O Serviço de Entregas da Kiki

[div coluna1]O Serviço de Entregas da Kiki
Majo no Takyubin
Produção: Studio Ghibli, 1989
Criação: Eiko Kadono
Exibição no Brasil: HBO – Disney Chanell
Distribuição: Buena Vista

Última Atualização: 05/10/2010

Por Larc Yasha

Você provavelmente já ouviu falar de Hayao Miyazaki. Apontado como o “mestre da animação japonesa” contemporânea, todas as obras de sua autoria ou mesmo as de seu estúdio (o Studio Ghibli) são elogiadas pela crítica – inclusive a tupiniquim. Apesar disso, não é tão fácil encontrar trabalhos de Miyazaki em terras brasileiras. Você conta nos dedos de uma mão o que há disponível: Totoro e Porco Rosso (em VHS x_x), O Castelo Animado e Chihiro (em DVD) e mais recentemente Ponyo (primeiro em Blu-ray). O Reino dos Gatos e Contos de Terramar não são obras suas, mas sim de seu estúdio. Há também o caso da Princesa Mononoke, que foi dublado, mas nunca lançado – você só acha a dublagem no DVD japonês. Há mais um anime que foi exibido praticamente às escondidas no Brasil e que poucos tiveram o privilégio de assistir: O Serviço de Entregas da Kiki.

Apenas um diretor
A Origem de Kiki, está em um livro infantil chamado Majo no Takkyubin (nome original do anime) de Kadono Eiko. Miyazaki fez nada mais que uma adaptação da obra, sob um ponto de vista meio que diferenciado. Eiko era um tanto “superficial” em seu livro, deixando de lado as lições que vemos a pequena Kiki aprender no anime a cada nova pessoa que encontra em sua jornada de crescimento. Miyazaki convenceu a autora a fazer a versão de Kiki mais “do seu jeito” e o sucesso atingido até motivou a autora lançar mais um livro (Kiki to Atarashii Mahou).

Kiki foi um uma espécie de “teste” para produtores mais jovens do Ghibli e a participação de Miyazaki se limitaria à orientação. Mas num primeiro momento, ele não curtiu muito o resultado e entrou de cabeça na produção, deixando de lado os “amadores” :P. Por conta do envolvimento de Miyazaki, Kiki se tornou “só” o melhor anime produzido no ano de 1989 (acharam que Shurato era o campeão?).

Aprendendo a viver
Kiki é uma garotinha de 13 anos de idade, mas não é normal como todas as outras… Ela é uma bruxinha (!), e existe uma espécie de “cerimônia de passagem pra vida adulta” que a pequena estava esperando ansiosamente chegar. Como toda bruxa que se preze, Kiki precisa partir com sua vassoura voadora, e gatinho preto (o Jiji) até um local onde não tenha nenhuma bruxa e ali se fixar e crescer (tanto como pessoa, como bruxa) através das experiências que a vida vai lhe ensinar, no convívio com pessoas das mais variadas atitudes, pensamentos, ideias, filosofias…

Que melhor maneira de crescer, que conhecendo o mundo – e seus habitantes – desde cedo? Kiki parte com seu radinho e Jiji montada em sua vassoura (feita por ela mesma) rumo à uma cidade litorânea – seu grande sonho de vida – e após uma atrapalhada decolagem, ela inicia sua grande aventura pessoal. Numa cidade chamada Koriko, ela conhece Tombo, um garoto apaixonado por voar que se encanta com Kiki e sua vassoura voadora. O título “Serviço de Entregas” ganha sentido, quando Kiki conhece Ozono, dona de uma casa de pães bastante conhecida na cidade, que está grávida e lhe oferece um quarto em troca de ajuda na padaria. É ela quem dá a ideia pra menina (com seu dom especial) começar um serviço de entregas (o Takyiuubin do título).

Acompanhamos a partir daí as aventuras e desventuras da garota no seu novo serviço, conhecendo pessoas como a pintora Úrsula (que dá uma de irmã mais velha pra ela), as simpáticas madames velhinhas, esbarrando com Tombo outra vez, ficando doente, perdendo seus poderes mágicos e dando uma triunfante virada no final, numa cena emocionante (e muito bem produzida!) que faz você se empolgar e notar como Naruto é… chato ^^’.

