O Menino Biônico
[div coluna1]O Menino Biônico
Jetter Mars
Produção: Toei Animation, 1977
Episódios: 27 p/ tv
Criação: Osamu Tezuka
Exibição no Japão: Tv Fuji (03/02/1977 – 15/09/1977)
Exibição no Brasil: Rede Record
Última Atualização: 08/02/2009
Por Larc Yasha
Que o universo da animação japonesa está repleto de animes pouco originais, que surgem na cola de grandes sucessos, você já está careca de saber. Só que algumas vezes somos surpreendidos por “clones” que saem da mente do próprio criador responsável de um sucesso original (errr…. nem sempre tão original assim XD). Entre os “clones” dessa categoria mais famosos por essas bandas, ainda que o anime seja inédito, temos BT’X. A tentativa de Massami Kurumada emplacar um novo trabalho após o maior êxito de sua carreira – Saint Seiya – chega a ser risível para muitos “especialistas”. Teppei não passa de um Seiya jogado em um contexto novo, mas a essência do cavaleiro de pégaso está lá – inclusive com um pégaso robótico ao lado XD.
Desse mesmo ângulo, podemos encarar Marte, o protagonista de O Menino Biônico (Jetter Mars no original) como sendo um Astro Boy realocado em uma realidade (pouco) diferente da original. Criado pelo ilustre Osamu Tezuka, que dispensa apresentações, dizem que Jetter Mars foi um remake de homenagem do próprio autor ao seu trabalho que lhe conferiu fama ao redor do mundo. De fato, as semelhanças visuais entre Jet e Astro são imensas, mas não a ponto de dizer de que se tratam do mesmo personagem. O difícil é convencer meia dúzia de gente que acredita piamente que o “novo Astroboy” (o do remake, que passou no Cartoon e na Globo) é uma cópia barata do Menino… Espero que trombem com essa matéria na net e se convençam da realidade!
No distante futuro
Estamos em 2015, e a sociedade vive sob uma visão tipicamente futurista dos anos 70 – aquela arquitetura a la Jetsons… Em um laboratório de pesquisas submarino, o Dr. Yama (Yamanoue no original) dá vida ao projeto do menino biônico, inserindo seu cérebro eletrônico. Chamado de Marte, o garoto foi concebido em conjunto a partir dos esforços do Dr. Yama e do Dr. Cawa (nome inventado na dublagem brasileira : é Iwashimoto no original :P), embora ambos cientistas sejam meio rivais.
Com uma ingenuidade tipicamente infantil, Marte apronta muita confusão sob a tutela de Dr.Yama (refletindo o espírito zombeteiro do cientista :P) até aprender a usar sua força e mostrar que serve pra alguma coisa quando o laboratório onde ele foi concebido corre o risco de ser inundado após um robô (que mais parecia uma bola x_x) arrebentar um reservatório d’água. Na luta contra a bola de ferro, o pivete demonstra uma força gigantesca, mas nenhum autocontrole: ele sai derrubando tudo, causando até mais estragos que o inimigo o_O’
Além dos dois cientistas, Marte tem como amiguinha a “filha” robô construída pelo Dr. Cawa – a loirinha Milli. Apesar de ser ranzinza e ter cara de vilão de desenho da Hanna Barbera, Marte acaba emulando a ideia de que o Dr. Yama é seu pai e quando este morre em um acidente, o menino robô fica rebelde e se culpa pela morte do cientista. Mas logo o bondoso Dr. Cawa e Milli o convencem de que seu “pai” virou uma estrela no céu (tapiaram o garoto, porque o Yama tinha cara de cientista do capeta e às vezes mal parecia se importar com o menino XD). Para ajudá-lo a sair da fossa, o Dr. Cawa cria até um irmãozinho pra ele: o espivetado Melti.
Nos episódios da série, assistimos ao robozinho aprender a usar seus poderes (seu lacinho gay no pescoço se converte em uma espécie de asa delta imbutida nas costas que o faz voar) e a crescer assimilando uma série de situações que até um ser humano comum tem dificuldade para absorver e processar. Qualquer semelhança com Astro Boy não é mera coincidência :P.
Fracasso?
