Guerreiras Mágicas de Rayearth

Guerreiras Mágicas de Rayearth
Mahou Kishi Rayearth

[youtube:https://www.youtube.com/watch?v=bwQq_JEGK8Y 480 320]

Produção: TMS, 1994
Episódios: 49 p/ TV (2 fases)
Criação: CLAMP
Exibição no Japão: TV Yomiuri (17/10/1994 – 13/03/1995),
Fase 2: (10/04/1995 – 27/11/1995)
Exibição no Brasil: SBT
Distribuição: Alien International
Mangá: Nakayoshi (Japão) – JBC (Brasil)
Disponível em: VHS

Última Atualização: 14/05/2014

Por Larc Yasha

Durante o auge d’Os Cavaleiros do Zodíaco na tevê brasileira, um monte de empresários foram até a Terra do Sol Nascente buscar algum anime para lançar e faturar em cima dos produtos que este poderia gerar. Foi assim que chegaram até nós Shurato, Samurai Troopers, Sailor Moon, Dragon Quest e, um dos melhores da safra: Magic Knight Rayearth (ou Guerreiras Mágicas de Rayearth, como você deve conhecer).

Primeiro trabalho do grupo CLAMP a ser exibido aqui, a série surgiu do sucesso do mangá publicado na Nakayoshi (que também publicou Sailor Moon) e rendeu 49 episódios, um OVA de 3 partes e uma compilação intitulada Wings of Hope. Tal compilação e os OVAS são inéditos por essas bandas. O mangá rendeu 6 volumes em tankobons e foi publicado no Brasil pela editora JBC em dois momentos.

Misturando elementos básicos de qualquer shoujo que se preze, fantasia, RPG e até mechas (robôs gigantes) a série é sem dúvida um dos melhores animes que já deram as caras no Brasil. Infelizmente, não dá pra falar que é o melhor das meninas do CLAMP, que também são responsáveis por X – 1999, Tsubusa Reservoir Chronicle, Sakura Card Captors, Tokyo Babylon… Como pouca gente viu o anime graças ao SBT, que trocava o horário mais que modelo trocando de roupa em desfile, vale a pena contar um pouco da historinha…

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No mundo de Zephir
Hikaru, Umi e Fuu (Lucy, Marine e Anne no Brasil, por conta da adaptação americana) são três estudantes ginasiais (esperava que fossem velhas carcomidas?) que nunca se trombaram antes na vida e são transportadas por uma forte luz para o mundo de Zephir, durante uma excursão de suas respectivas escolas à Torre de Tóquio – sempre presente em um anime do CLAMP.

Recepcionadas pelo mago do botox – o Guru Clef, que tem aparência de menino, mas na verdade tem 745 anos! – elas descobrem que foram chamadas ao mundo mágico pela princesa Esmeralda, que está cativa do feiticeiro Zagard. Por causa disso, a hegemonia de Zephir se foi e o mundo começou a se deteriorar. As meninas são a única esperança, e precisam se tornar as Guerreiras Mágicas de uma tal lenda, despertar os Mashins (Gênios na versão brasileira) e libertar a princesa Esmeralda de seu cárcere. Ganhando luvas encantadas de Clef, cada garota passa a controlar um elemento da natureza. Lucy vira a guerreira do fogo, Marine da água e Anne dos ventos.

Durante sua jornada aos Mashins (que são robôs gigantes movidos à magia – que por sua vez é gerada pela força do coração) as garotas são guiadas por Mokona, um esquisito bicho que fala “pupupu” e parece uma cruza de coelho com a bolsa da barriga do Doraemon (ele tem uma joia na testa que tira um monte de coisas úteis de fazer inveja à Barbie =P), e recebem ajuda de muitas pessoas como Priscila (que forja as espadas das garotas) e do errante guerreiro Fério (que se apaixona pela moçoila dos ventos Anne). Derrotando um a um os enviados de Zagard, quando as meninas despertam o último dos Mashins, elas se tornam as Guerreiras Mágicas capazes agora de salvarem a princesa.

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Mas o destino (e a cabeça das meninas do CLAMP!) é cruel e elas descobrem que sua real missão é [SPOILER IMINENTE] eliminar a própria princesa – o pilar daquele mundo – para que alguma outra pessoa possa orar pela paz do mundo mágico sem desviar suas atenções para si mesma ou para o amor! Zagard não era o “vilão” propriamente dito, mas apenas um cara apaixonado que queria poupar a sua amada do trágico destino… Surpreendente e trágico final do 1º ano da série!

