Histórias com inteligências artificiais estão longe de ser qualquer novidade a esse ponto. Pelo menos toda temporada não é incomum ver no mínimo um animê que use isso como temática ou pelo menos como artifício importante. A temporada de primavera de 2021 não começou diferente.

Dessa vez, mais de um animê traz esse conceito, porém um que chama a atenção definitivamente é Vivy -Fluorite Eye’s Song, produção original do estúdio WIT com roteiro de Tappei Nagatsuki, autor conhecido por Re:Zero.

Para quem acompanha, não é novidade o envolvimento de Tappei em animês. Ano passado ele também foi responsável pelo roteiro de Warlords of Sigrdrifa, além de já ter trabalhado ativamente na adaptação da primeira temporada de Re:Zero.

Queria poder comentar em mais detalhes sobre Warlords of Sigrdrifa com minha própria opinião, mas, pelo o que deu pra observar da opinião pública, o título não foi muito bem aceito. Ao menos, no entanto, acho que existe um grande potencial em Vivy: Fluorite Eye’s Song pelos dois primeiros episódios exibidos.

Imagem: Vivy olhando "de lado".

Reprodução.

Na história, acompanhamos um futuro distante onde as IAs se tornaram rebeldes contra os humanos, iniciando uma guerra, na qual a humanidade está claramente perdendo. Para tentar impedir essa situação, um cientista envia um programa para o passado em busca de mudar o rumo da História, com auxílio da primeira inteligência artificial autônoma do mundo, a única que não foi afetada por toda a situação catastrófica.

A missão denominada na criação dessa IA do passado, chamada de Diva, apelidada também de Vivy, é trazer felicidade para todos através da música, porém as coisas não estão dando muito certo para a moça já que ela ainda não consegue interagir de uma forma onde se entrega de coração, apesar de ter uma ótima voz.

No lançamento duplo de episódios acompanhamos a primeira missão de Vivy para salvar o futuro. Boa parte do tempo a acompanhamos relutante com a situação que é exposta, mas começa a acreditar que Matsumoto, a AI do enviada do futuro, realmente está dizendo a verdade sobre os acontecimentos que ocorreriam 100 anos após a era de Vivy.

Imagem: Vivy de perfil, com um chapéu.

Reprodução.

O início da história mostra alguns acontecimentos e coisas que costumamos ver entre dilemas de IAs, como o quão humana Vivy deve ser ou se ela deve interferir em coisas que não são relacionadas com ela. Uma cena bem interessante foi o fato dela negar ganhar habilidades de combate de Matsumoto por medo de que isso afete sua missão de trazer felicidade a todos. Nos episódios também é inserida a famosa discussão sobre os direitos humanos para as IAs, algo que Matsumoto quer… impedir de acontecer.

Segundo a ideia de Matsumoto, o fato das IAs conquistarem os direitos humanos pode ser problemático para o futuro, então é algo que visa impedir ou ao menos postergar. Já se deu a entender que essa visão um tanto extremista pode gerar conflito com o andar do enredo, ainda mais pelo fato de que ele já se mostrou bem ríspido quando Vivy tenta ir contra uma das regras estabelecidas para a missão: não alterar a História mais que o necessário. Isso também se torna um grande conflito em potencial dentro de Vivy já que, graças a Matsumoto, ela tem acesso a todo o registro histórico dos próximos 100 anos e isso pode a afetar diretamente.

Por fim, uma impressão que foi passada é que, como a animação deve cobrir cerca de cem anos de História, ele pode acabar com um aspecto um tanto episódico, sem conexão tão linear de um episódio para outro – impressão também ressaltada com a prévia do terceiro episódio.

Imagem: Vivy numa sala escura, no cantinho.

Reprodução.

Enfim, suposições sobre o roteiro de lado, algo que pode muito bem ser elogiado já na primeira impressão é o aspecto visual da série. A animação não teve tantos momentos de fluidez que poderia ser considerada ótima, porém foi feita de forma competente, assim como toda a caracterização de cenário e dos próprios personagens, onde de fato Vivy deve brilhar.

Um ponto importante, claro, é sua trilha sonora. Mesmo sendo uma obra sobre música, tivemos apenas duas canções um tanto curtas no começo do primeiro episódio e depois mais nada. A trilha sonora para as cenas, no entanto, deixou uma boa impressão.

No saldo geral, o animê é no mínimo interessante e potencialmente promissor. Tomando Re:Zero como base, Tappei Nagatsuki é um autor de muitos altos e baixos, porém torço para que o novo projeto original tenha tendência para seu melhor lado. A série começou a ser exibida no último fim de semana no Japão e está disponível no Brasil via Funimation.


Vivy -Fluorite Eye’s Song pode ser acompanhado simultaneamente com o Japão pela Funimation. A empresa fornece ao JBox um acesso à plataforma.


O texto presente nessa resenha é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.