Você já se perguntou o por quê de Jaspion ser a série tokusatsu mais aclamada no Brasil? O que seria da cultura pop sem o Tarzan Galáctico? E se outra série Metal Hero tivesse vindo primeiro, faria o mesmo sucesso? Pois bem. O clássico de 1985 é um fenômeno e ninguém pode negar. Quando o sr. Toshihiko Egashira trouxe a série junto com Changeman e tentou vender para as emissoras de TV, os executivos torceram o nariz para aquele produto que, para eles, parecia ser um “National Kid” ou um “Ultraman”. Ledo engano. Eles estavam diante de um produto com um enorme potencial e que seria cultuado por décadas.
A princípio, Jaspion era uma série japonesa diferente de tudo o que tínhamos visto até então. Pra se ter uma ideia, a década de 1980 foi um período de evolução do tokusatsu e a Toei estava em ascensão – e quase tinha hegemonia na TV japonesa, se tratando do gênero. A década anterior teve várias séries tokusatsu passando aos mesmo tempo na TV, enquanto o cinema kaiju estava em declínio. A Toei havia passado por duas crises criativas, sendo que a última foi salva por Gavan em 1982.
E pensar que no distante ano de 1991, aqui no Brasil, vimos o primeiro Policial do Espaço como uma “imitação de Jaspion”, bem como Sharivan e Shaider, que estrearam no ano anterior pelas emissoras Bandeirantes e Gazeta, respectivamente. Por causa da barreira que impedia um fácil acesso a essas informações (não tínhamos internet), eles acabaram sendo um mais do mesmo. Talvez esse fosse o destino de Jaspion, caso algum de seus antecessores tivesse chegado primeiro em “terras brasilis“. O destino sorriu para o herói de todos nós e o tempo ensinou a gente a entender melhor a história e a importância dos heróis metálicos, antes e depois de Jaspion.
Sendo então o primeiro herói japonês oitentista a passar por aqui, o conjunto da obra foi vital para o sucesso. O misto de ação e comédia, elementos do cristianismo e várias referências de clássicos do cinema chamaram atenção dos brasileiros. Tudo isso era muito novo para quem, por exemplo, acompanhava reprises de Ultraman, Ultra Seven, Robô Gigante, Spectreman, etc. Ou mesmo para quem estava acostumado a ver clássicos da ficção científica na TV, como Perdidos no Espaço e Jornada nas Estrelas.
Interessante também é que, por mais que episódios fossem reprisados exaustivamente a cada final de lote, vimos Jaspion crescer como personagem. Aquele sujeito engraçado mudou de visual por algumas vezes (cortou o cabelo, usou chapinha e cortou o cabelo de novo), dando lugar a um guerreiro mais ávido para combater a tropa liderada por Satan Goss. Essa estratégia estranha da Manchete para segurar o final acabou dando certo, por incrível que pareça, pois a criançada queria ver mesmo Jaspion derrotando os vassalos do Império dos Monstros um a um até chegar a vez do Satanás da Via Lactéa.
E quem diria que uma série japonesa fosse capaz de criar um circo show, arrastando uma multidão pelo Brasil afora para ver o Jaspion de pertinho, dando uns sopapos nos monstrengos e salvando o dia, não é mesmo? É a força de Jaspion no Brasil!
O auge do sucesso foi diminuindo e Jaspion teve uma sobrevida nas tardes da Record e depois nas manhãs da CNT/Gazeta. Aqueles tempos dourados ficaram na lembrança do público, que acompanhou a ascensão e queda da saudosa Manchete. O herói voltou ao Brasil em 2009 em home-video pela Focus Filmes, depois passou pela Sato Company, que conseguiu um espaço para Jaspion e também Changeman e Jiraiya ainda neste ano de 2020 na Band. Independentemente de ter sido ou não um tapa-buraco, Jaspion fez sucesso, rendeu boa audiência e elevou o nome da emissora do Morumbi nas redes sociais – precisamente nas manhãs de domingo. 23 semanas foram suficientes para mostrar o potencial de uma boa série tokusatsu, das antigas, em pleno 2020.
E se Gavan tivesse sido exibido antes no Brasil? Jaspion faria o mesmo sucesso? Acredito que o Policial do Espaço teria a mesma importância que Jaspion tem para nós, também por ser uma série diferente do que tínhamos visto e a temática espacial seria o chamariz. O mesmo poderia acontecer com Sharivan ou Shaider. Aliás, Gavan fez sucesso na França, junto com Bioman, e foi rebatizado como X-Or (leia: “ik-zor”). Jaspion passou por lá, mas foi um fiasco e nunca chegou ao fim. Shaider fez história nas Filipinas a ponto de ganhar uma continuação não-oficial chamada Zaido: Pulis Pangkalawakan (2007).
