A Panini deu o que falar nos últimos dias, nas redes sociais. A editora, pouco acostumada a oferecer ao seu consumidor a possibilidade de adquirir determinados mangás (lê-se: obras populares com bom índice de vendas) após alguns meses do lançamento de suas edições, surpreendeu a todos ao anunciar que faria a reimpressão de volumes esgotados de alguns títulos de seu catálogo.

Monster Kanzenban, Naruto Gold, One-Punch Man, The Legend of Zelda e JoJo’s Bizarre Adventure, mais recentemente, ganharam uma nova remessa de números que outrora estavam indisponíveis para compra. No entanto, o que prometia ser uma boa notícia para os leitores  – e, talvez, a sinalização do que doravante pode ser uma nova postura da gigante italiana do ponto de vista comercial –, acabou gerando ainda mais desgaste na relação com o público consumidor.

Imagem: Divulgação/Panini

A polêmica envolve o conhecido mangá de Sui Ishida, Tokyo Ghoul. Publicado no Brasil entre 2015 e 2017, o título chegava na época no formato padrão da editora: 13,7 x 20 cm, cerca de 200 páginas em papel pisa brite 52g (o famoso “papel jornal”), custando de R$ 12,90 – do número 7# ao 14#, o último da série original, os encadernados custam R$ 13,90.

Semanas atrás, a Panini anunciou, então, que reimprimiria a obra mantendo o formato anterior, mas dessa vez com um novo papel: o offset, aquele mais branquinho e de qualidade superior ao pisa brite no que diz respeito à durabilidade do material. É possível que a troca tenha em vista uma provável dificuldade de se encontrar o papel jornal, o que já ocorreu num passado recente.

Entretanto pouco importa quais foram as motivações que levaram a editora a utilizar outro tipo de papel. Importante mesmo é que, além de vender um produto com uma qualidade um pouquinho superior, por conta da referida alteração e das correções condicionadas pela Economia, a reimpressão de Tokyo Ghoul veio custando praticamente o dobro do seu preço de origem – salgados R$ 24,90.

Se começamos o mês surpresos pela ação comercial da editora, algo pouco comum, repito, levando em conta a sua trajetória no Brasil, passamos os últimos dias vendo algo corriqueiro: a Panini não cumprindo o combinado com seus consumidores, enviando volumes da edição antiga, em papel jornal, invés da nova impressão em offset.

O primeiro caso veio a público na última terça-feira (20). Um leitor comprou, no site da editora, as reimpressões de One-Punch Man e de Tokyo Ghoul. Dentre os três volumes que adquiriu deste último, o 3º era da remessa de 2015.

Não demorou muito para outros leitores relatarem o mesmo problema, todos envolvendo o mesmo título. Este acabou sendo “duplamente premiado” e recebeu dois números em papel jornal (dessa vez os volumes 2 e 4). Nas respostas ao tweet é possível encontrar diversos outros leitores que passaram pelo ocorrido.

 

Sobre o primeiro caso, a editora respondeu através do perfil Assine Panini:

 

No Facebook, outro leitor questionou sobre o problema através de um comentário, tendo como resposta a informação de que “o estoque dos dois lotes acabaram se juntando” e, por isso, acabaram encaminhando as versões antigas para alguns clientes. A editora ainda disse que os lotes foram, enfim, separados e que o transtorno não deve voltar a ocorrer. Em nota publicada hoje (23), a editora pediu desculpas aos que foram afetados pelos envios incorretos e informou que todos os volumes serão trocados. Para isso, basta que seja feito o contato com o SAC.

“O estoque dos dois lotes acabaram se juntando e acabou sendo encaminhado as versões antigas para alguns clientes, já realizamos a separação e estamos atendendo todos os que nos retornarem relatando o problema, pois contratempos podem ocorrer, mas estaremos sempre a disposição de todos para resolver. Abraços!” [Diz a resposta]

 

Durante a semana, o JBox tentou contato com a Panini para tentar entender o ocorrido, mas acabamos sem resposta. Felizmente, a empresa se pronunciou, como dito acima, e tratou de apaziguar os ânimos.

Chama a atenção, no entanto, o fato de ainda haver no estoque da editora volumes “esgotados” da 1ª impressão de Tokyo Ghoul. Não haverá outros e de outras séries, assim como, no ano passado, a empresa encontrou edições dadas como indisponíveis num estoque que nem ela mesmo lembrava da existência? Dificilmente saberemos disso.

Além do mais, o que fará a editora com esse outro “lote”? Fingirá que não existe e continuará comercializando somente os encadernados com papel offset? Ou colocará no mercado sob o antigo preço de capa, já que é o mesmo produto lançado há 5 anos atrás? Em qualquer uma das hipóteses, o que ficará de saldo na relação da Panini com o seu leitor após mais este episódio é apenas o mau e velho sentimento de desconfiança. Que ao menos sirva de lição.