Kimba, o Leão Branco

[div coluna1]Kimba, o Leão Branco
Jungle Taitei Leo (Leo, o Imperador da Selva)
Produção: Mushi Productions, 1965
Episódios: 52 p/ tv
Criação: Osamu Tezuka
Exibição no Japão: Tv Fuji (06/15/1965 – 28/09/1966)
Exibição no Brasil: Tupi – TVE – Fox Kids – Boomerang
Mangá: Mangá Shonen – Disneyland – Shonen Sunday
Distribuição: Spot Filmes (Home vídeo) – Cloverway (tv paga)

Última Atualização: 15/06/2007

Por Tio Cloud

Na metade dos anos 90, o longa animado O Rei Leão levou multidões aos cinemas e se tornou o filme de animação mais assistido de todos os tempos até aquela data. Só que muita gente (menos a Disney), começou a reparar uma certa semelhança com um outro desenho animado, vindo do arquipélago japonês. O desenho em questão era Kimba, o Leão Branco, criação de Osamu Tezuka que fez sucesso mundo afora nos anos 60 e 70. Plágio? Homenagem? Coincidência? Falemos disso adiante.

O mangá
Kimba, o Leão Branco nasceu nos mangás, nas páginas da revista Manga Shonen no início dos anos 50 e foi o trabalho de Tezuka a fazer com que todos o notassem, abrindo as portas para que ele se tornasse o ‘Deus dos Mangás’. Entitulado Jungle Taitei Leo (Leo é o nome de Kimba no Japão) essa versão gerou 2 volumes encadernados. Só que o mangá ainda seria publicado mais duas vezes, ganhando uma versão com algumas mudanças básicas na revista Disneyland (opa!!!!) e posteriormente, na época em que o anime estreou na tv, uma releitura da série na Shonen Sunday.

O anime
Quando Tezuka ainda estava finalizando Astroboy, em 1965, ele já havia começado a trabalhar no anime Jungle Taitei/Emperor. Poucos meses depois a versão animada chegava à Tv Fuji, causando grande impacto aos telespectadores. A animação continuava pobre, a trilha sonora também… O que fez os japas arregalarem os olhos (por um instante, depois voltaram ao normal XD) foi que, pela primeira vez, um desenho animado era exibido em cores na tv japonesa. Jungle Taitei/Emperor logo conseguiu se tornar um dos desenhos de maior audiência no horário e, como quase todas as animações da época, finalizou-se no ano seguinte, contabilizando 52 episódios.

Mas ser o primeiro anime colorido não foi a única importância de Jungle Taitei/Emperor. O anime foi exportado para o ocidente junto à Astroboy e chegando aos EUA, já rebatizado de Kimba, The White Lion, se alastrou mundo afora, tornando o mangaká conhecido, além de mostrar que japonês também sabia fazer desenho animado (mesmo sendo considerados inferiores aos americanos… Ainda é meio assim, né?).

Kimba vs Simba
Não há como negar que O Rei Leão parece (tá, tô sendo legal), uma versão pros cinemas da série japonesa. Ambas têm muitas diferenças sim, mas muito mais semelhanças. A começar pelos nomes dos personagens principais: Kimba e Simba. Ambas mostram um pequeno leão que perde o pai, tem seu reinado ameaçado por outros animais (hienas, leãozão com cara de mal… Lembram?), uma leoazinha apaixonada pelo herói, pássaro babaca, um macaco que acha que sabe de tudo e vive dando conselhos… Até mesmo algumas ‘tomadas’ são parecidas, como a clássica cena do penhasco.

Quando o longa foi lançado e virou mania entre a garotada (eu dava um olho em troca da figurinha da Gazela que vinha nos Ping Pong XD), o filme ganhou uma projeção que nenhum outro longa da Disney teve, o que fez com que os japas ficassem putos da vida (e com razão). Na época, os herdeiros de Tezuka, vendo as ‘semelhanças’ entre as duas obras, entraram com uma ação judicial mas retiraram, vendo que não ia dar em nada, afinal, ninguém tem peito pra encarar a safada Disney.

Só que passaram a pleitear que fosse colocado nos créditos do filme que o mesmo era ‘baseado no mangá Jungle Taitei de Osamu Tezuka’. As bundas deles devem estar atrofiadas de tanto esperar sentado.

