Esta é uma coluna independente. O Jbox não se responsabiliza por quaisquer chiliques que você possa ter durante a leitura desta matéria.  E se você não conseguir detectar a ironia em certos trechos do texto, digo antecipadamente: São Piadas. Então, favor, respeitar a santidade de minha mãezinha nos comentários. Pode xingar, mas não me matem por achar que os fãs de Kuroshitsuji chatos pra caramba (porque são mesmo, não é a toa que tenho evitado o Facebook).

Vamos começar a coluna de hoje indo mais ou menos direto ao ponto: animes existem para vender produtos. Pronto. A Toei não se importa se seu cachorro morreu; o Studio Pierrot não tem o menor interesse no fim do seu último relacionamento e o Gainax está defecando e andando pras suas notas na escola/faculdade, todas elas querem apenas arrancar uns trocados de seus bolsos com produtos baseados em suas animações.

Nenhum desses estudios está ligando para o que acontece em sua vida, e se os animes produzidos por eles te agradam, é meramente produto de uma equipe competente, e não porque eles querem te ver feliz. Esse parágrafo sobre os animes e seus produtos tem certa relação com o artigo, porque bem, o jogo é baseado num anime bobinho.

Um anime mais bobinho (ou infantil, como queira) gera certamente produtos igualmente bobinhos, como jogos profundamente rasos além de outras bugigangas, mas como o que interessa aqui são os jogos, falemos deles.

Doraemon gerou uma infinidade de games em diversos consoles (a maioria de resultados questionáveis, tanto em proposta quanto em execução), Hello Kitty idem, e poderia se esperar o mesmo de Hamtaro, porém…

Minhas experiências com jogos do Gameboy Color baseados em animes não foram lá muito animadoras. Macross 7: Into the Heart of Galaxy tem uma boa sacada no meio de um shooter MUITO genérico, Dragon Ball Z: Legendary Super Warriors é MAIS um RPG de cartas (existem desde o NES) com toneladas de diálogos e Doraemon Kart (e sua sequência Doraemon Kart 2) tem um sistema não muito amigável.

Mas a Nintendo, bem, ela encomendou à Pax Softonica (Ex Image Soft, responsável por Mother, Earthbound/Mother 2 e Pokémon Snap) um jogo baseado em Hamtaro pro Game Boy Color, que deve ter feito sucesso no Japão, pois mais um foi encomendado chegando ao Japão em 2001: Tottoko Hamtaro 2 – Hamu-chan Zu Daishuugou Dechu (とっとこハム太郎2 ハムちゃんず大集合でち) , jogo este que devido ao licenciamento do anime no ocidente foi lançado em 2002 nos EUA e em 2003 na Europa, rebatizado de Hamtaro: Ham Hams Unite!

A premissaé super simples: o Chefe está planejando algo, mas ele precisa que todos os Ham Hams estejam no Clube, e cabe a você passear pela cidade e encontrar os outros hamsters. É sério, é só isso, pode não parecer muita coisa, mas o anime não precisava de mais do que isso para alegrar nossas manhãs (se você assistiu a Hamtaro, você é sortudo, porque é bem divertido), então se a carapuça serve, a vestimos com orgulho!

Os programadores realmente sabiam como trabalhar no GBC, pois os gráficos do jogo são vistosos e bonitos, com sprites enormes representando os Ham-Hams, bem feitos e coloridos (quando lembramos de algumas produções do GBC que economizavam em cores [Oi Doraemon Kart 2, estou falando com você], isso é uma benção), e assim como no anime, eles são bem expressivos.

Há um livro com expressões prontas para se utilizar em diálogos (e em um minigame), e conforme você vai aprendendo, a expressividade dos Ham-Hams fica mais evidente. Os cenários são vastos, divididos em seções e igualmente bem coloridos, desde o clube com os quartos de cada um dos Ham Hams bem decorados ao estilo do dono, até os locais das ‘missões’.

Sonoramente ele não irrita, tem melodias bacanas e que casam com o estilo descompromissado do jogo. Já os efeitos sonoros, mesmo com a limitação (consideremos que o hardware do Game Boy é do fim dos anos 1980) melhoram a experiência. O uso deles (principalmente combinados com as expressões dos personagens) é extremamente bem feito, e é impossível não rir de situações cômicas do jogo graças aos sons utilizados. Sério, muita gente caga e anda pro departamento sonoro, mas eu digo que uma trilha ruim e efeitos péssimos podem estragar uma experiência boa.

A jogabilidade é um tanto diferente, Hamtaro (ou qualquer outro nome que você queira dar pro protagonista. Sério, você pode nomeá-lo no começo do jogo) tem que procurar os outros Ham Hams em diversos pontos da cidade. Nesses pontos, além de achar o Ham Ham, existem algumas coisas a se fazer, como procurar sementes de girassol e socializar com outros hamsters que você encontra pelo caminho.

A socialização é o PONTO CHAVE do jogo, já que Hamtaro possui um livro com algumas expressões básicas para alguns comandos como o “Hamha” que serve para iniciar diálogo, o “Tack-Q” serve pra dar uma cabeçada (trollar Ham-Hams ou acertar em árvores), “hif-hif” para cheirar coisas (e pegar sementes de girassol), além do “dig-dig” para escavar buracos e entrar em tocas. Além desses quatro comandos básicos, outros são aprendidos e necessários durante a aventura, daí o fato de ter que sempre explorar o cenário atrás de hamsters.

Chegando ao “objetivo”, geralmente é necessário cumprir alguma outra tarefa relacionada a ele (achar uma certa pedra da Bijou por exemplo), o que nem sempre é algo fácil. De fato, o jogo tem um certo grau de dificuldade que destoa do público alvo da série, mas isso é irrelevante, visto que é agradável o suficiente para maquiar a dificuldade levemente acentuada. E também, além do jogo em si, há algumas coisas extras a se desbloquearem, como roupas e músicas para o minigame de dança, o que aumenta a vida útil do título.

Finalizando, Hamtaro: Ham-Hams Unite!, é a prova de que uma equipe competente pode utilizar de um produto sem muita profundidade (não estou criticando Hamtaro, apenas dizendo que ele não é um anime muito profundo) para criar algo palpável ao seu público alvo e além dele de maneira igual para ambos os grupos. Os fãs de Hamtaro encontram um bom jogo baseado no anime, e os não fãs de encontram uma rara surpresa no gênero. Recomendo bastante!

Até a próxima, pessoal!

Avaliação do Jbox: 85%

Pontos fortes: Gráficos bonitos, Jogabilidade criativa

Pontos fracos: Exige paciência do jogador