Na semana passada, a editora NewPOP realizou um evento para divulgar suas novidades para o ano de 2021. A NewPOPWEEK, como foi chamada, trouxe consigo a considerável marca de 21 novos títulos revelados pela editora. Mais do que a grande quantidade, o que chamou a atenção foi a boa leva de obras de expressão dentre os anúncios.
Recapitulando, os anúncios foram:
- Links, de Natsuki Kizu;
- Força, Nakamura (Ganbare, Nakamura-kun), de Syundei;
- Outsider Communication, de Natsume Tsuno;
- Hidamari Starlight, de Ichi Ichikawa;
- Osanajimi Joushi ni Fall in Love, de Tammy Hakoishi;
- Ai Ga Aru Kara Osu: Porque o Amor Existe!, de Susu Kato;
- Friendship Lover, de You Ohira;
- Junko & Ai, Together for 7 Years, de Yoko Fujitani;
- Sunao na Hinekurebana, de Mahito Aobe;
- A Divina Comédia, de Go Nagai (adaptação do clássico de Dante Alighieri);
- Mazinger Z, de Go Nagai;
- Kamen Rider, de Shotaro Ishinomori;
- Black Kamen Rider, de Shotaro Ishinomori;
- Shuumatsu no Valkyrie, de Takumi Fukui e Shinya Umemura (roteiro), arte de Ajichika;
- Saint Onii-san: Jovens Sagrados, de Hikaru Nakamura;
- Uma Vida Imortal (Fuumetsu no Anata e), de Yoshitoki Oima;
- Me Apaixonei Pela Vilã (I’m in Love with the Villainess), de Inori;
- Fireworks: Luzes Vistas de Lado, de Shunji Iwai;
- Rei de Lata, de Jefferson Ferreira;
- Lebre & Coelho, de Alec;
- Saint Seiya: Episódio G, de Megumu Okada e Masami Kurumada.
Poderíamos dividir os 21 títulos em grupos, ajudando a identificar o que imaginamos ser o propósito da NewPOP com cada publicação. Por exemplo, os 9 primeiros, todos revelados no dia 25 (o Bl Day, segundo a própria editora), são direcionados a um público que vem se tornando cada vez mais cativo da empresa: leitores de boys’ love.
Dentre eles, destacaria Links, da autora do já consolidado Given, e Força, Nakamura! – os mais conhecidos e provavelmente com maior potencial de vendas.
Numa outra perspectiva estão os “clássicos“: os dois mangás de Go Nagai e os Kamen Rider, de Shotaro Ishinomori (mangaká de importância ímpar e ainda inédito no Brasil, que terá também um mangá de sua autoria publicado pela Pipoca e Nanquim).
Trata-se de obras de outra ordem, dedicadas a um público para o qual a NewPOP sempre acenou com lançamentos esparsos, como os volumes de Osamu Tezuka. As 4 novidades dos dois “sucessores” de Tezuka são um passo a mais nessa direção, agora mais bem definida e norteada por um selo: o Shogum.
Aliás, os títulos de boys’ love também fazem quase todos parte de um selo, o Pride. Esse movimento é importante para a comunicação entre leitor e empresa, pois formaliza, entre as duas partes, o que até então era apenas uma espécie de “palavra de honra” (de que a editora continuaria a publicar bl). A criação de um selo serve, portanto, para firmar um compromisso.
Outros dois títulos chamam a atenção: os nacionais Rei de Lata e Lebre e Coelho. Os mangás de Jefferson Ferreira e Alec contam com um apelo enorme nas redes sociais. Foram, por muito, os anúncios que mais repercutiram na cobertura feita pelo JBox e por colegas como o Chuva de Nanquim no Twitter.
Esse respaldo do público no pós-anúncio pode ser considerado um marco no que diz respeito à recepção do leitor de mangás para com os trabalhos de “mangakás brasileiros”. É a primeira vez que títulos nacionais “roubam a cena”, sobretudo no meio de gigantes como Go Nagai e Shotaro Ishinomori.
A Débora, da NewPOP, chegou a comentar durante a live a sua surpresa diante da boa recepção dos que assistiam e comentavam o assunto nas mídias. Sinal de que temos hoje um leitor mais maduro e menos preconceituoso? Quero acreditar nisso.