Um tempinho atrás, a viúva do autor, querendo colocar panos quentes no assunto, deu uma declaração dizendo que, ao contrário do que se imagina, ela se sentiu lisongeada com a ‘homenagem’ da Disney. Disse que nada mais justo, afinal, Tezuka se inspirou nos trabalhos de Walt Disney no início de sua carreira. Só que existe diferença entre ‘se inspirar’ e ‘chupar descarado’, né vovó?

Até o desenho Os Simpsons chegou a pegar carona no rolo. Os mais atentos devem ter notado que há um episódio da série em que o caso (que estava fervendo na época) é satirizado. No episódio em que Lisa faz amizade com o jezzista Gengivas Sangrentas, há uma passagem onde Mufasa (de O Rei Leão) aparece em uma nuvem dizendo a frase “Kimba..Ops.. SIMBA, vingue minha morte”. Uma daquelas piadinhas pra poucos, mas uma ótima puxada de orelha.

A historinha
Se você assistiu ao Rei Leão (se não, você não teve infância, acredite!) já está mais ou menos por dentro do que se trata o anime. Ambas as produções passam as mesmas mensagens, como a ajuda ao próximo, responsabilidades, e aquelas coisas que a Disney adorava empurrar-nos guela abaixo em seus filmes.

A história começa com a morte de Panja, o pai de Kimba, nas mãos de caçadores, tentanto ajudar sua ‘esposa’ (se é que podemos dizer assim ^^”) que estava grávida (ou prenha? Ah, vocês entenderam XD) a fugir. Só que ela não teve sorte e é colocada em um navio para ser enviada a um zoológico. No meio da viagem, durante uma tempestade, ela dá a luz a um pequeno leão, o qual chama de Kimba (Leo no original). Kimba foge do navio e cai no mar, lembrando-se do pedido da sua mãe, que era pra que ele voltasse pra África e assumisse o lugar de Panja, seu pai, como o rei dos animais.

Ao sair do mar, Kimba cai na península da Arábia e passa a viajar pelo mundo (ele vai até pra França! Chique o felino!), se relacionando com seres humanos (alguns bons, outros maus), até que finalmente volta à selva africana. Lá ele encontra seu ‘povo’ (macacos, pássaros, veados, jacarés .. XD) em uma situação desesperadora sob o domínio de animais mais fortes. Kimba reivindica o trono do seu pai como o novo rei da selva (alguém deveria ter falado pro Tezuka que leões não vivem nas selvas, e sim nas savanas… Mas, abafa!), e a história segue com os animais enfrentando caçadores, secas e outras situações típicas da região.

Como deu pra perceber não há nenhum grande vilão querendo dominar o mundo, digo, a selva, bem como não há um grande arco de histórias, pois as mesmas seguem de forma isoladas, tendo poucas ligações umas com as outras.

Mais Kimba
O sucesso do anime no Japão foi tão grande, que assim que a série original terminou, a Mushi Productions logo tratou de fazer uma sequência. Conhecido internacionalmente como New Jungle Emperor, Go Ahead Leo!, o anime é uma sequência direta da série anterior. Ela mostra Kimba, agora adulto, já casado com Lea e até com um filhinho. “Mas Kimba morre no fim da série?”, você se pergunta. Essa sequência praticamente ignora esse fato visto no mangá, e é como se tal final trágico nunca tivesse acontecido.
Muita gente jura de pés juntos que essa segunda série já foi exibida no Brasil pela TV Tupi, quando a emissora dava seus últimos suspiros no fim dos ano 70, só que ao que tudo indica trata-se apenas de mais uma ‘lenda’ do mundo underground dos animes.

Ainda nos anos 60, Kimba foi ao cinema pela primeira vez no formato de longa metragem. O filme reconta a história da primeira série de tv, mas não usa cenas da mesma (diferente de alguns longas de Gundam e Patrulha Estelar po exemplo, cujos alguns filmes são edições das cenas exibidas na tv, recontando a história de forma compacta).

Depois de mais de 20 anos do fim da série original, Kimba ganhou mais uma versão pra tv, só que dessa vez foi um remake. Com o mesmo nome do primeiro anime, aqui há apenas alguns elementos mudados em relação à história original, e mostra Kimba vivendo outras aventuras na selva. Percebe-se a sensível melhora no traço (o leãzinho parece mais ‘jovem’) e na animação. Esse remake foi ao ar na Tv Tokyo em 1989 e não fez nem metade do sucesso da primeira série (agora tinha concorrentes, digamos.. Marketeiramente mais selvagens XD).

