Ryukendo

Ryukendo
Madan Senki Ryukendo
Crônicas Mágicas Ryukendo

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=HSKGUbiYwsI 480 320]

Produção: Takara – We’ve, 2006
Episódios: 52 p/ tv + 2 Especiais
Criação: Tatsuo Yoshida
Exibição no Japão: Tv Aichi (08/01/2006-31/12/2006)
Exibição no Brasil: RedeTv!
Distribuição: Televix
Disponível em: DVD

Existe uma corrente de fãs ao redor do mundo que não gosta de admitir, mas tokusatsu (com raras exceções) sempre foi um tipo de entretenimento voltado para crianças. Desde que essas produções se firmaram na TV japonesa e demonstraram um grande potencial lucrativo, os investimentos em marketing e licenciamento para atrair a gurizada se intensificaram anualmente.

Na década de 1980, a Toei Company dominou o cenário das séries impondo padrões de qualidade e estilo que não conseguiu dar espaço para que outros estúdios emplacassem produções diferentes dos gêneros da moda – os Super Sentais (Super Esquadrões) e os Metal Heroes (heróis com armaduras de metal, como o Jaspion).

Um dos estúdios que tentaram concorrer com os heróis da gigante japonesa na época foi a Toho, que apresentou Cybercop ao mundo em 1988. Se por um lado a série apresentava um conteúdo interessante, roteiros bacaninhas e personagens super carismáticos, a tecnologia dos efeitos especiais aplicada causava cenas constrangedoras – mas inesquecíveis, admita!

Entretanto, a própria Toei Company começou a demonstrar sinais de “cansaço” no começo dos anos 1990 e uma certa crise criativa (aliada ao boom no mercado de animes e mangás) fez com que franquias consagradas da casa, como a dos Kamen Riders, entrassem em hiato. O mais triste fato dessa situação foi a extinção do gênero dos Metal Heroes na segunda metade de tal década.

O bem sucedido negócio com a produtora americana Saban Entertainment que resultou nos Power Rangers, fez com que os roteiristas deixassem de lado o clima mais sério e dramático que os programas ganharam nos anos 1980 e partissem para histórias de teor mais leve, acompanhados de visual mais infantil (mais ainda!) sob medida pro mercado internacional.

Novamente outras produtoras tentaram em vão chamar atenção do público no período. A Toho, depois de quase uma década após o fim de Cybercop, realizou em parceria com a Capcom, Guyferd em 1996 – que durou apenas 26 episódios. Já a lendária Tsuburaya tentou recriar Ultraman em 1993 lançando Gridman (adaptado no ocidente como Superhuman Samurai Syber Squad) mas só reencontraria um rumo com Ultraman Tiga a partir de 1996 (copiando o inventivo poder do herói assumir outras formas visto em Kamen Rider Black RX anos atrás =P).

Na virada do século, a Toei continuava a exportar seus Super Sentais pro ocidente com êxito e conseguiu acertar a mão com uma nova linha de Kamen Riders (inaugurando o que se chama de Era Heisei na franquia dos heróis mutantes, a partir dos anos 2000, com Kamen Rider Kuuga). Já a Tsuburaya mostrou-se capaz de atualizar Ultraman para uma audiência contemporânea e gozava um bom retorno comercial interno com seus novos Ultras. Até a Toho, conseguiu uma parceria bem sucedida com a Konami e emplacou Gransazer em 2003 – que rendeu duas continuações diretas.

O que havia murchado na década de 1990, ganhou novo fôlego dos anos 2000 e o número de parafernálias fabricadas pela Bandai (uma das principais patrocinadoras desse tipo de produção) e outras empresas entupiam com força as prateleiras das lojas japonesas.

Nesse cenário, a fabricante de brinquedos Takara (responsável pelas Beyblades e responsável por uma luxuosa coleção dos Cybercop que nunca chegou por essas bandas e da coleção de luxo do Gridman na década de 1990, que chegou por aqui na caixa do Superhuman Samurai =P) decidiu abrir seu núcleo de produção para desenvolver seus próprios heróis – e obviamente produzir os brinquedos e quinquilharias derivadas. E foi assim que apareceu em 2006 o Ryukendo.

