Porco Rosso

[div coluna1]Porco Rosso
Kurenai no Buta
Produção: Studio Ghibli, 1992
Criação: Hayao Miyazaki
Exibição no Brasil: HBO
Distribuição: Flashstar
Disponível em: VHS
Mangá: Model Graphix

Última Atualização: 08/11/2007

Por Larc Yasha

Muito antes de Hayao Miyazaki se tornar um diretor de renome e ter seus trabalhos ultravalorizados no ocidente, o velhinho lançou uma obra que não ganhou tanta rasgação de seda da crítica internacional e que sempre é meio “esquecida” quando se fala nos trabalhos do diretor. Produzido de forma praticamente artesanal (1992 filhote! Nada de PC’s foderosos) e carimbando seu estilo próprio, que transforma milhares de horas de animação produzidas no Japão anualmente em lixo absoluto, Miyazaki mais uma vez prova que é realmente muito bom naquilo que faz. Baseando-se num mangá desenhado por ele mesmo (entitulado Hikoutei Jidai – The Age of the Flying Boat) na revista sobre aeromodelos Model Graphix, o Estúdio Ghibli lançou em julho de 1992 nos cinemas japas mais um anime do homem chamado de mestre da animação japonesa.

História é vida
A década de 1920 é o palco dos acontecimentos de Porco Rosso. Mesmo tendo como protagonista um herói com cara de porco, o longa-metragem possui um certo realismo bastante interessante, que faz com que pessoas que tenham cultura e inteligência (coisa que mais da metade do universo otaku não tem :P) apreciem esse longa-metragem com muito mais prazer que o costumeiro “é do Miyazaki, então é baum”. Aliás, já repararam que se criou esse rótulo?

Amante de máquinas voadoras e com sua família tendo trabalhado na construção de aeronaves na 2ª Guerra, Miyazaki, em uma entrevista, revela que Porco Rosso é um filme que ele fez para “agradar a si mesmo”. E é ai que mora o perigo :P. Se você gera uma expectativa muito grande do filme, esperando que o mesmo tenha a grandiosidade de um “A Viagem de Chihiro” ou “O Castelo Animado”, provavelmente se decepcionará. Se o filme realmente denota o gosto pessoal do maior diretor de animação do Japão, chega-se a conclusão que o velhinho curte histórias simples, corriqueiras e com um toque de magia na medida certa.

Com uma retratação fidedigna da época (cenários fantásticos da Europa nos primeiros anos do século 20 – fruto de um levantamento realizado por Miyazaki durante viagens, que inclusive serviu para que ele criasse cenários para fazer Marco, aquele anime que passava no SBT no começo dos anos 80), Porco Rosso é um longa-metragem com diversos momentos: em alguns você vai rir, em outros vai se empolgar, e em outros ainda você corre o sério risco de… Bocejar! E não estou brincando!

Piratas do ar e um herói com cara de porco
Nos anos 20 após a 1ª Guerra Mundial, onde a era dos hidroaviões domina o cenário aerounático da época, vive Marco Porcellino (ou Marco Porquinho, como ficou na dublagem brasileira). O estranho homem, com cara de porco, é uma espécie de “caçador de recompensas”, sempre solicitado para evitar que piratas aéreos consigam aprontar. Famoso e odiado, Marco vive recluso em uma ilhota, tendo como única companhia seu avião “Rosso” (vermelho, em italiano… Entedeu o título?). Mas no passado, o piloto teve um envolvimento com a bela Gina, que é conhecida como a “Rainha do Mar Adriático”. Proprietária e cantora de um hotel bastante movimentado, Gina foi esposa de um amigo de Marco quando ele serviu na força aérea italiana (na 1ª Guerra Mundial) e ainda tinha cara de gente. Seu coração balança pelo porquinho e estranhamente ela não parece se importar com seu focinho de Super Pig… Aliás, a moça sempre tenta convecê-lo a ser “mais humano” e deixar de lado sua avareza. Hum… Já estão captando algo?! Hehehe…

Cansados de sempre tomar preju por conta das investidas de Marco, um bando de piratas (a gangue da Mamma Aiuto – que na dublagem saiu como Mamma Yuta ?_?) contrata os serviços de um ás da aviação gringa (o convencido Donald Curtis – uma homenagem aos galãs de cinema norte-americano da época, como Clark Gable). Derrubando o avião de Marco em pleno ar, Curtis acredita ter cumprido sua missão e corre pra se perfazer junto à Gina – que lhe dá uma boa esnobada.

Obviamente que Marco não foi pro outro mundo. Juntando os restos de seu hidroavião, o Porco vai até a fábrica de seu amigo Piccolo (nem dê uma de nerd mongol agora…) que lhe apresenta Fio: sua neta e responsável pelo novo projeto do avião de Marco. A primeira reação do porquinho não podia ser muito diferente da de qualquer homem da época… Mas com o tempo, a garota “amolece” o jeito turrão do “herói”, e juntos, formam uma dupla inusitada.

Bom… A partir daí o filme até que fica baum. Tem umas reviravoltas inusitadas e um “acerto de contas” entre Curtis e Marco onde a mão de Fio está em jogo. Ah… Marco também conta como ele se transformou em Porco e se você encaixar uma pecinha aqui e outra ali, descobre a metáfora por trás de sua figura. Bom… Pelo menos eu acho que é uma metáfora XD. Vai entender o que pensou o Miyazaki né? O final deixa um ar de “quero ver mais”, só que não teve e nem terá. Uma coisa interessante na película é a forma como o movimento fascista da época é retratado. Amantes de história provavelmente conseguirão notar uma série de referências no filme.

Porco Rosso voando no Brasil
Depois de Meu Amigo Totoro, a Flashstar lançou em 1996 esta obra de Hayo Miyazaki no mercado de vídeo. Infelizmente, a empresa não realizou uma divulgação decente para o lançamento, tal como não fez para o antológico Totoro. Aliás… Até hoje a empresa não demonstrou interesse em lançar esses dois animes em DVD. Um grande pecado…

A versão brasileira contou com o talento de vozes de ótimos dubladores. Milagrosamente, não se ouve Marcelo Campos ou Hermes Baroli na dublagem! Marco Porquinho foi dublado por Paulo Celestino (Máscara da Morte dos Cavaleiros do Zodíaco) e seu rival Curtis ganhou a voz de Cassius Romero (O Tuxedo Mask na 1ª fase de Sailor Moon). A valente Fio foi interpretada por Marli Bortoleto (a 1ª voz da Sailor Moon na Gota Mágica) enquanto a sedutora Gina ganhou a voz de Vanessa Alves (a Lúxuria em Fullmetal Alchemist e também a dubladora da Mãe do Ash nas primeiras temporadas de Pokémon). O longa chegou a ser exibido no canal HBO algumas vezes por volta de 1998.

Sem o comercialismo presente de seus trabalhos mais recentes, Porco Rosso pode não agradar aos que se “iniciaram” ao Miyazakismo (oro?) com A Viagem de Chihiro. É um filme onde Hayao trata de temas como individualismo e afeto, num contexto adulto e de maneira muito competente, sem ser piegas ou preocupado com que seu irmãozinho entenda. Não é só porque o herói tem cara de porco que você tem que rotular o desenho como infantil. Dificilmente uma criança entenderá e muitos otakus talvez não saberão apreciar.

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