Olá mais uma vez, leitores bizarros dessa coluna sinistra… Argh! Que péssima introdução. Mas enfim, acho que como você está lendo esse texto, parece que eu ainda não fui morto a mando de fãs de Evangelion… Ou do Clamp, ou de One Piece, ou de Death Note, ou de Kuroshitsuji que devem me odiar. Se eles me odeiam significa que estou fazendo bem meu trabalho.

Mas enfim, o tema da coluna de hoje não será um jogo baseado em anime… Tampouco um jogo que ganhou um anime, mas ainda assim ele tem muita relação com os desenhos animados japoneses, falo de Castlevania Judgment.

A série Castlevania é uma das mais queridas e antigas dos videogames, começou lá nos idos de 1987 no NES e no MSX e ao longo dos anos passou por diversos consoles, como SNES, Game Boy, X68000 (Um PC da Sharp que recebem 1 milhão de fangames de Sailor Moon), Mega Drive, PC Engine (que tem meu Castlevania favorito), Playstation (com o lendário Symphony of Night e o ótimo Castlevania Chronicles), Sega Saturn (com o Symphony of Night também), Nintendo 64 (quanto menos falarmos deles, melhor), Game Boy Advance, Playstation 2, Arcades, Nintendo DS, PSP, o Wii (que recebeu o jogo de hoje e um remake do primeiro Castlevania de Game Boy), PS3 e X360. PC e o 3DS ganharão um jogo da série cada um.

Mas, bem, em 2008 o Wii recebeu Castlevania Judgment, de acordo com IGA (Koji Igarashi, cabeça da série desde Symphony of Night) um jogo de ação em arenas 3D… Na prática é um jogo de luta. Mas, o que chamou a atenção é que o visual dos personagens seria feito não por Ayane Kojima (artista responsável pelas artes dos jogos 2D desde Symphony of Night, excetuando Dawn of Sorrow e Portrait of Ruin que tem arte e vídeo de abertura em anime), mas sim por um cara chamado Takeshi Obata… Sim, ele mesmo, o responsável por Death Note, Hikaru no Go e Bakuman. Mas, finalmente terminando a introdução, vamos ao título em si.

Galamoth (vilão de Kid Dracula, e com aparições em Symphony of Night e Aria of Sorrow) envia uma criatura chamada Time Reaper 10 mil anos no passado para destruir seu rival, Dracula e mudar a história, com resultados catastróficos. Sabendo disso, Aeon, um viajante do tempo (e primeiro adversário de todas as batalhas do modo história, não importando seu personagem), coloca guerreiros de diferentes eras para lutarem entre si, afim de descobrir qual é o mais poderoso e que combaterá Time Reaper.

O jogo tem três modos básicos de combate: o básico modo de Arcade, que consiste em um punhado de batalhas sem qualquer ligação; o prático modo história aonde cada personagem segue um roteiro definido; e o modo de Missões, aonde você encara diversos desafios. A cada vez que se zera o modo história com um personagem, um ponteiro que indica a batalha final vai girando.

Os comandos do jogo seguem de forma muito simples. E simples mesmo, não espere algo do Naipe de Street Fighter, Tatsunoko vs Capcom, ou mesmo Tekken e Soul Calibur (que são em 3D), pense mais no Power Stone (Dreamcast e PSP), e você vai ter uma idéia de como funciona Castlevania Judgment. Um botão básico de ataque, um pra defesa, um pra pulos, um pra esquiva, um para o especial e um para os itens secundários. O Controle de movimentos do Wii também é usado para alguns ataques… Caso você não queira ficar segurando o Nunchuck e o Wiimote, você pode optar pelo controle de Game Cube (que foi o que eu utilizei, de certa forma) ou o Classic Controller.

Essa simplicidade pode agradar os menos exigentes, mas pode fazer os fãs mais ardorosos de jogos de luta se afastarem do título. Um ponto interessante a favor é a conexão entre o DS e o Wii, que libera um personagem extra. Explicando melhor, conectando o Castlevania Judgment ao DS com o Castlevania: Order of Ecclesia, você libera a Shanoa para jogar no Wii e aumenta o nível máximo da personagem no jogo de DS. Mas, um ponto contra é a baixa quantidade de lutadores, o número é pequeno, equivalente ao de jogos da época do PS1, como Soul Edge e Tekken 2 (dois clássicos incontestáveis).

Visualmente é dubio. Comecemos pelo lado negativo, os cenários. Eles são variados, alguns chegam a ser decentes, como o Castelo de Drácula ou o do navio, outros são apenas normais, não são ruins, mas não se destacam, e tem outros que são completamente preguiçosos e sem graça. A CG utilizada na abertura é um espetáculo, de tão bem feita, um ponto positivo.

Já os personagens variam muito, depende do quanto você curte Death Note, e do quanto você curte Castlevania. Sim, especificamente Death Note, pois parece que Obata ligou o piloto automático na hora do design de seus personagens e a maioria deles ficou uma cópia de algum personagem do mangá. Há até um comparativo entre os personagens do jogo e suas contrapartes, mas não ficou somente nisso. Obata exagerou um pouquinho no design e a maioria deles ficou exótico, Simon e Trevor Belmont por exemplo, parecem ter saído de um clube de BDSM. E olha, eu queria estar brincando quanto a isso.

Tirando o fato do design ser estranho a quem está acostumado a arte de Castlevania ao longo do tempo, os personagens até que são bem feitos. Não são a oitava maravilha do mundo, mas para quem está acostumado a portes vagabundos de jogos do PS2 (no começo do Wii tinha isso sim) é até que razoavel. Os efeitos visuais variam entre o preguiçoso e o razoável.

A trilha do jogo segue a tradição da série Castlevania, ou seja: foda pra caramba. Sério, as trilhas da franquia nunca decepcionaram, e as releituras de temas clássicos como Bloody Tears estão fenomenais, acho que só um tema não está tão bom, porque a música original é simplesmente magnífica. A dublagem, bem… Nós temos de agradecer a Konami por colocar a opção de áudio original no jogo, porque a americana não está ruim, mas está bem cretina, do tipo que você não leva à sério. Já a Japonesa está bastante competente, com os dubladores desempenhando bem seus papéis.

Finalizando, Castlevania Judgment poderia ser muito melhor, se não fossem decisões de design, tanto de personagens quanto de cenários, mas ainda assim é uma experiência razoável, e até pode ser divertida se você fechar os olhos para os problemas do jogo.

Avaliação do JBox: 72%

Pontos Fortes: Trilha Sonora

Pontos Fracos: Simplista na jogabilidade, Design dúbio, Dublagem americana Cretina