Crônicas Mágicas
Depois das bem sucedidas (comercialmente falando) versões animadas de Transformers que foram lançadas em 2004 e 2005, a empresa We’ve Inc foi procurada pela Takara para firmar uma parceria para o projeto Ryukendo. Apesar da experiência em fazer brinquedos, a criação de uma produção 100% original envolvendo dramaturgia era algo inédito para a empresa e o risco do investimento ir por água abaixo era grande se o show não tivesse alguns elementos consagrados. Que elementos seriam esses?

Olhando o portfólio do que deu certo nos “vizinhos”, um elenco com algum carisma, um visual claramente de “brinquedo” e efeitos especiais brilhantes (mas não necessariamente bem feitos) estavam em voga dos anos 2000 pra frente. A filmagem em vídeo (e não em película como quase tudo feito nos anos 1980) promovendo um ar mais realista (e por conta disso deixando tudo com mais cara de brinquedo ainda!) foram opções que a Takara e a We’ve Inc decidiram para sua série.

O desenvolvimento do programa começou em 2004 tendo como princípio criativo um herói inspirado em um dragão e que de alguma forma usasse chaves (mas hein?) para ter seu poder. Uma equipe criativa (o comitê Madan Senki Ryukendo) foi formada por profissionais que já haviam passado pela Toei e pela Toho  e a mesma ganhou a direção de Masaki Harada – que trabalhou nas séries Ultraman Dyna, Gaia e Cosmos para Tsuburaya. Um destaque curioso foi a contribuição de Keita Amemiya (elogiado designer responsável pelo visual de GARO e os monstros de diversos tokusatsus) como responsável pelo visual dos vilões na produção.

Ryukendo estreou na TV Aichi em 8 de Janeiro de 2006 e foi apresentado até 31 de Dezembro do mesmo ano, totalizando 52 episódios. Dois especiais foram produzidos (um “episódio zero” que apresenta a vasta coleção de brinquedos e eventos que antecedem o primeiro episódio da série e um de 10 minutos focado na origem de Ryugan’o).

Após o término da série, o trio de protagonistas fez uma aparição rápida no filme da série Tomica Rescue Force – outro tokusatsu produzido pela Takara graças ao sucesso de Ryukendo. Um mangá reunindo três histórias isoladas com os personagens foi publicado pela Kodansha – e acompanhando uma bonequinho de brinde do herói.

Apesar de qualidades (o visual dos heróis e vilões principais é muito bom), o abuso no uso dos efeitos especiais deixa Ryukendo com uma estética muito poluída. A obrigatoriedade do herói ter que fazer uso de seus “modos extras” (através das chaves que a produção sempre quis que existissem no contexto da série =P) acaba sendo muito chato e demasiadamente longo e desnecessário – possivelmente para cobrir as lutas corporais chinfrins dos heróis.

Se por um lado o visual dos heróis e do núcleo principal de vilões é super bacana, os monstros coadjuvantes são bem capenguinhas. Em um dos episódios, uma nave inimiga tem forma de coração (x_x), em outro um guarda-chuva gigante (é sério!) representa uma ameaça. Até uma mulher gato genérica aparece na série @_@. Isso sem contar que há uma desnecessária repetição das fantasias dos monstros do dia e com um apetrecho ali e outro aqui os servos do império Yamanga são reciclados para se tornarem oponentes de trabalho. Sem grandes vilões, os heróis não se sobressaíam e o destaque sempre ficava para a hora dos golpes – um tanto poderosos demais pra certos vilões meio pés-de-chinelo.

Talvez pela falta de experiência da produção (o diretor só trabalhou em alguns episódios das séries Ultras =P) tenha comprometido o desenvolvimento dos personagens. Alguns moradores da fictícia cidade de Akebono são muito interessantes (como a dupla de policiais femininas), mas mal aproveitados no contexto da série por demais. E o que era aquela fantasma que ficava aparecendo pro Kenji? No decorrer da série até buscam desenvolver um triângulo amoroso, mas tudo fica tão superficial que… Ei! É uma série para crianças, afinal =(. E conseguiram enfiar até um “Harry Potter” no negócio, diga-se de passagem x_x.

