Casshan: O Exterminador

Casshan: O Exterminador
Shinzo Ningen Casshan
Caçador de Robôs Casshan

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Produção: Tatsunoko, 1993
Episódios: 4 p/ vídeo

Criação: Tatsuo Yoshida
Distribuição: Mundial Filmes
Disponível em: Vídeo e DVD
Mangá: Boken Oh – Tv Magazine

Última Atualização: 03/06/2008

A Tatsunoko Productions é bastante conhecida por seus animes que nos anos 60 e 70, principalmente, se tornaram clássicos e fizeram a infância de muita gente bem mais feliz. Apesar dessa fama, o estúdio nunca conseguiu ser uma produtora de ponta, sempre dependendo do sucesso de seu título atual para bancar a próxima investida. Fundada em 1962 por Tatsuo Yoshida juntamente com seus irmãos Kenji e Toyoharu (que atendia pelo pseudônimo Ippei Kuri), a Tatsunoko era apenas um estúdio onde os irmãos produziam mangás para diversas publicações japoneses. Só em 1965 tornou-se uma empresa de animação, lançando Ás do Espaço para concorrer com Astro Boy, o campeão de audiência da época na tv do Japão.

Desde então, a empresa passou por altos e baixos e teve seu auge nos anos 1970, época em que lançou sucessos como A Abelhinha Hutch, Gatchaman (sem dúvida, o anime mais famoso dos irmãos Yoshida, que no Brasil é mais conhecido como G-Force), Time Bokan (lançado em DVD como “A Fantástica Máquina do Tempo”) e Casshan. Nos anos 80, o número de produções originais diminui, mas mesmo assim a empresa se destacou como co-produtora de Macross, juntamente com o Studio Nue. Já nos anos 90, o destaque se deu em outra co-produção: Neon Genesis Evangelion, sempre creditada somente ao Gainax. Hoje o estúdio está praticamente na lanterninha das produtoras japonesas, depois da venda da empresa em 2005 para a fábrica de brinquedos Takara Tommy.

No início da década de 90, a Tatsunoko já demonstrava sinais de que estava mal das pernas, caindo de cabeça na onda de remakes e nostalgia que assolava o Japão na época. Nesse período, produziu novas versões de Gatchaman, Tekkaman Blade e de Casshan, esse último um de seus títulos de ficção mais adorados pelos japas, mesmo que na época de seu lançamento, em 1973, não tenha conseguido grande êxito junto ao público nipônico. Falemos dele.

Casshan – A Série Clássica
Nascido nas páginas de revista Boken Oh e posteriormente tendo história publicadas na Tv Magazine, Casshan reaproveita um pouco da temática de O Oitavo Homem (que posteriormente foi “chupado” por Robocop): um homem tem seu corpo “robotizado” e passa a usar essas habilidades para combater o mal. Só que, Tatsuo Yoshida, o criador da história, foi além, colocando seu herói num futuro apocalíptico onde os humanos lutavam pela sobrevivência em um tempo dominado pelas máquinas.

O anime estreou em outubro de 1973 na Tv Fuji, ficando no ar até maio do ano seguinte, durando apenas 35 episódios, devido à recepção um pouco fria por parte do público. O que chama atenção na produção é a quantidade de gente importante envolvida. Tudo bem que tais profissionais só ficariam conhecidos mundialmente tempos depois, mas podemos destacar Yoshitaka Amano, character design do anime e que posteriormente seria o responsável pelo visual de games como Final Fantasy, e Yoshiyuki Tomino, que seria um dos responsáveis pela criação de Gundam, da concorrente Sunrise.

Casshan – O Remake
Como comentado acima, Casshan ganhou uma nova versão em OVA no início dos anos 1990, acompanhando a onda de remakes de séries clássicas que assolou o Japão. E foi esse o anime que assistimos. Como a Tatsunoko não era boba (e já estava numa fase decadente), tratou de ressuscitar seus maiores sucessos para o mercado de vídeo e assim, despertar o interesse do público que cresceu assistindo àqueles programas, bem como a nova geração. Só que, nos tempos atuais (não que 1993 seja assim tão atual =P), a animação japonesa já não era tão “inocente” como na época da primeira série de Casshan. Seguindo essa premissa, a Tatsunoko tratou de pôr um pouquinho de violência em sua nova versão do herói mas claro, sem nenhum exagero, já que a produtora sempre foi meio “família”. Isso, além de dar aos personagens uma roupagem mais atual, sem descaracterizá-los (como o bizonho remake de Speed Racer, já exibido por aqui pelo Cartoon Network) apenas modernizando o velho traço de Amano para os padrões atuais.

