Você já ouviu falar no Prêmio Tezuka? Provavelmente, sim, pois se trata de uma das mais importantes premiações para mangás realizadas no Japão. Ocorre anualmente desde 1997, possuindo, atualmente, 4 categorias: Grande Prêmio, Criatividade, História Curta e Especial.

Com o patrocínio do jornal Asahi Shimbun, a cerimônia é realizada em Tóquio e rende aos ganhadores um laço e uma estatueta de bronze (em formato de Astro Boy, personagem de Osamu Tezuka), além de uma bela recompensa em dinheiro: na 25ª edição, ocorrida este ano (confira aqui), o vencedor do Grande Prêmio faturou 2 milhões de ienes (cerca de 99 mil reais), enquanto aos demais foi entregue 1 milhão de ienes.

A premiação é feita a partir de um corpo de jurados montado anualmente. Dentre os responsáveis por eleger as melhores criações de cada categoria estão mangakás, críticos, acadêmicos e produtores da indústria de mangás. Em poucas palavras, são laureados aqueles que melhor representam a “tradição de Tezuka” nos dias atuais.

E quem é esse tal Osamu Tezuka? Ninguém mais que criador de obras como Recado a Adolf, Kimba, o Leão Branco, Black Jack, Ayako, Astro BoyDororoA Princesa e o Cavaleiro e uma dezena de outros clássicos. Dono de uma estética inconfundível e inovadora, a enorme influência exercida sobre a indústria no período do pós-guerra (sobretudo nas décadas de 1950 e 1960) reservou-lhe o epíteto de Manga no Kamisama, literalmente o “Deus do Mangá“, como é conhecido até hoje.

Nascido em Toyonaka, na província de Osaka, em 3 de novembro de 1928, faleceu em 9 de fevereiro de 1989, aos 60 anos. Em 1984, Tezuka esteve no Brasil para uma conferência organizada pela ABRADEMI, no MASP (Museu de Arte de São Paulo), onde conheceu pessoalmente o seu amigo Maurício de Sousa.

E você sabe quais mangás vencedores da premiação que carrega o nome do pai do mangá moderno chegaram ao Brasil? Conheçamos um pouco deles!

Vencedores na categoria Grande Prêmio

Monster

de Naoki Urasawa | Venceu em 1999

Publicada originalmente entre 1994 e 2001, nas páginas da revista japonesa Big Comic Oriental, a história de Monster começa na Alemanha Ocidental do ano de 1986, quando o neurocirurgião Kenzo Tenma se vê no dilema de salvar a vida de uma criança ou obedecer ordens superiores. A decisão tomada por ele parece ter “criado” um sociopata que quer destruir o planeta, cabendo a Kenzo a missão de partir pelo mundo tentando corrigir seu “erro”.

No Brasil, o mangá seinen teve 3 edições diferentes. A primeira foi trazida pela Conrad, em 2006, e seguiu o formato original japonês de 200 páginas, mas acabou sendo descontinuada no 10º volume, lançado em 2008.

Quatro anos depois, a Panini resolveu reabilitar a obra mais conhecida de Naoki Urasawa (junto de outros títulos da Conrad, como One Piece) e relançou a série na íntegra (ou seja, os 18 tomos), no mesmo formato da antiga editora, mas com novas capas. Já no finalzinho de 2019, foi a vez de uma coleção inspirada na Perfect Edition, da americana Viz, ser publicada por aqui, também sob os cuidados da Panini, com o título Monster Kanzenban – completa em 9 volumes num acabamento mais sofisticado.

Vagabond

de Takehiko Inoue | Venceu em 2002

Foi no ano de 1998 que Takehiko Inoue começou a publicar Vagabond, nas páginas do periódico seinen Weekly Morning, da Kodansha. O mangá, que já conta com 37 volumes encadernados, segue a trajetória de Miyamoto Musashi, fazendo uma adaptação livre do livro mundialmente conhecido escrito por Eiji Yoshikawa, mas se encontra em hiato desde 2015 no Japão.

A despeito das sucessivas interrupções do autor, a saga do lendário espadachim tem uma história muito complicada no Brasil. Sua primeira passagem aconteceu entre os anos de 2001 e 2006. Durante esse período, a Conrad publicou a série em dois formatos: o meio-tanko, que foi cancelado após 44 volumes (equivalente a 22 do original japonês), e, logo na sequência, relançou em edição especial, mas que acabou descontinuada no 14º tomo.