Se alguns aspectos ficaram a desejar, a trilha sonora foi um show à parte. O primeiro tema de abertura é cantado com empolgação por Hiroshi Kitadani – cantor do inesquecível tema de abertura de One Piece. Já o segundo, mais pauleira, ficou a cargo de Kenji Ohtsuki. Os encerramentos, puramente pops, possuem altos e baixos, mas no geral os dois primeiros (Everybody Goes e Beautiful) foram os preferidos do público.

Ryukendo foi um significante aprendizado para a Takara, que depois conseguiu acertar com as séries Tomica alguns pontos fracos da produção anterior. Para o espectador brasileiro, a sensação de que a série não avançava a marcha ficou impressa e sequer os momentos grandiosos (como o final) conseguiram impactar de algum modo os saudosistas de plantão que cresceram assistindo aos enlatados da Toei nos anos 1980/1990.

No final, Ryukendo é vista como uma produção morna, com intenção de ser alavanca de produtos licenciados (tudo que você possa imaginar do universo da série ganhou brinquedo) mas que tinha um bom potencial de se destacar dentro da gigantesca lista de produções que o Japão acumula.

 A história
A cidade de Akebono é vítima da invasão do império Yamanga, que busca absorver a energia negativa dos cidadãos para despertar o seu grande mestre – um demônio supremo chamado de Fantasma Verde (Satã Goss deve ter se revirado no túmulo ao ouvir um nome tão besta para um “mestre do mal”). Liderados pelo cientista Dr. Worm, o exército de Yamanga é formado por servos (patéticos soldados roxos que assustam as pessoas e causam desordem) e criaturas feitas a partir de chaves mágicas, fontes de grande poder. Há também um sinistro guerreiro chamado Jackmoon que possui um código de honra, mal compreendido por vilões e até heróis.

No passado, o Fantasma Verde foi derrotado pelo ancestral de Ryukendo, mas antes de perder toda sua energia, o vilão arrancou a chave suprema do herói e dividiu-a em três partes, escondendo esse poder no corpo dos vilões Rock Crimson, Lady Gold e Conde Bloody – os generais do império Yamanga. Para impedir que o caos tome conta do mundo outra vez, foi criada uma divisão especial de combate chamada S.H.O.T., que age em segredo para não alarmar a humanidade e. por conseguinte, fazer com que essa energia do medo alimente o Fantasma Verde.

Na filial de Akebono, o novato Kenji Narukami (após ser confundido por um demônio em meio ao ataque de Yamanga) se integra ao time ao ser escolhido pela espada mágica GekiRyuuKen para se tornar um guerreiro Madan. Esquentado, Kenji luta ao lado de Jushirou Fudou que possui os poderes da arma GouRyuuGun e já possui experiência na batalha como Ryugan’o. Devido ao seu jeito mais disciplinado e maduro, Kenji vive chamando Fudou de Oosan (algo como “tiozão” no Japão). No Brasil, a versão derivada do espanhol fez com que Kenji apelidasse Fudou de “Dom” (tipo “Dom Corleone”, sacaram?).

Há um motivo particular para que Akebono seja alvo do inimigo: ela possui um ponto de grande poder que acumula uma cobiçada energia. Os guerreiros Madan lutam em parceria com seus apetrechos mágicos falantes (as armas dos heróis têm vontade e personalidades próprias) para impedirem principalmente que os vilões encontrem esse ponto. Os heróis também contam com o poder de invocar os espíritos JuuOu, que se materializam em nosso mundo como feras mecânicas (ou veículos de combates que não podem faltar =P). Para invocar esses parceiros, os heróis precisam obter as chaves Madan derrotando os inimigos.

Ryukendo adquire a maior quantidade de chaves (e consequentemente espíritos JuuOu) ganhando diversas formas no decorrer da série. No começo, temos 4 formas básicas. Essas ganham um “upgrade” na metade da série graças ao aumento de energia de GekiRyuuKen, elevando os poderes do herói ao nível Deus. Com a derrota de um dos generais inimigos, Ryukendo adquire uma versão extrema passando a ser chamado de Ryukendo Supremo. Seus espíritos JuuOu evoluem mais ainda e, com a aparição da chave máxima (união das chaves douradas que estavam nos corpos dos generais), se fundem em um só formando o poderoso Rayjin Ryu (Dragão Trovão). E toma-lhe boneco e carrinho nas lojas!

