Don Drácula

Don Drácula
Tezuka Osamu no Don Dorakyura

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Produção: Jin Productions, 1982
Episódios: 8 p/ tv
Criação: Osamu Tezuka
Exibição no Japão: Tv Tokyo (05/04/1982-26/04/1982)
Exibição no Brasil: Manchete – CNT/Gazeta
Distribuição: VTI Network
Mangá: Shonen Champion

Última Atualização: 16/10/2007

Desde a publicação do livro Drácula de Bram Stoker, os vampiros sempre foram uma fonte inesgotável de histórias, sejam no cinema, na tv, ou nos quadrinhos. Na maioria dos casos, os andarilhos da noite ganham o papel de vilões da história, sendo retratados como criaturas cruéis e que só querem se alimentar dos pobres e inferiores humanos. Quando está na situação do “mocinho”, os vampiros geralmente aparecem como seres com sua própria justiça e de alguma forma, atormentados com algo, o que os fazem ser perfeitos anti-heróis (mas que todo mundo adora XD).

No mundo dos animes a coisa não foge à regra. Vampire Hunter D, Vampire Princess Miyu e Hellsing – só pra citar os que já chegaram aqui – são perfeitos exemplos de vampiros anti-heróis que apesar de ajudarem os humanos, agem por motivos próprios, não pelo bem da humanidade. Mas existiu um vampiro que, ao contrário dos já citados, não está nem aí para o “reino das trevas”. O que ele quer mesmo é sossego e seu nome é Don Drácula.

A criação
Nos anos 70, Osamu Tezuka passou a trabalhar com mangás mais “família”, pois segundo o próprio, se achava responsável pela onda de violência que assolava os quadrinhos japoneses (reparou que não mudou nadica de nada em todos esses anos? Aliás, mudou sim: os mangás estão 10x mais ousados que naquela época XD). Nesse período, Tezuka começou a bolar a história protagonizada pelo vampiro mais famoso da “cultura pop”. Don Dorakyura, como foi chamado, começou a ser publicado na revista Shonen Champion em 1979 e trazia uma visão peculiar do famoso personagem.

Como Tezuka estava numa fase mais “zen”, decidiu que seu novo mangá não retrataria o príncipe das trevas como um ser cruel sedento por sangue e mortes. Pelo contrário, Don Drácula era um vampiro bobalhão, que ficava o tempo todo atrás de belas donzelas a fim de tirar o sangue. E quando não conseguia (ou seja, em 99% das oportunidades) se contentava em tomar seu “sangue industrializado”.

A animação
O projeto de levar Don Drácula pra tv começou no início dos anos 80, quando o mangá foi encerrado, após render 3 volumes encadernados. Apesar de não ter causado nenhum furor quando lançado em quadrinhos, os empresários japas acharam que seria uma boa aposta pra a tv, já que a programação da época estava carente de alguma produção que deixasse de lado o velho clichê dos mechas e batalhas espaciais (que estavam em alta) e focasse mais no lado da comédia e do entretenimento sem compromisso. Parecia uma aposta infalível. Será?

Com o fechamento da Mushi Productions (de propriedade do próprio Osamu Tezuka e responsável por quase todas as versões animadas de suas obras até então) devido a sequentes prejuízos (A Princesa e o Cavaleiro foi um dos “estopins” da crise do estúdio – custou caríssimo e não rendeu nada), a solução foi passar a bola pra outra produtora. Entrou em cena a desconhecida Jin Productions, que até aquele momento não tinha feito nada de relevante (e não o fez até seu fechamento!). Mesmo sendo produzido por terceiros, o anime contou com a supervisão de Tezuka, que ficou em cima pra garantir a fidelidade quanto à versão mangá.

Foi então que numa segunda-feira, dia 05 de Abril de 1982, às 19:00, estreava na Tv Tokyo o anime Don Drácula. Tudo seria festa se não fossem por 2 motivos: a instabilidade da equipe de produção (que teve 4 diretores em apenas 8 episódios!) e a baixíssima audiência, o que fez os patrocinadores pularem fora do barco rapidinho. E como no Japão uma coisa leva a outra, sem patrocínio não há verba, e com isso, a série foi paralisada tendo apenas 8 episódios produzidos dos 26 inicialmente planejados e roteirizados.

Só que a coisa foi tão feia que a Tv Tokyo retirou o anime do ar em menos de um mês após a estreia, fazendo com que apenas 4 episódios dos 8 produzidos fossem exibidos. E como o anime não teve repercussão, ninguém chiou e ficou por isso mesmo.

A série só foi exibida por “completo” no Japão no finzinho dos anos 80 quando foi reprisada pela tv paga de lá. Nisso os brasileiros levaram vantagem: vimos quatro episódios antes dos japinhas. Grande coisa, né?

Fora da terra do Ultraman (que aliás, aparece no anime com uma caricatura em um quadro), Don Drácula chegou a ser exibido em vários países Europeus. De todos os (poucos) lugares por onde passou, o anime é mais lembrado no Brasil, Espanha e principalmente Itália (onde foi exibida por emissoras regionais e independentes em todo território Italiano).