Aliás, diria que esse princípio de sucesso das duas obras, que ainda não têm previsão de lançamento, é mérito da editora e também de outras empresas, como a JBC. A criação do Start! e do JBCStudios foram um passo importante para preparar esse terreno. A editora da Vila Mariana é a que há mais tempo tem demonstrado interesse nas produções nacionais, vide a iniciativa Brazil Manga Awards, de 2017, por exemplo.
Quero entretanto destacar que a NewPOP, a partir de sua própria experiência no mercado e, provavelmente, levando em conta também os exemplos vizinhos, soube trabalhar para que tais anúncios fizessem barulho — coisa que não vimos em outros momentos.
O primeiro aspecto a se considerar é o próprio fato de terem escolhido dois títulos com uma popularidade e aceitação prévia bem grande. Muita gente já conhecia os mangás. Além disso, a editora de Junior Fonseca soube aproveitar o momento em que havia reunido a atenção de boa parte do público consumidor de quadrinhos japoneses.
Outro fator a se considerar é a maneira como a NewPOP vem obtendo êxito em criar uma identidade. A editora está, a cada ano, moldando a si mesma a partir daquilo que o seu público espera. Também por isso a boa repercussão dos anúncios.
Foram, na maioria, coisas “com a cara da NewPOP”, o que pode ser substituído por “que o seu consumidor esperava.” Portanto a editora também tem os seus méritos no caso da recepção aos nacionais, porque vem tentando convencer o seu leitor de que a nacionalidade pouco importa. Ela lança mangás, manhwas, webtoons e, agora, quadrinhos brasileiros (torçamos para que dessa vez não seja um momento pontual, como em outras oportunidades).
Saint Onii-san e Shuumatsu no Valkyrie foram duas gratas surpresas. O primeiro pouca gente imaginava ver no Brasil, já que se trata de algo um pouco “diferente” do que estamos acostumado a ver aqui e o hype gerado pelo animê não foi aproveitado para facilitar sua divulgação, lá em 2013.
Aquele talvez fosse o momento mais propício para trazer a comédia de Hikaru Nakamura, mas a NewPOP resolveu arriscar agora. Imagino que a editora planeje dar continuidade a um segmento ao qual passou a dar mais atenção com GTO.
O seinen de porrada é daqueles que estamos pouco habituados a ver nas mãos da empresa (a publicação de Episódio G também entra aqui, pois pegou todo mundo de surpresa), que sempre se colocou como comprometida com uma linha mais “alternativa” .
Era natural imaginar que Shuumatsuviria, mais cedo ou mais tarde, por alguma das concorrentes, sobretudo por conta do animê que estreará esse ano no Japão.
Se conseguir lançá-lo no timing mais adequado, aproveitando a alta da série, é provável que terá grande retorno.
Agora, caímos no que será o grande desafio da editora para se colocar, de vez, em pé de igualdade com a concorrência. Essa nova leva de títulos muda o patamar da empresa, que até então se situava um pouco abaixo das duas principais editoras do país. Pode-se dizer que, hoje, sob esse aspecto, a NewPOP não deve nada às outras.
Dentro de sua proposta, está se saindo muito bem e avançando em licenças cada vez mais significativas. Do ponto de vista das licenciantes, a casa de Go Nagai no Brasil passa tanta confiança quanto JBC e Panini, deixou de ser uma “novata”. Contudo a editora tem problemas que precisa corrigir com certa urgência.
O principal desafio para que essa nova visão se concretize é a regularidade. Não é novidade que a NewPOP possui uma dificuldade quanto à periodicidade de seus lançamentos. O próprio Junior admite isso em várias oportunidades, como fez várias vezes durante as lives da semana passada. Para conquistar a confiança do leitor, a regularidade das publicações é tão essencial quanto a qualidade da obra e do material utilizado na edição.
Saber com antecedência quando os volumes de determinado título estarão disponíveis para a compra é imprescindível, sobretudo hoje em dia, em que colecionar mangás se tornou um exercício de organização financeira.
É frustrante ficar meses sem um número novo de uma série que você gosta de acompanhar.
Na mesma linha de raciocínio, a NewPOP também precisa agilizar a questão dos lançamentos de volumes iniciais de seus títulos.
