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Já estão disponíveis na Netflix há alguns dias os dois últimos filmes que completam a trilogia cinematográfica de Samurai X (Rurouni Kenshin), baseada no mangá homônimo de Nobuhiro Watsuki (publicado no Brasil pela JBC).

Você pode assistir agora mesmo aos filmes Samurai X – O Inferno de Kyoto e Samurai X – O Fim de uma Lenda, com áudio original em japonês e legendas em português. Apenas o filme O Inferno de Kyoto possui áudio dublado em português, em versão feita pelo estúdio Lexx. Neste detalhe, aqueles que optaram por assistir ao primeiro filme dublado (intitulado apenas como Samurai X, disponível na plataforma desde dezembro de 2013), encontrarão com uma discrepância no elenco de vozes, já que a versão do segundo filme leva mais em conta os atores que conhecemos da versão animada. Em resumo, Kenshin no primeiro filme tem a voz de Yuri Chesman e no segundo tem a interpretação clássica de Tatá Guarnieri (que convenhamos, vale mais pela nostalgia, já que pouco combina com o ator japonês que encarnou o personagem).

Todos os filmes possuem distribuição nacional da Focus Filmes, que lançou o primeiro longa em DVD e Blu-ray ano passado. Na ocasião, houve preocupação de realizar duas versões brasileiras (ambas disponíveis no disco), uma com elenco “inédito” e outra com parte das vozes originais conhecidas do anime. Apenas a primeira foi parar na Netflix e, aparentemente, não foi mantida para a continuação.

O rumo incerto da Focus

Conhecida pelos fãs de produções japonesas a partir da segunda metade dos anos 1990, quando lançou em VHS títulos como Fatal Fury e os filmes d’Os Cavaleiros do Zodíaco, a Focus Filmes/Flashstar/Five Star (os três selos são da mesma empresa) hoje pertence ao grupo Europa Filmes e tem arriscado de forma cada vez mais tímida o seu investimento no nicho.

Nesse naufrágio lento de motivação, vimos vários títulos caindo na desistência. Entre eles, a clássica série tokusatsu Black Kamen Rider e o filme A Princesa e o Piloto (adiado para Deus sabe quando). A própria série animada de Samurai X estava nos planos para lançamento em home-video (saiba mais aqui), mas a depender do cenário que enxergamos e do sumiço total de Fullmetal Alchemist (nenhuma loja está vendendo o box corrigido com a série completa em DVD), talvez nem valha a pena medirmos esforços por uma espera.

A Focus enfrenta um mercado bem decadente no Brasil. O home-video ainda não encontrou seu rumo e não conseguiu emplacar o blu-ray no país. De quem é a culpa? Os serviços de streaming seguem se popularizando e ganhando força, tornando-se uma alternativa legalizada eficiente para quem procura assistir filmes na hora que bem entender. Em menor escala de contrapartida, sempre existirá o fã que quer ter o que gosta em mídia física guardada pra sempre na prateleira. Mas esse fã não quer qualquer coisa. Não basta jogar o filme em um disco de DVD/blu-ray em um estojo padrão e lançar no mercado. O fã quer pagar praticamente por uma “obra de arte” que dê gosto de guardar. Um produto que se preocupe com acabamento visual, externo, interno, virtual… Com extras atrativos e mimos que nenhuma versão on-demand ou pirata possua. Um item exclusivo, algo que seja realmente item de colecionador.

O mercado de home-video no Brasil envelheceu e infelizmente martela em estratégias defasadas. Agora as distribuidoras independentes descobriram que podem vender seus filmes para Netflix e afins para sair do vermelho e pouco a pouco se distanciam da mídia física. Ano passado tivemos só o maior evento de cultura pop da América Latina acontecendo em São Paulo, um pavilhão por onde saíam centenas de pessoas abarrotadas de sacolas e vendedores com sorrisos de orelha a orelha com seus estoques zerados. O fã existe por aqui, ele quer ter um produto legal e as distribuidoras independentes precisam saber como dialogar com eles para ontem.

E afinal, como fica o lançamento em DVD/Blu-ray?

O 2º filme, O Inferno de Kyoto, pode ser encontrado em pré-venda em lojas nanicas, como a Scorpion Home Video. Aparentemente, o lançamento deve ocorrer em maio.

Sobre O Fim de Uma Lenda, nada se sabe. Entramos em contato com a Focus nos últimos dias, mas não obtivemos retorno. A julgar pela ausência da dublagem na Netflix, as expectativas são mínimas. Ah, se sair, só deve ser em DVD mesmo. Uma pena…