One Piece é um mangá que dispensa apresentações, pelo menos aos fãs de animação e quadrinhos japoneses. O anime da série (descaracterizado e deformado pela 4Kids, é bom dizer) foi exibido no Brasil na tv paga pelo Cartoon Network e na aberta pelo SBT. Já o mangá foi publicado anteriormente pela Editora Conrad, em formato meio-tankoubon até a edição 70 (que equivaleria ao 35 japonês).

Os motivos do cancelamento da série pela Conrad não ficaram claros, mas é altamente improvável que uma obra que tenha chegado até o volume 70 tenha saído de circulação por baixas vendas, até mesmo porque a editora nunca teve medo de cancelar nada e inclusive boa parte dos volume em meio-tankoubon estão esgotados.

No Japão não tem pra mais ninguém, é de longe o mangá mais vendido no país do sol nascente e inclusive já bateu os recordes de venda de hits como Dragon Ball. Os novos volumes têm tiragem acima de 3.5 milhões de exemplares e chegam a vender até 2 milhões apenas na primeira semana.

O último volume que saiu no Japão (65) vendeu 1.934.961 unidades em apenas dois dias e ficou em primeiro lugar no ranking da Oricon (uma espécie de IBOPE japonês que faz rankings de quase tudo, passando de músicas até quadrinhos) na semana de 30/01 à 05/02 e manteve a primeira colocação na seguinte, vendendo mais 617.720 e acumulando um total de 2.552.721 exemplares em apenas nove dias.

Esse desempenho não é tão grande no resto do mundo, mas One Piece é um dos mangás mais vendidos da França, onde está em pé de igualdade com Naruto e vende bem nos Estados Unidos sempre aparecendo no ranking dos mangás do The New York Times quando há o lançamento de algum volume novo.

Dados Técnicos
Publicado semanalmente pela Shounen Jump desde 4 de agosto de 1997, One Piece é um mangá que mistura humor, aventura, drama, ação e muitas lutas e como dito acima, atualmente conta com 65 volumes compilados e ainda está em publicação (não se espantem com o número, a história é ótima). Também possui quatro Databooks e 4 Artbooks. O anime da série já passou dos 500 episódios e já foram produzidos 10 filmes para o cinema e alguns curtas. Há também dois OVAs anteriores à estreia do anime.

Impressões do Volume 1
A Panini fez um trabalho muito cuidadoso, sem dúvida é o projeto mais ambicioso produzido até agora pela linha de mangás da editora. Apesar da qualidade normal (não tem como fazer em qualidade luxo um mangá que pode durar mais de 100 edições) o cuidado é excepcional. A capa que era o que mais me preocupava apesar de feia no computador ao vivo está muito bacana, bonita até (ainda preferiria o original, mas…).

Não tem páginas coloridas, no original também não há (tais páginas estão apenas na revista semanal), mas os extras das orelhas foram mantidos na parte de dentro (assim como todos os outros mangás da casa). A edição de imagens está muito boa, não dá pra ser notada e as onomatopeias foram mantidas no seu original.

Os sufixos originais também foram mantidos, todos os -san, -sama, -kun, -senpai que estavam no original estão lá, não que sejam muitos, One Piece é um mangá bastante informal, então você verá poucos honoríficos na obra. O que eu mais senti falta foi o “título” do volume. Todo volume de One Piece é nomeado com o título de um capítulo: o primeiro volume é chamado de Romance Dawn (raiar/despertar do romance/aventura) e como vocês podem checar ele está presente na capa original, mas não na da Panini.

Nessa primeira edição temos 208 páginas de história e 8 capítulos (são “só” 657 atualmente, mas passa tão rápido que vocês nem vão perceber). Uma das coisas mais bacanas ao reler a história foi notar como a arte do Eiichiro Oda progrediu durante esses 14 anos de mangá, a trama foi ficando mais profunda, os cenários mais elaborados e as cenas de ação mais impactantes. Não que esse primeiro volume não tenha sido divertido, foi muito bom, mas em comparação com os atuais é só uma amostra do que One Piece viria a se tornar.