Atualmente, ignorando os 21 recém-anunciados (por motivos óbvios), a editora tem 13 obras anunciadas sem previsão de chegada: Aku no Hana, Category Freaks, Corpse Party Book of Shadows, Devil Ecstasy, Gagoze, Ilha dos Cachorros, Lodoss War (light novel), On or Off (manhwa), Puella Magi Madoka Magica: Homura Revenge, Solo Leveling (novel), The King of Fighters: A New Beginning, Yamato 2199 e Zero no Tsukaima (light novel).
Cabe mencionar que Category: Freaks e Gagoze foram uns dos primeiros mangás anunciados pela editora, lá em 2012. Homura Revenge e Corpse Party Book of Shadows foram revelados em 2018. Sempre há cobrança do público quanto a esses títulos, que parecem cada vez mais distantes de serem lançados de fato.
Enfim, o ano da NewPOP começa muito promissor. Os anúncios da última semana, ao meu ver, colocam de vez a editora no páreo entre as grandes (Panini e JBC), o que com certeza será muito importante para o mercado daqui para frente. Contudo, Junior Fonseca e sua equipe têm que responder o mais rápido possível a algumas demandas de seus leitores que parecem esquecidas. O respeitável e imponente acervo de obras que a NewPOP detém agora precisa ser acompanhado por uma postura proporcionalmente profissional, com periodicidade regular e previsões de lançamento mais definidas.
Deixo aqui o meu voto de confiança, junto à minha torcida. O mercado brasileiro só tem a ganhar.
O texto presente nesta coluna é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.
Vai ter anime de Episode G ????
Pelo visto, continuam os problemas de regularidade dos lançamentos. Enfim, ainda bem que vou pegar (por enquanto) só Mazinger e Kamen Rider. Talvez pegue Episódio G mas vai depender do preço e regularidade dos lançamentos
Não ouvi falar, mas o texto realmente gerou essa dúvida.
Quem quer apostar que vão segurar o King of Fighters até o ano que vem pra sair junto com o jogo novo?
Não, refiro-me a Shuumatsu no Valkyrie. Peço perdão se ficou confuso.
New pop tem muito potencia é só eles saberem usar.🍦
Estava me referindo a Shuumatsu no Valkyrie, que ganhará um anime esse ano. Peço perdão pela confusão.
Os dois Riders, Mazinger Z e Seiya são compras garantidas. Espero também pelo KOF, que foi prometido mas esquecido.
A Panini é boa em trazer/selecionar os títulos, só que aí parece que ela imprime uma tiragem de 10 unidades e o mangá fica raro. Eu só compro dois títulos da editora e é uma verdadeira dor de cabeça quando não compro no mês de lançamento.
A NewPOP tem potencial, fico na torcida pra ela não cagar no pau como a Panini. Tenho grandes expectativas!
*-*
Eu diria que a mudança de chave são justamente os anúncios inesperados, eles quebram a “bolha” da editora, agora eu acredito que dá pra esperar que qualquer coisa mainstream venha por eles. Eu acho que a posição da editora em relação à diversidade de público é muito boa, é de longe a melhor editora neste sentido.
Creio que a New Pop quer ser isso, a editora que investe em todos os públicos, focada no que as grandes não dão tanta atenção e beliscando uns títulos mainstream que podem ser a porta de entrada para as pessoas conhecerem o trabalho deles.
Jogo do KoF sai esse ano. Ainda assim é difícil saber quando a editora vai lançar.
Antes eu tinha os meus problemas com a NewPOP, mas dá para ver ultimamente que ela tem se empenhado, diferente de suas concorrentes.
Fazia tempo que não me motivava com tantos títulos. Que os preços ajudem.
Mano? Eu vou chorar
Eu mesmo já me proibi de comprar qualquer título pela Panini, a não ser q seja coleção curta e venda num “box/kit”. Tô aqui caçando alguns títulos q tenho em aberto deles só pra não ficar a parada incompleta.
#otopatama
Tem razão sobre os títulos curtos. Só não esqueça de comprar assim que lançar, senão sabe-se lá a dor de cabeça que vai dar. Comprar num kit é mesmo uma boa.
Eu também me proibi de comprar mangás da Panini. Quando começo a flertar com um título dela (o tempo todo), me torturo pensando em toda a raiva que passei tentando completar minhas coleções (e não foi pouca, algumas vezes desisti e comprei em inglês assim que encontrei).
Boa sorte aos que ficam nesse barco. hehe