Ultraman

[div coluna1] Ultraman
Ultraman
Produção: Tsuburaya, 1966
Episódios: 39 p/ tv
Criação: Eiji Tsuburaya
Exibição no Japão: TBS (17/07/1966-09/04/1967)
Exibição no Brasil: Band – Tupi – Record – SBT – Manchete – CNT – Cine House
Distribuição: Sato Company (Década de 90)
Disponível em: VHS e DVD

Última Atualização: 10/04/2009

Por Cloud e Larc

É impossível falar sobre heróis japoneses sem citar Ultraman. No Japão, ele representa mais que uma simples série de tv, se transformando em um verdadeiro fenômeno cultural e juntamente com o primeiro Kamen Rider, pode ser considerado o mais importante herói da terrinha do Jaspion. Vista hoje em dia, a série só consegue arrancar gargalhadas do espectador mais crítico – acostumado com os efeitos especiais hollywoodianos e roteiros complexos, que nem os próprios criadores entendem :P. Mas, apesar de toda tosquice e capenguisse, Ultraman é um verdadeiro patrimônio da cultura nipônica! No Brasil, é praticamente um sinônimo de herói japonês, já que qualquer pessoa na rua sabe do que se trata Ultraman. Agora experimente perguntar o que é um Kamen Rider…

O comecinho de tudo…
No início dos anos 60, o especialista em efeitos especiais (não ria @_@) da Toho, Eiji Tsuburaya, fundou a produtora Tsuburaya Productions. Até então, os trabalhos de Eiji se restringiam ao cinema, onde ele ficou famoso por criar efeitos para os “filmes de monstros” (entre eles Godzilla) que eram o sucesso da época. Mas, ele queria mudar seu foco de trabalho, e viu na tv um promissor mercado onde poderia desenvolver seus projetos. O primeiro trabalho de Eiji para a televisão foi Ultra Q, em 1966, para a rede TBS. A série mostrava histórias bem insólitas, e, apesar de sempre ter o “mostro da semana” não mostrava nenhum super herói para combatê-los. Alguma coisa estava faltando.

Foi então que Eiji e sua equipe começaram a desenvolver o protótipo de uma nova série que mostraria um super herói vindo de outro planeta, e que ajudaria os humanos enfrentando os monstros invasores. De início, cogitou-se o nome de Woo, e o visual do personagem era bem parecido com o de um monstro (!). Aos poucos, o projeto foi mudando e ganhando forma, passando a ser chamado de Bemlar (isso parece até nome daquelas empresas de financiamento de casa própria :P) e posteriormente Redman. Somente quando o projeto já estava em estágios finais, optou-se em usar o nome Ultraman (mas não antes de pensarem em Million Man, Baltan e Hyakuman x_x). Nessa fase, o visual do personagem não lembrava em nada os monstros do projeto inicial, mas mesmo assim não deixava de ser menos esquisito – ou você nunca notou que Ultraman tem cara de peixe?

Assim, no dia 17 de julho de 1966, estreava na telinha nipônica o primeiro episódio da série, que ao lado de Magma Taishi (aqui, Vingadores do Espaço), causaram furor na tv, se tornando em pouco tempo um fenômeno de audiência e desencadeando o primeiro Kaijyu Boom (explosão dos seriados de monstros, época em que esse tipo de programa disputava a tapa a audiência com os animes). Elas ainda foram responsáveis pela invasão do gênero Giant Heroes (heróis gigantes esmagadores de maquetes :P) que devido ao excesso, foram perdendo a força no decorrer dos anos. No começo dos anos 70 dois novos gêneros de séries davam o ar de sua graça: os Kamen Riders e os Sentais. O sucesso do formato dos programas decretou a morte dos heróis gigantes e o início da moda dos heróis de tamanho humano.