A história desse OVA mantém o mesmo enredo da versão original só que, obviamente condensaram tudo para caber em apenas 4 episódios de meia hora. E como não dá pra fazer milagre, podemos dizer que ficou aceitável, considerando as possibilidades. Ao invés de fazer um “novo Casshan”, a Tatsunoko apenas tratou de recontar a mesma história, mantendo a mesma premissa da anterior.

Historinha
Num futuro apocalíptico, a humanidade foi dizimada pelas máquinas. Lideradas pelo Rei Negro, um exército cibernético caça humanos como se fossem pragas e emplacam uma nova ordem mundial. Os poucos sobreviventes vivem escondidos (acharam que fossem sair cantando e dançando por aí?) e tem a esperança de que um dia um salvador surgirá e trará de volta a supremacia dos homens. Adivinhe quem é o tal salvador?!

Antes de ser Casshan, o herói salvador era um jovem, filho de um renomado cientista, que viu sua vida mergulhar nas trevas, com a rebelião das máquinas. Gravemente ferido, ele acaba fazendo uso de uma nanotecnologia avançada, que integra células orgânicas com máquinas. Cheio de ódio, ele acaba deixando sua humanidade de lado e segue numa trilha de violência atrás do Rei Negro. Como companhia, Casshan conta com a ajuda de uma versão high-tech futurista do Bionicão, chamada Friender.

Em sua sina, Casshan acaba reencontrando com Luna, uma bela garota que no passado foi sua amiga e… namorada! Luna é uma das principais líderes da rebelião contra as máquinas e ao reencontrar Tetsuya (Casshan antes de virar ciborgue) lhe desperta um pouco de sua humanidade perdida. Nos dois primeiros episódios, vemos um pouco de drama entre os dois e questões filosóficas sobre a vida até são levantadas. Mas como tinham que acabar logo com o remake, tascaram porradaria e até uma “pagação de peitinho” (hihihi) nos episódios conclusivos. Previsível, no final você até tem vontade de ver mais. Quando é pra espichar roteiro, esses caras não espicham… Vai entender…

Casshan – O Filme
O longa-metragem do herói foi lançado no Japão em 2004 e contou com direção do até então recém estreante Kazuaki Kiriya, que fez um belíssimo trabalho quanto à fotografia e uso de efeitos especiais. Aliás, Casshern (como o filme foi lançado no ocidente – usa-se a grafia Casshan ou Casshern dependendo do país) tem todos os seus cenários construídos digitalmente, o que dá ao longa uma cara de videogame em determinados momentos (mesma técnica utilizada em 300, por exemplo). Como todas as cenas de ação também foram feitas em CG, o filme acabou ficando uma cara de anime, mantendo com fidelidade o clima da animação.

Ao contrário do OVA, que apenas recontou a série original, o longa foi mais além: deu uma nova versão à trama, apesar das principais características do herói terem sido mantidas.

O futuro da humanidade não é nada agradável: quase tudo foi devastado devido a uma guerra entre nações. Nesse cenário, encontramos o Dr. Azuma, um cientista que dedica sua vida à encontrar uma cura para sua mulher, Midori, que sofre de uma doença que surgiu da devastação de nosso planeta (na verdade, era pra ele pesquisar uma forma de salvar os soldados feridos na guerra, mas ele aproveita a oportunidade para trabalhar em um interesse próprio, escondendo sua real intenção). Tetsuya, o filho do cientista, resolve se alistar ao exército mesmo a contra gosto dos pais e da namorada Luna. Só que, como em todo filme (XD), algo dá errado e as experiências de Azuma dão vida a um novo tipo de criatura chamada Neo Sapiens, a partir de restos mortais de seres vivos (no anime, tais seres são representados por robôs que ganham vida, sendo essa uma das inúmeras mudanças em relação à série).

Perseguidas e exterminadas pelo exército, tais criaturas se rebelam e se unem a Brai, líder de um exército de robôs, numa tentativa de se vingarem dos humanos e darem início a um novo mundo. E nessa maluquice toda entra Tetsuya que, após morrer como soldado na guerra, é ressuscitado pelos experimentos do pai, e usando uma armadura desenvolvida pelo pai da namorada Luna se torna Casshern, um guerreiro com poderes quase que ilimitados.

