Akira

AKIRA

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=s-M489UVi1A 480 320]

Produção: Akira Committee, TMS, 1988
Criação: Katsuhiro Otomo
Exibição no Brasil: Cinemas – Band – Locomotion
Distribuição: Sato Co. (Cinemas e Band) – Europa Filmes (VHS) – Selecta Vision (Locomotion) – Focus Filmes (DVD)
Disponível em: Vídeo / DVD
Mangá: Young Magazine

Última Atualização: 27/04/2008

Um bom anime jamais envelhece. Mesmo depois de 20 anos de seu lançamento, AKIRA ainda continua sendo cultuado e elogiado por milhões – incluindo aí os sisudos críticos de cinema tupiniquins, que sempre teceram elogios à produção.

Tudo começou em 1954, quando nasceu Katsuhiro Otomo, o pai desse gigantesco cult. Em 1973, seu 1º trabalho (Jyu Sei ~ Gun Report nos EUA) foi publicado na revista Action. Em 1979, ele lançou Fire Ball que é apontada como uma outra obra prima de sua criação, embora a mesma não tenha um final até hoje. No ano seguinte, é lançado o mangá Domu – que se tornou um best seller, abocanhou um importante prêmio no Japão, e andou sendo cogitado para virar filme em Hollywood tempos atrás.

Em 1982, Otomo começa a trabalhar como character designer de animes e foi responsável pelo traço de Armagedon (Genma Taisen no original), uma animação de ficção científica baseado num mangá de Shotaro Ishinomori (o criador dos Kamen Riders e de Cyborg 009) que (pasmem O_O) passou no Brasil na extinta sessão de animes do Multishow. Nesse mesmo ano, têm início nas páginas da revista Young Magazine a obra de sua vida: AKIRA. O mangá foi lançado em dezembro daquele ano e levou 6 anos para que sua versão animada ganhasse as telonas. Antes de se dedicar integralmente ao projeto, o cara ainda produziu dois longas desconhecidos por essas bandas (novidade…): Meikyuu Monogatari (Demon City nos EUA) e Robot Carnival.

A produção do anime AKIRA foi uma das mais trabalhosas da década de 80, e sugou Otomo para dentro dela em 1987. Nesse ano, o mangá deu uma pausa e absorvendo todas as principais funções de produção (direção, escritor, designer e ilustrador O_O), Otomo entregou ao mundo no dia 16 de Julho de 1988 um dos melhores animes já feitos na história da animação japonesa. E valeu o esforço.

O filme tentou comprimir em seus 124 minutos, mais de 2000 páginas de mangá já publicadas (e não concluídas na época), e obviamente mutilou um bocado de coisa. Mas a trama principal não foi alterada e o ritmo movimentado do filme fez com que milhões de pessoas saíssem das salas de cinema idolatrando ou… Não entendendo nada! Não pensem que AKIRA foi adorado logo de cara. Muita gente só conseguiu entender direito do que se tratava vendo mais de uma vez e procurando o mangá. E olha que até hoje muita gente tem dúvidas quanto à compreensão plena da história, mas idolatra o nome mesmo assim :P.

O que é AKIRA?
Até hoje muita gente pensa que AKIRA é o carinha de jaqueta vermelha (que ganhou tons de sépia em uma clássica imagem) na moto manerassa (que andou tendo réplicas REAIS sendo feitas por uma empresa japa chamada Saitaniya) que ilustra 8 entre 10 fotos quaisquer do anime que se cate na internet. Ledo engano. AKIRA na verdade é… Ahn… Bem… Assista e se surpreenda! Vamos contar um pouquinho da história, mas “resumão estraga-prazer” não!

Às 14:17h do dia 16 de Julho de 1988, uma explosão gigantesca destrói a cidade de Tóquio. Tem início a 3ª Guerra Mundial e após 31 anos (em 2019) o Japão (ou melhor: o que restou dele) é um país devastado e decadente, com problemas de toda natureza possível, e impossível, na sociedade e em sua economia… Sua capital agora se chama Neo-Tokyo e todo santo dia existem atentados terroristas, protestos e passeatas de multidões contra o corrupto governo (será uma visão do futuro do Brasil ?_?).

Os jovens são um bando de revoltados e formam gangues que causam arruaça e caos sob motocicletas. E em uma dessas gangues estão os dois protagonistas da trama, que atendem pelo nome de Kaneda (o carinha dono da moto fodox) e Tetsuo. Em uma das cotidianas guerras de gangue contra “Os Palhaços” (a gangue mais famosa, por assim dizer), Tetsuo tomba com sua moto ao desviar de um garotinho na pista. Qual não é a surpresa do cara ao olhar o rosto do menino e notar que ele tem a face de um velho?