Apesar de seguir a base da história do mangá, essa fase apresenta uma série de pequenas diferenças à obra original, algumas delas provavelmente para alongar a atração. Nos quadrinhos, as coisas acontecem muito rápido, aparentemente em um único dia, sendo que no anime as Guerreiras chegam a dormir algumas vezes para se prepararem para a batalha seguinte. A diferença mais significativa é + SPOILER + a morte de Priscila, que no mangá apenas fica enfraquecida, além da existência do servo Inov, exclusivo da versão animada.

De volta a Zephir – Rayearth II
A partir do 2º ano (episódios 21 a 49) a série se distancia ainda mais do mangá quanto ao roteiro. Apesar da essência ser a mesma, com invasores de outros mundos querendo se tornar o pilar de Zephir e consequentemente, os donos do mundo encantado, a forma como os acontecimentos se sucedem são um tanto diferentes.

Zephir está em ruínas, já que não existe um pilar para orar pela paz e estabilidade do mundo. Invasores de planetas vizinhos (Zephir é um planeta regido pela magia) querem assumir o posto pois ao fazerem poderão usar a magia de Zephir para satisfazerem seus desejos… Lucy e as demais estão tristes pelos últimos acontecimentos (assim que + SPOILER + mataram a Princesa elas voltaram para a Torre de Tóquio no mesmo instante em que partiram) e numa visita ocasional à Torre elas são novamente transportadas para Zephir. Diante da situação elas se dispõem a lutar para proteger seus amigos enquanto o novo núcleo não aparece. Paralelo a isso surge uma assombração chamada Debonair, que é fruto dos medos e inseguranças dos habitantes do mundo mágico. Até Lucy cria uma assombração com sua insegurança, chamada Nova, que tem até mesmo seu próprio Mashin – bem duro na queda diga-se de passagem. Essas duas personagens não existem no mangá.

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A aventura dá espaço para lutas entre Mechas no melhor estilo Gundam. No final, descobrimos que Lucy e Visão de Águia (um dos inimigos, oriundo do planeta Autozan) são os novos pilares, mas enquanto na tevê o rapaz morre pelas mãos de Debonair, no mangá ele trava uma batalha sobre os céus de Tóquio com Lucy!

E Mokona (o rival nato do Pikachu no quesito “fofura”) se revela o criador do universo – no mangá! Na TV, o Rayearth Definitivo (junção dos 3 mashins da garotas) luta contra um monstro criado da junção de Debonair com Regalha, o mashin de Nova. Ambos finais são muito bons e merecem ser lido e visto.

Os OVAs inéditos
Dois anos após o fim na TV, as Guerreiras Mágicas voltariam ao acetado através de uma série de OVAs dividida em três partes. Apesar de também ter sido produzida pelo TMS, a produção difere de cara já pelo visual, mais bonito e detalhado e um pouco mais “escuro” comparado à série televisiva.

Mas as diferenças não param por aí, aliás, vão muito mais além. Como a história do mangá já tinha sido abordada por completo na telinha, era de se imaginar que jogassem Hikaru, Umi e Fuu (tentando me acostumar a não falar Lucy, Marine e Anne, tá difícil =P) em uma história paralela. Só que o roteiro de Manabu Nakamura pegou os personagens principais e jogou num contexto totalmente alterado.

Nos OVAs, chamados simplesmente de “Rayearth”, as garotas já eram amigas há muito tempo, da época da escola. Elas também não vão parar em Zephir, na verdade, é Zephir que vem de encontro a elas! Visão de Águia vira irmão de Esmeralda, perdendo a ligação com Autozan que tinha na série original, enquanto Ferio perde o posto e fica só como feiticeiro aliado. Os Mashins também são diferentes e cada “vilão” tem o seu, como Ascot e Alcyon, que também dão as caras aqui.

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A trama se desenvolve de forma um tanto confusa, mas basicamente, Zephir se vê em ruínas em uma crise dos espíritos protetores. Nesse panorama, Zagard (apaixonado por Esmeralda, como no mangá) se sacrifica para tentar equilibrar o meio. Tudo na verdade é um plano arquitetado pelo Visão de Águia, que tenta convencer sua irmã de que o amado ainda está vivo, enquanto funde Zephir com a Terra para que os feiticeiros da terra mágica possam continuar existindo. Fez algum sentido pra você? Eu tô procurando um até agora… =/

No nosso planeta, Mokona é o primeiro ser estranho a aparecer para as meninas, que acreditam que ele é a “fada” de uma lenda. Dali, Hikaru ganha uma gema mágica e os invasores começam a surgir. Guru Clef volta a cumprir o papel de encaminhar as amigas a se descobrirem como guerreiras, o que vai acontecendo gradualmente.

