Entrevista publicada originalmente em 27 de agosto de 2006, em reportagem de Fábio Soares (Cloud) e Leandro Gonçalo (Larc).


Apesar do nosso “jeitinho especial” de falar de seriados tokusatsu em nossas matérias, acreditem em uma coisa: somos fãs babões que nem vocês. A ausência desse tipo de produção no mercado brasileiro, ainda mais em uma época em que até enlatados tronchos americanos saem em DVD por aqui, faz com que fãs busquem formas “alternativas” — nem sempre legais — de conseguir aquela série tão querida que marcou sua infância (ou traumatizou, no caso de uma Patrine ou Machineman da vida :P).

Mas tudo pode mudar a partir do dia 11 de setembro. Nessa data, será lançado oficialmente no Brasil Ultraman: The Next – O Filme. A produção tokusatsu se trata de um longa-metragem da franquia Ultra, e quem já viu só tem uma afirmação: é MUITO legal. A iniciativa de investir no filão vem da Impact Records. Novata no mercado de home-vídeo, a empresa possui grande expectativa quanto ao retorno que seu primeiro lançamento pode dar. E isso vai depender da gente. Isso mesmo! De você, assim como nós, fã de seriados japonese ou fã de um bom longa de ficção.

“Ah… Mas eu não gosto de Ultras”. Uma grande maioria pode chegar com esse discurso. Mas é justamente aí que a tudo pode ser diferente. Pela internet, diversos fãs fazem abaixo-assinados em prol do tokusatsu no Brasil. Geralmente os números chegam a ultrapassar 3.000 assinaturas. Se cada um desses 3.000 tokufãs fizer sua parte e adquirir o seu longa do Ultraman The Next, com toda certeza isso vai incentivar a Impact Records a buscar novos lançamentos e trazer — num dado momento — aquilo que você tanto espera. Trocando em miúdos: faça a sua parte e colabore apoiando essa iniciativa. E ainda damos uma garantia: o filme é MUITO BOM!

A fim de saber mais detalhes envolvendo o lançamento do filme, entrevistamos o senhor Luiz Silva, empresário dono da Impact Records, que está trazendo esse lançamento ao nosso país. A entrevista revela curiosidades e desmitifica boatos sem nexo de “um fã ter os direitos dos Ultras no Brasil” (é… tem maluco que espalha isso por aí, e tontos que acreditam o_o). Vamos apoiar o retorno do tokusatsu ao Brasil. E isso pode ser apenas uma pontinha de um grande iceberg. Vai deixar ele derreter?

 

Como surgiu o interesse de entrar nesse mercado de distribuição de DVDs e porque escolheu logo um “Ultra” para começar? Por que não um “Kamen Rider”, por exemplo?

Luiz: Já trabalhávamos com CDs/LPs de rock há 15 anos, mas como o meio do rock vêm se tornando rarefeito, necessitávamos mudar/diversificar nosso trabalho, daí tivemos que montar o site e mergulhar de cabeça no novo desafio. A escolha de um Ultra veio no desejo de trabalhar com produtos que nos deem prazer, acima do rendimento.

 

Quais foram as maiores dificuldades (se é que teve alguma…) na negociação dos direitos do filme?

Luiz: Queríamos começar dos clássicos até chegar às séries de hoje em dia, mas a briga entre as empresas tailandesa/chinesa e japonesa deixou impossível o fato tornar-se realidade. Com a Tsuburaya, resolvemos começar com um longa para testar o mercado. Não houve dificuldade, a não ser os impostos brasileiros que são absurdos!

 

Então queriam começar pelo Ultra clássico?

Luiz: Como disse anteriormente, a Tsuburaya não aceita ter perdido no Japão os direitos das primeiras séries e não quer que compremos da Chaiyo. Mas fomos informados que talvez no fim deste ano termine o julgamento na China e Tailândia, daí, poderemos negociar com o vencedor final… No Brasil, exceto nós, não há nenhuma outra marca detentora de qualquer direito por hora.

 

Então você se tornou o representante oficial da Tsuburaya no Brasil?

Luiz: Só representamos o filme, a Tsuburaya não faz agentes no Brasil. A Chaiyo é quem nos ofereceu representação plena.

 

Como está sendo o trabalho de marketing para o lançamento deste filme?

Luiz: Anunciamos em revista especializada em locadoras, pois o filme foi lançado da mesma forma que outros, ou seja, primeiro para locação e depois comercialização normal. Procuraremos participar de todos os eventos na área de Ultra, assim poderemos ter um contato mais real com os fãs, afinal, depende só deles a continuidade do projeto de trazer mais produtos japoneses para o Brasil.