A título de curiosidade, Ultraman foi a segunda série da tv japonesa exibida a cores (a primeira foi o próprio Vingadores do Espaço, que havia estreado uma semana antes). O seriado durou ao todo 39 episódios, que misturavam elementos de aventura com pitadas de ficção científica (bem pré-histórica, é claro). A produção como todo bom e velho tokusatsu, foi cheia de problemas e apertada até não poder mais. Sem grana pra investir na confecção de muitas roupas para os monstros (na época o látex e a borracha deviam custar o olho da cara :P), os produtores reutilizaram várias fantasias que já haviam sido usadas em Ultra Q – além de chegarem ao ponto de “reciclarem” uma velha roupa de Godzila em um episódio.

Outra coisa bem interessante (e bizarra!) é o fato da máscara que o herói usava ter sido feita de um material muito fraco, e derretia por causa do calor dos refletores do estúdio (devia ser chiclete XD), e foi substituída em meados do episódio 14 por outra (por isso a leve mudança no “rosto” do personagem). Mesmo assim, essa última máscara não agüentou muito e foi substituída por outra mais tarde. Segundo uma lenda, a segunda máscara teria sido roída por ratos que habitavam o estúdio… Santa pobreza, Batman…

A história
Ultraman é um guerreiro espacial vindo da Nebulosa M78 (nem se pergunte onde isso fica!) e estava levando o mostro espacial Bemlar (um dos nomes rejeitados pro herói… Imaginação fértil né? :P) para ser destruído no planeta M90. Acontece que o monstro dá um jeitinho de escapar e cai na Terra (onde mais?). Enquanto o perseguia, Ultraman acaba se chocando com uma nave da Patrulha Científica, onde estava o piloto Hayata. No choque, o rapaz morre, e pra se “redimir” Ultraman acaba se fundindo com ele. Daí por diante as histórias giram em torno dos monstros gigantes que aparecem pela Terra (concentrando-se no Japão, é claro) e o herói surgindo no finalzinho do episódio pra dar uma bolachas nos emborrachados (em lutas que mais parecem rituais de exorcismo ou danças tribais pré-históricas. Tão legais @_@). Tudo é claro, tendo como cenário aquelas maquetes de papelão e isopor que a gente tanto adora.

O mais engraçado é que mesmo com todos aqueles pulos e chutes a geografia do local permanecia sem nenhuma alteração. Vai entender… Ultraman tinha um tempo para liquidar com o monstro do dia. Quando sua energia estava prestes a acabar, uma luzinha no seu peito ficava piscando e apitando (deixando a gurizada agoniada em casa) e o narrador conta que se a luz parar de piscar, Ultraman perderá – que dramático :P. Para manter o suspense até o último instante, em todo santo episódio Ultraman sempre deixava pra desferir seu raio mortal (o Raio Specium) no último momento. Vai ver ele precisava acumular energia dando sopapos XD.

No decorrer dos 39 episódios, há alguns momentos memoráveis na série que faz qualquer fã quarentão voltar a ser criança hoje em dia. De longe o último episódio da série é o mais antológico. A pergunta que não queria calar é finalmente respondida: o que aconteceria se a lâmpadazinha do peito do herói parasse de piscar? O gigante emborrachado é derrotado pelo dinossauro espacial Z-Ton (que não lembra um dinossauro nem aqui nem na China :P) em frente ao quartel general da Patrulha Científica. E ao som de uma marchinha bem fúnebre, o telespectador assistia a flashbacks de lutas de Ultraman com monstros.

Para derrotar Z-Ton, o atirador Arashi saca seu revolvinho laser (me pergunto qual criança não sonhava em ter um nos anos 60/70) mas acopla uma “nova arma” desenvolvida por cientistas (e que mais parece uma caneta XD) que faz Z-Ton explodir em pedacinhos no ar – o curioso é que ele estava caminhando no chão, mas deixa isso pra lá XD. Surge então Zoffy, um outro Ultra que através de um efeito bizonho (um boneco girando 360º sem parar até virar uma bola brilhante) resgata o petrificado herói. Antes de partir de volta para Nebulosa M78, Zoffy devolve a vida para Hayata. E assim, Ultraman é levado rumo ao espaço sideral e, já fora de nosso planeta, se transforma em um bonequinho de madeira (errr… Quando ele voava ele ficava todo duro XD) que parte junto com Zoffy para seu planeta natal. Mesmo hoje em dia, a cena tem um bocado de emoção :P.