A última aparição do leãozinho nos animes foi em 1997 num longa metragem entitulado simplesmente de Jungle Emperor: The Movie. Tal filme reconta a história do anime (de novo!) e trás o final trágico, omitido na série, que era destinada à crianças digamos… Pequeninas…

No Brasil
Kimba, o Leão Branco chegou ao Brasil no início dos anos 70 e foi o primeiro trabalho de Osamu Tezuka a aterrisar em nossa terrinha. Na época, a tv ainda não era um veículo de massa como é hoje, mas mesmo assim os felizardos que então possuíam o aparelhinho ‘moderno’, puderam acompanhar o leãozinho nas tardes da Tupi. Só que criança é um bicho burro, quer saber só de ver as figuras se mexendo. Provas? A versão de Kimba que chegou aqui veio sem começo e sem fim e ninguém percebeu! Acontece que pra ser exibido nos EUA, o anime acabou sendo todo adaptado pelos gringos. E como naquela época editar um desenho era algo bem trabalhoso (na época não tinham a “Cartilha Saban de Como Destruir um Desenho Japonês ou Tokusatsu – Volume Único” =P), os americanos preguiçosos simplesmente CORTARAM os episódios iniciais, os finais e os considerados mais violentos. A versão que chegou aqui era tão destruída que haviam episódios que não tinham sentido… Mas tudo bem, ninguém percebeu e a série acabou indo pro limbo mesmo.

O anime voltaria ao Brasil no ano de 1998, dessa vez na tv paga, pela Fox Kids. Ainda continuava sendo uma versão editada, só que dessa vez pelas mãos de uma empresa Canadense, que tratou de cortar menos que a anterior. Essa versão, que teve apenas 45 episódios (ou seja: “só” 7 foram pro saco), estrearia pouco tempo depois na TVE do Rio, ficando no ar por quase 1 ano.

Em meados de 2001 a Spot Filmes (que distribui a série pro mercado doméstico) ainda teve a audácia de lançar 2 episódios num único volume em DVD. Pra variar, não foram os primeiros capítulos e parou por aí. Esse disco também foi lançado na revista DVD World Infantil e ainda pode ser adquirido em sites que vendem DVD’s por um preço bem em conta (também… Esperava o que? O trabalho é bem porco).

Em 2005, em comemoração aos 55 anos do lançamento do mangá original, o Boomerang voltou a exibir o anime em sua grade. Mesmo sendo distribuido desta vez pela Cloverway, a empresa forneceu a versão canadense, o que fez com que novamente os brasileiros fossem privados dos episódios cortados e cenas editadas.

Finalizando…
Apesar de sua animação pobre (era um luxo pra época, acredite!), e suas histórias um tanto quanto ‘sem-sal’ (pro público adulto, é claro), Kimba merece umA espiada, principalmente por quem quer comparar com o descarado O Rei Leão. E de pensar que a Disney não criou vergonha e continuou chupando os japas com Atlantis, os europeus com Lilo & Stitch…

Checklist Episódios
01 Go White Lion
02 The Wind in the Desert
03 Battle at Dead River
04 Volcano Island
05 Jungle Thief
06 Insect Invasion
07 Great Caesar’s Ghost
08 Dangerous Journey
09 A Human Friend
10 The Troublemaker
11 The Balloon that Blows Up
12 Journey Into Time
13 Restaurant Trouble
14 Running Wild
15 The Cobweb Caper
16 A Friend Indeed
17 The Bad Baboon
18 The Trappers
19 The Hunting Ground
20 Diamonds in the Gruff
21 Too Many Elephants
22 Catch ‘Em If You Can
23 The Nightmare Narcissus
24 The Gigantic Grasshopper
25 The Revolting Development
26 The Runaway
27 Such Sweet Sorrow
28 The Wild Wildcat
29 The Return of Fancy Prancy
30 The Mystery of the Deserted Village
31 Soldier of Fortune
32 Legend of Hippo Valley
33 Adventure in the City
34 The Chameleon Who Cried Wolf
35 Silvertail the Renegade
36 Fair Game
37 Jungle Fun
38 The Pretenders
39 The Sun Tree
40 Two Hearts and Two Minds
41 Monster of the Mountain
42 Monster of Petrified Valley
43 The Day the Sun Went Out
44 The Red Menace
45 Jungle Justice
46 Gypsy’s Purple Potion
47 Scrambled Eggs
48 The Magic Serpent
49 The Flying Tiger
50 City of Gold
51 The Last Poacher
52 Destroyers from the Desert

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