Não dá muito tempo pra pensar que p*rra é aquela, pois logo surgem helicópteros liderados por um coronel turrão. Com sua equipe, ele carrega a garota e Tetsuo para uma base militar. Começa então a saga de Kaneda em descobrir quem são os sequestradores do seu melhor amigo e qual seu paradeiro.

Em sua sina, o cara encontra com a garota Kei e seu grupo terrorista. Mas Kaneda não está ligando nem um pouco pras motivações reacionárias de Kei e só quer trazer o amigo de volta haja o que houver, passando por tudo e todos que tiverem em seu caminho – não importando quem for. Tudo isso motivado por um misto de sentimentos que envolvem a amizade, rancor e um desejo de liberdade que nunca pode desfrutar, graças ao sistema opressor daquela realidade…

Enquanto isso, Tetsuo descobre ser possuidor de imensuráveis poderes psiquícos e o governo quer fazer uso deles para transformar o garoto em uma arma de guerra. No passado, já haviam tentado fazer isso com um outro moleque, mas tudo acabou numa m#rda gigantesca… E a mesma m#rda que deu está pra se repetir outra vez! Tetsuo fica meio pirado e ignora o amigo Kaneda – que fica fulo e vai tirar satisfações, pouco ligando pro imenso poder que o cara tem…

Kaneda, Tetsuo, Kei, o coronel, a(s) estranha(s) criança(s) envelhecidas, vão em meio à uma tensão desgraçada (que segundo palavras do “coronel”, provocará o fim do mundo – dessa vez o.O) ao encontro do indivíduo que dá nome ao filme. O que acontece? Assista para ter as respostas. ;)

AKIRA no mundo (no Brasil inclusive)
Muitos apontam AKIRA como um desenho animado que conseguiu transcender o conceito de animação para o público infanto-juvenil. Extremamente bem feito (a animação faz muito anime moderno comer poeira), o longa metragem foi um dos grandes responsáveis pela abertura de portas dos EUA ao mercado de animes e mangás – ou japanimation, como costumavam falar. Já eram lançadas algumas produções de forma tímida na terra do Tio Sam, mas absolutamente nenhuma causou tanto furor como AKIRA.

O lançamento do filme nos cinemas americanos aconteceu em 1988, e já em Outubro do mesmo ano, o mangá começou a ser publicado pela Epic Comics/ Marvel. Um detalhe: o mangá americano de AKIRA foi a 1ª HQ colorizada por computador no mundo. Otomo revisava cada edição, para só depois aprovar a liberação! Vendeu horrores. Se você curtiu o anime, vai ter um orgasmo ao ler o mangá… As diferenças são profundas, mas ambas histórias conduzem pro mesmo desfecho.

Aqui no Brasil a coisa também aconteceu. O mangá foi lançado pela Editora Globo, que ficou de olho grande com os lucros que os gringos estavam tendo com a publicação. Publicado de dezembro de 1990 à setembro de 1993, o mangá foi subtamente cancelado pela editora, deixando os fiéis leitores (que eram muitos, levando-se em consideração que não existia praticamente nada na mídia falando sobre animes e mangás para incentivar neguim à gastar grana) sem nenhuma explicação.

Sentindo-se lesados como consumidores, alguns leitores entraram com processos judiciais contra a Editora Globo, pelo cancelamento de uma publicação seriada (Afinal… Um mangá “sempre” tem fim!), uma vez que não faria sentido colecionar (e gastar $ com isso) algo que não terá seu final publicado.

Em 1997 a Globo lançou em tiragem limitada as 5 últimas edições do mangá, que viraram uma relíquia para colecionadores. Deram uma desculpa esfarrapada para tamanho atraso, mas pelo menos saiu. Foram publicadas também “graphic novels” com encadernações de números antigos. Para conseguir achar, só garimpando em sebos… Se bem que os otakus da geração cavaleiros já devem ter feito a limpa XD.

O anime chegou aos cinemas brasileiros em 1992 e foi um tanto badalado pela imprensa na época. O Jornal Hoje fez até uma reportagem falando sobre do que se tratava o fenômeno AKIRA, e também fez um merchan básico dos quadrinhos da editora… O responsável pelo lançamento de AKIRA nos cinemas foi ninguém menos que a Sato Company – que trouxe pra telinha brazuca Cybercop e Naruto (!). Segundo palavras do próprio senhor Sato, o lançamento de AKIRA enfrentou a desconfiança dos donos de cinema, pelo fato do desenho ser japonês e ter sido oferecido em versão legendada e dublada.

