Faça elevar o cosmo do seu coração. Todo o mal combater, despertar o poder. Você leu essas duas primeiras frases cantando no ritmo da música, não foi? Bom, pelo menos eu não usei aquela abertura da Manchete… Por mais nostálgico que possa parecer, ela é medonha e vergonhosa. Mas enfim, você já deve ter percebido pelo título e pela imagem utilizada, que falaremos de Cavaleiros do Zodiaco. Ou Saint Seiya se você for purista.

Mas enfim, no mundo dos videogames, Saint Seiya não teve muita sorte, seus dois primeiros jogos no Nintendinho eram abominações das quais todo ser humano sensato deveria manusear com luvas ou manter distância de no mínimo 100 metros dos cartuchos.

Ambos os jogos foram reunidos em um só e relançados no Wonderswan Color (aquele portátil da Bandai que vendeu umas 10 cópias) com o nome de Saint Seiya Ougon Densetsu Perfect Edition. No Playstation 2 tivemos dois games de luta, Sanctuary e Hades Chapter, dois jogos de luta desenvolvidos pela Dimps (a mesma de Street Fighter IV e Dragon Ball Z Budokai 3). O PC recebeu um jogo de digitação (sim, tem muito dessas coisas no Japão, inclusive um com a temática de House of the Dead) e o Saint Seiya Online é uma eterna promessa, prevista pra 2013 (eu acho). Já o PS3 recebeu o Saint Seiya Senki, que foi localizado aqui pro Português como “Os Cavaleiros do Zodiaco: A Saga do Santuário” e o PSP vai ganhar um jogo de Saint Seiya Ômega (se alguma empresa quiser que eu faça jabá aqui no JBox dele, é só mandar um PSP pra mim, viu? =P) no fim do ano.

Mas, lá nos anos 1990, o Gameboy, aquele portátil bacana criado por Gunpei Yokoi, ganhou um RPG maroto de Saint Seiya, que graças a internet teve sua rom traduzida, e nós podemos entender o que se passa no jogo e não agir como weeaboos que acham que leem de japonês. Mas enfim, voltando ao assunto aqui antes que eu me perca, o Game Boy ganhou Saint Seiya Paradise.

O jogo adapta o mangá quase todo, com liberdades criativas que um RPG permite, tal qual foi feito com os RPG’s de Harry Potter no GBC (2 J-RPG’s muito bons por sinal) e começa após a Guerra Galática, cobrindo os arcos dos Cavaleiros Negros, a saga dos Cavaleiros de Prata, a Batalha das 12 casas e a saga de Poseidon. Chupa Asgard! Aqui vocês não estão! E a adaptação é fiel na medida do possível para um RPG.

O jogo segue os perímetros básicos de um JRPG: viagens longas, embora não tão longas quanto um Final Fantasy ou Dragon Quest da vida, inimigos aleatórios e níveis a se alcançar. Existem as famosas magias, aqui transcritas nas técnicas dos Cavaleiros, e consumem Cosmo Points (o equivalente aos Magic Points ou Mana Points dos RPG’s). Existem itens, que estão na forma de Cards e podem ser de cura (tanto feridas quanto envenenamento), recuperação de CP, Cards específicos para passar algum trecho e Cards de golpes, que poupam Cosmo Points.

As lutas seguem o estilo de combate por turnos, você escolhe as ações do seu grupo e depois disso, o pau come… Ou quase isso. A dificuldade do jogo é mediana e crescente. Os primeiros soldados rasos não dão muito trabalho, mas até você conseguir nível suficiente para encarar inimigos mais poderosos, vai levar um tempinho. O jogo exige muita paciência, principalmente em níveis mais elevados, quando começam a pipocar soldados rasos.

Graficamente o título não faz feio em se tratando de um portátil monocromático. Os personagens são até que bem animados e uma coisa bem legal: o visual dos Cavaleiros andando nos cenários nos remete a segunda armadura, porém nos combates se torna as clássica. Os mapas são bem mais ou menos, não são ruins, mas não chamam tanto a atenção.

Sonoramente, os chiptunes utilizados não são ruins, é bem difícil errar com música em 8-bit, porém depois de um tempo, as músicas começam a ficar repetitivas e enjoadas, o que prova que elas não são maravilhosas. Os efeitos sonoros são bem basicos mesmo, nada que chame a atenção ou coisa do tipo.

Antes de finalizar meu texto vou falar sobre a influencia que Saint Seiya Paradise teve em jogos (não oficiais) posteriores de Cavaleiros do Zodiaco. Os chineses (SEMPRE ELES), usaram os Sprites* para criar um RPG para o NES – que é bem popular por aquelas bandas – e o resultado final ficou um tanto bizarro, mas não é o caso único. Poderia citar Chrono Trigger, Resident Evil, Samurai Spirits RPG e Final Fantasy VII (ISSO MESMO, SETE) são exemplos de jogos chineses do NES.

*Sprites são de certa forma, parte dos gráficos em jogos 2D, não pretendo me alongar com vastas explicações, isso é um resumo do resumo do resumo e tecnicamente pode nem estar correto. Para mais detalhes, consultem a Wikipédia. =P

Os fangames também sofreram influencia de Saint Seiya Paradise. Um deles (e talvez o primeiro), foi Saint Seiya RPG: Asgard Chapter criado por Lord_Dracon há muito tempo atrás (em 2000). Nele, foi utilizada a Engine RPG Maker 2000 (criada pela ASCII), que permite ao usuário, sem qualquer conhecimento de programação, criar seu próprio RPG tradicional. Não pretendo me alongar muito no quesito RPG Maker porque senão o texto dobra de tamanho. Mas enfim, o jogo foi feito utilizando os sprites de Saint Seiya Paradise, porém eles foram coloridos. E foram combinados com chipsets (na linguagem do RPG Maker, é como chamamos os conjuntos gráficos que formam os mapas) do próprio RM2k e alguns extraídos de Phantasy Star.

O resultado inicial ficou até bom, porém mais tarde foi melhorado em 2003 com a versão 2.0 que trazia alguns gráficos e status refeitos. Outro jogo que chegou a sair nas revistas (de games que colocam um monte de jogos sem critério nenhum) feito com base nos sprites de SS Paradise foi um tal de Batalha dos Deuses… Bem, aquilo é uma tremenda diarréia, com o perdão da expressão. Havia um outro jogo, francês ou Italiano, não me recordo, também utilizando-se de gráficos de Saint Seiya Paradise, porém ele havia sido apagado quando tentei baixar ele (isso seis anos atrás).

A-Hem… Finalizando o texto, Saint Seiya Paradise é melhor que muita bomba aclamada por aí e diverte os fãs, pena que não ganhou remake (adoraria ver um Remake no GBA por exemplo) ou coisa do tipo, pra quem aprecia RPG, um jogo meramente interessante, para fã de Cavaleiros do Zodiaco, ESSENCIAL.

Avaliação do Jbox: 85%

Pontos Fortes: Sistema de Combate simples, gráficos bons para um portátil monocromático.

Pontos Fracos: Músicas enjoativas a longo prazo; Batalhas aleatórias podem irritar; Dificuldade de orientação.