M.D. Geist

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Sokihei M.D. Geist / Sokihei M.D. Geist II
Produção: Nippon Columbia, 1986 & 1996 (M.D. Geist II)
Episódios: 2 p/ Vídeo
Exibição no Brasil: Manchete
Distribuição: Premier Filmes
Mangá: CPM Mangá

Última Atualização: 13/04/2008

Por Larc Yasha

A Rede Manchete encerrou suas atividades no ano de 1999. Durante toda sua trajetória, a emissora apresentou ao público brasileiro, diversas atrações oriundas da Terra do Sol Nascente, entre animes e seriados tokusatsu. Enquanto assistíamos no conforto de nossos lares nossos desenhos e seriados favoritos, nos bastidores do canal rolava uma crise monstruosa – que renderia um ótimo livro por sinal – que se arrastava praticamente desde a fundação da emissora. Mesmo entupida em divídas, o canal não deixava de investir e, meio sem querer, conseguiu “acertar na loteria” com a exibição d’Os Cavaleiros do Zodíaco em 94/95.

Afim de assegurar a audiência cativa que os heróis japoneses proporcionavam, a emissora não deixou de investir em novidades desse nicho. Eis que no ano 1996, o canal fez uma parceria com a distribuidora Premier Filmes, e adquiriu uma série de OVAs e Movies do catálogo da distribuidora americana U.S. Mangá Corps. Para exibir essas produções, ela resolveu criar uma sessão semanal e assim nasceu, no dia 8 de Novembro de 1996, a U.S. Mangá Corps do Brasil. Depois do violento Genocyber, o público pôde assistir a outra pérola dos animes “gore” japoneses: M.D. Geist.

M.D. Geist: A Origem
Em 1983 o Studio Pierrot (de Naruto e Yu Yu Hakusho) lançou no mercado o primeiro anime exclusivo para o mercado de VHS: Dallos. Dirigido por Mamoru Oshii, o sucesso do formato fez com muitas outras empresas lançassem animações exlusivas para o promissor mercado. Em 1986, a famosa Nippon Columbia – que lançava CDs com a trilha sonora da maior parte dos animes produzidos na década de 80 – resolveu entrar no ramo e criou o violento M.D. Geist. Com direção de Hayato Ikeda e design de personagens de Tsuneo Ninomiya, a produção trazia a atmosfera da maioria dos animes de ficção dos anos 80, mas com dois “detalhes” que chamavam atenção: a qualidade da animação e a violência contida nela.

Muito antes de Genocyber barbarizar suas vítimas, ou Gatts dar paneladas com sua espada na fuça de demônios, M.D Geist deliciava os fãs de animes mais pesados. E até podemos considerar Geist como um dos precurssores de animes tipo A Lenda do Demônio (Urotsukidoji, que seria lançado no ano seguinte) e Demon City Shinjuku (que saiu no Brasil como Poderes Eróticos, via Top Tape).

A título de curiosidade, os temas de abertura e encerramento foram entoados por ninguém menos que Hironobu Kageyama, antes dele cantar temas famosos como o de Dragon Ball Z ou Saint Seiya. Claro, lógico e evidente, que a Columbia não deixou de laçar um CDzin com um monte de músicas cantadas pelo cara. Quem curte o j-pop dos anos 80, vai se amarrar. Dizem que também existe um jogo pra Nintendinho, mas não achamos muitas informações.

Tropa de Elite de um homem só
Essa é uma ótima definição para Geist :P. No futuro, a humanidade se expandiu pelo universo, conquistando muitos planetas e disseminando colônias. Mas como o homem é um bicho tinhoso, guerras foram surgindo na mesma proproção em que novos mundos eram conquistados. E nesse futuro pós-apocalíptico, cientistas de um planeta chamado Jerra, desenvolvem uma arma de guerra perfeita: os M.D.S (sigla para Most Dangerous Soldiers). Criados em laboratório, os M.D.S possuem uma “programação” específica para sair trucidando absolutamente tudo que veem pela frente. Quando os soldados M.D.S foram designados para sua prova de fogo (contra um grupo de rebeldes), todos cumpriram sua função com excelência. Excelência até demais…

Fora do controle, os M.D.S se voltaram contra seus criadores e seu castigo para tal insubordinação foi a execução sumária. Mas um deles sobreviveu… (Nossa, isso parece até sinopse de filme estrelado pelo Arnold Xuazinéguer XD). O soldado de código M.D 02 (o nosso “amigo”, Geist :P) foi posto em animação suspensa em um satélite e lançado à deriva no espaço – que burros, hein XD. Os anos se passam e num “belo” dia, esse satélite é atraído pela gravidade da Terra (ou melhor: do que sobrou dela) e o choque faz com que Geist despertasse. Encontrado por “piratas punks”, Geist é incitado a explodir as vísceras de todos deixando apenas uma mulher viva – chamada Vaiya. Após ser capturado pelos Jerranianos, Geist toma noção do que está rolando no mundo e resolve entrar na guerra. Só que ele não escolhe nenhum lado e só quer saber de encontrar um oponente à sua altura – que lhe proporcione o prazer de um bom arranca-rabo.

