essa ideia aos roteiristas e utilizado a mesma ideia, só que de forma mais amarrada, pouco tempo depois? De fato, o seu envolvimento na produção destes filmes foi muito maior que no de 2014…

Sintetizando, a história já começa com o encontro de Saori e Abel, logo notando sua relação sagrada de irmãos. Ele surge com seu trio de cavaleiros da Coroa do Sol e os 5 cavaleiros de ouro ressuscitados (pouparam o Aioros dessa hehe) prometendo uma renovação na Terra, varrendo todos os humanos. Estranhamente, Atena concorda com tudo e dispensa seus Cavaleiros de Bronze, que não entendem nada do que está acontecendo. Especialmente Seiya, que fica num drama sem fim boa parte do longa, questionando sua função até então.

Em um determinado momento, Saori se revela contra os planos de Abel, que não demora a “por fim” à sua vida. Shura e Camus partem para atacar o deus do Sol fake e logo são descartados do filme. Seguem então lutas emocionantes dos guerreitos de bronze contra os vilões (quem não vibrou ao ver Shiryu e Máscara da Morte saindo no pau novamente ou o Ikki dando cabo de Afrodite com toda marra?), a fim de salvar a Terra e trazer Atena de volta antes que ela caia no poço da morte. Após um Seiya chorão levar uma aula de Saga de Gêmeos (e descobrirmos que ele tem outro golpe além daquele que despacha o inimigo pra outra dimensão :P), chegamos ao clímax com a velha conhecida armadura de Sagitário acompanhada de Libra e Aquário – em participações pra lá de frustrantes diga-se de passagem…

Yokoyama assinou a trilha sonora conceituando-a a partir das melodias típicas da Grécia antiga. No Brasil, essa trilha foi considerada “lenta” demais e foi sumariamente editada por canções baseadas na trilha sonora feita pelo compositor Mario Lúcio Freitas (com um tom bem infantil que pouco combinava com as cenas). Quando lançado na versão integral em DVD pela PlayArte em 2007, muitos fãs se dividiram já que o filme realmente possui uma trilha pouco impactante se comparado com o trabalho visto nos anteriores.

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Os Guerreiros do Armagedon

O último filme da série é de longe o mais fraco de todos e conseguiu causar o maior “samba do crioulo doido” na série. Tudo porque os roteiristas decidiram fundir eventos vistos nos filmes anteriores com os vistos na série de TV e uma pitada de mitologia cristã! Estreando no Matsuri de março de 1989, junto a especiais de Kousoku Sentai Turboranger (que quase foi lançado no Brasil), Himitsu no Akko-Chan e Osomatsu-kun (do Studio Pierrot), o filme do Lúcifer ainda possui um furo constrangedor: Poseidon aparece como um deus derrotado antes mesmo dos telespectadores assistirem ao fato na TV.

Por mais previsível que isso possa ser em se tratando de Saint Seiya, é no mínimo um fato desnecessário que só evidencia os objetivos majoritários de qualquer produção animada…

A trama do filme foi levemente baseada no poema épico “A Divina Comédia”, do escritor Dante Alghieri, segundo declarações do roteirista Yoshiyuki Suga. O character design do longa ficou a cargo de Masahiro Naoi, pelo fato de Shingo Araki se encontrar concentrado na produção da saga de Poseidon na TV. Yokoyama assinou a trilha sonora novamente e experimentou melodias com um tom mais “religioso”, usando como base para a música tema de encerramento a “Sinfonia do Novo Mundo”, do compositor Antonín Dvorak.

Vale destacar nesse longa o comportamento de Ikki de Fênix. O personagem ganhou um contorno mais rude e frio que na série de TV e nos demais filmes, em virtude do diretor Masayuki Akehi o enxergar como um Ken Takakura, ator famoso no país por estrelar filmes do gênero Yakuza produzidos pela Toei e que ganhou a alcunha de “Clint Eastwood japonês” pela sua interpretação mais durona.

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O começo do filme também remete um pouco ao primeiro evento da Saga de Hades, que é a invasão do Santuário pelos inimigos. Só que facilmente os cavaleiros de ouro restantes (e ignorados no longa) são derrotados pelos anjos da morte de Lúcifer gerando só mais um furo desnecessário. Provavelmente foi o “recurso” que os roteiristas encontraram pra que a batalha se voltasse para o de sempre, Cavaleiros de Bronze X Tropa do inimigo da vez.