A Produção
A história do anime tem como ambientação, cidades de estilo europeu na década de 50 (sem a devastação da Seguna Guerra Mundial) e as casas, prédios e uma majestosa catedral, possuem uma arquitetura similar a cidades famosas como São Francisco e Paris. A trilha sonora original foi alterada pelos americanos, mas isso não impede você de ser conquistado pela simplicidade e inocência dessa garotinha.

Kiki aborda de uma maneira simples e singela, a dificuldade dos adolescentes em se encontrar num contexto social (grupo), logo no início da adolescência. Psicólogos de plantão com nada melhor pra fazer, podem até “pegar no pé” do anime, com Kiki – de apenas 13 anos – tendo que encarar o mundo sozinha e trabalhar para se sustentar, achando que isso poderia provocar (indiretamente) um aumento da natureza rebelde de crianças nessa faixa etária (imaginem no Jornal Nacional…: “Crianças de 13 anos saem de casa depois de ver um desenho japonês” :P ).

No final de tudo, a lição que Kiki passa é a de que nos momentos mais difíceis da vida, ainda que estejamos sós ou no sentido como “um estranho no ninho”, precisamos buscar forças dentro da gente, para superar e resistir aos obstáculos da vida, adquirindo confiança em nós mesmos.

Ainda “destrinchando” a obra de Miyazaki, o autor passa através de uma personagem (a pintora Úrsula) uma alusão a todos os que se dedicam a uma atividade artística, em especial aos jovens animadores que vão tentar a sorte em Tokyo e passam por seus momentos de completo hiato criativo ao estar diante de um papel ou tela em branco. Filosófico, não?

Kiki no Brasil
Em 1997, a Disney adquiriu os direitos de distribuição das produções do estúdio Ghibli e foi justamente Kiki o 1º lançamento “teste” de aceitação do público. O sucesso foi gigantesco (mais de 1 milhão de fitas vendidas!) e isso facilitou bastante o lançamento de outras produções, mas sempre de forma que não “ofuscasse” as produções da casa do Mickey. Pra você ter uma noção, Mononoke Hime foi lançado em poucas salas de cinemas gringos, embora a “crítica” tivesse aplaudido de pé uma das obras “finais” do Sr. Miyazaki – já notaram que ele sempre diz que vai lançar seu último trabalho e depois de um tempo anuncia outro?

Mas se foi esse sucesso todo, por que não chegou aqui? Acredito que os representantes da Disney daqui, sofram de uma falta de visão incrível e, por mais que os nossos críticos sempre falem bem dos animes do Ghibli, eles acreditam que um Pateta 5, ou A Pequena Sereia 9 é mais rentável :P. Por conta disso, apenas uns poucos tiveram oportunidade, e sorte, de assistir Kiki quando exibido nos canais pagos HBO e posteriormente no Disney Channel numa semana de Halloween (:P). Aliás, antes do Disney Channel virar um canal 24 horas, era possível assistir atrações da casa do Mickey via Pay-Per-View numa faixa chamada Disney Weekend. Nessa “faixa”, Kiki foi exibida e reprisada pelo menos umas três vezes!

Nossa versão foi feita em cima da americana e logicamente teve todos os cortes e alterações de diálogos possíveis. A dublagem feita no Rio está campeã, e a voz da Washu do Tenchi Muyo (Flávia Saddy) caiu perfeitamente na Kiki. Guilherme Briggs (o Spike de Cowboy Bebop) como o gatinho Jiji tá 10! Vozes conhecidas do pessoal ligadão em anime também estão no elenco, como a do Peterson Adriano/Koenma (Tombo), Nely Amaral/Genkai e Fernanda Fernandes/Aeka (Úrsula).

Se um dia Kiki sai em DVD por aqui? Mas nem reprise do desenho o Disney Channell faz! Se um dia, por milagre, isso ocorrer não deixe de gravar de forma alguma!  Curiosamente, por obra do acaso (?) um VHS com a dublagem brazuca saiu em Portugal! Se alguém quiser procurar, boa sorte XD

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