Impressões do Volume 36
Foi muito interessante ler One Piece #36 e #01 ao mesmo tempo, deu pra comparar bastante a evolução em história, traço etc. Em One Piece #36 a série está em um de seus melhores momentos, é o ápice da saga Water7/Ennies Lobby, uma das mais aclamadas pelos fãs do mangá.

Resumo dos acontecimentos anteriores (com Spoilers!)
O que aconteceu nos volumes anteriores? A misteriosa membro Nico Robin sumiu; Iceburg-san, prefeito de Water7 sofreu um atentado e os principais suspeitos são os Mugiwara (chapéu de palha em japonês, o apelido do bando); o Going Merry, barco que eles ganharam da Kaya (paixonite do Usopp) está condenado devido aos “bons tratos” que ele sofreu nestes três meses de viagem, o que ocasionou uma terrível discussão entre Luffy e Usopp que depois de uma briga física resolveu deixar o bando pra trás e cuidar do Going Merry.

Ao mesmo tempo em que o bando está desunido com o debando de Usopp e o sumiço de Robin a ilha de Water7 está prestes a sofrer a gigantesca inundação anual chamada Acqua Laguna que a cobre inteira e obriga a todos que busquem refúgio ou tomem o trem do oceano para algum lugar seguro.

O que ocorre no volume 36
Luffy não entende o motivo dos carpinteiros da Galley-La Company o estarem atacando, ao mesmo tempo Franky, o gangster da Franky Family de desmanche e roubo de navios está lá lutando com Luffy de quem roubou o tesouro que os Mugiwara “roubaram” em Skypeia, a ilha do céu. Durante a luta Luffy descobre que eles são acusados de entrarem à noite na casa do Iceburg-san (prefeito e dono da Galley-La Company) e que Nico Robin foi vista ao lado de um mascarado que atirou em Iceburg-san. Nesse volume também, finalmente somos apresentados aos membros da Cypher Pol. Number 9, espiões e policiais secretos do Governo Mundial que renderão algumas das lutas mais épicas da história do mangá.

Acabamento
Assim como dito sobre o volume 1, o mangá posui o acabamento físico padrão da editora. Todos os extras estão lá: a imagem da orelha do mangá original está na capa de dentro junto com o comentário do autor, os SBS estão presentes, assim como a imagem para colorir (sim, especialmente para vocês que detestam quem pinta mangá o Oda coloca imagens para serem coloridas de extra – xD). A capa ficou muito bonita, mas ainda sinto falta dos mapas, sempre sentirei. XD

Temos nesse volume alguns momentos especiais, muita tensão em um dos melhores arcos do mangá. A Robin finalmente começa a crescer como personagem e em breve teremos o flashback com todo o passado dela (na minha opinião é o momento mais emocionante do mangá inteiro) e a explicação do motivo dela se tornar uma procurada pelo Governo Mundial aos 8 anos de idade e ser considerada um “Demônio de Ohara”.

A arte, as sequências de ação progrediram de forma absurda do volume 1 para o 36: é difícil de comparar, os ângulos, a agilidade, a sensação de movimento que as sequências passam, é sensacional. A pior coisa nisso tudo é ter que esperar até abril para poder ler o volume 37.

Considerações Finais
One Piece foi o mangá mais aguardado dos últimos tempos pelos brasileiros, não há o que se discutir. O retorno às nossas bancas já era esperado e a Panini nos brindou com uma edição produzida com muito capricho pelo pessoal da Mythos que está dando a esse grande título toda a atenção que ele merece.

A tradutora Drik Sada, está tendo inclusive contato com o autor Eiichiro Oda para os detalhes de adaptação. A editora está pegando pesado com o título e dando a devida atenção que ele merece. Os resultados a gente já vê: volumes esgotando nas bancas virtuais e tendo que serem recolocados, a assinatura indo muitíssimo bem, muita gente reclamando que não está encontrando o mangá nas bancas… Tudo o que a gente espera de um grande sucesso. Só nos resta desejar a One Piece um belo desempenho e que navegue sem nenhuma tempestade pelas bancas em sua nova jornada.

Título: One Piece
Autor: Eiichiro Oda
Formato: 13,7 x 20, 210 páginas
Duração:  65 volumes, em andamento
Periodicidade: Mensal
Preço: R$10,90
Demográfico: Shounen
Gênero: Humor, Ação, Aventura, Batalha, Drama, Épico