 

O senhor encontra um certo “preconceito” por parte de donos de locadora por conta do filme se tratar de um “herói japonês?” A repercussão está sendo boa?

Luiz: Não, as locadoras querem ter coisas novas, a partir do momento que criamos um trailer para mostrar a cara nova do herói no filme, até agora, todas as locadoras que contatamos aceitaram pegar o pôster do filme e esperar a entrega do DVD! Eles só querem ter a certeza que o produto dará retorno.

 

A versão final pro consumidor (Sell Thru) terá diferenças dessa versão para locadoras?

Luiz: Nenhuma diferença, o único fato é que a locadora terá pôster, e o DVD para o consumidor não.

 

Por que a escolha dos estúdios da Áudio News para a versão brasileira do longa? Foi por causa de seu trabalho na dublagem da série Ultraman Tiga?

Luiz: Sim, exatamente! Parto do princípio de que “em time que está ganhando não se mexe”. Adoramos a dublagem feita em Tiga!

 

Falando em Tiga, você saberia informar como está a situação dele no Brasil? Na época do lançamento falaram que o filme (The Final Odyssey) seria lançado, mas tal fato acabou não ocorrendo… Não pensou em lançar esse filme, ao invés do The Next, por conta do Tiga já ser conhecido no Brasil?

Luiz: O Tiga agora é da 4Kids. O filme dele não interessou para um empreendimento inicial por não ser interessante para as locadoras. Não poderíamos contar somente com um segmento de mercado, por isso optamos pro algo mais recente…

 

Em sua opinião, por que uma série tão carismática e bem produzida como Ultraman Tiga não deu certo no Brasil?

Luiz: O fato da Record ter abortado, matou o produto. Rede 21 quase ninguém tem, então acho que isto foi o fim mesmo…

 

Você sempre foi fã desses seriados japoneses? Quais os seus preferidos?

Luiz: Gosto de muita coisa. Na minha infância eu assisti Capitão Aza, daí gostava de Ultras, Princesa e o Cavaleiro… mas também sempre vi Hanna-Barbera e Disney. Todos muito bons!

 

Existe uma legião de fãs que esperam ansiosos o lançamento de seriados da “geração Manchete” no Brasil. Caso “Next” dê um retorno você tem planos de trabalhar com novos lançamentos do estilo?

Luiz: Sim, certeza. Já nos ofereceram outros seriados que vamos trazer, no caso do sucesso com The Next!

 

Não teme a “maldição dos ultras” no Brasil? Não sei se você sabe, mas o relançamento do clássico (Ultraman, de 1966) não deu certo como esperado; e mais recentemente o Ultraman Tiga não rendeu toda “luz” que deveria…

Luiz: Não existe maldição, existe passo maior que a perna. Acho que a Sato não ganhou $ porque quis por um seriado na TV por conta deles mesmos. Só tinha um anunciante no horário, que era o Colírio, lembra? Isso não banca investimento. Depois, lançar em VHS com 2 capítulos somente, fica ruim… O programa exibia durante meses apenas 10 capítulos, porque provavelmente não tiveram $ pra filmar mais dias de exibição… Isso mancha qualquer investimento. Com Tiga, a culpa foi mais da Record por ter cortado a coisa antes do fim. Mas depende tudo dos fãs. Veja: não há investimento que dure sem o consumo do produto original, sem audiência… Responda: por que não cortam da TV coisas ruins como Rebelde? Porque se comercializa e se consome muito bem!

 

Qual está sendo sua expectativa com relação ao lançamento do filme no Brasil? Acha que agradará aos fãs mais nostálgicos ou a uma nova geração mais “moderna” que não acompanhou o “boom” do tokusatsu na tevê brasileira no final dos anos 80/começo dos anos 90?

Luiz: Acho que todos devem gostar, Ultraman é Ultraman sempre!! E se as locadoras souberem oferecer no balcão para a novíssima geração, aí sim, poderemos arriscar trazer uma série e oferecer para a TV aberta, baseando num sucesso em determinado segmento, entende?

 

Então, num futuro (que esperamos não ser distante) você pensa em trabalhar com direitos de séries pra tevê? Ultraman Nexus por exemplo…

Luiz: Sim, vamos lutar primeiro pelos patrocinadores de TV, depois chegar de fato a um horário, pois pôr na TV por nossa conta não daria certo nunca!

 

Somos imensamente gratos pela atenção que o senhor dispensou ao nosso website. Conte com nosso total apoio no tocante à divulgação desse lançamento “impactante” no mercado de DVD brasileiro. Desejamos todo sucesso para que essa seja apenas a primeira muitas novidades dentro dessa área que a IMPACT RECORDS possa trazer.

Luiz: Nós é que agradecemos!