Tokyo Godfathers

[div coluna1]Tokyo Godfathers
Produção: Madhouse, 2003
Criação: Satoshi Kon
Exibição no Brasil: Cinemax
Distribuição: Columbia Tristar
Disponível em: DVD

Última Atualização: 19/12/2007

Por Larc Yasha

O ano de 2005 pode ser considerado um dos mais proveitosos para os otakus brasileiros. Não só por conta do lançamento de um canal especializado em animes (o Animax), mas também por um aumento significativo no número de lançamentos no mercado de DVD. Mesmo hoje a coisa não chegou ainda aos pés de outros mercados mundiais, contudo, estamos tendo “sorte” no que se refere a qualidade do que vem sido lançado.

Entre os melhores lançamentos de tal ano, destacaram-se os da Columbia Tristar Home Video. A empresa (subsidiária da Sony) apostou no mercado de animes não só para tevê (caso não saibas, o Animax é dela ^^), mas também resolveu jogar no mercado americano (incluindo o latino) o lançamento de grandes animes que merecem figurar na prateleira de qualquer colecionador. Um desses títulos lançados (mais especificadamente no finalzinho de 2004 no Brasil) é Tokyo Godfathers.

Altíssimo garbo e elegância
Tokyo Godfathers pode não ser tão famoso como um Akira ou um Steamboy (que prometeu muito, mas pisou na casca de banana), mas é uma obra do tipo que consegue agradar sem qualquer sensação de “só?”. “Animes-só?” são aqueles que todo mundo fala bastante, mas depois que você assiste, fica com cara de bobo e meio lesado, achando que vai ter mais alguma coisa… Hehe :P.

Tokyo Godfathers não tem disso. É um conto de Natal a la japon muito bonito, bem animado e com um roteiro bem trançado que faz qualquer um vislumbrar-se com o universo dos animes. Aliás, é uma boa pedida recomendar pra quem acha que animes se resumem a Chatomons da vida, Tokyo Godfathers ou qualquer outra obra de Satoshi Kon. O cara é sensacional e derrepente pode virar o sucessor de Miyazaki quando este bater as botas ou se aposentar de vez XD. Cacife e estilo o cara tem.

Tokyo foi produzido e lançado em 2003. Na produção, um nomezin de alto calibre já denúncia à qualidade: Madhouse – que dispensa apresentações, né? Usando referências reais de Tokyo para a composição dos cenários, o visual ficou de encher os olhos sem deixar você com dor na vista como em Ghost in the Shell (que fazem questão de mostrar o realismo que conseguiram fazer com cenas semi-estáticas mas que dão sono XD). Mas de nada adianta um anime bonito sem uma história boa. E a história de Tokyo é cortesia de Satoshi Kon, um autor em alta no cenário contemporâneo dos animes. Aqui no Brasil, ele é relativamente famoso entre os otakus por conta do anime-cabeça Perfect Blue (inédito “oficialmente” entre nós). No exterior, Millenium Actress, além do Perfect Blue, foram suas referências para a crítica rasgar-se de elogios. Elogios merecidos.

Escrito em companhia de Keiko Nobumoto (que também escreveu roteiros para Wolf’s Rain),o conto de Natal não é em momento algum piegas como aqueles filmezinhos batidos da Sessão da Tarde. Misturando suspense, drama, comédia, aventura, romance e fantasia, fomos brindados com um anime que em momento algum fere a inteligência de qualquer um – apenas abusa um pouco nos “milagres Natalinos”. Merecidamente premiado em vários festivais internacionais de cinema, o longa (como todos os outros de Kon) merecia ser lançado em circuito comercial aqui no Brasil, mas acabou ficando restrito ao DVD e à tevê mesmo. O filme também foi apontado como um dos favoritos para concorrer ao Oscar, mas na na hora da eleição oficial ficou fora da disputa. Injustiça.

Mas existe um detalhe que muitos esquecem de mencionar quando ficam apenas elogiando esse belo anime. Sua história não é tão original assim. Não, não é um caso de plágio (ou pode ser?). Mas existiu um filme chamado “O Céu Mandou Alguém” (de John Ford) cuja história é a mesma coisa! Contudo, houve um certo Q de ousadia com a criação de personagens (um dos protagonistas é drag queen) que “atualizam” o conto caso ele tenha sido usado como referência.