Ultraman chega ao Brasil
No final da década de 60, a molecada brasileira ia ao delírio com as aventuras de garoto-propaganda da empresa de produtos eletrônicos National, National Kid, que era exibido pela Tv Globo ainda em seus primórdios (entenda: quando ela ainda era “pobre”). Na mesma época, foi fundada a Tv Bandeirantes, que já chegava fazendo barulho, trazendo os heróis Marvel (naqueles desenhos parados recortados das próprias revistinhas que são a maior tosquice) e duas séries bastantes equisitas: Ultra Q e Ultraman. Ninguém deu muita bola pra essas duas últimas, e ficaram pouco tempo no ar. O herói da Nebulosa M78 só chegaria ao “estrelato” em nossa terrinha em meados dos anos 70, quando exibido dentro do programa Clube do Capitão Aza da Tv Tupi.

O sucesso foi suficiente pra incentivar a vinda de Ultra Seven, Spectreman e o Regresso de Ultraman. Nos anos 80, com a falência da Tupi, a série passou a ser exibida pelo SBT (na época, TVS). Nesse período, a série era exibida alternadamente com O Regresso de Ultraman, fazendo com que o público pensasse que se tratava de uma única série. A carreira na emissora do Tio $ilvio durou até por volta de 1986, quando o contrato venceu e não foi renovado.

Em 1995, a Sato Company adquiriu os direitos da série clássica e conseguiu vendê-la para finada Intermovies. A série começou a ser lançada em VHS no Brasil e causou certo burburinho. No total, foram lançadas 12 volumes, que cobriram pouco mais da metade do programa pois só traziam dois episódios por fita. Em 1996, o herói retornava triunfal à tv, via Manchete, dentro do programa Japan Action, uma parceria entre a emissora e a distribuidora Sato Company.

O público mais velho pôde enfim matar a saudade, e quem não conhecia teve o privilégio de rir de cenas de lutas tão toscas e efeitos especiais tão pobres (além de poder ficar contando quantas vezes o zíper das costas do monstro aparecia em cada episódio XD). Quem não delirava ao ver as maquetes de papelão sendo esmagadas (mas nunca danificadas) e as posições mais ridículas possíveis feitas pelo herói? Quem nunca fez a pose de disparo do Raio Specium que se jogue pela janela agora! Na época, foram lançados bonequinhos do herói (e do Ultraman Jack, que é praticamente idêntico) pela Glasslite mas sem divulgação, duvido que tenham vendido muito. Aliás, haviam rumores de que Ultraman era o pontapé inicial de um plano para uma “invasão ultra” na época. A idéia era relançar Ultra Seven e o Regresso e apresentar os ultras inéditos.

Mas o retorno de Ultraman em pleno aniversário de 30 anos de sua estréia não foi só festa. A terrível redublagem feita na BKS (a mesma que cagou com Sailor Moon R e os filmes da primeira fase Dragon Ball lançados em VHS) fez os fãs chiarem com toda razão. Para se ter uma ideia, frases inteiras sumiram – como a da cena clássica quando Ultraman se funde a Hayata – e a sincronia entre a voz e a boca dos personagens era no mesmo nível daqueles comerciais lendários do “011 1406”. Isso sem contar que alguma mente insana resolveu mexer no vespeiro dos fãs, alterando o nome da Patrulha Científica para S.I.A, que é o nome original do grupo. A fidelidade com os termos originais em japonês foram acompanhadas pelo próprio Nelson Sato, que esteve presente no processo.

