Force Five – Combate Mortal

Force Five – Combate Mortal
Danguard Ace

Getta Robot
Grandizer
Starzinger
Daiyku Mariu

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=Kw_lAQcL_VE 480 320]

Produção: Jim Terry Productions, 1980 (reciclando séries da Toei)
Distribuição: Teen Action (Mundial Filmes)
Disponível em: VHS – DVD

Última Atualização: 18/08/2007

No início dos anos 1980, a toda poderosa Mattel colocava no mercado americano uma vasta coleção de action figures trazidos do Japão, os quais eram baseados em séries de grande sucesso na terra do shushi, tais como Mazinger, Gaiking e até Godzilla (@_@).

Intitulados Shogun Warriors (nome tudo a ver, né?), a coleção vendeu horrores, a ponto de serem lançadas mais de 50 miniaturas diferentes!

De olho na coqueluche (e numa época onde os chatinhos Transformers ainda nem sonhavam em dar a cara no ocidente), a American Way/Jim Terry Productions, foi doidinha ao Japão trazer as série originais e vender para os canais de tv dos EUA.

De posse de cerca de 5 animes diferentes, todos da Toei Animation, a produtora se deparou com um problemão: nenhum grande canal queria exibir tais ‘produções inferiores’. E é aqui que a história se confunde com Robotech: da mesma forma que a Harmony Gold foi “obrigada” a unir mais duas series à Macross para esticá-la, a American teve que fazer o mesmo, mas aqui o trabalho foi beeeem mais porco: pegaram 5 séries (quase 300 episódios!), picotaram aqui, ali, acolá e tcharam: um anime “novinho” com cerca de 130 episódios! Assim como Robotech, a picaretagem passou a ser vendida para os Syndications (emissoras locais dos EUA), que exibiam de segunda à sexta, como os desenhos animados são exibidos no Brasil.

Só que, ao contrário do que seria feito posteriormente em Robotech (três séries formando uma, mas cada qual sendo exibida ao término da anterior, tentando dar uma certa “cronologia” :P), a American fez um esquema tão bizarro que é de se ficar encucado como os americanos conseguiram acompanhar: as 5 séries eram exibidas uma a cada dia da semana como uma série só e com os mesmos dubladores. Não entendeu? Seria com se a Manchete exibisse Saint Seiya na segunda, Shurato na terça e Samurai Warriors na quarta, falando que tudo era Os Cavaleiros do Zodíaco e usando os mesmos dubladores em todas (ei, esse último item aconteceu aqui XD). Mesmo com toda essa bagunça, o treco fez muito sucesso (a molecada queria ver seus bonequinhos se mexendo na tv XD) e o programa ficou no ar de 1980 até 1985 nos EUA, sendo reprisado até dizer chega.

Os originais
Confira a seguir as 5 séries usadas pela American para fazer seu show de horrores. Todas seguiam a linha de ‘robozão esquisito defendendo nosso planetinha de seres alienígenas”, um dos maiores clichês dos desenhos japoneses na década de 70. Algumas das produções se tornaram clássicas, como é o caso de Getta Robot. Só que, como americano não se importa com isso, dá-lhe tesoura e edições:

Danguard Ace (56 episódios no original): Com o aumento da população, a Terra se tornou inabitável, e a exploração de um planeta chamado Prometeus talvez pudesse ser nossa única esperança. A bordo de um navio espacial (hum.. Yamato?) os humanos partem para um possível novo lar, só que uma raça alienígena também quer Prometeus pra si e, depois de atacar a 1ª leva de terráqueos, a Terra constrói o robozão Danguard Ace pra proteger a gente de novos ataques do malvadão Komisar Krell.

Danguard Ace foi exibido no Japão pela Tv Fuji de 1977 a 1978 e tem como criador nada mais nada menos que Leiji Matsumoto, o “pai” de Yamato (o anime, não a “empresa” safada XD). Infelizmente, o moço deve ter gastado seus neurônios com a tripulação do navio espacial, pois Danguard é mais um daqueles animes bem previsíveis e olhando de uma certo ângulo, é como se fosse uma versão “kids” da Patrulha, onde há a presença de um robozão no lugar do encouraçado. E não é exagero não: todos os personagens são focinho-e-cara da obra anterior do autor.

Getta Robot (com 90 episódios – juntados com a fase G – que virou Starvengers nos EUA): Nesse anime, os heróis usam o feiosinho e multiuso Getta Robot contra o Império Pandemonium – liderado por uma versão sinistra de “Hittler”, chamada Coronel Fhurer.

Exibido pela Tv Fuji de 1974 a 1975, Getta Robot foi criado por Go Nagai, um dos nomes mais importantes da indústria da animação japonesa. Pouco antes de criar Getta, Nagai deu “vida” à Manzinger, um dos mais importantes animes de mechas de todos os tempos. Por que tal importância? Pela primeira vez até então, um robozão era pilotado por um homem. Anteriormente, só se via neguinho controlando “mechas” via relógio, controle remoto, anel… Getta ainda ganhou uma nova série em 1991 entitulada Go Getta Robot Go, que durou 50 capítulos. Em 1998, foi a vez de outro remake, desta vez entitulado Shin Getter Robot, que teve 13 episódios. Em 2004 uma nova temporada do “Shin” foi lançada, com mais 13 capítulos. A quantidade de remakes prova a popularidade da série no Japão (ou a falta de imaginação dos japas.. Vai saber…).

Grandizer (74 episódios): Mais famosa “linha” da Force Five, com o herói “Orion” (Duque Fleed no orinal Japa) lutando contra Vega (não é o do SF II não seu game-maníaco tarado!) pilotando o robozão Grandizer (que deveria ser a arma de aniquilação do mal ^^) em defesa dos terráqueos – que nem é seu povo de origem.