Após a invasão, o anjo caído (que ressuscitou com a energia dos derrotados Éris, Abel e Poseidon) passa a mensagem à Saori de que, caso queira salvar a humanidade, terá que ir a seu templo e se sacrificar. Seiya, Hyoga e Shun são espancados pelos soldados de Lúcifer (mas têm a “sorte” de não serem mortos como seus companheiros dourados…) e voltam a aparecer quando Shiryu os encontra entubados no hospital. Obviamente, todos decidem ir atrás da fortaleza de Lúcifer para salvar Atena, onde enfrentarão os anjos da morte pra dar passagem a Seiya.

Com mais uma flecha de Sagitário (potencializada com o cosmo de todos os cavaleiros de ouro mortos – evento semelhante ao fim da saga inferno de Hades) e mais um templo indo às ruínas, se encerra a carreira animada de Seiya & Cia nos anos 1980, de uma forma um tando degringolada.

 

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Os Filmes Clássicos no Brasil na década de 1990. 

No auge do sucesso da série no Brasil, em 1995, era certo que qualquer material com Seiya & cia lançado por aqui venderia mais que a última Coca-Cola do deserto. Atentos ao fenômeno, três distribuidoras nacionais se uniram para investir naquele que talvez tenha sido o negócio mais lucrativo do mercado de home-video brasileiro nos anos 1990. A Alberto Bittelli International Films, juntamente como a Premier Filmes e a FlashStar Home Vídeo (sob o selo Cartoon Home Vídeo) adquiriram junto à Toei Animation os filmes existentes da série e esquematizaram um cronograma que pirou a garotada: em maio de 1995 os filmes de Éris (chamado apenas de Saint Seiya) e d’A Batalha dos Deuses chegaram nas locadoras e já no mês seguinte (a partir de 19 de junho) no mercado de sell thru (venda direta ao consumidor final).

Vale lembrar que Os Cavaleiros do Zodíaco já tinham aparecido na revista VEJA (edição de 16 novembro de 1994) e a busca por fitas com episódios em japonês nas pequenas locadoras do bairro da Liberdade era intensa. A venda dos bonecos importados da Bandai (via Samtoy) foi avassaladora no Natal de 1994 e não tinha como ser um negócio de risco (embora deva ter custado uma fortuna) apostar na compra deste material.

Em 14 de julho de 1995, “Os Cavaleiros do Zodíaco – O Filme” estreava em 209 salas de cinemas de todo Brasil – um recorde na época. Sessões lotadas, horários especiais abertos (o filme contava com sessões especiais em alguns cinemas na parte da manhã, fato raríssimo no mercado brasileiro) e a febre d’Os Cavaleiros do Zodíaco mobilizou a imprensa de todo país – fazendo com que novamente a revista VEJA falasse dos heróis.

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Segundo dados da revista, em um mês, o absurdo número de 70.000 cópias dos dois primeiros filmes já haviam sido vendidas.

Em setembro daquele ano, chegavam nas locadoras e via sell thru os VHS do filme do Abel e de Lúcifer (que recebeu o horrível título de “A Batalha Final”, o que fez com que muitos pensassem que a fita trazia apenas episódios da TV!). A presença das fitas em locadoras e a grande procura delas gerou situações que apenas filmes animados da Disney tinham experimentado até então.

Foi então que um monte de empresa correu atrás de direitos de distribuição de qualquer “desenho com personagem de olho grande” e lançou no mercado. Foi assim que chegaram até nós “Granzote e os Guerreiros da Luz” (Madoh Oh Granzort), com a apelativa chamada na capa de “mais ação que Os Cavaleiros do Zodíaco”; “Lady Oscar” (Versailles no Bara, em lançamento pra lá de confuso por várias empresas distintas); “Jovens Guerreiros” (Ozanari Dungeon) e pasmem: Dragon Quest: Abel no Yusha Densetsu (o primeiro anime baseado na franquia de games Dragon Quest) e uma versão coreana descarada de Dragon Ball Z. Tais raridades foram distribuídas pela empresa Sunset Filmes e atendiam pelo nome de “Dragon Kid” e “Super Kid – O Super Herói do Espaço”. A versão brasileira de ambos animes ficaram a cargo da BKS.

Além da distribuição “legal” para locadoras e grandes magazines, os filmes “A Batalha dos Deuses” e “A Batalha Final” foram licenciados para encartar brindes promocionais do jornal O Globo e da rede de farmácias FarMais, respectivamente, ainda em 1995. Em 1996, outras redes de farmácias (como a Panvel) também distribuíram os 4 filmes em condições de brinde promocionais na compra de produtos.