A historinha
A série não possui uma grande saga, ao contrário da maioria dos desenhos japoneses. Suas histórias são fechadas, o que não obriga o telespectador a seguí-la pra entender o que se passa.

Don Drácula é um vampiro que, cansado da perseguição de caçadores, se muda com sua filha Sangria (êh nome sugestivo, no original era Chocola :P) e Igor, o corcunda-ajudante (o que seria de Drácula sem o seu “Tropeço”?) para um lugar onde terá paz e sossego. Esse lugar é o Japão (hauhuaha!!! Vai ver ele não sabia que todo alienígena ou organizações do mal que querem dominar o mundo vão pra lá- ele nunca assitiu um tokusatsu XD), mais exatamente em Negima, Tóquio. Lá, Don se ocupa principalmente em correr atrás de belas garotas das quais quer tirar o sangue, só que sempre acaba se dando mal e arrumando algum tipo de confusão.

Já sua filha, a pequena Sangria (que é uma mini Mortícia Addams XD) é bem mais “cabeça” que o pai bobalhão e passa a se socializar mais com os moradores da região, frequentando as aulas noturnas de um colégio perto de onde seu pai instalou seu “casarão mal assombrado”.

Só que pra acabar com o sossego do pobre Drácula, duas figuras bastante peculiares também se mudam pro Japão atrás dele: o professor-anão Von Helsing e Blonda. O primeiro pode ser considerado o “vilão” da história, mas é o responsável pela maioria das cenas engraçadas do anime. Helsing sofre de anemia e por isso quer a todo custo acabar com todos os seres que se alimentam de sangue, e então fica atrás de Don Drácula tentando matá-lo. Cá entre nós, já que o cara tem tanta raiva de seres que chupam sangue, não seria mais fácil ir atrás de pernilongos? Ah tá, aí o anime ficava sem graça XD.

Von Hellsing também sofre de um problema de hérnia (pode falar tudo, menos que isso não é original! Geralmente os caras sofrem de problemas no coração, respiratório, mas de hérnia é o primeiro da história dos animes!) o que faz com que ele tenha sempre ataques quando está prestes a capturar DD, fazendo com que seus planos “infalíveis” vão por água abaixo.

Já Blonda é o tipo de mulher que ninguém quer ter ao lado. A moça é uma balofa feia pra chuchu e que ocupa todo o seu tempo em ficar atrás de DD para que o mesmo a morda, já que é apaixonada por ele e acha que, se for mordida, ficará com seu amado pra sempre. Nem preciso dizer que DD corre dela feito o vampiro da cruz (êita), só que a moça nunca desiste e fará qualquer coisa pra conseguir ser mordida pelo amado.

As histórias do anime são geralmente centradas nas perseguições de Blonda à DD e os planos de Von Helsing para capturá-lo. A série ainda tem uma certa dose de drama e um terror bem sutil (que só assusta crianças mesmo… hehe).

Em Terra Brasilis
Don Drácula chegou ao Brasil por volta de 1984 em um pacote de desenhos animados comprados da distribuidora Network, que o adquiriu junto de Pirata do Espaço e Superaventuras direto da Itália (talvez esse seja o grande motivo deste último ter chegado aqui tão descaracterizado – aliás, o mangá original chegou a ser publicado naquele país). Na época, tanto Don como os outros animes adquiridos da Network foram exibidos dentro do Clube da Criança da Manchete, comandado por Xuxa, e pouco tempo depois começaram a rodar pelos outros programas infantis da casa, como a Sessão Animada.

Don Drácula ficou por quase 3 anos na grade do canal (indo e vindo), o que é um grande marco, já que o anime tem um número pequeno de episódios. Pouco tempo depois de sair da grade da Manchete, a Network, com seu selo de vídeo, lançou a série completa em duas fitas (com 4 episódios cada), o que fez com que Don Drácula fosse um dos raríssmos casos de animes lançados completos em vídeo por aqui (ao lado de Dolbuck e Arbegas, dois animes de mecha). A dublagem brasileira ficou a cargo da Telecine (não os canais XD) e como destaque temos a sempre excelente Miriam Fischer (a eterna Botan de Yu Yu Hakusho) como Sangria, e Paulo Pinheiro como Don Drácula.

Depois disso, o personagem ficou fora da tv por quase 7 anos, quando foi comprado pela CNT em outro pacote de desenhos da Network (que também incluiu Pirata do Espaço). Por um curto período, o vampiro foi exibido em horário nobre do canal, mas por sua pequena duração, ficou pouco tempo e rodou. A última vez que Don Drácula foi visto na tv brasileira foi nos programas Tudo Por Brinquedo e Sessão Desenho, ambos da CNT.

Don Drácula é uma prova quem nem mesmo o tão bem sucedido “esquema japonês” de animação dá certo. Tudo é feito visando lucro, e sem din din, não há anime. Nem mesmo se for assinado pelo “Deus do Mangá”.

Checklist Episódios
01- O caçador chegou
02- Cuidado com o Vampiro
03- O gigante que vendeu sua alma
04- A aliança dos monstros
05- O vampiro vai a escola
06- O vampiro e as feras
07- A grande trapaça
08- O alho, a cruz e o dentista