Nascido no bairro da Penha em São Paulo, no dia 16 de junho de 1960, Carlos Takeshi Saito é um ator e dublador, mais conhecido dos fãs de tokusatsu no Brasil por dar voz ao protagonista da série O Fantástico Jaspion.

Takeshi tinha planos de se tornar um paisagista e estudou agronomia por dois anos na ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), localizada em Piracicaba, São Paulo. Durante essa passagem, se interessou pelo teatro, ingressando no curso do Teatro Municipal da cidade. Foi no curso que um colega mencionou que seguiria carreira em São Paulo, na EAD (Escola de Arte Dramática), o que também interessou Carlos, que acabou prestando exame tanto para o concorrido curso de ator quanto para o de direção na ECA (Escola de Comunicações e Arte).

Carlos Takeshi na juventude | Foto: Reprodução/TokuDoc

Sendo aprovado nos dois cursos, Takeshi resolveu estudar ambos no ano de 1980. Logo nesse período, o estúdio de dublagem Álamo passou a recrutar novas vozes, pois havia uma demanda crescente por jovens atores para o ramo. Carlos realizou testes no estúdio paulista, ganhando o papel de protagonista em um trabalho de interpretação de áudio, ainda sem necessidade da técnica de sincronia labial. Logo passou a ser escalado para outros trabalhos, onde aprendeu aos poucos a arte da dublagem, ganhando mais à frente alguns personagens de destaque.

Paralelo ao início da carreira em dublagem, Carlos também foi escalado para figurações no cinema, chegando a interpretar o quase homônimo Takashi no longa …E a Vaca Foi Para o Brejo, em 1981. No mesmo ano, estava no ar pela Bandeirantes a novela Os Imigrantes, de Benedito Ruy Barbosa. Em entrevista a um jornal, o autor comentou que pretendia incluir uma família de japoneses na trama, mas que ainda não havia encontrado atores para isso. Takeshi resolveu ir até a emissora para entregar seu currículo, mas acabou sendo chamado para testes de figuração de outra novela, Os Adolescentes, de Ivani Ribeiro. Nos testes, o diretor gostou tanto de seu trabalho que o apresentou à autora, que resolveu escalá-lo para o personagem Jorge. Uma vez já atuando na Band, logo o ator também ingressaria no elenco de Os Imigrantes, que era o seu objetivo inicial, interpretando Hiroshi.

Ainda na Bandeirantes, atuou como o personagem Sato na novela Ninho da Serpente, que substituiu Os Adolescentes em 1982. O diretor do programa, Henrique Martis, que também havia trabalhado em Os Imigrantes, mudou-se para a Rede Globo, sendo também responsável por levar Takeshi à emissora mais tarde. Lá, ele atuou em novelas como Sampa (1988), Bebê a Bordo (1988), A Viagem (1994) e O Rei do Gado (1996).

Personagens de Carlos Takeshi na dublagem (de cima para baixo: Jaspion, Hayate e Stanley)

Ao longo dos anos 1980, Carlos Takeshi foi também se destacando na dublagem. Líbero Miguel, então diretor na Álamo, percebeu que o conhecimento do ator no idioma japonês poderia ser um adicional bem-vindo nos novos produtos que chegavam à empresa no ano de 1986: as séries O Fantástico Jaspion e Esquadrão Relâmpago Changeman, licenciadas pela novata Everest Vídeo. Assim, Carlos assumiu a voz do protagonista homônimo de Jaspion e também atuou como Hayate, o Change Griphon, em Changeman. Pela mesma distribuidora, veio o animê Comando Dolbuck, lançado apenas em home-video com a sua voz no personagem Stanley Hilton.

Após o sucesso da veiculação de Jaspion e Changeman pela Manchete a partir de 1988, Carlos Takeshi também gravou sua voz para as apresentações do Circo Show baseado nas séries, que rodou pelo país com outros atores vestindo os trajes originais. Em uma ocasião, Takeshi chegou a vestir a armadura do Jaspion para uma participação em um programa do apresentador Gugu Liberato, onde deu uma entrevista devidamente caracterizado, com capacete e tudo. Ao canal Resistência Tokusatsu em 2020, o ator conta que quase desistiu de participar após abrir a mala que trazia o traje, já que ele veio totalmente suado de uma apresentação recente do circo.

Ainda no auge das séries japonesas, o ator foi convidado para fazer um teste para cantar a música tema do Jaspion para o LP brasileiro. Porém, sua gravação foi recusada na época.

Entre idas e vindas do Rio de Janeiro (onde atuava nas novelas da Globo) para São Paulo (onde atuava em dublagem), em 1994 dublou em algumas pontas da série Winspector, além do animê Os Cavaleiros do Zodíaco, onde atuou nos episódios 41 e 42 como o personagem Tremy de Sagita (chamado nesta versão de Tremor de Sagitário).

Carlos como Noburu em ‘Malhação: Viva a Diferença’ (2017) | Foto: Divulgação/TV Globo

Em 1995, mudou-se definitivamente para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como apresentador do canal de vendas Shoptime de 1995 a 2007. A carga de trabalho na emissora fez com que o ator tivesse que se afastar da dublagem e também do teatro. No entanto, seguiu integrando o elenco de novelas na Globo ao longo dos anos 1990 e anos 2000, como em Belíssima (2005), além de ter participado durante anos do programa educacional Telecurso 2000.

Seguiu em novelas e séries nos anos 2010, com destaque para o personagem Noboru Yamada na vencedora do Emmy Malhação: Viva a Diferença (2017) e na série derivada As Five (2020). Participou da série de suspense sobrenatural Spectros, exibida pela Netflix a partir de fevereiro de 2020 e da novela Amor Sem Igual, exibida pela Record a partir de dezembro de 2019. No cinema, também atuou em Maverick: Manhunt Brazil (2016), Copa 181 (2017) e Atração de Risco (2020).


Filmografia em dublagem de produções japonesas


Fontes consultadas:
TokuDoc, Resistência Tokusatsu [1], [2]