Milagre de Natal
Três mendigos – Gin, o barbudo, Miyuki uma garota nova, e Hana, o Drag Queen – vivem nas ruas de Tokyo (sim… Tem mendigos lá!) e seguem a rotina dura de suas vidas ajudando sempre um ao outro. Cada um carrega uma razão que justifique seu atual estado social decadente e, apesar das dificuldades, todos se conformam com suas vidas atuais.

Após assistirem a uma montagem teatral do nascimento de Jesus, os amigos Gin e Hana (que fala pelos cotovelos e é a personagems mais engraçada da história) vão se encontrar com a novata Miyuki para levar uma comida distribuida aos carentes na noite de Natal. Depois de mais uma calorosa discussão entre os amigos, eles vão para o lixão local catar algum presentinho. Meio extasiada pela peça, Hana sonha em ser mãe na noite de Natal como Maria (@_@) e para surpresa dela e de seus dois amigos, encontra um bebê em meio a sacos de lixo com um bilhete: cuidem dessa criança.

Hana (que tem umas nuances de humor e atitudes bem loucas) resolve cuidar do bebê como se fosse seu filho (afinal… Pode ter sido uma benção de Deus né? XD) mas logo Gin e Miyuki a convencem da loucura desse ato. Os três acabam entram em acordo: vão procurar a monstruosa mãe do bebê (que mãe largaria uma criança recém nascida no lixão?!) a partir da única pista disponível que possuem: uma chave (o_O’). Carregando a pequena Kyoko (nome que deram pro bebê) pra cima e pra baixo nas ruas de Tokyo, os três começam a passar por uma sucessão de fatos e acontecimentos “milagrosos” que fazem com que conheçamos o que os levou à mendicância, além de fazer com que eles tenham uma severa reflexão de suas vidas.

O filme é cheio de pequenos detalhes que é bom você não perdê-los para uma compressão total dos fatos e da história. Fiquem atentos ao velho mendigo que nada mais representa que um decrepto Papai Noel na história. Tokyo Godfathers, além de emotivo, belo e divertido, é um “anime humano” que mostra que mesmo os pequenos detalhes de nossas vidas podem mudar nossos destinos de forma dramática. E quando o destino (?) nos coloca de frente com nossos erros, porquê não consideramos que essa é uma 2ª chance milagrosa que ganhamos de corrigi-los?

Tokyo no Brasil
Como parte de sua estratégia de mercado para baratear custos (e aumentar o lucro!), a Columbia Tristar Home Video, lançou o DVD de Tokyo Godfathers simultaneamente nas américas. Como se trata de um DVD pan regional (ou seja, é o mesmo dsico que saiu nos EUA, no México…), ficamos meio lesados em um detalhe muito importânte: a dublagem. Mas diferente do caso Metropolis (onde a versão brasileira foi realizada, mas não inserida no disco) a dublagem de Tokyo Godfathers nem ocorreu.

O longa metragem não teve uma carreira alternativa como muitos animes possuem antes de serem lançados oficialmente por essas bandas – com exibição em mostras e coisas do tipo. Lançado em 2004 no mercado de video, o longa deu o ar de sua graça em 2005 pelo canal Cinemax. A venda dos DVDs ganhou um leve impulso com generosos descontos oferecidos por websites de venda na internê, mas o anime ainda continua inédito para a maioria.

Quando a Columbia anunciou o lançamento do título no mercado brasileiro, boatos de que Millenium Actress também viria no “pacote” foram ouvidos por aí. Infelizmente não passaram de boatos mesmo. E porquê não chegou aos cinemas? O desempenho comercial do filme nos EUA foi bem fraco e sua não candidatura ao Oscar também desmotivou um pouco a distribuidora (além de uma críticas negativas como a de Rubens Edwald Filho, que disse que o anime não tinha uma animação boa e potencial comercial ).

Encarar Tokyo Godfathers como um mero desenho animado ou julgá-lo antes de assistir é um erro que – milagrosamente ^^ – pode ser remediado por qualquer um: basta alugar ou comprar o DVD aqui no Brasil.

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