Uma curiosidade: no filme, o personagem aparece sem o capacete usado no anime, mas é possível ver tal apetrecho em uma cena no laboratório, numa clara homenagem à série animada (vai ver ele reparou que aquilo era muito brega e deixou de lado XD). Por se tratar de um filme japonês, as eternas péssimas interpretações continuam presentes. Daí surge uma pergunta: por que ao invés de investirem bilhões em efeitos especiais, os japas não investem em uma oficina de interpretação? Não com os mexicanos, é claro… =P

Pode não parecer, mas o longa-metragem do diretor Kazuaki Kiriya possui uma carga filosófica muito grande, e passa várias mensagens e referências o tempo todo, sendo para muitos de difícil entendimento. As rápidas tomadas (herança da experiência do diretor em vídeoclipes) e as cores às vezes incômodas em grande parte do filme (há uma passagem onde tudo fica.. CINZA!) faz com que pra muita gente certas passagens não tenham sentido. Mas é aí que se enganam, fazendo com que o longa seja um desses filmes onde é preciso assistir mais de uma vez para entender tudo direitinho.

Casshan no Brasil
Como a série clássica nunca foi exibida por aqui, o primeiro contato que o público brasileiro teve com Casshan foi em meados de 1997, via Mundial Filmes, que comprou os direitos do OVA em 4 partes nos EUA, da ADV – que não efetuou nenhum corte na produção. Por lá, o filme saiu em duas versões: com os episódios avulsos e compilados em um longa-metragem.

Por aqui, o anime foi batizado de Casshan – O Exterminador (sendo que nos EUA é Casshan: The Robot Hunter) sendo lançado em VHS pela Mundial em seu selo infantil Teen Action, que se propunha a colocar desenhos animados encartados em revistas nas bancas de jornal. Tal VHS continha apenas o primeiro dos 4 capítulos, ou seja, a coisa já começou mal, pois só ficou mesmo no primeiro volume.

Em meados de 2002, a Works Editora (comenta-se que seja a própria Mundial Filmes, com um “selo” alternativo – desculpa para relançar material sem pagar os direitos novamente XD) colocou no mercado um disco de DVD de Casshan. A capa utilizada foi a mesma do VHS, mas com uma novidade: vinha com 2 episódios (nota-se o descaso da distribuidora: por que não pôr os 4 capítulos no disco, já que uma sequência de tal lançamento seria algo remoto?). Posteriormente, tal DVD foi relançado com outra capa, o que fazia muita gente pensar se tratar da continuação do anime. Safadeza pouca é bobagem…

Ao menos a distribuidora enviou o anime pra ser dublado em uma empresa bacanuda: a Audio News, no Rio de Janeiro. Como o estúdio de dublagem estava em alta na época por conta do sucesso de Yu Yu Hakusho, a maioria dos animesque a Mundial comprou foram mandados pro Rio e ganharam uma ótima versão brasileira e edição de som. Casshan teve a ótima voz de Marcos Jardym (o Karasu de Yu Yu Hakusho e o Wes / Ranger Vermelho da Força do Tempo) e sua “namorada” ganhou a voz de Mabel Cezar (a Genkai Jovem e a Jay da sitcom Eu, a Patroa e as Crianças).

Resumo da ópera: só tivemos oportunidade de assistir à metade da mini-série! E querem saber o pior? Peguem suas machadinhas e tochas de fogo: em meados de 2006, a Imagem Filmes iria lançar tal material naqueles DVDs “ótimos” que são padrão da empresa. Só que, sem querer, contamos pra ela que o material já tinha sido lançado por outra distribuidora. Resultado: abortaram o lançamento. É… A única oportunidade de verem a série completa foi pro ralo graças a nós @_@. Desculpem XD! Se bem que, com o padrão dos animes já lançados pela Imagem, não fez muita diferença, pois ninguém viu a conclusão de nada que ela começou :P.

Se o anime teve um tratamento porco pela Mundial, o live-action foi bem mais feliz. Casshern: Reencarnado do Inferno, foi o título que o longa-metragem recebeu da Paris Filmes, que lançou o filme diretamente para o mercado de DVD em 2006. Apesar do filme ser … Ann… “Para poucos” (@_@), a Paris fez um bom trabalho, disponibilizando áudio em japonês e inglês e outras coisinhas como making of, o que já torna o produto obrigatório em qualquer coleção (nem que seja só por ter XD). O melhor de tudo é que tanto a versão animada como o filme, podem ser encontrados por módicos 10 reais em piscinas de DVDs da vida…

Checklist Episódios
01- Retorno da Mitologia
02- Jornada ao Passado
03- Blitz na Ponte
04- O Renascer