E o ano de 2014 não foi marcante apenas pela Copa do Mundo no Brasil (ou pelo doloroso 7×1), mas por um dos momentos mais surpreendentes do mercado de mangás brasileiro: a Nova Sampa, que retornava aos mangás depois de anos de ausência (pouca gente lembra, mas a editora foi a responsável por edições de Lobo Solitário e Crying Freeman, em 1990), decidiu assumir a série, sob a editoria de Marcelo Del Greco. No entanto, após o lançamento de quatro volumes inéditos (#15, #16, #17 e #18) e a promessa não cumprida de relançar os volumes iniciais, a falta de planejamento da editora culminou num novo cancelamento. E Slam Dunk, anunciado em palestra no Anime Friends daquele mesmo ano, foi esquecido no churrasco…

Mas chegamos a 2016 e a Panini, que já havia disputado os direitos com a Nova Sampa (e, surpreendentemente, levado a pior), consegue um novo acordo com o autor – apesar do trauma pelos insucessos no país, o que certamente pesava contra nas negociações por parte da editora brasileira – e passa a ser a nova casa de Takehiko Inoue no Brasil, tendo lançado uma 4ª edição de Vagabond desde o primeiro volume – e que já encostou na publicação japonesa.

Helter Skelter

de Kyoko Okazaki | Venceu em 2004

Publicado no Brasil pela NewPOPHelter Skelter foi o vencedor da 8ª edição da premiação, em 2004. A série havia sido lançada primeiro entre 1995 e 1996, quando os capítulos foram veiculados na revista josei Feel Young. Anos mais tarde, em 2003, a editora Shodensha compilou a história num volume encadernado, atraindo de volta a atenção do público e da crítica.

A história acompanha a trágica vida de Lilico, que após uma série de procedimentos estéticos, consegue alcançar a fama tornando-se modelo, atriz e cantora de enorme sucesso. No entanto, logo seu corpo começa a manifestar reações adversas e a moça vê sua beleza desmoronar, culminando num profundo debruçar-se sobre o sentido da existência.

Com uma arte incômoda que casa perfeitamente com o propósito estético da narrativa, o volume único de Kyoko Okazaki também levou o Prêmio de Excelência no Japan Media Arts Festival de 2004, além de ter sido nomeado para o Festival Internacional de Angouléme, em 2008.

Pluto

de Naoki Urasawa e Takashi Nagasaki | Venceu em 2005

Adaptado de um arco de Astro Boy, do próprio Osamu Tezuka, Pluto nos apresenta um mundo onde humanos e robôs coexistem. A ação começa quando o poderoso autômato Mont Blanc é destruído, o que ocorre enquanto um importante ativista protetor dos direitos dos robôs é assassinado. Os dois incidentes, aparentemente relacionados, apresentam algo em comum nas cenas dos crimes: as vítimas tiveram chifres colocados em suas cabeças. É aí que Gesicht, um competente investigador da Europol, é acionado e encarregado de enfrentar o mais tenso e complexo trabalho de sua carreira, no qual ele é também uma vítima em potencial.

O segundo mangá de Urasawa a ser laureado com um Prêmio Tezuka teve seus capítulos publicados na revista Big Comic Original, da Shogakukan, entre 2003 e 2009. Além da coautoria de Takashi Nagasaki, o criador de 20th Century Boys contou com a supervisão do cineasta Macoto Tezka – que, por acaso, é filho de Osamu Tezuka – para a produção da obra.

Completo em 8 volumes, o título chegou ao Brasil em 2017 pela Panini.

Golden Kamuy

de Satoru Noda | Venceu em 2018

Seriado na revista Young Jump desde 2014, Golden Kamuy é mais um da lista publicado pela Panini, que já trouxe 15 dos 25 volumes disponíveis no Japão (a história ainda está em andamento). O protagonista da obra é Sugimoto, um sobrevivente da Guerra Russo-Japonesa (1904-1905) que acaba entrando na corrida do ouro para tentar ajudar a viúva de um companheiro do campo de combate. Atrás das riquezas em Hokkaido, ele tem sua vida salva por Asirpa, uma garota Ainu (grupo étnico de Hokkaido) que se torna a sua parceira contra adversários corruptos.

O mangá é um dos mais populares da revista seinen semanal da Shueisha e está sempre no topo das vendas. A popularidade rendeu à criação de Satoru Noda uma animação de três temporadas, disponível com legendas em português na Crunchyroll. Recentemente, a conta oficial da Young Jump revelou que a série, que se encontra em andamento, está chegando ao fim.

