Doraemon

Doraemon

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=eQPv2WzAs1o 480 320]

Produção: Shin Ei Animation, 1979
Episódios: + de 1600 e ainda em produção !
Criação: Fujiko Fujio
Exibição no Japão: Tv Asahi (02/04/1979- no ar)
Exibição no Brasil: Manchete
Distribuição: WTC Comunicações
Mangá: Coro Coro Comics

Última Atualização: 11/07/2007

Os fãs de animes sempre reclamam do preconceito que sofrem por gostarem de “desenho animado”. Mas podemos notar que tal preconceito começa entre eles mesmos. É comum encontrar em fóruns, fãs de Dragon Ball x fãs de Cavaleiros, fãs de Evangelion esnobando fãs de Yu Yu e assim por diante. Além disso, grande parte das pessoas costumam torcer o nariz para animes ditos “infantis” e só gostam do que é considerado “adulto”, tem tiros, sangue e cabeças explodindo…

Tenho um conceito diferente, costumo dividir um anime em inteligente ou não. Onde eu quero chegar com isso? Na primeira vez que entrei em um fórum de fãs de anime usei o nick Doraemon, e assim que entrei na conversa, recebi um monte de mensagens tipo: “Isso é uma merda”, “Cai fora nenêzinho”… Tudo isso por causa de um nick. Mas será que algumas dessas pessoas realmente assistiram a um único episódio de Doraemon para julgá-lo assim?

Por causa do visual “fofo”, as pessoas geralmente o confundem com mais um tipo de Pokémon, mas saibam de uma coisa: Doraemon é infantilérrimo (essa palavra existe?) e mesmo assim é apaixonante! Voltando na parte do inteligente ou não, vemos um anime como o já citado Pokémon, por exemplo. Particulamente não gosto, mas não pelo fato dos personagens serem fofinhos, a questão é que o anime é repetitivo, cansativo e chato. Só querem apresentar um monstrinho novo a cada episódio e assim vender horrores em quinquilharia. Todo santo episódio Ash e cia chegam a um lugar, ajudam uma pessoa e a Equipe Rocket decola… Santa paciência…. Os roteiristas parecem não se importar com que está acontecendo com a história e, ao que tudo indica, só aparecem no estúdio pra merendar XD.

Outro exemplo, mas dessa vez “ao contrário”, é Ghost in the Shell, um desenho hyper adulto, sofisticado e bem feito. Mas uma bosta. A história dá sono (dormi na metade e tive que acabar de assistir no outro dia), não desenvolvem os personagens, tudo acaba muito depressa e não explicam muita coisa. Mas porque ninguém fala mal? Porque a crítica (ou seja, meia dúzia de chatos que acham que filme pra ser bom tem que ser sem sentido) o considerou um “marco”, então nenhuma revista especializada (convenhamos especializadas em resuminhos, só se for..) se atreveu a falar “mal”. O anime é bem feito, a animação fabulosa, a trilha sonora excelente, a direção idem. Mas é ruim. Não é o Ghost in the Shell dos mangás, este sim, digno de nota máxima.

Mas voltando ao Doraemon… É um anime bem bobinho, mas que te cativa, e aí está o segredo: os personagens te conquistam de tal forma que você se apaixona com tanta simplicidade.

A historinha…
Nobi Nobita, é um garoto que estuda na quarta série do primário, vive tirando péssimas notas na escola, além de apanhar a todo instante do metido a fortão Gian. Um belo dia, uma coisa estranha pula de sua escrivaninha: um gato robô azul que fala e que pode tirar coisas miraculosas de uma bolsinha presente em sua barriga.

Na realidade, Doraemon foi enviado até nossos dias por um parente muuuito distante de Nobita que vive no século 22 mas que, graças as burrices de Nobita, vive na total pobreza. A missão de Doraemon é tentar fazer com que o garoto não cometa nenhum deslize, para que o futuro dos seus descendentes seja, digamos, menos miserável.

O problema é que Doraemon também não era lá um robô muito avançado, mesmo pra sua época, pois foi adquirido com o pouco dinheiro que os descendentes de Nobita conseguiram juntar a duras penas. Ou seja, não será nada fácil, pois além de Nobita não ser lá muito inteligente (na realidade, o pior aluno da classe e o mais fracote também.. Isso tá lembrando minha infância @_@), Doraemon não é o melhor robô de sua linha.

A partir de então, é só Nobita precisar que lá está Doraemon, retirando todo tipo de parafernália futurística de sua bolsa mágica pra tentar ajudar o garoto em alguma enrascada. O problema é que geralmente ele só consegue atrapalhar.