Encarado com desconfiança pela audiência japa, Jetter Mars não caiu no gosto do público – mesmo sendo uma obra do renomado Tezuka – e foi cancelado após míseros 27 episódios. Mesmo hoje em dia, a série raramente é citada como um dos trabalhos do autor. Segundo dizem, a ideia de Tezuka era de fato lançar um remake de Astro Boy, porém, após a falência da sua produtora, a Mushi Producitons, o tiozinho teve que desenvolver seu projeto junto à Toei Animation. Por motivos não muito claros até hoje, Tezuka se desistimulou a levar sua ideia adiante e o resultado foi a “xerox” de Astro Boy que Jetter Mars acabou se transformando – com direito até mesmo a cópia de episódios inteiros da série original!
Dizem as más línguas que a Toei e o Walt Disney japonês teriam se desentendido e por conta desse fato é que a série ficou curtinha. Curioso que essa não é a primeira vez em que esse papo de “desentendimentos entre a Toei e o autor” é jogado no ventilador como desculpa para perguntas sem respostas em termos de bastidores de produção de algum anime. Lembram do caso “Saga de Hades” em Os Cavaleiros do Zodíaco? E o surto que fez a Naoko Takeuchi paralizar com a comercialização da marca Sailor Moon no mundo?! Hum…
A direção do anime ficou a cargo de Rintaro, que anos mais tarde dirigiria o soberbo Metropolis, baseado em um mangá de Tezuka. Apesar da rejeição pelo público japonês, Jetter Mars fez algum sucesso na Itália e é lembrado com carinho pelo público brasileiro. Em 2009, um box com episódios da série foi lançado no mercado japonês.
Menino Biônico no Brasil e a pipoca pirata!
Jetter Mars é mais um dos inúmeros animes exibidos nos anos 80 sem que o público se desse conta de sua origem. A falta de informação, em uma época em que internet era sonho e revistinhas tipo Herói eram fanzines, acabava por fazer com que os animes fossem encarados como “meros” desenhos animados – sem qualquer culto ou ovação como hoje em dia.
Exibido pela Record, a simpática série tornou-se famosa por conta de uma lendária… pipoca doce @_@. Sem pagar qualquer direito de imagem, uma empresa transformou o personagem em uma espécie de garoto propaganda do produto. O pior de tudo é que a pipoca vendia bastante devido ao visual radical (hein o.O) da embalagem – tinha uma que tentava imitar até o He-Man XD. O produto hoje em dia não está mais disponível no mercado, porém até meados dos anos 90 era possível encontrar “a pipoca do menino biônico”.
Direitos de imagem a parte, a exibição do anime no Brasil iniciou-se em 1983 no horário nobre da emissora (18h). A exibição da série se dava semanalmente, sempre às segundas, e alternava com animes como Candy Candy (!). Posteriormente, a série se perdeu dentro de inúmeros programas de “sessão desenho” da vida. A versão brasileira contou com vozes clássicas de Orlando Drummond (o Scobby Doo), como Dr. Cawa e Carlos Marques (o Robin no desenho dos Super Amigos e a voz do Garfield mais famosa dos cartoons) como Marte.
Curiosamente, o Brasil é o único país em que a série é conhecida por Menino Biônico. Algum gênio da distribuidora que a trouxe resolveu aproveitar o sucesso das séries americanas O Homem de 6 Milhões de Doláres e da Mulher Biônica para chamar atenção da gurizada. Apesar de não ser famoso como Astro Boy é na cultura pop japonesa mundial, o Menino Biônico conquistou a simpatia do público tupiniquim – e ainda por cima encheu o bolso de um certo empresário espertinho, com suas pipoquinhas doces :P.
Checklist de Episódios
01. Nasce um Robô
02. O encontro com um pirata
03. A primeira batalha
04. O amigo Can
05. Um robô no circo
06. Mundo
07. Um robô estranho
08. O novo diretor
09. O ilusionista das estrelas
10. Meu querido rebelde
11. Marte regressa a escola
12. Marte agente secreto
13. Um robô chamado Miri
14. O Vampiro
15. Meu amigo monstro
16. O planeta Zazor
17. A gruta do Samurai
18. Mensagem do passado
19. Marte e seu primeiro amor
20. Marte enfrenta o Samurai
21. Nick o robô lutador
22. A filha do Andróide
23. O Robô vagabundo
24. Raio de sol
25. O lobo branco
26. Fuga de casa
27. O Regresso para casa
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