Pouco tempo depois, a Europa Home Vídeo (a que lançou Chihiro por aqui) lançou a versão em VHS com dublagem e legenda. De forma assustadora, as vendas foram grandes (na época as locadoras se proliferavam como ratos, graças à popularização dos vídeo cassetes por aqui) mas a ignorância dos donos de locadora, fazia com que a fita mofasse na prateleira dos infantis – geralmente ao lado de fitas de tokusatsu da Everest… Pelo menos notavam que era japonês ¬¬’.

No ano de 2001 foi realizado algo absolutamente fantástico, enquanto o público brasileiro ficou chupando dedo: o relançamento do anime nos cinemas norte-americanos em cópias restauradas (gastaram tubos de dinheiro para melhorar imagem e som) e o posterior lançamento da Special Edition em dvd. Fez sucesso, e na mesma época, começaram a pipocar os rumores do filme live action de AKIRA. Dizem que o próprio Otomo recusou vários roteiros, mas ao que parece vai mesmo rolar um AKIRA em Live-Action até 2009. A Warner Brothers anunciou oficialmente que produzirá dois filmes que contarão com a direção do irlandês Ruairi Robinson (quem?). No elenco, Leonardo Di Caprio (!) interpretará Kaneda em uma tal de “Neo-Manhattan”… Quando o filme sair, faremos questão de atualizar essa matéria. Esperamos que tecendo elogios…

Em 1999, o filme foi apresentado na Band e chamou bastante atenção da galera que já sabia do que se tratava anime, por intermédio das revistecas da época. Por sinal, a Band registrou um altíssimo Ibope (que seria isso pra Band? 2 Pontos XD?) e segundo uma “lenda”, isso teria motivado a emissora a lançar seu bizonho programa infantil Band Kids (lembram do “Grande Olho?” XD).

O anime também foi exibido na Locomotion e apresentou uma dublagem diferente da Band que, por conseguinte, possui uma dublagem diferente do VHS. A Master Sound dublou pra Band e a Capricórnio dublou pra Locomotion – enquanto a Álamo dublou para cinema e VHS e redublou para o DVD.

Em 2007, a Focus Filmes adquiriu os direitos de distribuição de AKIRA em DVD no Brasil. A empresa esperou o propício ano de 2008 para lançar uma edição especial em virtude do aniversário de 20 anos do anime. A empresa procurou ao máximo agradar aos fãs e já saiu ganhando pontos quando se prestou a perguntar qual ilustração queriam ver na embalagem da edição especial. Dos resultados da enquete realizada no JBOX (que chic hein :P), a empresa optou pela clássica pose de Kaneda empunhando seu rifle laser (a mesma do VHS da Europa filmes) para ilustrar uma lata que trouxe o filme em versão widescreen remasterizada (a mesma lançada em 2001 em diversos países do mundo) e a versão original do filme em fullscreen – sendo que esse DVD veio entupido de extras.

Além das duas versões do filme, a empresa também “deu” (rs) dois cards, um pôster e uma camiseta (!). Mas (infelizmente) nem tudo são flores. A Focus colocou umas chatérrimas (mas necessárias… Mal saiu e neguinho já quer saber onde tem pra baixar ¬¬’) propagandas anti-pirataria antes do filme e a dublagem que enfiaram no DVD possui o mesmo elenco de dublagem da versão exibida na Band. Até aí, nada de mais… Não fosse terem divulgado pra imprensa, e ter feito um adesivinho no formato daquela pílula que tem atrás da jaqueta do Kaneda, dizendo que o filme vinha com a dublagem do cinema! O áudio em português estar disponível em formato 2.0 também é um pecadinho… Fãs mais analíticos apontam outras mancadas, mas em vista de outras edições especiais que chegam ao mercado brasileiro, a lata de AKIRA está ótima – tanto que durante a pré-venda de algumas lojas, o produto acabou!

Tal como Os Cavaleiros do Zodíaco pode ser apontado como um divisor de águas na tevê brasileira, AKIRA assumiu esse papel no mercado americano. Até hoje o longa é citado em listagens de “melhores desenhos de todos os tempos” em pesquisas realizadas mundo a fora. Após AKIRA, Disney e Hanna Barbera repensaram bastante nas bombas que estavam dando pro público e procuraram ser mais competentes naquilo que fazem. Agora só nos resta torcer pra que o mangá seja relançado no Brasil, em uma edição luxuosa da mais alta qualidade. Merece e merecemos!