Tá vendo que legal? Não precisa de uma história cheia de intrigas e reviravoltas, lunáticos com risadinha insuportável querendo dominar o mundo (pra quê?), robôs que só podem ser controlados por um adolescente complexo e perturbado, e muito menos bicas de sangue pra ser divertido. O segredo é não brincar com a inteligência do espectador, trazer histórias diferentes, divertidas e fundamentalmente: simples.

A criação
A primeira aparição do personagem foi nas páginas da revista Coro Coro em 1969. Nessa história o gato conhece Nobita, mas curiosamente ela não foi adaptada pra tv quando o personagem ganhou sua série animada. Esse encontro só foi mostrado em um especial pra tv lançado em 2002, com nada menos que três horas de duração o.O.

Doraemon foi criado pelos desenhistas Fujimoto Hiroshi (falecido em 1996, aos 62 anos) e Motoo Abiko, que assinavam seus trabalhos com o pseudônimo Fujiko-Fujio. Além de Doraemon, a dupla criou outro personagem que fez bastante sucesso no Brasil nos anos 70: Super Dínamo (Paaman). Fujimoto teve a ideia de criá-lo quando viu seu (o dele :P) gato brigar com um brinquedo de sua filha. Apesar do sucesso do personagem (e outros, como o próprio Super Dínamo), a dupla se separou em 1987, e desde então não fizeram mais nenhum trabalho juntos.

Paixão Nacional
Doraemon representa para o povo japonês o que Mickey representa para os Estados Unidos e a Turma da Mônica para o Brasil. Desde sua estreia na tv japonesa, é um dos animes mais bem sucedidos de todos os tempos, se tornando um fenômeno cultural no Japão, sendo assistido até por quem não é fã de animes. Ao longo desses mais de 30 anos na tv, o personagem já ganhou todo o tipo de produto que se possa imaginar (inclusive um trem de ferro @_@), rivalizando diretamente com a chatinha e feinha Hello Kitty, quanto ao número de parafernálias.

Pra se ter uma ideia do fenômeno que o personagem representa, ele já possui quase 30 filmes para o cinema, fora os especiais para a tv, que chegam a assustar tamanha quantidade. Em termos de longevidade de exibição, o anime rivaliza com Sazae San como a produção que mais tempo está no ar. Curiosamente, o gato já teve duas versões televisivas: uma em 73, que só durou 5 meses, e uma em 79, que é a que permanece no ar até hoje.

Mas e no Brasil?
Na terra da Gretchen (adoro a palavra “gretchen”… Combina com tudo que é bizarro e tosco XD), a série chegou inicialmente a ser negociada com a Everest Video no fim dos anos oitenta, mas esta desistiu de trazer o anime para o país devido ao alto valor que Shin Ei cobrava pelos direitos, afinal, ela era (e é!) a principal animação do Japão e não poderia custar tão barato. Foi aí que a distribuidora comprou o tal Comando Dolbuck que ficou restrito ao mercado de vídeo. Também, trazer Doraemon com o troco de tokusatsu não dá, né Everest? :P

O gatinho azul só daria as caras por aqui em outubro 1992, distribuido pela WTC Comunicações (que é isso??), no Clube da Criança ainda comandado pela Angélica. Quem assistiu sabe da dureza que foi aguentar a loira ”cantar” a música tema. Isso mesmo, Digimon não foi a primeira vítima da ”voz” da loira. Quem não se lembra que, sempre antes do anime ir ao ar, a apresentadora aparecia do lado de um boneco do Doraemon cabeçudo e compridão que limitava-se a dar ”tchauzinhos” para a plateia, enquanto a loira metralhava a “música tema”? Ao invés de atrair a mulecada, aposto que todo mundo ficava era com medo daquela coisa bisonha e mal feita no palco do programa.

O problema é que a emissora nunca passava a abertura do desenho, além de reprisar os mesmos episódios constantemente (não durava 3 semanas de exibição contínua). Isso significa que só foram adquiridos algo em torno de 20 episódios da série, mas não se sabe se esse foi o número de episódios trazidos pela distribuidora ou se foi a Manchete que comprou apenas alguns.

Devido à baixa repercussão (esperava-se uma febre, tendo em vista a coqueluche que o personagem é em sua terra natal) o anime saiu do ar, e só voltaria um ano depois no mesmo Clube da Criança, já sob o comando da atriz Milla Cristy (que graças a Deus não cantava nada) e depois sumiu sem nunca mais dar as caras.

Os direitos da série no Brasil estavam com a Creative Licensing, que desde 2001 tentava negociar o anime com algum canal de TV, mas infelizmente, sem sucesso. Atualmente, a Rose Entertainment (uma distribuidora latina que vende programação pra tv paga) é quem possui os direitos. Enquanto isso, o gatinho trapalhão segue fazendo sucesso em vários países cucarachos como Chile e Argentina. E como sempre, o fã brasileiro fica chupando dedo…