Um shoujo. Esta é uma das grandes apostas da Panini para o primeiro semestre de 2015. Sim, um shoujo! A demografia que, teoricamente, abrange apenas ao público feminino jovem, recebeu apoio de uma campanha enorme no segundo semestre do ano passado, para que mangás do gênero viessem com maior visibilidade, quantidade e qualidade ao nosso país. As editoras começaram a anunciar de maneira até mesmo inquietante mangás do gênero em 2015, em prol de agradar os fãs e, com certeza, a grande jogada foi AohaRaido.

A obra com certeza é um dos shoujos de maior sucesso no Japão e no mundo. A história de Io Sakisaka não aparenta ser muito diferente daquelas já conhecidas do gênero. Paixões escolares e clichês básicos de adolescentes em sua fase colegial são grandes marcas do gênero, tanto que este acaba sendo conhecida principalmente por isso. Mas o que faz AohaRaido ser tão popular? Talvez os personagens carismáticos e semelhantes ao adolescente real? Talvez o ritmo um pouco mais rápido? Clichês bem trabalhados? Pode ser muito bem a união de tudo isso e coisas a mais.

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Logo de começo, nos é apresentada uma paixão de infância protagonizada por Kou Tanaka e Futaba Yoshioka, ambos, nesta parte da obra, no ensino ginasial (equivalente ao Fundamental II atual). Futaba, uma garota tímida e sem muitos amigos. Kou, garoto bem quieto e de aspecto fraco. A garota, mesmo não gostando muito dos meninos, vê uma diferença no modo de agir de Kou e acaba apaixonando-se por ele. Como a história é pelo ponto de vista de Futaba, não sabemos até aí se ele correspondia os sentimentos da garota, o que é revelado ainda no primeiro volume.

Em certo momento, os dois acabam marcando de se encontrar, mas, depois de alguns problemas que ocorrem, o rapaz não é mais visto pela garota por alguns anos, até que ela o reencontra no colegial (atual Ensino Médio), com personalidade, aspecto físico e até mesmo o sobrenome diferente.

Como já supracitado, o mangá fala sobre a vida adolescente, focando o romance escolar. O primeiro volume já dá sinais de um drama futuro para a história, devido à mudança de comportamento de Kou, principalmente, mas não só isso. Também há outros personagens que aparecem em algumas páginas, causando curiosidade; os questionamento sobre a importância de algumas amizades; a relação de Kou com seu irmão mais velho. Tudo prediz uma história que pode prender o leitor e fazê-lo se emocionar.

Os personagens são muito bem desenhados. A autora capricha bastante nos traços de seus heróis, tudo em um cenário escolar simples, mas que combina bastante com tudo que está rolando na história. As expressões são muito bem trabalhadas, trazendo sempre uma boa representação das mais diversas situações. Podemos ver expressões cômicas e até as de sofrimento bem caracterizadas.

Um mangá muito bom e que promete muitas emoções para os leitores. Este é AohaRaido. Bastante recomendado para os fãs do gênero, que já devem quase que com certeza o conhecer e, posso dizer, que é ainda mais recomendado para os que têm preconceito com shoujo, já que pode trazer uma nova experiência de leitura.

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A Primavera de Nossas Vidas

AohaRaido – A Primavera de Nossas Vidas é o título completo com o qual o mangá chegou no Brasil pela Panini. Seu anúncio foi no evento Ressaca Friends, no fim do ano passado e o lançamento ocorreu no último mês de março, com um pequeno atraso por causa de um problema de distribuição. A edição está em formato 13,7 x 20 cm, possuindo 184 páginas no já tradicional papel pisa brite, ao preço de R$12,90. A publicação será bimestral e de distribuição nacional.

Uma edição simples e caprichada. Além da capa principal ser bem bonita, ainda há a outra capa com arte diferente da principal, proposta que a Panini pretende adotar nos seus seguintes mangás. Em Gigantomachia e Sankarea, por exemplo, essa proposta de capa diferenciada já pôde ser vista. Nas capas internas, também há outro agrado para os fãs. Na primeira capa, temos a fala da autora acompanhada de uma arte florida com cores bem bonitas. Na outra interna, uma arte em tom esverdeado do personagem Kou Mabuchi .

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A revisão está ótima. A tradução, como é de uso comum da Panini, mantém o uso dos honoríficos japoneses, com explicações no glossário ao final da edição. A quadrinização está correta também. Um detalhe interessante são pequenos textos da autora espalhados pelas páginas no qual ela fala sobre como é o trabalho com o desenvolvimento dos personagens e até mesmo coisas mais triviais, como o fato dela gostar de dormir com um lençol de algodão velho e que descobriu que há vários outros assim como ela, aproximando assim leitor-autora.

O mangá vem acompanhado de um marcador realmente belo. Um lado em uma bonita aquarela e o outro com os protagonistas da obra. Uma novidade também é que ele já traz em sua lombada o novo design da marca Planet Manga, disposto sozinho, não acompanhado da marca Panini Comics. Essa medida será adotada de agora em diante nas publicações da editora, menos em mangás que já possuíam a logo e spin-offs de títulos que também já a carreguem.

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AohaRaido finalizou sua publicação na revista Bessatsu Margaret em fevereiro de 2015. O mangá já tem doze volumes encadernados, porém finalizará com treze, este ainda está para sair no Japão.

Conclusão

AohaRaido traz consigo todo o peso de uma campanha e precisa fazer sucesso para provar que esta deu realmente certo. O marketing imposto em seu lançamento no nosso país foi atípico da Panini, mostrando que há uma grande aposta no mangá. Seu sucesso mundial é justificado dentro da própria história e espera-se que esse também chegue aqui, florindo um pouco esse começo de outono com uma bela primavera.

História: 4,0/5,0

Edição Nacional: 4,5/5,0