Sem sombra de dúvidas, o fator principal para o sucesso de vendas dos filmes foi o envio das fitas para serem dubladas na Gota Mágica. Todo elenco de vozes original foi escalado, não gerando nenhum tipo de aberração sonora como o lançamento em DVD de Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses pela Paris Filmes em 2014.

Se existiu essa preocupação na época com a vozes, por outro lado a preocupação com o design das embalagens ficou lá pelo Japão. A capinha das fitas Saint Seiya e A Batalha dos Deuses simplesmente não remetiam ao conteúdo dos filmes nem na frente nem no verso. São lindas e nostálgicas, mas mesmo assim… Mas a presepada maior foi com o pôster/capa do VHS do filme do Abel. Simplesmente pegaram o pôster do 4º filme (Os Guerreiros do Armagedon) e ignoraram completamente as belas artes originais existentes. Será que não enviaram? O estranho é que a revista Herói Gold encartou como brinde pelo menos dois dos três posteres possíveis na época…

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A famigerada fita “A Batalha Final” ganhou a arte mais genérica possível na frente, mas pelo menos ilustraram com cenas do próprio filme o negócio. Aliás, essa fita apresentou a uma multidão de crianças pela primeira vez uma abertura original da série. O clipe de abertura dos dois primeiros filmes era o original, mas a música já era a cantada pela dupla Larissa e William. Por “descuido” (?) deixaram intacta a intro na quarta fita pra alegria e choque de muitos ao ouvir Soldier Dream e assistir as cenas pra lá de animadas da versão original.

Por falar em abertura, finalmente o público entendeu da onde saíram as cenas daquele engodo visto na intro dos 52 primeiros episódios da série – ao som da marchinha “Os guardiões do universo”. E muita gente pensava que um dia aquele momento fosse se concretizar na TV =(…

A propaganda das fitas (com o “Seiya” sugestionando que você pedisse pro papai e pra mamãe a fita estrelada por ele e seus amigos @_@) apresentava de forma curta e rápida a música “Pegasus Fantasy” que só viria a ser conhecida melhor e oficialmente alguns anos mais tarde com o advento da internet.

Outro detalhe que não podemos deixar passar sobre o último filme é o clássico corte que ocorreu na cena da Bíblia. Enquanto a história de Lúcifer é contada, vemos uma cena de poucos segundos com o livro sagrado dos cristãos sento queimado. Como o Brasil é um dos países com maior predominância do cristianismo, optaram por descartar a cena, que não traria prejuízos à história e evitaria vários “probleminhas”.

A Rede Manchete apresentou em dezembro de 1995 os dois primeiros longas em sua programação. Saint Seiya foi ao ar no dia 10 de dezembro e A Batalha dos Deuses no dia 17. Como não eram novidade, não causaram grande impacto, mas os filmes chegaram a ser reprisados naquele mesmo mês. Curiosamente, no dia 1º de janeiro de 1998 a emissora apresentou o filme A Batalha Final sem qualquer alarde, em uma época em que já estava na UTI e viria a falir pouco tempo depois.

Como já mencionado, o sucesso das vendas dos filmes fez com que muitos lançamentos nipônicos chegassem ao mercado de VHS brasileiro mas a péssima divulgação e descontinuidade de material (né, dona FlashStar?) promoveu um episódio que mais merece ser lamentado que comemorado. Infelizmente, nos anos seguintes a chegada do DVD e a morte do VHS não ajudaram a melhorar a situação dos animes no país e até os dias atuais os fãs/colecionadores penam para ter em seu poder material com qualidade e preço justo.

 

Relançamento e redublagem

Em meados de 2004, a distribuidora PlayArte resolveu investir no gênero anime. Em um vasto catálogo de títulos de animações japonesas que poderiam chegar ao mercado de DVD (e VHS também! Ele ainda não tava completamente aposentado, embora já estivesse no caixão…), coube ao consultor Renato Siqueira a escolha certeira pelos Cavaleiros do Zodíaco. Não tinha porque dar errado, afinal, além de ser um clássico na memória de uma grande geração, a série estava de volta aos holofotes graças ao relançamento iniciado no ano anterior, conquistando também um novo público na TV aberta naquele momento (apesar das retalhadas da Band, CdZ rendeu picos de audiência fantásticos no fim de tarde).