A Lanterna de Nix

de Kan Takahama | Venceu em 2020

Único da lista que ainda não está disponível nas lojas e livrarias, A Lanterna de Nix, título brasileiro para Nyx no Lantern, foi publicado originalmente entre 2015 e 2019 nas páginas da Comic Ran, da editora LEED. O seinen de Kan Takahama conta a história de uma órfã chamada Myo que, vivendo no Japão de 1878, usa seus poderes de clarividência para se conectar com o continente europeu. Com lançamento previsto para julho, o título chega pela Pipoca & Nanquim.

A série é um dos principais trabalhos da autora e ganhou, antes do Prêmio Tezuka,  um Prêmio de Excelência no Japan Media Arts Festival, em 2018. Será a segunda obra de Takahama publicada no Brasil, sendo a primeira O Último Voo das Borboletas, que também saiu pela Pipoca.

Sobre A Lanterna de Nix, o júri do Japan Media Arts Festival ponderou: “descreve de maneira vibrante a nova era de uma Nagasaki próspera com comerciantes e prostitutas, centrando nas mudanças de Miyo enquanto ela começa a nutrir sentimentos por Momotoshi, semelhantes ao despertar do amor; e ao passado de Momotoshi, que gradualmente vem à tona. (…) As coisas são retratadas juntamente com o colorido fundo histórico do período, e fatos interessantes sobre antiguidades que aparecem na obra são incluídos (…). Dessa maneira, o conhecimento do autor é bem utilizado, melhorando o sentimento de realidade do mangá.”

No Japão, o mangá foi finalizado em 6 volumes (tankobon). A coleção brasileira será completa em três, num formato 2 em 1.


Outras Categorias

Além das seis obras que conquistaram o título máximo da premiação, muitos dos mangás que conhecemos acabaram levando a estatueta do Astro Boy em outras categorias. Dos publicados no Brasil (ou anunciados por alguma editora e em vias de ser lançado por aqui) temos:

Excelência

Berserk 

de Kentaro Miura | Venceu em 2002

Berserk conta a história de Guts, um ex-mercenário conhecido como Black Swordsman, que procura por vingança ao homem que um dia ele confiou e que lhe traiu, roubando aquilo que ele mais amava. Agora nada pode parar Guts em sua jornada, junto de sua espada Dragonslayer e companheiros que encontra no caminho, Guts segue um caminho sangrento atrás deste homem.

Criado por Kentarou Miura, o mangá foi lançado em 25 de agosto de 1989 e segue sendo publicado até os dias atuais na revista Young Animal (March Comes in Like a Lion), com vários hiatos em sua trajetória e 40 volumes encadernados por enquanto.

Panini começou a lançar Berserk em 2005 em formato meio-tanko, porém em 2014 a editora começou a republicar a obra em uma nova edição em papel offset, que ganhará reimpressão a partir do final do mês.

Vida à Deriva 

de Yoshihiro Tatsumi | Venceu em 2009

Principal trabalho de Yoshihiro Tatsumi, Vida à Deriva ainda não foi lançado, mas tem previsão de lançamento para o segundo semestre.Além do Tezuka, o mangá figurou em festivais internacionais da maior envergadura, levando duas categorias do Einser e uma no Angoulême. A obra foi escrita ao longo de 11 anos por aquele que é tido como o grande precursor dos gekigas – quadrinhos com temáticas mais densas do que os mangas (nascido a priori como produto para crianças).

A história é uma espécie de autobiografia ficcionalizada de Tatsumi e se debruça sobre os anos de sua vida que cobrem o início de sua carreira como quadrinista amador, por volta de 1945, até sua amizade com o grande ícone dos mangás Osamu Tezuka, além de realizar, junto à narrativa autobiográfica, uma profunda reflexão acerca do desenvolvimento da indústria de quadrinhos no Japão.

A edição brasileira vem pela Veneta e será completa em 2 volumes.


Criatividade ou Novo Criador

Hikaru no Go

de Takeshi Obata e Yumi Hotta | Venceu em 2003

O primeiro grande sucesso de Takeshi Obata (Death NoteBakuman) se deu numa parceria com Yumi Hotta. Lançada no Brasil entre os anos de 2010 e 2012, pela JBC, a obra começou a ser publicada em 1998 na Shonen Jump, encerrando-se 5 anos depois com um total de 23 volumes encadernados – a versão nacional tem a mesma quantidade de tomos.

A narrativa tem como base o jogo de tabuleiro go (ou shogi), uma espécie de “xadrez japonês” muito popular na terra do sol nascente, e conta a história de Hikaru, um garoto que passa a ser habilidoso nesse jogo depois de encontrar-se com um fantasma, que é “apenas” a alma de Fujiwara no Sai, um exímio jogador e também um dos tutores de go do Imperador japonês da era Heian (período da História do Japão que vai de 794 a 1185).