Mais sério e violento, os OVAs chegam a se distinguir do original até mesmo na atmosfera densa. Muita reflexão e diálogos complexos vão sendo jogados e você pode acabar boiando se não prestar atenção. Como a chance disso ser lançado por aqui é quase nula, concedemos a permissão pra você ir atrás de “meios alternativos” hehehe Ah, vale a pena ir atrás da trilha sonora também. =]

No Brasil…
Importado pela Alien International, a série pastou até conseguir uma emissora que topasse exibi-la. Acontece que a Alien só liberava a série se o canal interessado levasse junto Dragon Ball (os primeiros 60 episódios) e Fly. Como a Manchete já tinha um bom relacionamento (dava chamadas nos comerciais no lugar de dinheiro @_@) com a Samtoy e a Everest/Tikara Films – que é nada mais nada menos que a empresa que trouxe Jaspion e Changeman pro Brasil – ela preferiu pegar Sailor Moon e Samurai Warriors da Samtoy, e Shurato e Yu Yu Hakusho da Tikara. No desespero, o dono da Alien usou de suas influências nos bastidores televisivos e empurrou os três animes pro SBT. O tal dono da Alien, atende pela alcunha de Magrão e na época era diretor do Domingo Legal (legal onde?), pra onde voltou anos depois.

Muito mal exibido pelo SBT, que chegou a passar a série às 6h30 da manhã de sábado, o anime tornou-se pouco popular e os produtos da série encalharam dando um baita preju pras empresas que pagaram por licenças da marca. Entre as quinquilharias da série, tínhamos peças de cama, mesa e banho, cards de luxo, produtos para aniversário e armaduras de plástico iguaizinhas as da tevê! Isso sem contar com as bonecas ‘Barbie Guerreira’ XD.

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A dublagem ficou a cargo da Gota Mágica, que não fez um trabalho dos piores. Todavia, os personagens tiveram nomes alterados, baseando-se na versão americana – de onde vieram as fitas masters, por imposição do cliente (dizem que o diretor, Gilberto Baroli, queria usar os nomes japas…). Os golpes e vários termos do anime também foram alterados, mas pelo menos deixaram o roteiro em paz (diferente do que fizeram com Samurai Troopers). As animesongs da série não foram adaptadas do original, mas criadas do zero visando CDzin pra molecadinha pequena (sendo a primeira abertura cantada pela Larissa Tassi). O responsável pela criação das músicas foi Mario Lúcio de Freitas, que cuidou também do arranjo de todas as musiquinhas dos animes dublados na Gota Mágica. O objetivo foi alcançado e a Sony (!) lançou um CD com um encartezinho lindo, mas que não vendeu como imaginavam que fosse vender. O mais bizarro é que, pra divulgar o CD, inventaram de por 3 muié vestidas como Guerreiras Mágicas dublando as músicas. Adivinha em qual programa que as mocorongas se apresentaram?! Hihihihi… O mais bizarro era que elas entravam mudas e saíam caladas do palco @_@.

Três fitas foram lançadas pela Cartoon Home vídeo (um selo da Flashstar) e também pela Publifolha. Cada fita emendou 5 episódios da série como se fossem um “movie” e obviamente que podaram muitas coisas pra render pouco menos de 2 horas de fita. Se achar uma delas compre, porque são itens de colecionador! O anime só veio a ser exibido de forma “decente” no começo de 97, quando foi ao ar de segunda à sexta às oito da manhã no programa da Eliana. Foram exibidos todos os 49 episódios e rolaram até umas reprises. Triste era ter de aturar a Eliana falando com um tal de “Fritz” que ficava na bancada de sua mesa…

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Em 2001, o mangá finalmente chegou ao nosso país. O lançamento foi feito pela JBC que o publicou na íntegra, tendo sido o primeiro título finalizado pela editora – que estava engatinhando nesse ramo. Apesar de algumas mancadas na tradução e das capas feiosas da 2ª fase, é um mangá que vale a pena de se ter. Entre o fim de 2013 e início de 2014, a editora republicou os quadrinhos seguindo o formato japonês (anteriormente tinha sido meio-tanko), com direito a páginas coloridas, historinhas extras e orelhas. A edição caprichada abandonou os nomes adaptados da dublagem, seguindo uma tendência do mercado.

