Esta é uma coluna independente. O JBox não se responsabiliza pelos danos mentais causados pelas sandices aqui contidas. E se você não conseguir detectar a ironia em certos trechos do texto, digo antecipadamente: São Piadas. Não me xinguem por isso. Ou me xinguem, sei lá, quem sabe são vocês… Mas não me processem por achar que Death Note deveria ter saído numa revista Seinen se fosse melhor desenvolvido (É verdade, e eu até teria lido se fosse seinen…).

Não sei se o artigo de hoje será polêmico ou vai gerar alguma polêmica, mas acho que na primeira coluna, vocês leram que eu não curto Evangelion. Mas enfim, acho que praticamente toda pessoa que curte anime já assistiu algum episódio do anime e pra não ser injusto totalmente com a série, aquele shoujo que a Conrad publicou aqui no Brasil (Iron Maiden 2nd) é legal sim.

Mas bem, nunca escondi de ninguém que não curto Evangelion em si, não sei se é o design dos EVA’s, ou sei lá…

O Nintendo 64 (embora menos que o Virtual Boy) foi um tremendo tiro na água da Nintendo. É claro, você pode argumentar que foi um bom console e por A+B me mostrar Super Mario 64, Mario Kart 64, Legend of Zelda: Ocarina of Time, Majora’s Mask e 007: Golden Eye. Mas se você reparar bem, são TODOS da própria Nintendo.

O fato de que a empresa usaria cartuchos ao invés dos CD’s (coqueluche da época, apesar do PC Engine/Turbografx 16 já estivesse usando eles há um bom tempo) afastou potenciais softhouses.

Squaresoft, Enix, Konami e Namco se distanciaram um pouco da Nintendo, e os principais jogos dessas empresas saíram para plataformas concorrentes (o PS1 e o Saturn em alguns casos). Logo Final Fantasy VII foi cancelado pro 64 (iria ser PS1/64, mas a limitação dos cartuchos limou as chances) e mantido somente no PS1, Dragon Warrior VII também saiu somente no PS1 (Dragon Quest só retornaria ao lar da Nintendo com o Dragon Quest IX, excluindo spin-offs), Metal Gear Solid foi pro PS1 também, assim como Castlevania ficou melhor no PS1 (além do Saturn), comparado as bombas que saiu pro 64 e Ridge Racer se consolidou no console da Sony (o N64 recebeu um próprio, portado posteriormente pro DS), além das séries de luta da Namco (Tekken e Soul Edge).

Quanto a jogos baseados em animes, acho que dá pra contar nos dedos de uma mão (ou ao menos nas duas mãos), os que o N64 recebeu. De cabeça só lembro do cancelado de Robotech (mas a ROM pode ser encontrada na internet, os desenvolvedores disponibilizaram gratuitamente) e do jogo de Evangelion (que é o tema da coluna de hoje), mas vou dar uma pesquisada rápida (*parando a criação do artigo*), e chegamos a menos de dez títulos, uns 3 de Doraemon, um de Transformers e um Super Robot Wars, com alguma outra coisa desconhecida.

Enquanto isso, o PS1 teve uma enxurrada de games baseados em animes (uns 300 só de Dragon Ball – na verdade somente 3 XD) e o Saturn só ficou atrás nesse território porque ele foi descartado em prol do Dreamcast, mas teve mais jogos que o 64, inclusive o excelente Rayearth (falaremos dos três Rayearth em um outro dia). Paremos de enrolar, porque já estamos no quarto parágrafo da matéria e eu ainda não falei quase nada do jogo que é o tema da coluna. =P

Mas bem, em 1999 o Nintendo 64 (somente no Japão) recebia Neon Genesis Evangelion, baseado no roteiro do anime, assim como no filme End of Evangelion.

O game tenta simular as batalhas da série em si, com dois modos básicos, História e Simulação. No primeiro você segue durante treze missões (as principais batalhas da série), e no segundo você tem um simulador de combate aonde com os EVA’s desbloqueados no modo história, você tem uma espécie de mini-game de tiro. E bem, aviso a quem for jogar, que paciência vai ser necessária.

Tecnicamente o game impressiona em uns pontos e deixa a peteca cair em outros. Durante as batalhas, os cenários são muito bem feitos, considerando as limitações do N64 (em jogos como Castlevania 64, Superman, Road Rash 64 e Nightmare Creatures, não é incomum ver uma névoa distante no fundo dos cenários), a fidelidade ao anime é algo que alivia. A apresentação dos menus é bem construída, também remetendo a série e os EVAs e anjos são tremendamente detalhados.

Durante os combates microvídeos (com reações do Shinji e de outros membros da Nerv) são mostrados na tela, sem parar a ação, o que demonstra o cuidado da produtora em transmitir o clima da série pro console. Já como ponto negativo, algumas cenas antes das lutas tentam misturar figuras tridimensionais (os anjos) com imagens estáticas do anime, o que dá um resultado que varia entre imbecil e vergonhoso.

Sonoramente também é muito competente, principalmente quando consideramos que o N64 e seus limitados cartuchos não permitem que as trilhas dos jogos atinjam seu pleno potencial. Os temas dos combates são bem feitos, complementando o clima dos cenários, e os dubladores emprestam (na verdade me parece que as falas foram retiradas do anime) suas vozes e você vai se irritar bastante com a do Shinji (ou não, se você for um purista). Os efeitos sonoros são igualmente bem feitos, todos fielmente reproduzidos da série.

Chegamos no calcanhar de Aquiles de Evangelion (no N64): a jogabilidade. No modo Simulação, ela funciona bem, já que basicamente tudo que devemos fazer é mirar e atirar (tendo que ser bem preciso para maior pontuação/ranking) e correr pro abraço. Já no modo história…

Mesmo na dificuldade mais baixa, o jogo vai fazer você arrancar seus cabelos, já que é necessário muita concentração (opcional), paciência, um balde de gelo e tudo mais.

Comecemos pelos EVAS que se movem na velocidade de uma placa tectônica. Sério, é muito lento. E as lutas são ao mesmo tempo esmaga botões, testes de reflexo e decoração de padrões de ataque. E ainda assim, as opções de ataque (quando comparadas a dos inimigos) são limitadíssimas. E nesse ritmo lento você vai perder muitas vezes até conseguir ganhar a primeira luta… E repetir o processo na luta seguinte, quando você já se acostumou ao primeiro inimigo e foi surrado sem piedade pelo seguinte… E na metade do jogo você vai agradecer minha sugestão do balde de gelo.

Não citei aqui o modo versus que pode ser desbloqueado via cheat, porque estou analisando o jogo “cru”, ou seja, o aspecto normal dele.

Finalizando, Neon Genesis Evangelion no Nintendo 64 é uma experiência interessante e bem feita, mas peca na jogabilidade truncada e dura. Caso queira um jogo baseado na série com melhor qualidade, procure pelo Neon Genesis Evangelion: Battle Orchestra do PS2 (se tiver pedidos suficientes, ele pode aparecer por aqui XD), que ao menos é de luta mesmo e é mais sólido. A maioria dos outros games de EVA tentam explorar diversos gêneros em vários consoles.

Na próxima coluna, trarei um jogo melhor (ou não). Até lá.

Avaliação do Jbox: 50%

Pontos fortes: Gráficos e Música fantásticos para um jogo de Nintendo 64, Fidelidade aos cenários do anime.

Pontos Fracos: A Jogabilidade truncada e ruim matou o jogo, Necessidade de Cheat Codes para jogar uma partida contra um amigo.