Para quem não sabe, os animes são lançados no Japão em quatro temporadas por ano e cada uma delas dura em torno de três meses. A cada nova leva de animações aparece um “melhor anime do ano”, título que poucas vezes fica com uma só série durante as quatro temporadas.

Ano Hi Mita Hana no Namae o Bokutachi wa Mada Shiranai (literalmente, “Ainda Não Sabemos o Nome da Flor que Vimos Naquele Dia”), que a partir de agora chamarei apenas de AnoHana (ultimamente esses japoneses andam com uma mania de usar nomes longos demais…), é o atual “melhor anime do ano”. Porém, competindo com séries do nível de Puella Magi Madoka Magica e Steins;Gate (que estranhamente parecem cada vez mais com uma certa história com cigarras que choram…), será que a alcunha é realmente válida?

Escrita por Mari Okada, a animação original conta a história de um grupo de seis crianças que se separou após a morte de uma delas, Meiko “Menma” Honma. Cinco anos após o acidente, o líder do grupo, Jinta “Jintan” Yadomi, acabou virando um hikikomori (termo em japonês que define pessoas que se trancam em casa após um trauma) e, durante um verão, ele passa a ver o espírito de Menma que diz ter voltado ao mundo para que seu desejo, que ela nem ao menos lembra qual é, seja realizado. A partir daí Jintan começa a correr atrás de seus antigos amigos para tentar cumprir a promessa com a garota fantasma.

De todos os animes que já vi até hoje AnoHana é aquele com a maior quantidade de lágrimas derramadas. Sendo uma história de tragédia, as personagens são mais complexas que o normal e todos são marcados pela morte de Menma. O desenrolar do enredo é focado no desenvolvimento delas e no modo como tudo que uma pessoa é depende do que lhe ocorreu no passado. Quantos de nós já não nos sentimos culpados por alguma coisa que fizemos ou deixamos de fazer e permitimos que essa culpa marcasse nossas vidas por anos? E é com a superação desse tipo de dor que a obra lida.

Apesar do tema denso, o anime em si é extremamente leve, focando mais na comédia e nas relações de amizade entre as personagens do que no lado espiritual, o que ficaria extremamente deslocado numa história que se propõe a criar uma situação verossímil. A da Menma não é mostrada em momento algum, assim como qualquer outra cena mais pesada, tornando toda a atmosfera do enredo extremamente suave. Não há filosofias forçadas ou tentativas de genialidade, apenas uma análise bem feita da situação criada. E não que isso seja demérito, pois muitos animes tentaram ser geniais e acabaram falhando em sequer cumprirem suas promessas menores (oi Nessa, como vai você?).

Muitos podem torcer o nariz para o fato de Menma ser – extremamente – moe, entretanto isso não chega a ser um problema dentro do anime, afinal, como disse Paracelsus, “É a dose que faz o veneno”, e em AnoHana tudo é bem dosado para não acabar “pesando” demais. O Slice of Life não é bobinho como em alguns animes por aí (sim, estou falando de você Azunyan) e faz bem o trabalho de mostrar as dificuldades enfrentadas pelas personagens em suas vidas normais.

Tecnicamente falando, a dublagem é boa, sem picos positivos ou negativos, e a trilha sonora não tem nenhum grande destaque, embora as músicas contribuam com boa parte do clima sentimental do anime. A animação é boa com alguns momentos onde há um salto de qualidade. O ritmo também é constante, embora a solução final possa parecer um pouco corrida para alguns, mesmo ela tendo sido algo que já se podia prever desde o início.

A recepção do anime em geral foi positiva, embora não tenha explodido no Japão, resultado talvez devido à exibição no bloco noitaminA da FujiTV, conhecido por passar obras mais profundas que a média, porém muitas vezes experimentais.

Talvez AnoHana não seja o melhor anime do ano, contudo com certeza é um dos melhores (o que não é muito difícil, pois esse está sendo um ano relativamente fraco). É uma história bonita, simples e inocente sobre os efeitos do tempo nas pessoas e em suas relações. Uma ótima pedida para quem gosta de histórias mais “pé no chão” que conseguem ser emocionantes sem se tornar traumáticas. Não é o “Evangelion dos Slice of Life”, entretanto não deixa de ser uma evolução para um gênero que anda saturado demais de garotas fofas, meigas e sem conflitos.

Agora é só esperar a temporada de outubro para ver qual será o próximo “melhor anime do ano”. Madoka? AnoHana? Mawaru Penguin Drum? Steins;Gate? Usagi Drop? Fate/Zero? Alguma outra coisa? Façam suas apostas em quem irá ficar com a coroa!

Título: Ano Hi Mita Hana no Namae o Bokutachi wa Mada Shiranai
Estúdio: A-1 Pictures
Gênero: Drama, Slice of Life, Tragédia
Direção: Tatsuyuki Nagai

Lista de Episódios
01- Cho Heiwa Basutazu – Super Protetores da Paz
02- Yusha Menma – Menma, a Heroína
03- Menma o Sagasou no Kai – O Grupo de Busca à Menma
04- Shiro no, Ribon no Wanpisu – O Vestido Branco com uma Fita Azul
05- Tonneru – Túnel
06- Wasurete Wasurenaide – Esquecer, Não Esquecer
07- Honto no Onegai – O Verdadeiro Desejo
08- I Wonder – Eu Imagino
09- Minna to Menma – Menma e Companhia
10- Hanabi – Fogos de Artifício
11- Ano Natsu ni Saku Hana – A Flor que Desabrochou Naquele Verão