À época do lançamento, a JBC fez um evento para promover o mangá numa associação de shogi, no Bairro da Liberdade (SP). Dizem por aí que as vendas da série, num geral, foram abaixo do esperado, mas há quem torça pelo retorno de Hikaru no Go numa edição de colecionador.

Fullmetal Alchemist

Imagem: Edward Elric em banner de 'Fullmetal Alchemist'.

de Hiromu Arakawa | Venceu em 2011

Publicado originalmente entre 2001 e 2010, pela revista japonesa Shonen GanganFullmetal Alchemist(Hagane no Renkinjutsushi) rendeu 27 volumes encadernados. No Brasil, a primeira publicação começou pela Editora JBC em 2007, se encerrando em 2011 com 54 volumes, no formato meio-tanko. Uma nova edição foi publicada entre 2016 e 2018, desta vez chamada de Edição Especial, seguindo o número de volumes originais.

A obra foi criada pela mangaká Hiromu Arakawa, contando a história dos irmãos Edward e Alphonse Elric, que pagam um terrível preço ao tentar trazer sua mãe de volta à vida com técnicas proibidas de alquimia. Ed perde uma perna, enquanto Al vê seu corpo inteiro desaparecer. Para trazer ao menos a alma de seu irmão de volta, Edward sacrifica um braço e “transmuta” Alphonse dentro de uma antiga armadura. Entre conflitos com os militares e homúnculos sedentos por poder, os dois seguem jornada em busca da pedra filosofal, um mineral lendário que poderia devolver seus corpos ao normal.

Atualmente, a JBC está reimprimindo os volumes da última edição (saiba mais).

A Voz do Silêncio

Imagem: Shoya e Shoko em banner de 'A Voz Do Silêncio'.

de Yoshitoki Oima | Venceu em 2015

O enredo de A Voz do Silêncio (Koe no Katachi) acompanha uma garota surda chamada Nishimiya Shoko e o garoto Ishida Shoya. Ela, uma estudante transferida, acaba virando alvo do bullying de Shoya, porém isso chega a um ponto que faz com que a garota peça transferência para outra escola. Após isso, Shoya acaba virando alvo de toda classe, sendo evitado e atormentado pelo o que fez. Anos depois, Shoya encontra uma chance de finalmente se redimir por seus atos contra Shoko.

Lançados no Japão de 2013 a 2014 por Yoshitoiki Oima, os capítulos mensais saíram na Shonen Magazine, da japonesa Kodansha. No Brasil, a NewPOP publicou os 7 volumes do mangá, entre 2017 e 2018, e lança, desde o ano passado, uma edição definitiva com direito a capa dura e cerca de 400 páginas em papel couché, que será completa em 4 tomos (o último publicado foi o #2, no mês passado).

Beastars

Imagem: Legoshi e outro personagens de 'Beastars' em banner.

de Paru Itagaki | Venceu em 2018

A história de Beastars mostra um mundo antropomórfico, onde os carnívoros e herbívoros vivem em paz e tranquilidade. O personagem principal é Legoshi, um lobo que está acostumado com o medo e antipatia que todos sentem à sua volta, apesar de ter um coração bondoso e fazer parte do clube de teatro da escola Cherryton. Mas em um momento Legoshi se envolve mais com seus colegas de classe e descobre suas inseguranças e segredos, mudando o caminho da sua vida escolar.

A série de Paru Itagaki foi publicada de 2016 a janeiro deste ano nas páginas da Shonen Champion, da editora Akita Shoten. Ao todo, o título rendeu 22 volumes. Em dezembro de 2017, ficou em segundo lugar na lista de público alvo masculino do guia de mangá Kono Manga ga Sugoi! (Este mangá é incrível! em tradução literal), logo atrás de The Promised Neverland. Foi o primeiro mangá da editora Akita Shoten a receber um prêmio do Manga Taisho, além de ser eleito o Melhor Mangá no Kodansha Manga Awards e dar a Itagaki o prêmio Nova Face, no Japan Media Arts Festival Awards de 2018.

No Brasil, o mangá é publicado pela Panini, que já lançou 13 encadernados – o 14º está previsto para junho. Em 2019, a série ganhou uma adaptação animada, com lançamento mundial pela Netflix em 2020, após exibição nas TVs japonesas (confira nossa crítica). A segunda temporada está em produção, já confirmada pela plataforma de streaming para esse ano.


História Curta

Jovens Sagrados: Saint Onii-san

Imagem: Jesus e Buda em 'Saint Onii-san'.

de Hikaru Nakamura | Venceu em 2009

A história traz Jesus Cristo e Gautama Buddha – sim, as figuras religiosas – dividindo apartamento em Tachikawa, Tóquio, e escondendo suas identidades enquanto “passam férias”. A obra inspirou um OVA de 2 episódios (2012-2013) e um filme em 2013.

