Bem, adventures não são lá um gênero tão popular entre os gamers da geração Playstation, ou entre os ocidentais mesmo, pelo menos não hoje em dia.

No fim dos anos 1980 e primeira metade dos anos 1990 eles foram bastante populares entre os usuários de PC. Avançando ao longo desta década com excelentes títulos, podemos citar aqui a série Monkey Island (da LucasArts), a Leisure Suit Larry (da Sierra), entre outros adventures isolados, como Maniac’s Mansion (e sua sequência A Day of Tentacle), o polêmico Phantasmagoria e poderia me perder aqui entre títulos bacanas do período.

Nos anos 2000, a Capcom, como quem não quer nada, lançou no Japão para o Game Boy Advance, a visual novel Gyakuten Saiban, que com seu humor peculiar e seus personagens carismáticos, fez sucesso e garantiu duas sequências, ambas também para o Game Boy Advance, lançados em 2002 e 2004, respectivamente.

Com o “novo” (na época) portátil da Nintendo, o DS, a Capcom resolveu relançar o primeiro Gyakuten Saiban, agora com suporte a tela de toque. E para não ficar num puro porte com função Touch Screen (olá, Rayman DS, você NEM ISSO tem!), a empresa criou um novo caso especificamente para o relançamento, intitulado Yomigaeru Gyakuten (Rise from The Ashes no ocidente), que aliás, tornou-se o subtítulo do game.

E por incrível que pareça, o jogo foi lançado pela primeira vez no ocidente, batizado de Phoenix Wright: Ace Attorney. Os outros dois episódios de Gyakuten Saiban foram relançados para o DS e também saíram no ocidente, porém, sem extras (casos novos). Em 2007, chega ao mercado japonês, o primeiro Gyakuten Saiban inédito de DS, que também saiu no ocidente com o nome de Apollo Justice: Ace Attorney, e é ele o tema da coluna de hoje.

O enredo de Apollo Justice: Ace Attorney se passa sete anos após PW: Trials and Tributations (Gyakuten Saiban 3). Você encarna o advogado de defesa novato Apollo Justice, que em seu primeiro caso, tem que defender um famoso ex-advogado de uma acusação de assassinato. Após isso, Apollo e Trucy Wright (filha adotiva de Phoenix Wright) tem que desvendar casos de assassinatos peculiares e fazer das tripas coração para provar a inocência de seus clientes.

Por si só o roteiro é auto suficiente e bem bacana, mas ele falha em fazer algumas conexões com a trilogia de Phoenix, e ignora muitas pontas que a série havia deixado: por onde diabos andam Maya e Pearl? E Iris? Edgeworth e Godot também fizeram falta pelo final do terceiro jogo, além de Franziska, mas acho que esta estava fazendo alguma ponta em Castlevania. Não que eu como jogador esteja reclamando desses furos, estou reclamando como fã da franquia.

A jogabilidade segue os mesmos moldes dos jogos anteriores. Um caso é dado e dividido em duas etapas diferentes (exceto o primeiro), a investigação, na qual você deve vasculhar os locais atrás de pistas (mesmo uma coisa inútil pode ser uma pista valiosíssima), conversar com as pessoas e conseguir informações. Tudo funciona na base da tela de toque, mas se você for um velho reumático feito eu, pode usar os botões e o direcional que também funcionam. Já na etapa do tribunal (os julgamentos), você deverá provar a inocência de seus clientes, confrontando o advogado de acusação e cruzando os depoimentos das testemunhas com as informações que você obteve. Vou explicar melhor como isso funciona:

As testemunhas dão um depoimento e você, com base nas evidências que coletou na fase de investigação deverá encontrar os furos e começar seu “contra-ataque” por aí. Você pode pressionar a testemunha para obter mais alguma informação ou apresentar alguma prova de que aquela testemunha está mentindo. Mas lembre-se que e você apresentar a prova errada (ou apresentar a certa no trecho errado do depoimento), cometerá um erro e sua barra de vida será diminuída, caso chegue a zero, fim de jogo e seu cliente será considerado culpado.

O jogo apresenta algumas novidades e algumas coisas antigas que retornam: o Luminol e o Pó de Digitais retornam do caso “Rise From Ashes” (Yomigaeru Gyakuten) e novas maneiras de se obter provas forenses são ensinadas pela detetive Ema Skye (que achei bem bonitinha nessa encarnação mal humorada). Esses métodos forenses são explicados pela própria detetive, então não me aterei a isso, mas explicarei um pouco sobre o Perceive System, que ajuda a detectar algumas mentiras nos depoimentos.

Em certos depoimentos, o Bracelete de Apollo (um presente de sua mãe) brilhará e ao tocar este ícone no depoimento, você poderá perceber se a testemunha mente, ao observar alguns hábitos dela, como coçar a nuca, mas você tem que ser preciso (ou cretino e consultar um Walkthrough XP) e aí pegar a pessoa na mentira!

O jogo carrega o mesmo estilo gráfico de seus antecessores, mas se dá alguns luxos de ter vídeos em alguns trechos e efeitos bacanosos, como no Mason System. De resto são cenários estáticos, personagens com algumas poses, humor visual e as características básicas da franquia.

Sonoramente é muito competente, com boas melodias em cada ponto. Eu escolhi como minha favorita, a Guilty Love, tema do Klavier Gavin, de resto, apenas ruídos da época do Game Boy Advance, e as tradicionais vozes de Objection! Hold It! e Take That!, mas isso não é necessariamente ruim.

Finalizando, Apollo Justice: Ace Attorney é um ótimo adventure para a biblioteca do DS e um bom passatempo. Não é o melhor da série (ainda acho o Trials and Tributations bem mais legal), mas dá pro gasto. Um dos poucos defeitos, é o fator replay nulo, mas sempre é bom rejogar, então fica pra cada um decidir sobre isso.

Avaliação do Jbox: 93%

Pontos Fortes: Carisma do Jogo, Trilha sonora
Pontos Fracos: Furos de continuidade, pouco uso dos recursos originais, fator replay semi-nulo.