O Kyoto Animation tem puxado há alguns tempos o reconhecimento pela beleza em seus trabalhos, em detalhes que não estamos tão acostumados a ver em uma série para TV. É a beleza que se vê estampada em Violet Evergarden, que já encantava a muitos pelos seus trailers, que mostram riqueza em movimentos simples, um quase exagero de quadros quando se observa por exemplo os cabelos dos personagens ao vento. Mas não é só de estética que vive essa obra.
Violet Evergarden nasceu dentro da mesma casa que produz sua animação, na forma de light novel – capítulos ilustrados que saíram originalmente na revista KA Esuma Bunko e ao fim foram compilados em dois livros. Isso foi entre 2015 e 2016, mas antes o título já recebia prêmio como melhor história do formato no Kyoto Animation Awards, uma espécie de pré-seleção do estúdio, já pensando em sua produção animada. As características clássicas de romance estão lá, na descoberta do amor dos personagens junto ao leitor.
No primeiro episódio somos apresentados à Violet, uma garota que viveu até então como uma verdadeira máquina do exército, que usou suas habilidades para a guerra trazendo a ela um grande preço: seus braços acabaram inutilizados, sendo necessário substituí-los por próteses mecânicas – nesse ponto específico a história lembra muito a do nosso conhecido Fullmetal Alchemist, em um cenário europeu antigo, com suas características de época, mas tecnologia avançada quando se trata de repor membros perdidos (mas a coincidência se resume a isso). De cama, 120 dias hospitalizada após o ocorrido, ela recebe a visita do tenente-coronel Hodgins, que diz ter ordens do major Gilbert, o superior de Violet na guerra e seu único elo na vida, para levá-la consigo. Gilbert, aliás, ficou gravemente ferido no conflito e sua condição atual ou mesmo se está vivo, são questões deixadas em aberto. Após convencê-la, Hodgins a apresenta à família Evergarden, que passará a adotá-la e em seguida lhe dá funções em um novo emprego no serviço postal.
É nesse último ambiente que as coisas passam a mudar para a garota. Sem nenhuma estrutura familiar ou demonstração clara de afeto em sua vida, Violet não entende bem as questões sentimentais das relações humanas. Ao lidar com as histórias reais das correspondências, um “clique” a fará aos poucos encontrar um novo sentido para seguir em frente. É esse o ponto de partida do pano de fundo do anime: o conhecimento dos sentimentos e o que te faz verdadeiramente um ser humano. Veremos se Violet Evergarden conseguirá se sustentar ao longo dos próximos capítulos no drama de sua busca, mas à primeira vista, a produção dirigida por Taichi Ishidate (Kyoukai no Kanata) já estende a beleza da animação – que por diversas vezes espalha alguns segundos de contemplação – a algo às vezes deixado de lado em tantos animes: as relações reais. É possível termos um ambiente “fantástico” preservando a identificação de um desenho com nosso próprio coração. O “hype” é real!
Um adendo àqueles que são entusiastas da dublagem brasileira: Violet Evergarden chegou com versão brasileira, tornando-se o primeiro anime com episódios semanais a chegar por aqui logo após a estreia oficial no Japão com dublagem em português. O trabalho foi realizado em Campinas, o que ainda divide muitas opiniões por aí (saiba mais nessa matéria do blog Mais de Oito Mil), mas ao menos nesse 1º episódio se mostrou bastante competente. Destaque para Raíssa Bueno (Urara em Yamada e as 7 Bruxas) como a personagem título, mantendo-se muito bem nas expressões de pouca emoção que ela exige.
Nota: 5/5
Onde assistir?
Violet Evergarden tem episódio novo toda quinta-feira, através da plataforma de streaming Netflix, com opção de idioma original e legendas em português e também dublagem em português.
A dublagem está tão boa que fiquei em dúvidas se tinha sido feita em Campinas, tomei como base as vozes que eu desconhecia (o que é bom, ouvir vozes novas além das de sempre, né). Mas sabendo que foi feita em Campinas e está tão boa assim me deixa feliz, nem quis ver como está em japonês!
Aliás, que passo, anime dublado simultâneo ao Japão, que época para se estar vivo! kkkkkk
Voltaram a realizar matérias escritas! Esplêndido!
Sobre as críticas ao anime, eu concordo. Este primeiro episódio foi muito promissor. Mas terei uma opinião mais desenvolvida com o desenrolar da série.
A dublagem de Campinas divide opiniões, e sinceramente não achei excelente, mas ficou bem acima de outros trabalhos da Dubbing Company como BLAME! e o estupro auditivo chamado Fate/Apocrypha. No entanto, o fato de terem um leque de vozes inferior em números aos de São Paulo ou do Rio fez com que algumas escalações ficassem estranhas. Ouvir um personagem com a voz do Takehito Koyasu, trocar o áudio para o português e ouvi-lo com uma voz leve como a do Tiaggo Guimarães não é a melhor das sensações. Não tive como não lembrar do Jabu de Unicórnio. A própria Raíssa Bueno apesar de atuar muito bem, também tem um tom um pouco jovem demais para a protagonista, já que a personagem não é uma adolescente em seus 13 ou 14 anos, mas uma mulher adulta jovem.
Curioso que o Tiaggo dubla atualmente nas duas cidades, Campinas e São Paulo. Outros dubladores de São Paulo também estavam fazendo isso até algum tempo atrás, quando a capital do estado resolveu ser linha dura e o embate entre os dois polos realmente começou.