Olá, amigos do fórum… Não, não, Amigos do Fórum é o podcast do Kotaku Brasil… Enfim, Kyo por aqui, e hoje não falaremos de jogos… Mentira, é claro que falaremos, mas não necessáriamente do jogo. E acho que logo na introdução deste texto eu já estou me perdendo em divagações… Preciso de uma namorada! Condições para isso: não trabalhar em parque de diversões e morar no Rio, de preferência na Capital. Ca-ham…

Voltando ao assunto, não sei como os companheiros do JBox fazem suas resenhas (de mangás), mas, eu quando avalio um livro/HQ, tenho toda uma estruturação que explicarei a seguir:

Introdução do Texto – Falo um pouco sobre o entorno da criação/lançamento do livro/HQ em si, além de fornecer a sinopse.

Análise do Enredo/Fidelidade ao material original – Discorro brevemente sobre o enredo, e em caso de produtos baseados em jogos, sua fidelidade ao material que deu origem.

Tradução, adaptação e revisão – Se a tradução foi competente, soube adaptar bem os termos e gírias utilizados pelos escritores originais e nada fora de contexto e se a revisão conseguiu aparar os erros cometidos durante o processo de tradução.

Qualidade do Material – Afinal, não adianta o conteúdo ser bom se a capa for de um material vagabundo, ou as folhas soltarem assim que você começa a ler (A 2ª edição de CDZ da Conrad e MEU primeiro volume de Dragon Ball da Panini são bons exemplos).

Consideração final e Nota – As considerações finais, se recomendo ou não o produto em questão, e uma avaliação de 1 a 5 do material todo.

É assim que costumo escrever e não vejo razão alguma para mudar isso. Terminadas as explicações, vamos lá.

Em 1996, a CAPCOM lançou no mercado Resident Evil (Biohazard no Japão). Com muitas idéias inspiradas pelo RPG do Famicom Sweet Home, de 1989, o jogo foi aclamado por público e crítica por misturar tensão, horror e puzzles que não faziam sentido algum… Sério, isso não deixa o jogo menos divertido, mas admita que os puzzles de RE não fazem o menor sentido… Mas, enfim, em 1998, a escritora S.D. (Stephani Danelle) Perry lançou o livro Resident Evil: The Umbrella Conspiracy nos EUA e, em 2012, a editora NewPOP resolve lançá-lo no Brasil.

Mas, bem, vamos saber como ficou o trabalho da editora? (Se bem que os que me seguem no twitter já devem ter me visto falando sobre isso uma ou duas ou dez vezes :p)

O livro é a adaptação do primeiro Resident Evil, então vamos a um resumo: na então pacata Raccoon City, cidade da Pensilvânia*¹, começam a acontecer estranhos assassinatos, onde as vítimas parecem ter sido canibalizadas. Meses se passam e sem nenhuma solução aparente, as equipes Bravo e Alpha, do S.T.A.R.S., entram de vez no caso. A equipe Bravo é enviada pelo Capitão Albert Wesker para investigar os arredores da Mansão Spencer, pertencente a empresa Umbrella. Mas um acidente força a equipe Alpha a ir ao local, e descobrir que o pesadelo de Raccoon City só estava começando.

*¹ No Original, Raccoon City fica no Centro Oeste Americano.

O enredo é bem direto, embora a novelização tenha dado a oportunidade de expandir um pouco o universo do jogo, colocando um pouco mais da personalidade em cada membro do STARS, explorar as motivações de cada membro e até mesmo mostra o lado profissional de Albert Wesker (antes dele se revelar um canalha de marca maior. O que foi? O jogo foi lançado HÁ DEZESSEIS ANOS! Não me venha reclamar de spoilers!). Como adaptação, a autora se saiu fantástica, transcrevendo de maneira espetacular os eventos do jogo. Há algumas liberdades criativas, como a alteração da localização de Raccoon City.

A tradução é bastante competente, com termos traduzidos e notas de rodapé para explicar algumas coisas que poderiam passar batido aos mais desatentos. A adaptação segue mais ou menos o mesmo ritmo, mas repentinamente chegamos num “Zorra” utilizado numa frase… Que tipo, soou muito anti-natural… Não era censura, mas ainda assim soou artificial.

O problema é a revisão. Sim amigos, a revisão do livro é, na falta de palavras e sendo insensível, péssima! Encontrei diversos erros de concordância, digitação e português no livro. Uma ou outra é tolerante, mas quando se encontra mais de cinco em uma obra de cerca de 200 páginas, é porque há algum problema. Diabos, até erraram o nome do protagonista em uma das falas (Chamaram Chris de Cris), e há erro até em nota de rodapé. Para uma editora que quer se colocar entre as maiores do país no ramo dos mangás (e tendo publicado um épico como Dororo), erros assim são INACEITÁVEIS. Aliás, erros de português são recorrentes em alguns trabalhos da casa, quem aí comprou o K-On! da NewPOP deve ter reparado em um ‘descente’ em um dos balões (1º volume).

O material é de boa qualidade e acabamento, então a respeito disso, não tenho muito a dizer. O livro se encontra no mesmo formato do original americano (Pocket Book) e as páginas com certeza não correm o risco de sair voando se cair no chão. :p

Finalizando, é uma indecisão dizer se recomendo ou não Resident Evil: A Conspiração da Umbrella. O grande problema (além da revisão) é que existem outros seis livros de Resident Evil da mesma autora (baseados em 0, 2, 3, e Code Verônica, além de dois livros originais, se passando entre RE 1 e 2, e RE 2 e 3) e todos sabemos como a NewPOP é com a publicação de seus título.

Volume único
Autor: S. D. Perry
Formato: 12,7 x 17,8 cm, 192 páginas
Preço: 19,90
Avaliação: 3/5