Os discos venderam muito bem e garantiram o lançamento da série completa (mesmo com os altos e baixos do acabamento do produto, que deram o que falar). Anos depois, mais precisamente em 2007, a empresa já tinha ciência do sucesso que o título rendia em qualquer lançamento em home-video. Foi assim que se chegou à ideia de disponibilizar os 4 filmes clássicos no formato digital, inédito até então. Só que a coisa não foi tão simples assim…

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Meio que para manter o padrão, a PlayArte decidiu redublar os filmes. Por um lado, isso seria bom, pois era a chance de corrigir erros absurdos que a Gota Mágica herdou da versão mexicana, que vão desde diálogos sem sentido (que hoje rendem gargalhadas) a termos adaptados sem propósito (lembram que o palácio de Valhalla no filme de Asgard era chamado de Guarurrara? Pois é… hehe). Por outro lado, aquela sensação de nostalgia com a interpretação que os atores deram em 1995 seria perdida. E realmente foi.

O imbróglio teve início na troca de estúdio. Ninguém entendeu muito bem o porquê (as más línguas falam em barateamento de custo), mas a PlayArte resolveu tirar a série da Álamo, de onde saía de trabalhos excelentes na Saga de Hades e no Prólogo do Céu, para o novato estúdio Dubrasil, administrado por Hermes Baroli (o Seiya) e sua mãe Zodja Pereira, que tinha por volta de 1 ano de funcionamento. Essa troca começou na dublagem do “Episódio Zero”, que vinha como extra pra quem comprasse a Saga de Hades completa, e se estendeu para os filmes clássicos.

O grande problema veio na troca de elenco. Muitas vozes dos personagens exclusivos do filme tiveram que ser substituídas, algumas por falecimento do dublador original, outras por falta de acordo. Foi o caso de Luis Antônio Lobue, o Aioria de Leão, que travou uma briga judicial com a PlayArte. Por “sorte”, o Aioria não abria a boca no único filme onde ele aparecia (o de Lúcifer), só que o cara fazia vários dos personagens dos filmes, como o Frey em A Grande Batalha dos Deuses. Também houve trocas equivocadas nos pequenos do orfanato do filme da Éris. Feitos por mulheres desde a dublagem original da Gota, agora foram interpretados por crianças que não pareciam muito bem dirigidas… Aliás, a maioria dos personagens que teve voz trocada ganhou um dublador novato, provavelmente vindo da própria escola da Dubrasil.

Direção foi o que mais pecou nessa versão e faz um contraste quase abismal com o trabalho cuidadoso que a empresa de Hermes Baroli possuiu nos últimos projetos da franquia Saint Seiya feitos na casa. A coisa deu tanto o que falar na época que teria sido um dos motivos para que profissionais como Marcelo Campos pulassem fora da dublagem das continuações de Hades. Mas isso é assunto pra outra matéria…

Só pra deixar registrado, os quatro filmes também saíram na sua versão em quadrinhos pela Conrad. É uma pena que a história deles seja tão fraquinha, pois as publicações (chamadas de “Coleção Anime Comics”) têm uma qualidade ótima, com direito a fichas, orelhas e pôsteres embutidos.

Eles também foram o primeiro material clássico de CdZ a chegar em blu-ray no Japão, mas até o fechamento dessa matéria nenhum sinal sobre a vinda dos filmes nesse formato pra cá foi levantado.

Embora não passe de um produto para alavancar a venda de produtos licenciados, Os Cavaleiros do Zodíaco conseguiram se eternizar na história da TV brasileira dos anos 90 e milhões de brasileiros, sobretudo os pequenos daquela geração, aprenderam valores que somente um desenho fantástico seria capaz de transmitir e marcar. Com Cavaleiros, aprendemos que por maior que sejam os desafios, se estivermos dispostos a lutar, persistir e nunca desistir, é possível alcançar a vitória. Aprendemos que “cicatrizes são como medalhas de coragem” e que somos nós quem definimos nosso destino. O valor da amizade para os que cresceram sintonizando a Rede Manchete no final da tarde, indo às locadoras alugar fitas ou vibrando de emoção no cinema é sem dúvidas diferente das gerações posteriores. Por mais violentos que fossem, por mais furos que apresentasse, por mais previsível que a história seja, Os Cavaleiros do Zodíaco deixaram um legado capaz de fazer com que sempre despertemos uma lembrança saudosa do passado.

Voltaremos em breve com A Saga de Hades e O Prólogo do Céu. Ah. sim: The Lost Canvas, Ômega, Lenda do Santuário e o que mais continuarem fazendo com nossos heróis preferidos.

Matéria escrita por Larc e Rafael Jiback