Em determinado momento, Geist veste uma armadura radical que o torna realmente fodônico. Ele decide partir para o comando central de Jerra atrás do que ele ouviu ser uma “Arma do Apocalipse” – um novo brinquedo feito pelos cientistas de Jerra :P. Tal arma é na verdade uma série de máquinas orgânicas que se alimentam de carne (!) e replicam como uma praga. Com um jeitão marrento, até passa pela cabeça de quem está assistindo que Geist iria acabar com essa ameaça à existência do homem no universo… Só que o filho da mãe liberta “A Arma do Apocalipse” a fim de varrer os humanos da face da Terra e esperar que sobre apenas alguém “do mesmo nível” que ele!

Uma década depois do OVA original, foi lançada uma continuação intitulada M.D. Geist: II (M.D. Geist: Death Force, nos EUA). A história dessa vez coloca Geist frente a frente com um tal de Krauser. Esse figura é nada menos que o soldado M.D 01. O roteiro desse novo episódio foi escrito por Riku Sanjo, criador da saga do pequeno Fly (de Dragon Quest), que focou a porradaria entre os dois M.D.S e na violência das mortes dos “coadjuvantes”. A cena de Vaiya (a única sobrevivente, além de Geist, do primeiro OVA :P) em estado de choque ao ver Geist novamente é antológica. E a “técnica” que ele usa pra derrotar Krauser, faz com que o telespectador mais sensível só consiga pensar uma coisa: esse cara merece morrer! Mas isso obviamente não acontece por que, no final das contas, ele é o… Herói @_@!

Geist e a U.S. Mangá
Aqui no Brasil, muita gente acha que a U.S. Mangá foi mais um anime que passou na Manchete na época dos Cavaleiros do Zodíaco. Na verdade, a U.S. Mangá é uma divisão da distribuidora norte americana Central Park Media que nasceu em 1990 nos EUA. O “selo” foi um dos principais divulgadores do anime na Terra do Mickey e na elaboração da logomarca, a Central Park Media resolveu pôr ninguém menos que o M.D. Geist como “garoto-propaganda”!

Com o lançamento de diversos animes no mercado de VHS, a empresa popularizou o personagem de forma surpreendente. Em 1992, finalmente o anime do “garoto propaganda” da empresa foi lançado e fez um baita sucesso. Sucesso esse que fez a empresa bancar a produção de M.D. Geist II (Death Forces nos EUA) e de uma edição especial do diretor, com direito à inclusão de cenas inéditas no primeiro OVA. Vale ressaltar que a continuação de 1996 consegue ter uma animação bem inferior ao clássico.

Death Force e essa edição especial foram dirigidas por Koichi Ohata. O diretor de Genocyber e de Ikkitousen (que quase ninguém viu ser exibido por aqui graças à geladeira do Cartoon que o jogou pro filho bastardo I-Sat) chegou a desenhar até um mangá exclusivo pro mercado norte americano (lançado pelo braço editorial da Central Park Media, a CPM Mangá) com um roteiro de Riku Sanjo, adaptando a história do primeiro OVA. O mangá ganhou o título de M.D. Geist: Ground Zero e rendeu um belo artbook.

No Brasil, Geist é um dos animes menos lembrados da sessão U.S. Mangá tupiniquim. Exibido em 1997, devidamente dilacerado, a série chegou a ter o recente (na época) Death Forces exibido. Se bem que do jeito que passou, mal dá pra chamar de exibição… Devido ao conteúdo forte da luta entre Geist e Krauser, o final acabou ficando sem pé nem cabeça. Ahn… Literalmente x_x.

A versão brasileira ficou a cargo da finada Gota Mágica (que dublou todos os animes da sessão) e o diretor Gilberto Barolli, escalou Élcio Sodré (o eterno Shiryu) pra fazer o protagonista da história. Em 1997 a Sony Wonder lançou um bizarro CD com músicas da U.S. Mangá Corps do Brasil e colocou Geist na capa (!). O CD trazia músicas cantadas (por Sarah Regina e Mário Lúcio de Freitas, que narrava as partidas dos jogos do Super Campeões da Manchete – soltando, empolgado, seu célebre “torcida brasileira” numa partida de futebol no Japão x_x – e também assina vários temas de séries como Fly, Rayearth e a 1ª dublagem de Dragon Ball) em cima de BGMs de alguns animes. Feliz ou infelizmente, nenhuma canção original que o Kageyama compôs para M.D. Geist foi adaptada.

M.D. Geist é considerado por muitos um pequeno cult. No Brasil, é praticamente um “anime perdido” que merecia um lançamento em DVD, junto com alguns outros títulos exibidos na U.S. Mangá. A gente sabe que poucas pessoas comprariam, mas lançam tantas séries que são descontinuadas depois de alguns volumes (ou mesmo depois de um mísero volume ¬¬’) que seria bem melhor animes do porte de M.D. Geist estarem disponíveis. E quem pensa que todo desenho animado é coisa pra criança, não deveria deixar de conferir esse.

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