Em um dos episódios, Ryugan’o é derrotado mas logo volta fortalecido como Magna Ryugan’o. No final da série, o personagem também consegue atingir o modo extremo passando a ser Ryugan’o Supremo. Essas evoluções também ocorrem com seu espírito JuuOu (o Buster Wolf).

Como em Cybercop, a série tem um anti-herói (ninguém lembra do Lúcifer?) que atende pelo nome de Koichi Shiranami e controla a lança falante ZanRyuuYin, capaz de transformá-lo em Ryujin’o. Acreditando que o comandante da S.H.O.T. foi responsável pela morte de seus pais, Shiranami entra na série sedento de vingança contra tudo e todos, mas depois que as coisas se esclarecem, o cara passa a ser um providencial amigo nas horas de maior sufoco. Poderoso, ele só conta com um espírito JuuOu (a águia Delta Shadow) que só vê uma evolução no final da série, se tornando Ryujin’o Supremo.

A trama possui muitos altos e baixos e mesmo nos momentos mais tensos, os roteiristas dão um jeito de arranjar algum alívio cômico pra situação. Espertos, eles soltam a cada episódio um ou outro segredo ou evento importante para a evolução dos heróis ou dos vilões, prendendo a atenção do espectador.

Do episódio 45 ao 50, assistimos a grande batalha final contra Yamanga e a aparição do terrível Fantasma Verde. Os episódios 51 e 52 servem como um especial de natal (!) e epílogo. No final, toda cidade de Akebono dança a musiquinha de abertura fazendo coreografias (mas hein?) e a sensação (pros mais velhos, é claro) de que a série podia render bem mais do que foi, é grande.

Ryukendo no Brasil e a esperança da volta dos tokusatsus à TV
Em 2000, a Record apresentou, depois de um bom tempo sem nenhuma estreia, um novo tokuatsu na TV brasileira: Ultraman Tiga. Até então, as últimas novidades haviam rolado em 1995 na finada Rede Manchete com Kamen Rider Black RX e Solbrain. Planos para o lançamento de Janperson em 1997 foram engavetados e, com o fechamento da Tikara Films na virada do milênio e o desinteresse da Sato Company no gênero, os fãs andavam carentes e desolados com o sucesso dos Power Rangers (uma forma safada de apresentar Super Sentais inéditos no ocidente).

Tiga deu audiência, mas ignorando as estratégias sugeridas pela distribuidora, a Record matou a série e engavetou com isso o projeto da Mundial Filmes de lançar novas séries Ultras no Brasil (Dyna e Gaia no caso). Correndo por fora, Kamen Rider Kuuga não conseguiu um canal para ser exibido (a Band rejeitou e a Rede TV! não queria se envolver com isso na época para não “lembrar” a Rede Manchete) e com isso, um novo hiato para os tokusatsus no Brasil ocorreu.

Com o lançamento de clássicos em DVD pela Focus Filmes, uma nova esperança surgia para milhares de pessoas quanto à chegada de algum produto inédito por essas bandas. Revendo suas ideias quanto ao que poderia conquistar audiência e atrair atenção do público infantil, a Rede TV! apostou em uma parceria com a distribuidora Swen e lançou em 2006 o TV Kids. Já nessa época (mais exatamente em 2007) , Ryukendo foi apresentado para a Rede TV! com a intenção de alavancar a venda de produtos licenciados da série em um esquema muito similar ao que a Samtoy fez com Os Cavaleiros do Zodíaco nos anos 1990.

A emissora não pagaria nada pelo programa mas em troca seria a responsável pelo licenciamento (sim, a ideia era que o departamento comercial da emissora cuidasse disso… Entendem agora por que não deu certo e não vimos nenhum produto do primeiro TV Kids no mercado além dos DVDs da Focus?) que teria o lucro partilhado com a Swen.

Estranhamente limado do ar um anos após sua estreia, a Rede TV! ressuscitou o bloco em 2008 graças ao êxito (inesperado) de Pokémon na programação. Para incrementar o programa, a emissora  topou dessa vez exibir Ryukendo, mas apenas pagando pelo programa – sem nenhum esquema mirabolante nos bastidores. A estreia da série se deu  nó início de 2009.

