2021 está aí prometendo ser um ano cheio de comemorações das principais franquias de tokusatsu. Uma das atrações mais aguardadas já está no ar desde o começo do mês passado – Kikai Sentai Zenkaiger, a 45ª série Super Sentai, que já está fazendo algumas mudanças interessantes e outras nem tanto.

Não é novidade que já tivemos líderes da cor branca (como no caso de JAKQ e Kakuranger), só que Zenkaizer é o principal, de fato, enquanto o herói vermelho Zenkai Juran é o segundo no comando e também nos destaques. Talvez por prevenção contra a COVID-19, temos quatro integrantes que são robôs, denominados como kikainoides e capazes de se agigantarem e se transformarem em mechas de batalha.

Mais do que essas mudanças técnicas, Zenkaiger já começou com um nó cego que a Toei jamais deveria ter feito com a franquia. Se você acompanha as séries Kamen Rider nos últimos tempos, já deve saber do que se trata. É a questão dos mundos paralelos. De longe, um erro cometido com Kamen Rider Decade e Kamen Rider Zi-O que certamente será cometido até o último episódio de Zenkaiger. Entenda o “certamente” em caso de não haver uma explicação convincente até lá.

Imagem: Cena de Zenkaiger com Juran e Kaito.

Juran e Kaito investigando um misterioso cogumelo | Foto: Divulgação/Toei

Esse “novo” conceito ainda não foi explicado direito nos primeiros quatros episódios (o quinto episódio vai ao ar neste domingo, dia 4). Tudo o que sabemos até agora é que os super esquadrões, que estavam em mundos paralelos, foram aprisionados pela dinastia Tojitendo, através das moedas Toji Gears.

Tá, mas como é que cada Super Sentai estava em determinados mundos paralelos se já vimos a coexistência da grande maioria deles em filmes e até em episódios? Ficou um dito por não dito? Se sim, como assim? É claro que ainda é cedo para ser explicado, mas a gente sabe que as narrativas sobre mundos alternativos criadas pela Toei não costumam ser nem mel nem cabaço.

Então, sem querer ser pessimista, não espere uma coisa toda explicadinha e nos mínimos detalhes, como diria aquele personagem do saudoso Roni Rios (da Praça). O produtor Shinichiro Shirakura (o mesmo de Decade e Zi-O) veio para confundir e não para explicar, como dizia Chacrinha.

Por outro lado, Zenkaiger tenta ser uma série bacana ao apresentar um mundo (parecido com o nosso) que se fundiu com o mundo de Kikaitopia. Nessa nova realidade, os humanos e os kikainoides começavam a conviverem em harmonia, até a chegada dos capangas de Tojitendo. A coisa ficou tão séria que até mesmo Juran foi confundido com os vilões em certo momento.

Quase solitário, o robô vermelho conhece o jovem Kaito Goshikida, cujo seus pais, os cientistas Isao e Mitsuko (parece nome de uns cantores de Super Sentai. Onde foi que eu ouvi mesmo, hein?) desapareceram há 10 anos. Juntos, Kaito se transforma em Zenkaizer e Juran em Zenkai Juran. Esse último nome é bem sugestivo, não é?

Imagem: O esquadrão de Zenkaiger!

O esquadrão Zenkaier completo | Foto: Divulgação/Toei

Nos episódios seguintes conhecemos Gaon e Magine em situações meio bobocas. A introdução mais ou menos convincente foi de Vroom, que tinha uma certa ligação com Tojitendo. Assim como Juran, eles se transformam como Zenkai Gaon, Zenkai Magine e Zenkai Vroom, respectivamente.

Os heróis kikainoides possuem Sentai Gears – criados pelo casal Goshikida – com os poderes de Zyuranger, Gaoranger, Magiranger e Boukenger. Fora as outras Sentai Gears com seus respectivos poderes de esquadrões do passado. Quanto ao Zenkaizer, oficialmente representa o Esquadrão Secreto Gorenger, embora visualmente lembre também o Big One, líder da Tropa Relâmpago JAKQ.

Apesar da questão sobre mundos paralelos, já comentada acima, Zenkaiger está conquistando fãs hardcore de Super Sentai por fazer referências à franquia. Isso pode ser notado na letra do tema de abertura cantado por Takeshi “Ultraman Dyna” Tsuruno. O veterano compositor Chumei Watanabe (o mesmo de Jaspion), hoje com 95 anos, está produzindo uma trilha sonora que mistura o estilo de BGMs dos anos 70, 80 com o de hoje. Algo bem bacana, inclusive. E tivemos até um tema de inserção nas vozes de Isao Sasaki e Mitsuko Horie (a-ha! Lembrei!). E por aí vai.

O robô gigante Jura Gaon é tema do dueto entre Sasaki e Horie | Foto: Divulgação/Toei

Só que o enredo meio infantiloide de Zenkaiger pode afastar os fãs mais velhos, e isso não se trata de saudosismo. Eu, por exemplo, senti falta de algo que eu via em Kaizoku Sentai Gokaiger, que foi a série comemorativa de 35 anos de Super Sentai. Aquela série tinha lá seus momentos engraçadinhos, mas era mais equilibrada.

Tinha um pouco mais de consistência cronológica (embora tivesse ao menos um furo de continuidade), histórias mais inteligentes e não ficava só nas referências. Gokaiger havia conectado todas as séries Super Sentai e havia resgatado boa parte dos atores antigos. E a fórmula deu muito certo, fluiu de maneira inesquecível.

Veja bem: Zenkaiger não é de todo ruim e não precisa ser um “Gokaiger 2.0” (e nem deve). Aliás, parece mais uma tentativa de ser uma espécie de Kabutack ou Robotack (as duas últimas séries Metal Hero) no formato Sentai. Ou seja, fica devendo em vários momentos. Ainda falta uma fórmula que chegue perto daquela que foi a melhor série Super Sentai dos últimos 20 anos. Bateu até vontade de rever todos os 51 episódios do Esquadrão Pirata e seus filmes.

Ô, saudade de 2011!!!


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