Outra criação de Go Nagai, Grandizer foi exibido entre 1975 e 1977 na Tv Fuji. Curiosamente, o character design foi feito por Shingo Araki, o mesmo de Cavaleiros do Zodíaco e Lady Oscar. Por isso não é raro ver um “Seiya” pilotando um robozão… =P

Starzinger (64 episódios, e que virou Spacekeeters): Mostra três destemidos heróis sob ordens da princesa Aurora atrás da fonte de energia maligna que transforma tudo em “mutantes” no universo (vixi… Máikoul Diékison foi atingido né? ^^). Parece uma versão espacial robótica dos 3 mosqueteiros (forçando muuuuuito a imaginação).

Outra criação de Leiji Matsumoto, exibido no Japão de 1978 a 1979. Curiosamente, na composição de Force Five, a American usou apenas 26 dos 64 episódios originais do anime. Leiji usou a lenda chinesa que serviu de base pra Akira Toryama criar Dragon Ball, e misturou-a com uma espécie de Os Três Mosqueteiros. Tudo, é claro, remetido a uma temática espacial, o terreno preferido de Matsumoto.

Dayuku Mariu Gaiking (Não pense maldade, muleque safado! Virou Gaiking e tinha 44 episódios): Mostrava o império Zala querendo conquistar a Terra, uma vez que seu mundinho foi sugado por um buraco negro. Só que ao invés da diplomacia, os aliens queriam chegar aqui e nos enxotar como insetos (quanta audácia, né?). Aí adivinha o que a Terra fez? Não… Não catou as esferas do dragão :P. Construiu um robozaum gigante horrendo que mais parece o capeta, e saiu pro quebra-pau com a etzada!

O anime também conta com o character desing de Shingo Araki, e nele é possível ver TODOS os personagens de CDZ pilotando robôs feiosos e naves mal desenhadas.

Fora dos EUA
Apesar de ter sido uma picaretagem das brabas, Force Five chegou a ser exibida na Inglaterra, onde teve até alguns brinquedos da coleção lançados pela Mattel (mas nem 1/3 do que saiu nos EUA). “Mas só na Inglaterra, Tio Cloud?”. Acontece que em muitos países, algumas das séries originais já estavam sendo exibidas, o que não permitia que a bizarrice mutante dos yankees fosse ao ar em diversos lugares. Mas, como americano tira leite de pedra, eles arrumaram um “jeitinho” de lançar seus bagaços fora dos EUA. Como? Editando episódios das séries como longa-metragens e lançando nos locais onde a série original não havia sido licenciada. E foi exatamente assim que essa pérola chegou ao Brasil.

Em tempo: além da Inglaterra, em alguns poucos países latinos o programa chegou a ser exibido como “Festival dos Robôs”, sendo que a dublagem não tentou dar a impressão de ser uma série só. Menos mal.

No Brasil: o “longa”
Force Five: Combate Mortal (o título é mais empolgante que o anime, acreditem!) chegou ao Brasil em uma fita VHS no início dos anos 90, pelo selo Teen Action, da Mundial Filmes. Para alegria (e desespero) de muita gente, o mesmo foi relançado em 2004 pela Mundial, no seu selo Mundo Mágico. O disco, pra variar, não traz nenhum extra nem nada de interessante (nem mesmo o anime XD). E pior: além do desenho já ser velho bagaralho (“faísca” e pula o tempo todo), parece que usaram um vhs que tinha sobrado como master! Dá pra se ver a imagem distorcendo, correndo (quando vai pra cima e pra baixo… Quem era criança nos anos 80 e assistia tv sabe do que tô falando…) faixas pretas na tela… Detalhe para a capa (tanto do dvd quanto do vhs) que, de tão bizarra, dava descrença até de assistir ao anime.

O longa, de quase 100 minutos, é na verdade, uma compilação de alguns episódios de Gaiking, ou seja: animação velha, cenas de dar risadas, e o pior: a trilha sonora nada a ver proporcionada pelos americanos. Além de pular o tempo todo, em momentos cruciais ela simplesmente muda para toques mais alegres e musiquinhas de cirandinha @_@. Talvez tentando disfarçar a “carga dramática'”? Pode ser… Ou isso, ou falta de noção mesmo…

Apesar da feiúra (um dos “charmes” do anime @_@”), Gaiking inovou em alguns aspectos: foi um dos primeiros animes a mostrar um mecha que funcionava como “cargueiro” para outros veículos menores, e ter suas ações centradas em diversas partes do nosso planetinha, não apenas no Japão (ou seja: é o primeiro anime onde os etês descobrem que a Terra tem mais coisas além de Tokyo XD). Além disso, também foi o primeiro mecha a não ter uma mangá no qual se baseou, sendo criado direto pra tv. Por falar em “criação”, conta-se a lenda que Gaiking foi na verdade uma ideia original de Akino Sugio, mas como foi produzido por Nagai, o último acabou levando todos os créditos @_@”. Safado, né?

Curiosamente, Gaiking ganhou um remake em 2005 pela mesma Toei Animation, que durou 26 episódios. Dessa vez, o robozão horrendo que misturava dinossauro + capeta ganhou um visual atualizado (mas ainda feio), além é claro, de todos os recursos que a tecnologia pôde trazar para a animação. Só que não teve muita repercussão.

Mesmo com toda a bagunça feita pelos americanos, Force Five é hoje um clássico absoluto por lá. Apesar de tudo, criança não repara em toda essa capenguisse, quer mesmo é ver explosões e o robozão chutar o traseiro dos inimigos. E nisso, FF é um prato cheio.