Surpreendentemente, durante as primeiras semanas a emissora atingia a média de 4 a 6 pontos de audiência no chamado “horário nobre” da TV aberta (a partir das 18:00h). Com esses pontos, o canal conseguia rivalizar com a Band pelo terceiro lugar e, ao invés de fortalecer o bloco com animes de peso (como Os Cavaleiros do Zodíaco, One Piece, Bleach…), o canal levou ao ar o desagradável Chaotic (quem gostava daquela animação tosca?) e coisas do gênero.

Com o sinal do “sucesso” do tokusatsu, os fãs começaram a acender vela para “São Jaspion” com a esperança que a emissora apostasse no filão novamente. Todavia, como o canal mantinha uma dependência vital da Swen e do catálogo da Televix, qualquer novidade estaria presa aos investimentos da distribuidora latina. Na época, até apontamos uma forma da emissora adquirir as séries Tomica Hero Rescue (produções da Takara que sucederam Ryukendo no Japão) mas a emissora não manifestou interesse (ou não tinha dinheiro para bancar o negócio =P).

Pelo menos apresentou (e reprisou várias vezes, ainda que apenas regionalmente) a série por completo. Nos primeiros episódios, o canal “espremia” os 24 minutos de apresentação (já com abertura, encerramento, preview do próximo episódio e parte chave do episódio do dia) em 20 e com isso cortou alguns elementos do episódio. Com a boa audiência e as reclamações dos fãs, logo trataram de consertar essa burrice.

Lamentavelmente, nenhum produto da vasta e linda coleção da Takara foi lançada por medo de encalhe do material nas lojas. Como todos sabem, a Rede TV! é um canal nanico, que raramente deixa em evidência (sem ser dívidas trabalhistas) alguma coisa no Brasil. Como o lançamento de produtos importados do Japão representaria um preço final caro, investidores decidiram ignorar a marca e deixar a gurizada (e muito marmanjo) sem os apetrechos legais da série. Com certeza a coisa seria muito diferente se uma Globo da vida tivesse pegado a série – como podemos ver com o Kamen Rider Dragon Knight, que mesmo com uma exibição ruim pela emissora carioca, teve um grande número de produtos licenciados.

A Focus Filmes lançou no mercado um box reunindo quatro volumes da série (13 episódios no total) e, diferente do que esperava (vendas no nível de Jaspion, Changeman e outros), amargou um baita prejuízo com a série, atingindo a marca de pouco mais de 100 unidades vendidas da caixa. Perplexo, já que os fãs de tokusatsu são na sua maioria pessoas na casa dos 30 anos e empregadas, e que vivem chorando pedindo que lancem séries A, B ou C no mercado. Se com um produto que tinha (ainda que não muita) visibilidade no mercado, ninguém comprou os DVDs, imagina se lançam um troço velho dos anos 1980 ou 1090 inédito só pra satisfazer a tara de uns e outros?

Quanto a dublagem… Bem… A dublagem de Ryukendo foi o supra-sumo da ruindade dos estúdios da Centauro. E a culpa não foi do elenco escalado (com exceção da auto-escalação da diretora Gilmara Sanches é claro… A dona fazia tudo quanto é ponta de voz de mulher e criança, e ainda se deu a vilã Lady Gold como personagem fixa =P) mas sim da tradução. Novamente a tradução.

Quem lembra dos episódios de Inu Yasha, Yu-Gi-Oh! e Pokémon dublados no estúdio se recordam das terríveis pronúncias de nomes de personagens e golpes esquisitos que os dubladores soltavam. Baseando-se no texto da versão espanhola, a tradução e adaptação de nomes em Ryukendo seguiu a mesma crise de troca de letras de Viewtiful Joe.