E se nenhuma série fosse exibida por aqui? E se Toshi não tivesse a iniciativa de investir em séries tokusatsu? Talvez nem estivéssemos papeando sobre o assunto por aqui. Talvez eu tivesse uma vida “normal”, assim como a maioria. Quem sabe o sucesso de Os Cavaleiros do Zodíaco e o consequente boom dos animês não acontecessem, pois a Manchete se tornou a referência que é hoje (mesmo após 21 anos de sua extinção) por causa de Jaspion. Dizer que nenhuma outra emissora brasileira teve tanta importância quanto a Manchete nos anos 1980 e 1990, no que se refere às séries japonesas, não é exagero e nem muito menos coisa de “viúva saudosista”. É fato. Aconteceu, virou manchete (com trocadilho).
Se a cultura pop japonesa é bem difundida no Brasil, devemos gratidão ao tripé formado por Manchete, Toshi e Jaspion. Tudo isso não teria o mesmo efeito se Toshi não tivesse apostado e acreditado no potencial dos heróis japoneses, que já faziam sucesso na sua antiga locadora no bairro da Liberdade, a Golden Fox. Até hoje, Jaspion é lembrado e reverenciado no Brasil, como duas pesquisas feitas por emissoras de TV do Japão já atestaram. Não que Godzilla e Ultraman não sejam importantes, mas o Tarzan Galáctico tem história e iniciou um filão que marcou toda uma geração, como jamais houve e haverá novamente. Sem dúvida, ele é o maior difusor desse multiverso que tanto gostamos neste país.
E se o personagem não fosse tão especial, não teríamos o lançamento de O Regresso de Jaspion, mangá nacional que está sendo publicado pela Editora JBC a partir desta sexta (30). Eu já li o material e recomendo. A dupla Fábio Yabu (roteirista) e Michel Borges (ilustrador) tiveram a árdua missão de resgatar a essência da série e adaptá-la para os nossos dias. O mangá já era sucesso desde o início da pré-venda, sendo a publicação mais vendida nas primeiras doze horas. As homenagens ao herói e outros que marcaram a “Geração Manchete” ainda será lembrada daqui a trinta e poucos anos. Pode apostar.
Jaspion é pop!
Leia nossa matéria especial sobre Jaspion na J-Pédia, a enciclopédia do site JBox.
O texto presente nesta coluna é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.
O problema de séries como Jaspion e Changeman hoje é que de tão “marcantes” que foram, cegaram simplesmente uma parcela considerável do público de nostalgia, criando essa aberração que é o fã saudosista que vai morrer reassistindo apenas o que a Manchete exibiu em seus curtos 16 anos de existência.
Entre os fãs de animes, por mais que exista quem só goste de CDZ, DBZ, ou dos animes exibidos na Manchete ou no SBT nos anos 90, a parcela que acompanha e torna popular novas séries é numerosa o bastante para manter o interesse por esse tipo de produção em geral vivo, de forma que até sites que nem são 100% especializados em animes sabem mais ou menos que animes atuais são os mais em alta e geram engajamento entre o público. Afinal, quando foi a última vez que um Jovem Nerd ou Omelete comentaram sobre o mais recente Kamen Rider, Ultraman ou Super Sentai??
Pois é, mas na real, não tem NADA de especial no Jaspion como o rapaz diz no texto. Jaspion fez sucesso junto com Changeman e Flashman por ter estreado na tv no mesmo momento. Foi “coincidencia”, só isso. Quem gosta até hoje, gosta unicamente pelo sentimento de nostalgia (como eu).
E sobre oq vc disse, por mais q se tente ver novos tokusatsus, são todos horríveis e terrivelmente infantis (como tem q ser mesmo). Se por um lado temos um black condor morrendo com uma facada em Jetman, temos fantoches falando com o publico em Fiveman. Enfim, as pessoas só gostam dos tokus antigos pq foram marcantes na infância. É mto complicado ser um marmanjo de 40 anos e assistir séries feitas para crianças de 4. Diferente de animes ou novelas, como vc exemplificou. São outro tipo de mídia. Tokus tem um público BEM específico, não dá para continuar acompanhando muito como adulto, e olha q eu vi muitos.
Mas como disse, Jaspion não fez sucesso por tds essas supostas ‘qualidades’, apenas fez sucesso pq estava na tv e foi uma opção naquele momento onde as crianças estavam dispostas a ver, tanto que séries que passaram antes ou depois, até melhores, não tiveram o mesmo êxito.
