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Digimon com certeza é um dos animes mais queridos da infância de muitas pessoas mundo afora. O eterno “rival” de Pokémon completa 15 anos ganhando uma continuação direta da série Adventure, a primeira da franquia. Mas por que essa nova série especial? Seria apenas um afago de nostalgia da Toei ou realmente vale a pena assistir essa continuação tão esperada? Tentarei colocar aqui o meu ponto sobre esses questionamentos.

Antes de falar do enredo, prefiro começar pelas questões técnicas de Digimon tri. É de grande conhecimento para o público fã de animes que o estúdio Toei Animation tem grande renome, principalmente por séries de sucesso no mundo todo como Dragon Ball, Sailor Moon, Cavaleiros do Zodíaco e, claro, Digimon. O anime de monstrinhos, no entanto, é uma obra original do estúdio juntamente com a Bandai, aumentando o grande carinho com a série.

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Isso pode ser confirmado com o lançamento desse novo “filme”. De cara é possível observar claramente que há todo um cuidado com o acabamento dos cenários, personagens e digimons e com a animação. Sim, com a animação! Não vou dizer que a animação está ótima ou muito boa porque não, não está, mas é perceptível sim um tratamento mais carinhoso que outros trabalhos atuais da Toei.

Ainda sobre questões de imagem, é importantíssimo falar do desenho dos personagens feito por Atsuya Uki. Pessoalmente, sempre achei seu estilo de personagens muito bonito. Tanto em Cencoroll quanto em Tsuritama, isso fica bem claro à primeira vista. Seu estilo está muito bem colocado em Digimon; sua arte tem um teor de simplicidade. Não há nada exagerado, sem falar que dá um destaque fora do moe tão popular atualmente nas animações japonesas. Apesar de ser uma bela arte, ela não agradou muito alguns fãs da série, já que esses alegam que o estilo original foi deixado totalmente de lado. Eu tenho realmente que negar. Apesar de ser algo realmente novo, dá pra sentir muito bem os personagens ali. Nem mesmo o estilo diferenciado de roupas se perdeu, mas sim ganhou um tom mais atual e próximo da nova juventude.

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O importante disso é pensar que a volta de Digimon não é apenas pela nostalgia. Também é necessário agradar o novo público. Não são todos que tiveram uma infância com Digimon. Em 15 anos toda uma nova geração é criada e essa geração também merece ter uma aproximação com a série (os blu-rays com o anime original não foram lançados à toa).

A trilha sonora é um ponto necessário de tocar e por mim eu só resumiria nisso: maravilhosa como sempre foi. Brave Heart nunca vai deixar de tocar o coração dos fãs e ter a mesma música presente nas cenas de digievolução foi com certeza marcante. Sobre os dubladores, tivemos o retorno, ao menos para os digimons, do elenco original japonês. Isso, entretanto, não conta muito para boa parte do público mais antigo no Ocidente, que cresceu com a versão em seu idioma.

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Sobre o enredo, Digimon tri provou ter uma trama promissora e cercada de mistérios. Pensava-se bastante que essa continuação seria apenas nostalgia jogada na cara dos fãs. Não deixou de ser isso também, mas há uma proposta interessante.

Passaram-se seis anos desde a última vez que os digiescolhidos tiveram contato com o Digimundo. Reconhecemos aqueles personagens antigos de uma maneira totalmente nova. Suas personalidades mudaram, suas responsabilidades também, a amizade não é mais a mesma coisa. Enfim, eles não são mais as crianças que eram, mas sim jovens prontos para entrar na vida adulta e, com isso, com a necessidade de pensar em seus futuros.

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Todo esse foco nos personagens dá para Digimon tri. um aspecto um pouco de slice of life, mas não coloco isso como um ponto negativo, pelo contrário, é extremamente importante esse desenvolvimento dos personagens para o decorrer da obra e, claro, encaixa com o contexto de ação da história.

Falando em ação, é claro que houveram lutas entre os monstrinhos digitais — uma bem boa, outra não tanto. Agumon e os outros aparecem para seus escolhidos depois de Odaiba estar sob ameaça de Kuwagamon, que também foi o primeiro inimigo deles na série de TV original. Porém o monstro está mais forte do que antes, o que é logo notado pelo grupo ao enfrentá-lo. Para deixar tudo ainda mais misterioso, uma estranha organização que sabe sobre os Digimon, o Digimundo e até mesmo sobre os digiescolhidos surge para ajudá-los, fazendo com que vários questionamentos sejam colocados sobre a mesa.

Ao decorrer dos capítulos do filme, o tom de mistério fica cada vez maior. A descoberta de uma grande ameaça torna tudo muito confuso para digiescolhidos e digimons. Os novos personagens também são aridamente explicados, deixando as coisas bem vagas aparentemente de forma proposital.

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Considerações finais

Digimon Adventure tri. tem tudo para ser um ótimo retorno. Como já citado, o mistério deixou tudo muito envolvente e com vontade de assistir mais. A mudança na personalidade dos digiescolhidos também dá um belo pano de fundo. Tai não é mais aquele moleque que não mede as consequências de seus atos, Matt já não é mais tão fechado, ao contrário de Joe, que se mostra frio e com o pensamento distante dos digimons. Os monstros digitais se mostram novamente uma ameaça para o mundo real e dessa vez ainda mais fortes, uma organização surge sabendo dos motivos dessa força. Tudo isso mostra que “tri” veio com potencial e também não deixando de ser recheado pela grande nostalgia que é ver aqueles digimons que estiveram presentes por uma fase de nossas vidas.

Nota: 4/5

Digimon Adventure tri: Reunião está disponível de forma episódica na Crunchyroll. O próximo filme está previsto para sair na temporada de inverno (janeiro a abril).