O império Jamanga virou a organização Yamanga enquanto os vilões Jackmoon e Dr. Worm tiveram seus nomes transformados em Yackmoon (parece nome de biscoito de isopor amarelo XD) e Dr. Horn (Rórn na pronúncia forte de Gilmara Sanches). Os pobres heróis devem ter tido bastante trabalho até acertarem as pronúncias estranhas criadas na Centauro. Os espíritos JuuOu (“Juuô” a pronúncia) viraram espiritos Yuô (mas as vezes falavam certo @_@). Ryugan’o (o gan se pronuncia como “gun” em inglês) virou Ryu-gonô e coitado do Ryujin’o virou o Ryu-inhô. Quando era obrigado a fazer muitas trocas de poder, Wendel Bezerra (o Ryukendo) deveria travar um pouco no estúdio já que ouvia uma coisa, lia outra no roteiro e tinha que pronunciar o que a direção achava certo.

Por último, uma obscura versão em português do tema de abertura foi gravada pelo Ricardo Cruz (cantor do tema de abertura da fase Inferno da Saga de Hades d’Os Cavaleiros do Zodíaco) mas dizem que ficou tão ruim que não divulgaram a mesma.

Talvez Ryukendo represente o último tokusatsu 100% original exibido na TV brasileira de todos os tempos. Numa época onde o espaço do público infantil na TV aberta é bastante reduzido por conta das imposições rígidas do CONAR quanto ao que diz respeito a propaganda de produtos infantis, as emissoras não se interessam em buscar novidades e sempre que surge algo, seguramente é fruto de algum pacote adquirido de distribuidoras americanas.

Ao menos serviu para despertar a nostalgia dos marmanjos e entreter a criançada da geração Z. Provavelmente daqui a uns 10 ou 20 anos, muito guri vai ver Ryukendo com o mesmo saudosismo que muitos lembram do National Kid, Ultraman, Spectreman, Jaspion, Changeman… Produções baratas ou não, só os tokusatsus tem esse poder de despertar a criança que se fascina com super poderes dentro de nós.

Checklist de Episódios (Obs: A Rede TV! nunca apresentou o título dos episódios)
01. Esse é o Herói!
02. Queime! Torne-se uma Chama!
03. Corra! Rei das Feras!
04. Armamento Congelante! Ryukendo Aqua!
05. Aquele Cara é o Rival
06. Vitória Certa com um Tiro! Canhão Dragão!
07. Invocar! Gorila YuuOu!
08. O Demônio Escondido na Água
09. Soe, Sino da Amizade
10. O Monstro do Oeste
11. O Poder da Chave Trovão
12. Ativação Proibida! Ryukendo Trovão!
13. Reunião que Atravessou o Tempo
14. O Novo Inimigo
15. O Medo que Rasteja nas Trevas
16. Amigo ou Inimigo?
17. Que tal um Pesadelo?
18. Asas Seladas! Thunder Eagle!
19. Demônios Revividos
20. O Dia Agonizante de Fudou
21. Adeus, Espadachim da Lua
22. Torneio de Artes Marciais na Cidade
23. Visitante do Espaço Sideral
24. Grande Batalha Decisiva Aérea!
25. O Ovo do Grande Rei Demônio
26. Curso Especial da S.H.O.T.! Quem é o Campeão
27. Força Total! Magna Ryugan’o!
28. O Coração Certeiro da Máquina
29. Nasça! Deus Ryukendo!!
30. Tunel da Indecisão
31. O Maior Acidente de Akebono!
32. O Sorriso de Shiranami
33. Fusão Tripla! O Novo Poder de Ryujin’o
34. O Maior Guarda-Chuva do Mundo
35. Auditório de Akebono Visado
36. A Fantasma Lutadora
37. O Anel Amarelo da Felicidade
38. Resgate a Base da S.H.O.T.!
39. As Asas da Luz Giram ao Redor das Estrelas
40. A Pior Estratégia da História!?
41. Ryujin’o se tornou um Boneco
42. Receita Mágica
43. Meu Herói
44. Cidade de Akebono Fechada
45. Os Líderes da Jamanga Aparecem! Estratégia Superior
46. O Quarto Alvo
47. O Misterioso Guerreiro Dragão
48. Armamento Extremo! Ryukendo Supremo!
49. Grande Rei Demônio Revivido! Batalha Sem Fim
50. A Chave que Abre o Futuro
51. O Natal da Lua Cheia Negra
52. Adeus, Guerreiros Madan!