Primeira produção dos Estúdios CLAMP apresentada ao público brasileiro, Rayearth é um clássico perdido na memória dos otakus brasileiros que sempre associam o grupo de autoras à Sakura ou X. Mas antes da caçadora de cartas ou dos paranormais do holocausto, três simpáticas garotas de olhos arregalados viveram aventuras na grade de programação do Sistema Brasileiro de Televisão, mas acabaram se perdendo… Uma pena. Silvio Santos às vezes é um vilão terrível mesmo!

Elenco de Dublagem
Narração: Jonas Mello/Rosa Maria
Lucy/Nova: Cecília Lemos (Drª Ritsuko em Evangelion)
Marine: Noeli Santisteban (Fly)
Anne: Fátima Noya (Enfermeira Joy de Pókemon)
Guru Clef: Marcelo Campos (Yugi de Yu Gi Oh!)
Priscila: Maralisi (Shina de Cobra de Os Cavaleiros do Zodíaco)
Fério: Francisco Brêtas (Hyoga de Cisne de Os Cavaleiros do Zodíaco)
Esmeralda: Denise Reis (Kaoru de Samurai X)
Mokona: Cláudia Carli (Haruka de Love Hina – e sim, ela dublava os “pupupu” xD)
Alcion: Alessandra Araújo (Rainha Beryl em Sailor Moon)
Zagard/Lantis: Fábio Moura (Shura de Capricórnio de Os Cavaleiros do Zodíaco)
Caldina: Jacqueline Rosa (único trabalho conhecido)
Rafaga: Carlos Campanile (Demon em Samurai Warriors)
Ascot: Angélica Santos (o Cebolinha) e Vagner Fagundes (Gohan adulto em Dragon Ball Z)
Inov: Carlos Silveira (Shaka de Virgem de Os Cavaleiros do Zodíaco)
Debonair e Princesa Aska: Marli Bortoleto (Sailor Moon na Gota Mágica)
Visão de Águia: Élcio Sodré (Shiryu de Dragão de Os Cavaleiros do Zodíaco)
Tatra: Isabel de Sá (Jesse de Pókemon)
Tetra: Márcia del Mônaco

Checklist de Episódios
01- Guerreiras Mágicas, chegou a sua vez!
02- Priscilla, a guardiã das armas
03- A Floresta do Silêncio
04- Alcion, a feiticeia vingativa
05- O Eskudo lendário
06- O sacrifício de Priscilla
07- O amor brotará no deserto
08- Vigor, o imprevisível
09- O pesadelo das Guerreiras
10- O 1º gênio ressucita
11- A lenda dos gênios de Zephir
12- Os poderes de Caldina
13- A coisa mais importante do mundo
14- A promessa das guerreiras
15- Windown, o 2º gênio
16- Rafaga, o espadachim
17- A verdadeira identidade de Inov e Fério
18- Rayearth, o último gênio
19- As Guerreiras Mágicas contra Zagard
20- As Guerreiras Mágicas e a hora da verdade
21- Um novo desafio
22- O Águia chega à Zephir
23- A invasão vem do céu
24- A nave de combate NSX
25- O encontro com Nova
26- As Guerreiras Mágicas enfrentam Nova
27- O segredo do núcleo de Zephir
28- A jornada perigosa
29- Lucy: Prisioneira do Águia
30- Nova e sua aura negra
31- Tchizeta, o terceiro planeta inimigo
32- Marine e Anne contra Faren e Tchizeta
33- O segredo de Priscilla
34- Lucy reencontra Rayearth
35- Marine visita Brávatah
36- O duelo de Anne e da Princesa Aska
37- O retorno da espada de Lucy
38- Águia ataca Zephir
39- A invasão do castelo
40- Adiantamento temporário
41- A batalha contra nova e os monstros do medo
42- O Young gigante contra a NSX
43- A sala da coroa
44- Marine enfrenta as gêmeas de Tchizeta
45- Lantis, eliminado?
46- Toda verdade sobre Nova
47- Quem será o novo núcleo? Lucy ou Águia?
48- A batalha continua
49- Adeus Guerreiras Mágicas