Esta é uma coluna independente. O JBox não se responsabiliza pelos danos mentais causados pelas sandices aqui contidas. E se você não conseguir detectar a ironia em certos trechos do texto, digo antecipadamente: São Piadas. Não me xinguem por isso. Ou me xinguem, sei lá, quem sabe são vocês… Mas não me processem por não gostar do CLAMP (eu já quase fui linchado em praça pública por isso).

Na coluna passada eu detonei Dragon Ball de Famicom/NES, mas desta vez vamos falar de um jogo bom baseado em um mangá! Porém, antes de começar a falar sobre o game, vamos nos situar um pouco sobre a obra que citaremos aqui: Hamelin no Violin Hiki (ハーメルンのバイオリン弾き – O Violinista de Hameln [Pronuncia Hamelin]).

O Mangá
Criado por Michiaki Watanabe, a obra foi serializada na Monthly Shonen Gangan (pertencente a Enix, guarde esta info) entre 1991 e 2001, contendo um total de 37 volumes.

A premissa é de um grupo de aventureiros que viajam até a Capital do Norte (Aka Hameln) para prevenir uma catástrofe em um mundo onde a música tem poderes mágicos.

O mangá tem um tom mais leve e bem humorado que sua contraparte de acetato (falarei adiante), que possui um clima mais pesado. Infelizmente não há informações de nenhuma editora que tenha lançado o material lá fora (vulgo Estados Unidos), mas o mesmo pode ser encontrado facilmente em scanlators. Uma curiosidade é que os nomes dos personagens remetem a instrumentos musicais (Oboe, Flute, Trombone e Ocarina são exemplos).

A série ganhou uma sequência em 2008 chamada de Hamelin no Violin Hiki Shchelkunchik (pago uma tubaína pra quem conseguir pronunciar isso), publicado na Young Gangan (pertencente a Square-Enix) até 2011, totalizando mais oito volumes.

O Anime
A versão animada foi produzida pelo Studio Deen (responsável pelas versões animadas de Samurai X e D.N.A.², além de colaborações em animes da Sunrise) e apenas teve 25 episódios, sendo exibido entre outubro de 96 e Março de 97 na TV Tokyo.

Apesar do bom currículo do estúdio o anime sofreu com o baixo orçamento, que resultou numa animação mais parada. Parte da história era contada por imagens, sendo que a animação total ficava pras cenas de ação. Me parece (saindo aqui dos fatos críveis e entrando no terreno da loucura), das duas uma:

a) O orçamento pro anime foi gasto pro especial animado (que saiu meses antes da estréia da série de tv) produzido pela Nippon Animation (de Hunter X Hunter, Captain Tsubasa J e Super Pig), que possui qualidade melhor.

b) O Orçamento da série era composto basicamente de um pirocóptero, um boné com as orelhas do Pateta e uma caixa de Bis (começada) + a grana da passagem e os caras tinham que se virar como podiam.

Deixo essa com vocês nos comentários.

Curiosamente existe uma certa lenda urbana que diz que o anime foi exibido no Brasil no final dos anos 1990 através das afiliadas da Rede Record. O motivo de não ter sido transmitido pela cabeça da rede é desconhecido, mas de qualquer forma até hoje não existem “provas” de que essa exibição realmente aconteceu.

Falamos um pouco do anime e do mangá, agora vamos à parte que interessa aqui: o jogo.

 

Hamelin no Violin Hiki
Produzido pela Enix (Viu? Eu disse pra guardar o nome!) e lançado para o Super Famicom (SNES) em 1995, o game segue o mangá (o anime ainda não tinha sido feito) e é até fiel a ele, mas com as liberdades criativas que os jogos permitem, como o fato de Hamel conhecer Flute no começo da história e de ela avançar de maneira mais abrangente no jogo.

O game mistura o clássico estilo plataforma com uma pitada de quebra-cabeças e um passeio de leve no RPG. Explicanado como cada um funciona no jogo:

Nos momentos de plataforma é aquela situação básica com Hamel usando os acordes de seu violino (botão A) para emitir notas musicais que atacam o inimigo e você tem o tempo limite para chegar ao fim da seção da fase.

Nas partes de quebra cabeça entram com a Flute, que acompanha o jogador e pode ser chamada quando estiver distante. Você pode agarrá-la e arremessá-la como projétil nos inimigos (por mais dano que ela tome, não morre, tipo o Tails :p, usá-la como apoio para chegar em plataformas mais altas e jogá-la em certos blocos destrutíveis para quebrá-los. E também descobrimos que Flute é a melhor cosplayer do mundo!

Pegando gancho nos momentos bem humorados do mangá, a Enix criou uma excelente mecânica com as roupas que Flute pode adquirir ao longo da jornada, com os mais variados efeitos (desde flutuação na água ou no ar, saltos altos, entre outras variantes), que dependendo do estágio podem quebrar o galho ou a sua cara, conforme o uso. O conhecimento das habilidades das roupas é essencial para passar das fases do jogo, vai por mim.

E o lado RPG está nos itens de coração que aumentam a barra de life, a compra de itens extras para auxílio (como o de tempo extra) e o fato de poder andar no vilarejo do estágio tranquilamente e bater um papo com as pessoas, além de se curar.

Tudo isso seria bom junto, mas como vimos no artigo de Dragon Ball, boas idéias podem ser cagadas por uma execução ruim… Que NÃO É O QUE ACONTECE, pois tudo funciona muitíssimo bem, obrigado. No início você vai jogar um pouco preocupado, mas conforme avança, o uso das transformações vão se tornando mais intuitivos. Às vezes você utilizará apenas uma roupa, em outras serão três, quatro.

Os gráficos do jogo sugerem que Dragon Quest deu bastante dinheiro pra Enix, já que os cenários são vivos e bem coloridos. Os chefes também são destaque, sendo duas ou mais vezes maiores que o protagonista. Já os personagens são bem animados e expressivos, e as roupas de Flute, além das expressões dela, são hilárias.

Musicalmente tem boas composições, não é nenhuma que vá grudar na cabeça feito os temas de F-Zero ou Megaman, mas são contagiantes e dão o tom bem humorado ou de perigo que o momento precisa. E os efeitos sonoros cumprem seu papel de não irritar, e complementar a ação. Se você acha que efeitos sonoros não são importantes num jogo é porque nunca jogou Donkey Kong no Atari 7800. Meu filho, lá a Atari chamava o Mario de CARPINTEIRO!

Só pra fechar a coluna de hoje, Hamelin no Violin Hiki ficou exclusivo no Japão, mas graças a alguns americanos desocupados, podemos jogá-lo traduzido (a Rom está na Internet, procure! O que é Rom? Não fazemos a menor idéia… =p) em um confortável inglês pra entender seu roteiro.

É uma pérola perdida no tempo, mas que com certeza vale a pena cada momento. Ele só vai dificultando um pouco no percorrer da jornada, mas nada que esforço e save states não resolvam (e também não faço idéia do que são save states… XD)

Até a próxima coluna, pessoal!

Avaliação do Jbox: 90%

Pontos Fortes: Jogabilidade simples e fácil, Power Up’s criativos, Gráficos criativos, Trilha sonora cativante.

Pontos Fracos: Dificuldade