Gostei do post….O fato é que fui da Geração Manchete e assisti estas séries diversas vezes,porém segui em frente, e graças a web e afins pude ter acesso a séries mais novas,hábito que mantenho até hoje como forma de distração,uma vez que não gosto de redes sociais….Off.:Tanto que pude assistir os Heisei Riders (Kuuga a Zi_O) e Heiwa Riders (Zero One e Saber),fora os Ultras e Sentais de tais períodos….percebi ao longo do tempo que vários sentais,riders e ultras não tem o mesmo impacto de um KR Black, de um Jetman e afins porque a sociedade naquela época era uma coisa e a sociedade de uns tempos pra cá é outra, ou como chamam de sociedade Nutella….Off.:Jaspion e cia fizeram sucesso atualmente, não apenas por causa do saudosismo,mas também como forma de escapismo desse stress causado pela pandemia,o povo quer algo que dê esperanças em relação ao futuro…..Off.:Falta divulgação de séries mais novas,quando foi que algum site fez matéria sobre Kiramagers,Saber ou Ultras mais recente aqui no Brasil? Só tenho lido sobre tais séries em sites estrangeiros…..
Pois é, novamente entra a questão de que alguns sites de cultura pop não conhecem tokusatsu fora do q passou aqui. Vide Jovem Nerd qdo se propôs a falar de tokusatsu em um nerdcast e eles se quer sabiam que ainda eram exibidos até hoje. O grande prob do toku atual, como disse antes, é a “infantilidade excessiva” nas séries atuais. Não que esteja errado, mas é uma coisa que antes não tinha (anos 80 e um pouco de 90) justamente por ser outra época. As crianças podiam lidar com temas mais pesados como mortes, nas séries atuais não é mais assim. O q antes era infantil, mas podia ser consumido por todas as idades se tornou totalmente e exclusivamente infantil.. é basicamente isso.
Quer ver outro exemplo? Antigamente tínhamos brinquedos que pareciam armas das séries, hoje em dia nas séries as armas parecem brinquedos. É bem perceptível isso. Então ficamos “presos” pelo saudosismo e nostalgia de séries antigas ao mesmo tempo que a mudança de época nos afasta das mais atuais. Abraços!
Uma coisa que aprendi a duras penas é que não se pode ficar preso ao saudosismo, se não a gente não amadurece ou evolui, percebi isso quando perdi um pet, depois de adulto,sofri,mas graças ao amor de meus familiares,das lembranças passadas e afins ,pude amadurecer e ficar forte para o que enfrentei mais tarde: a morte de meus pais….ou seja,a vida foi uma professora…..Off.:Me ensinaram que os heróis e afins são um reflexo da sociedade vigente, no final dos anos 30 era o patriotismo,a 2ª Guerra Mundial, anos 80,a Guerra Fria com “brucutus” como Rambo,John McClane,Esquadrão Classe A e cia no ocidente, e ao mesmo tempo,Metal Heros e sentais buscavam espaço fora do Japão…..Off.:Isso que você citou eu venho acompanhando há anos, basta ver Lupirangers Vs Patrangers,Kiramagers e afins…..Off.: Dava gosto ver as pistolas Daytrick/Trigger M-2 do Winspector,hoje isso seria impossível dada ao politicamente hipócrita que tomou de assalto o mundo, só ver as armas do Zero-One,Kiramagers,estão bem coloridas e menos “realististicas” ….Off.: No quesito mortes, o Zero One pegou leve em relação a morte da Izu, do Jin porque se não teria mimimi,da mesma forma que Zi-O, com as mortes do Geiz e Tsukuyomi (apesar que o Sougo resetou aquela linha do tempo),diferente das mortes do casal Sahara em Rx, do Nobuhiko em Black, do Scion em Jaspion e outros….
Interessante uma parte disso que você falou, sobre “ser difícil para marmanjos de 40 anos assistirem séries para crianças de 4”, porque apesar de o que você disse fazer sentido, sobre um certo ponto de vista, o que dizer então sobre a maioria dos animes mais populares, que são produções dirigidas para um público com idade entre 9 e 17 anos, e muita gente na casa dos 20 e poucos, e até quem já está beirando os 30 (como eu) ainda consegue gostar e aproveitar? E sobre todos os tokusatsus hoje serem “horríveis” e terrivelmente infantis… sinceramente, existem ainda séries recentes como Ultraman Z, Kamen Rider Build e Lupinranger X Patranger que ainda são aclamadas e recomendadas por muito marmanjo de 30 ou 40 que seguiu acompanhando o meio mesmo depois do “holocausto” do antigo canal dos herois japoneses e que se fossem bem trabalhados e divulgados por aqui em algum momento, quem sabe poderiam até conquistar nem que seja algum novo público, que nem Ryukendo quando teve uma oportunidade na RedeTV, que nem era essas coisas, mas ainda é bem lembrado hoje com nostalgia por fãs MENOS velhos.
