Quando pensamos em listar grandes sucessos dos animes dos anos 90, é impossível deixar a versão animada de Sailor Moon de fora.

Apesar da exagerada quantidade de fillers (episódios criados com o único propósito de esticar a série de TV para dar tempo da história do mangá se desenrolar), animação com mudanças intensas de qualidade (alguns episódios eram lindos, enquanto outros davam medo de tão malfeitos) e distorções severas da história original (sabiam que a Hotaru é um ciborgue?), Bishoujo Senshi Sailor Moon atingiu a marca de 200 episódios produzidos e se eternizou no coração e lembrança de milhões de pessoas ao redor do mundo.

Passados 17 anos após o término da saga de Usagi (Serena na versão brasileira do anime), a Toei Animation lançou via streaming – em todo planeta – Sailor Moon Crystal. A expectativa para essa nova série era imensa, pois a premissa de seguir fielmente a história criada por Naoko Takeuchi abria na mente dos conhecedores da obra a experiência de assistir uma produção totalmente nova, sem invencionices modernas desnecessárias para “atualizar” as personagens.

O Act 1 da nova série é praticamente uma cópia do primeiro capítulo do mangá recém lançado pela editora JBC. Assistir ao novo anime é praticamente ver o mangá em movimento. Há evidentemente uma ou outra modificação necessária já que a história do mangá é muito rápida. Foram anunciados 26 episódios de periodicidade quinzenal. Fazer um resumo da história é algo que julgo desnecessário, pois repete o mesmo enredo do primeiro episódio da série clássica, com um diferencial que pode deixar descontente os fãs mais antigos: o humor está muito menos escrachado.

Dosando alta dose de humor, com romance, aventura e ação; a série clássica cumpriu seu papel satisfatoriamente. Então o que esse novo anime tem de tão intenso que mereça uma resenha e tanta atenção?

Acredito que, assim como eu, muitas pessoas esperavam que a Toei fosse pisar na bola. A empresa infelizmente coleciona uma série de tropeços com a qualidade de suas animações e, mesmo com os belos trailers liberados antes da estreia, a desconfiança pairava no ar. Quem ainda não conferiu, pode ficar aliviado: não tem nada que faça você se queixar da animação como um todo.

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A abertura é cheia daqueles clichês que amamos e quando chega mais ou menos na metade, adquire um ritmo com cenas de ação que seguramente é o ingrediente que faz com que muitos marmanjos de cueca vejam Sailor Moon sem (tanto) preconceito. Uma pena que as músicas tema de abertura e encerramento sejam um tanto genéricas… De forma geral, de uns anos pra cá, nenhum tema de abertura tem sido marcante, como um Cha-la Head Cha-la, Hohoemi no Bakudan, We Are ou Moonlight Densetsu. Da mesma forma que regravaram Pegasus Fantasy para Saint Seiya Ômega, podiam ter feito uma regravação do tema clássico para Sailor Moon.

Analisando o aspecto técnico, a série está com uma animação muito bonita, administrando muito bem o uso de recursos de computação gráfica. O traço dos personagens pode causar um certo estranhamento a quem está unicamente acostumado ao do anime antigo, mas está com um aspecto mais similar ao do mangá.

A arte me faz lembrar um estilo bem particular da Toei que destoa um bocado do “padrão” da casa. Lembra do filme de Digimon (lançado por aqui em DVD e exibido na Globo quando ela ainda valorizava animes :P)? Chegou a assistir um anime chamado Nadja (que passou no Cartoon Network e Boomerang e teve uns episódios lançados em DVD pela PlayArte)?

Pois a nova série de Sailor Moon tem um padrão visual que lembra estes animes. Longe de ser uma solução ruim! Só é diferente e pode não ser apreciado por todos – que vão achar as meninas um tanto “esguias” demais.

A trilha sonora do anime está bem interessante, mas não há como fazer uma avaliação competente deste item assistindo só a um episódio da série. O momento “chave” do capítulo não decepciona os fãs antigos: a transformação tem todo aquele “balé” de brilho e cor que a a série antiga apresentava!

Disseram que a Toei faria o “cabelo da Sailor Moon se mexer” mas não vi nada de mais nas longas madeixas loiras da heroína. Provavelmente algum fã mais hardcore do mangá vai falar que “tiraram a máscara” (tipo uns óculos) que Sailor Moon tem assim que se transforma, mas sinceramente estre apetrecho (que a Sailor V usa antes de se integrar ao grupo) não faz muita falta na minha opinião =x.

A essência de Sailor Moon foi preservada e esse respeito à obra da autora e aos milhões de fãs tornam essa série um dos mais felizes projetos da Toei dos últimos tempos. Espero que abra precedentes para que outras obras ganhem um “remake” digno.

Confira a abertura logo abaixo e se estiver afim de ver o episódio completo, com legendas em português, você pode fazê-lo via Crunchyroll BR ou até mesmo no canal oficial japa, Nico Nico Douga – que criou uma página oficial em português!