Alguns nomes da dublagem original são estranhos para a geração conteporânea. Hayata / Ultraman tinha a voz de Milton Rangel. O falecido dublador (morreu jovem, em 1972, aos 44 anos) emprestou sua voz para o Zandor no desenho Herculoides. Já na redublagem, o herói ganhou a voz de Affonso Amajones, que fez do Hayata praticamente um Solbraver (do seriado Solbrain, dublado na mesma época). Apesar dos fãs antigos execrarem a versão redublada, algumas vozes ficaram muito boas como a do Ito (Carlinhos Silveira; o Shaka de Virgem), Akiko (Eleonora Prado; a Nº 18 de Dragon Ball Z) e a voz do Capitão Muramatsu.

Essa exibição na Manchete não durou muito, e sem explicação nenhuma, somente os 12 primeiros episódios foram exibidos. Mais tarde, no ano 2000 pra ser mais exato, a Sato fez outra parceria com uma emissora (desta vez a CNT, que tinha recém-desmembrado da Gazeta). A série passou a ser exibida dentro da Sessão Super Heróis, ao lado de Cybercop e o “sabanizado” Super Human Samurai (Gridman no original japonês). Apresentado pela filha do hômi vestida com um cosplay da Tomoko, do esquadrão dos policiais do futuro, o programa não durou muito também…

A última vez que Ultraman deu as caras na telinha brazuca foi no canal Cine House (exclusivo para os sofredores, digo, assinantes da extinta Tecsat) ao lado de National Kid. Mesmo assim era quase impossível de acompanhar sua exibição pois ela não tinha nem dia nem hora pra ir ao ar, aparecendo na programação a qualquer momento. A última aparição da série clássica no Brasil foi através de 3 DVDs (com 2 episódios cada) ripados das fitas VSH da Intermovies, lançados pela Editora D+T. Além de ser vendidos em poucas lojas online por se tratar de um produto não-oficial, os discos apareceram em bancas encartados em uma revista de tal editora.

Apesar de tudo, Ultraman continua sendo um dos maiores sucessos do Japão. Tanto que o herói ganhou até seu próprio jogo de vídeo game em 2004, para Playstation 2. No mesmo ano, o desenhista Alex Ross (que desenhou a mini-série Marvels) fez belíssimas ilustrações do herói em cenas de batalha, que vieram de brinde nos DVDs lançados no Japão. Mesmo que no decorrer dos anos a família Ultra tenha perdido um pouco de seu brilho (graças ao número gritante de séries ruins feitas nos últimos tempos), os gigantes com cara de peixe continuam na ativa até hoje. Estão um pouco descaracterizados, mas na essência todos continuam com a mesma grandeza do lendário Ultraman. Agora só uma última pergunta: Que diabos é aquele barulho (algo como Schuuuuuwaaaaaaattttttt!!!) que o cara fazia quando levantava vôo? Um arroto @_@?

Checklist Episódios
01 – O invasor da galáxia
02 – O ataque de Baltan
03 – O monstro invisível
04 – Fúria sobre o mar
05 – O monstro verde
06 – Cacau
07 – A cidade de Lartraz
08 – A terra dos monstros
09 – Operação urânio
10 – A misteriosa base dinossauro
11 – O meteorito misterioso
12 – A múmia está chamando
13 – O sugador de petróleo
14 – Operação pérola
15 – O terríveis raios cósmicos
16 – Batalha no espaço
17 – Passaporte para o infinito
18 – Irmãos do espaço
19 – A ressureição do demônio
20 – A estrada 87
21 – A fumaça misteriosa
22 – A destruição da Terra!
23 – A terra natal
24 – A base científica submarina
25 – Espécime humana 5.6
26 – O príncipe dos monstros-1a. parte
27 – O príncipe dos monstros- 2a. parte
28 – O misterioso cometa Twifon
29 – Desafio vindo do fundo da Terra
30 – O fantasma das montanhas nevadas
31 – Quem está chegando?
32 – Contra ataque sem fim
33 – A palavra proibida
34 – Um presente do céu
35 – O cemitério dos monstros
36 – Arashi, não atire!
37 – O pequeno herói
38 – Ordem para resgatar a nave
39 – Adeus Ultraman

 

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