E aí que, hoje (20/09), a discografia da Namie Amuro foi disponibilizada internacionalmente através do Spotify. Para quem acompanha o nichado mundo da música pop japonesa, essa é uma notícia e tanto, visto Namie, até então, ser uma das poucas cantoras de grande porte (ou enorme porte, no caso dela) da gravadora Avex a não ter tido seu material divulgado mundo afora via plataformas de streaming anos atrás. Por falta de vontade dela mesmo, que, diferente de boa parte dos artistas de grandes gravadoras que vemos por aí, detém os direitos de seu trabalho e pode decidir fazer o que quer com ele.

Possivelmente o maior nome da indústria fonográfica nipônica das últimas décadas, ela começou sua carreira em 1992, com apenas 14 anos. Como vocalista do Super Monkey’s, chamou atenção da já citada Avex, assinando contrato em 1995 para sua longeva carreira solo. Seu estilo e experimentações na música e estética visual foram um marco na indústria, onde durante um bom tempo ficou marcada com o álbum mais vendido do Japão com seu segundo LP, Sweet 19 Blues (1996). Seu último trabalho, a coletânea de singles Finally, lançada em “comemoração” à sua aposentadoria como cantora, foi o álbum mais vendido por lá nos 2 últimos anos, com mais de 1,7 milhão de cópias em 2017 e quase 700 mil em 2018.

Com um pouco mais de 1 ano passado de sua aposentadoria e em seu aniversário de 42 anos (mas carinha de 22), e provavelmente sem mais nada a perder, enfim seu catálogo pode ser conferido (quase) na íntegra dentro do serviço de streaming mais acessível da atualidade. Partindo disso, decidi montar uma pequena lista com o que de melhor há para conferir dela. É claro que é uma seleção puramente pessoal, refletindo meu favoritismo por determinados pontos em sua discografia, mas para quem ainda não conhece nada da Namie e quiser um ponto de partida, ficam aqui as dicas.

Em ordem de preferência:

PAST<FUTURE (2009)

PAST<FUTURE é uma das maiores pérolas da música pop internacional da década passada. Provavelmente, um dos… 5 (?) CDs japoneses favoritos desse que vos escreve. A ideia por trás dele, à época, era que a Namie esquecesse seu passado e reiniciasse sua carreira com uma sonoridade ligeiramente diferente do R&B/Urban que vinha entregando nos álbuns anteriores. “O passado nunca será melhor que o futuro”, ou algo do tipo. E como isso foi executado? Numa tracklist embasbacante, que começa com piscadelas ao que era feito de música muito tempo atrás (“Fast Car”, “Copy That”) e vai adquirindo signos sonoros do que viria a ser um futuro idealizado em histórias Sci-Fi. “First Timer” é de uma esquizofrenia encantadora, “Wild”, “Love Game”, “Bad Habit” e “Love Game” parecem tema de algum filme cyberpunk, “Dr.” e “Defend Love” cairiam como uma luva numa cena de batalha de mechas.

_GENIC (2015)

Seu último álbum de inéditas propriamente dito é recheado de gracejos pop que tanto conversam com a cena japonesa dançante em instrumentais eletrônicos mais pesados e distorcidos (“Stranger”, “Time Has Come”, “B Who I Want 2 B”), como estariam em casa nos charts da Billboard norte-americana à época (“Fashionista”, “Golden Touch”, “Birthday”, “Photogenic”). Entretenimento chiclete do início ao fim, sem medo de soar genérico.

PLAY (2007)

Lembram quando, nos anos 2000, vários artistas trabalhavam com produtores como Timbaland e Pharrell Williams em números que mesclavam pop, hip hop, R&B, dance eletrônico e as percussões ficavam em bastante evidência? Pois bem, PLAY é a “versão Namie Amuro” disso. “Hide&Seek”, “Full Moon”, “Can’t Sleep, Can’t Eat, I’m Sick”, “Step With It“, “Top Secret”. É para ouvir, dançar, sensualizar e tudo mais.

CHECKMATE!

Essa aqui é uma compilação de colaborações da Namie com outros artistas, trabalhada à época como uma era, que rendeu singles próprios, clipes e todas os tramites de divulgação que costumam rolar. Infelizmente, a tracklist não está completa, mas vale a ouvida por “Wonder Woman”, faixa onde ela divide as linhas com AI e Anna Tsuchiya, e “make it happen”, colaboração estranhíssima com o grupo AFTERSCHOOL.

FINALLY (2017)

Gostou do que ouviu até aqui? Então se profunde ainda mais com o Finally, trabalho de encerramento dela com singles de seus vários anos de carreira. Como já disse no início do texto, foi o álbum mais vendido do Japão nos anos de 2017 e 2018. Das canções que fazem parte de sua tracklist e não aparecem nos CDs listados acima, sugiro atenção especial para “Mint”, “What a Feeling”, “Do It For Love”, “Want Me, Want Me” e “In Two”.