Vencedor do Tezuka na categoria História Curta, o corpo de jurados não devia imaginar que o mangá, lançado desde 2006 no Japão, seria publicado até hoje, com 19 volumes até então. O título de Hikaru Nakamura (de Arakawa Under the Bridge, publicado aqui pela Panini) foi anunciado pela NewPOP em janeiro e deve chegar ainda este ano.

Thermae Romae

Imagem: Personagem em banner de 'Thermae Romae' em design que imita antiga escultura romana.

de Mari Yamazaki | Venceu em 2010

Principal trabalho de Mari Yamazaki, autora do famoso mangá do Steve Jobs, Thermae Romae  foi publicado entre 2008 e 2013 no periódico seinen Comic Beam.

Na história de tema um tanto inusitado temos Lucius, um arquiteto romano que faz viagens no tempo comparando os hábitos higiênicos dos romanos antigos com os dos japoneses modernos.

No Brasil, o mangá foi lançado de 2013 a 2014 pela JBC, numa edição bastante bem acabada para os padrões da época.


Especial

Demon Slayer
Imagem: Muzan, Tanjiro e Nezuko em banner de 'Kimetsu no Yaiba'.

de Koyoharu Gotouge | Venceu em 2021

A trama de Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba se passa no Japão do período Taisho e apresenta a história de Tanjiro Kamado, um garoto de bom coração que vendia carvão para sobreviver, até o dia que seus pais foram cruelmente assassinados por um demônio, que também amaldiçoou sua irmã mais nova, transformando-a num demônio.

Embora devastado com tudo que lhe aconteceu, Tanjiro decide tornar-se um “matador de demônios,” procurando aquele que massacrou sua família, enquanto também tenta encontrar um meio para que sua irmã volte a ser humana novamente.

O mangá de autoria de Koyoharu Gotoge, agora prestigiada até pela revista Time, foi publicado na Shonen Jump entre 2016 e 2020, com 23 volumes encadernados no total. A Panini publica a obra no Brasil, tendo lançado o volume 15 este mês. A série, que explodiu após a exibição do animê do estúdio Ufotable, foi um fenômeno de vendas em 2019 e já possui mais de 150 milhões de cópias em circulação.

Todo o rebuliço causado pela obra, inclusive no ocidente, fez com que o júri premiasse Gotouge na premiação Especial, geralmente concedida a grandes expoentes do mercado de mangás, sejam autores, instituições, empresas ou qualquer um que tenha realizado um feito de grandes proporções (como é o caso da autora de Kimetsu).


Menções Honrosas

Além das obras mencionadas acima, alguns autores com atuação no Brasil também fazem parte do hall de ganhadores do Prêmio Tezuka. Shotaro Ishinomori levou o prêmio especial pela sua notável contribuição para os mangás, em 1998. Hokusai, o primeiro de seus trabalhos a serem publicados por uma editora brasileira, chegou em abril pela Pipoca & Nanquim. Kamen Rider & Kamen Rider Black, uma de suas maiores realizações, chegam a partir de junho sob os cuidados da NewPOP.

Em 2003, Shigeru Mizuki, figura importante do movimento gekigá, foi agraciado pelo conjunto de sua obra. Nonnonba Marcha Para A Morte!, ambos títulos da Devir, chegaram ao nosso país em 2018.

Takao Saito, por sua vez, ganhou uma estatueta pelo 50º aniversário de Golgo 13, em 2019. No passado, a JBC publicou 3 volumes que faziam parte de uma coletânea de 13 tomos com contos reunidos pela Viz Media, mas a série não vingou e acabou não sendo “renovada” pela editora brasileira (temos uma crítica do primeiro volume).

Taiyo Matsumoto, outro autor de peso do catálogo da Devir, ganhou o Grande Prêmio, mas com uma obra inédita no Brasil: Takemitsuzamurai, no ano de 2011. Tekkon Kinkreet e Sunny são os dois medalhões da editora, enquanto a JBC prepara para este mês a publicação de Ping Pong, terceiro mangá de Matsumoto a pintar em livrarias brasileiras.

Por fim, Chica Umino também ganhou um Grande Prêmio, com Sangatsu no Lion, em 2014, mas foi apenas com Honey & Clover que a autora se fez conhecer no Brasil, através da Panini, entre 2009 e 2010.


O texto presente neste artigo é fruto de uma parceria entre o JBox e o Fora do Plástico.