O que para mim também esse seu comentário acaba entregando, é como as tentativas de empresas como a Sato Company hoje em dia de trabalhar com tokusatsu por aqui são equivocadas, pois ao invés de pegarem séries novas, e fazerem elas emplacarem entre a molequada, que ia querer brinquedos dos personagens da série, cadernos, álbum de figurinhas, ir a “circo shows” e acompanhar canais no youtube sobre o tema, mira sempre os mesmos marmanjos que não superaram o fim da Manchete, e que ainda acham que tokusatsu só presta se for feito que nem a 30 anos atrás.
Perfeito! Concordo totalmente em tudo!
Mas o saudosismo, nesse caso, não é necessariamente uma amarra. Você pode ver Jaspion, gostar, se sentir com 5 cinco anos novamente, mas não querer acompanhar as novas séries, pelos motivos que já citei ou simplesmente porque não curte mesmo, foi só esse programa que te “fisgou” no passado. Acontece bastante também. Então temos os que gostam do gênero que continuam vendo apesar do que as séries se tornaram e os que preferem ficar só na nostalgia com alguma obra, como Jaspion, que aparece bastante preenchendo esse requisito.
Abs!.
Desculpe, eu exagerei mesmo, claro que tem alguns tokus que se sobressaem, mas se pegarmos os Sentais, que são sempre o chamariz principal, não tem como evitar esse olhar pesado sobre a “infantilização exagerada”, que novamente, não está errada na obra.
Anime ainda é diferente, por mais que “shonens” sejam direcionados à crianças e jovens, eles ainda conseguem abordar temas diferenciados, lutas impactantes, acontecimentos mais profundos, etc. Eles não são necessariamente infantilizados, por mais que tenham momentos ‘bobinhos’. Creio que por cada série vir da mão de um autor diferente e terem a intenção de se contar um história (saindo antes como mangá, a maioria). Isso tudo torna o anime diferente de um toku que é feito unicamente para vender brinquedo, entende? É por aí…
Desculpe se dei spoiler do Zi-O e Zero One, mas não resisti, em comparar as mortes marcantes em vários seriados que assisti ao longo do tempo, fora a Morte e Ressurreição do jiban, o Flash King sendo detonado pelo Za-Sconder,a Morte e Ressurreição do Blue Beetle em BF Fighter, e outras hoje seriam motivos pra mimimi…..Off.: Quando era mais novo não podia assistir séries japonesas e afins porque tinha familiares que implicavam e diziam que eram coisas de criança, na época eu tinha 12 a 13 anos, porém minha um dia me disse:”(…) você está na sua casa,você assiste o que quer (..)”,meu pai nem se metia e por vezes ele e minha mãe assistiam junto….eles diziam pra essas pessoas chatas que eu tinha que ter uma diversão,depois vieram os animes,games e afins…..
Perfeito amigo! =D
O irônico nessa geração atual, alguns gostam de jogar coisa tipo “barra pesada” como MK e afins, não podem ver um filme s, seriado antigos que já partem pro mimimi, ou seja são os “Filhos de Fudêncio”….kkkkk
Sobre o “excesso” de nostalgia, no fandom de Chaves também ocorre isso e ninguém reclama. Por várias vezes tentaram emplacar outros materiais do Bolaños mas a maioria se comporta como se as únicas obras dele fossem Chaves e Chapolin.
Esse é um fenômeno mundial, não só com toku e CH, nem só no Brasil, foi um assunto citado inclusive em uma matéria da saudosa revista herói snme pelo Alexandre Nagado. Tem muita gente lá fora que também prefere os tokus dos anos 80 e início dos 90, nos games, nos esportes, nas novelas, no imperialismo cultural norte americano(filmes e séries) também tem muito isso, sempre aconteceu e sempre vai acontecer.
Realmente hoje vivemos outros tempos. Além da infantilização dos tokus(especialmente sentai), muitas coisas na época seriam inaceitáveis hoje, há muita problematização e patrulha do politicamente correto e cultura do cancelamento, é algo sem volta para o bem e para o mal, ao menos a curto e médio prazo. Hoje jamais admitiriam algo como(puxando para outro fandom) a Videl ser espancada praquele bombadão na saga do Majin Boo. A Rey do Star Wars por exemplo foi uma heroína tratada com extremo cuidado para evitar qualquer contratempo.
Morte do Sion foi o episódio mais triste dos tokus exibidos na Manchete.
MK tem mimimi sim, lembro que quando lançaram MK 10 problematizaram o Cage e a Sonya poderem dar fatality na filha e vice versa